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Uma reflexão a partir do Domingo e da Liturgia Católica

por Zulmiro Sarmento, em 01.09.14

A. Na missão, também há um tempo para calar

1. Para avançar, temos, por vezes, de recuar. Propunha, por isso, que voltássemos um pouco atrás. Que voltássemos um pouco atrás no tempo e que voltássemos um pouco atrás no texto.

Retomemos, então, o final do texto que, no passado Domingo, nos era proposto na proclamação do Evangelho. Trata-se de uma ordem, de uma ordem terminante, mas talvez um pouco estranha. É quando Jesus «ordena aos Seus discípulos que não dissessem a ninguém que Ele era o Messias»(Mt 16, 20).

Com efeito, estando os discípulos, e especialmente os Doze, destinados a serem enviados para falar de Jesus e a actuar até em nome de Jesus (cf. Lc 10, 16), pode parecer estranho que surja uma proibição de cumprir essa missão. Acontece que, como escreveria o nosso Fernando Pessoa, primeiro estranha-se, depois entranha-se. E o que, antes de mais, importa entranhar em nós é que, também na missão, existe um tempo para tudo.

Como diria o sábio Qohélet, também na missão, existe um tempo para falar e um tempo para calar (cf. Ecle 3, 7). Diria que, também na missão, deve existir um tempo de calar antes de falar. Daí que, como alerta Ruben Alves, a missão preceitue cursos não só — nem principalmente — deoratória, mas também — e sobretudo — deescutatória.

 

2. Antes de falar, é fundamental que o enviado escute o Enviante. É nesse sentido que a primeira tarefa dos apóstolos é andar com Jesus (cf. Mc 3, 14). Só assim é que O irão conhecendo. Só quem escuta Jesus está em condições de anunciar Jesus. Mais: só quem está com Jesus é que pode mostrar Jesus. Eis a diferença substancial entre o aluno e o discípulo: o aluno ouve o mestre, o discípulo vive com o Mestre.

Para que a missão não redunde num desencontro com as pessoas, ela tem de nascer do encontro com Jesus Cristo. A formação é vital para o êxito da missão. E formação é precisamente receber a forma, neste caso, receber a forma de Cristo, para que, na missão, não sejamos nós, mas Cristo em nós (cf. Gál 2, 20).

 

3. Pedro e os outros discípulos já sabiam bastante sobre Jesus. Podemos dizer até que já sabiam o essencial sobre Jesus. Eles já sabiam que Jesus era o Messias, que Jesus era o Cristo. A propósito, convirá recordar que Messias é o equivalente hebraico de Cristo e Cristo é o equivalente grego de Messias. O significado é o mesmo: ungido, consagrado.

Assim sendo, porque é que Pedro e os outros discípulos não podiam dizer que Jesus era o Messias (cf. Mt 16, 20)? O problema é que eles já sabiam muito, mas concluíam mal. A concepção dos discípulos sobre o Messias era não só diferente, mas também oposta à concepção de Jesus.

Para eles, Jesus era um Messias triunfador e haveria de ser aquele que iria sobretudo libertar o povo de Israel da ocupação romana. Ou seja, Jesus seria não um servidor, mas um dominador. Na cabeça de Pedro e dos outros discípulos, um Messias vinha para ser servido, não para servir. Nem, muito menos, para sofrer e ser morto (cf. Mt 16, 21).

 

B. Jesus é «escândalo» para Pedro

4. É por isso que antes de Pedro ser fonte de escândalo para Jesus, Jesus também foi fonte de escândalo para Pedro. Não foi só Pedro a ser um estorvo para a missão de Jesus. Jesus também parecia ser um estorvo para as ambições de Pedro, para os interesses de Pedro (cf. Mt 20, 21). Tudo somado, percebe-se que Pedro ainda não estivesse preparado para falar de Jesus.

Definitivamente, não basta conhecer Jesus. É fundamental — e decisivo — assumir por inteiro as implicações existenciais que decorrem desse conhecimento. À pergunta «quem é Jesus?» não se responde com os lábios, só se responde com o testemunho de vida. Só conhece Jesus quem procura fazer sua a vida de Jesus, quem está disposto a dar a vida como Jesus. Só conhece Jesus quem está disposto, como Jesus, a dar a vida por todos, especialmente pelos mais pequenos. Porque é sobretudo neles que Jesus Se encontra: «Tudo o que fizerdes ao mais pequenino dos Meus irmãos, é a Mim que o fazeis»(Mt 25, 40).

 

5. Jesus não Se encaixava, portanto, nas expectativas de Pedro acerca de Jesus e do messianismo de Jesus. Aconteceu a Pedro o que, tantas vezes, acontece a nós: queremos um Jesus à nossa imagem, à nossa medida.

O «Grande Inquisidor», de que fala Dostoiévsky, nem diante do próprio Jesus recuou. Ele é a figuração de quantos não suportam o verdadeiro Jesus. O verdadeiro Jesus vinha perturbar o «Grande Inquisidor». Daí que O tenha mandado prender.

Não raramente, também nos passa pela cabeçasequestrar Jesus: nos nossos arquétipos, nos nossos interesses, nas nossas conveniências. Como nós não queremos mudar, atrevemo-nos a pretender mudar o próprio Jesus.

Nessa altura, não falamos de Jesus; falamos de nós, falamos da nossa imagem de Jesus. E, de facto, há por aí tantos Cristos que estão longe de Jesus, do autêntico Jesus, do inteiro Jesus. A bem dizer, não estamos preocupados com Jesus nem com o Evangelho de Jesus; estamos apenas preocupados connosco.

Essa foi a grande tentação de Pedro. Também ele estava focado em si, preocupado consigo. Estaria, sem dúvida, a pensar na libertação de Israel da ocupação romana, mas não deixaria de pensar em algum lugar importante para si. Aliás em Mt 19, 27, ele faz a pergunta directa: «Nós que deixámos tudo, que recompensa teremos?» E também ele ficou indignado por a mãe de Tiago e João solicitar os dois lugares principais lugares para os filhos no reinado de Jesus (cf. Mt 20, 21).

Porém, Jesus é muito claro. Ele não tem lugares para assegurar nem sinecuras para distribuir. Ele tem uma proposta para fazer: segui-Lo. E quem O seguir beberá do Seu cálice (cf. 20, 23), isto é, passará pela condenação e até pela morte. Enfim, Jesus não vem para dominar, mas para servir e ensinar a servir (cf. Mt 20, 28).

 

6. Só que os discípulos não eram uns alunos propriamente solícitos. O processo de aprendizagem não foi nada fácil. E Pedro vai mesmo ao ponto de ponderar que o Mestre estivesse equivocado quando anuncia o sofrimento e a morte. Não hesita, por isso, em repreendê-Lo: «Deus Te livre de tal, Senhor. Isso não Te há-de acontecer»(Mt 16, 22). Mais tarde, dirá que pretende seguir o Mestre, dando a vida por Ele (cf. Jo, 13, 37). O certo é que Jesus — que pouco antes elogiara Pedro — agora censura, e censura fortemente, o mesmo Pedro. As palavras são duríssimas: «Vai-te da Minha frente, Satanás!»(Mt 16, 23).

Pedro comportara-se como um acusador, o significado etimológico de Satanás, «aquele que acusa». E, na prática, as palavras de Pedro soaram como uma acusação. Jesus parecia afastar-se daquilo que Pedro considerava ser o conceito mais conveniente de Messias.

Daí que Pedro reaja como um adversário. O discípulo é aliado do Mestre quando escuta o Mestre. Mas pode torna-se seu adversário quando tenta sobrepor-se a ele. Pedro, que há pouco estava inspirado por Deus, agora parece estar permeável a Satanás. Razão tem, pois, S. Paulo quando recomenda a quem está de pé para ter cuidado já que depressa pode cair (cf. 1Cor 10, 12). E ninguém está livre de uma queda.

 

C. Pedro é «escândalo» para Jesus

7. Creio que foi Lutero quem avisou que onde Deus constrói uma «igreja», o diabo constrói uma «capela». A função do diabo é a que decorre da etimologia do seu nome: separar. A sua pretensão é, em tudo, separar-nos de Deus. Não espanta, por conseguinte, que se diga que Deus está nos pormenores e que o diabo se encontra nos detalhes.

No homem, há um contínuo balanceamento entre bem e o mal. Sto. Agostinho observou que «todo o homem é Adão e todo o homem é Cristo». É importante estarmos precavidos. É bom contarmos com o mal, embora o bem seja claramente mais forte. Nós é que podemos ser fracos, não nos apercebendo sequer do assédio do mal. O seu maior trunfo — e triunfo — é levar-nos a não darmos conta da sua presença, da sua persistência.

É evidente que, como adverte S. Paulo, «nada nos separará do amor de Deus»(Rom 8, 38). Mas só em Jesus Cristo estaremos unidos a Deus. Sem Ele, como Ele avisou, nada podemos fazer (cf. Jo 15, 5). Sem Ele, não valemos nada. Sem Ele, não somos nada.

 

8. Pedro ainda não estava totalmente com Jesus. Estava perto, mas ainda não se encontrava totalmente próximo. Ainda havia neblinas, ainda havia resistências. O mal de Pedro foi achar que já sabia tudo e que, nessa medida, já era mestre. Julgava que já não precisava de mais formação. Trata-se de um perigo que pode ser fatal. Não é em vão que Jesus diz aos discípulos que não se deixem tratar por mestres (cf. Mt 23, 10). O discípulo deste Mestre nunca passa a mestre. O discípulo nunca deixa de ser o que é. E será óptimo que seja sempre discípulo.

Não espanta que, com linguagem dura (como, muitas vezes, é a linguagem da verdade), Jesus ponha Pedro no seu lugar, no seu devido lugar: no lugar de discípulo. Dizer «sai da Minha frente» equivale a dizer «põe-te atrás de Mim». Só assim é que o discípulo segue o Mestre, pois se o discípulo for à frente do Mestre, como é que poderá olhar para o Mestre? Não é o discípulo que tem de mostrar o caminho ao Mestre; o Mestre é que tem de mostrar o caminho ao discípulo.

Caso contrário, o discípulo tropeça e pode levar outros a tropeçar. O objectivo do discípulo é seguirem frente com o Mestre e não pôr-se à frente do Mestre. Se se colocar à frente do Mestre, perturba o caminho. Só o Mestre sabe a direcção do caminho. Só o Mestre é o caminho (cf. Jo 14, 6). Só o Mestre sabe para onde ir. O caminho do discípulo é o caminho do Mestre.

 

9. Note-se que Jesus não subestima Pedro. Pelo contrário, Jesus promove Pedro pois não há maior glória para o discípulo do que seguir o Mestre. O discípulo está certo quando procura imitar o Mestre.

As palavras do discípulo não são palavras próprias, são palavras ecóicas, são o eco da Palavra do Mestre. De resto, já no Antigo Testamento, se diz que Deus põe as Suas palavras na boca do profeta (cf. Jer 1, 9). E Jesus afirma claramente que as palavras dos discípulos são as Suas palavras: «Quem vos ouve, a Mim ouve»(Lc 10, 16).

O principal atributo do discípulo não é a eloquência, mas a fidelidade. O que se espera de um discípulo é que seja fiel, fiel ao seu Mestre (cf. 1Cor 4, 1). Pedro, no episódio relatado, não estava a ser fiel. E, sem fidelidade, Pedro não era pedra de construção, mas pedra de tropeço, pedra deescândalo (cf. Mt 16, 23).

«Escândalo» significa precisamente tropeço, ou seja, trata-se de uma pedra que dificulta o caminho. Trata-se, pois, de uma pedra que leva a cair. Sem fidelidade, Pedro é estorvo, é obstrução, é queda. E, atenção, é muito fácil, tremendamente fácil, passar de uma situação a outra, passar da fidelidade à infidelidade.

Pedro é pedra de escândalo quando coloca os interesses humanos acima dos interesses de Deus. Tantas vezes, isto tem acontecido. Tantas vezes, isto nos pode acontecer. Só pelo caminho da humildade podemos reconhecer o risco. E só pelo caminho da conversão poderemos vencer o perigo. Ninguém está livre de ser tentado. Nem Pedro escapou à tentação. Até o primeiro dos discípulos foi assediado pelos interesses pessoais.

No «chek up» que Jesus faz a Pedro e, em Pedro, a todos os discípulos, a doença que mais avulta é o egoísmo. A maior doença do discípulo é não dar a Deus o lugar que merece: o lugar primeiro, o lugar central.

 

D. Não há cristão sem Cristo e não há Cristo sem Cruz

10. Estamos, assim, diante de um verdadeiroapocalipse de Pedro. Jesus revela Pedro ao próprio Pedro, desvelando as suas virtudes e não velando os seus limites. Quanto a estes últimos, aponta o meio para superar as debilidades: sair de si mesmos. Se o problema do discípulo são os interesses pessoais, a solução é renunciar a esses interesses: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo»(Mt 16, 24).

É muito exigente, é muito difícil, mas, se pensarmos bem, é elementar. O maior adversário do discípulo não são os outros. O maior adversário do discípulo pode ser ele mesmo quando se desliga de Cristo. Ao contrário do que achava Jean-Paul Sartre, o inferno não são os outros. Como bem notou o Abbé Pierre, «inferno é viver sem os outros», contra os outros.

O discípulo é aquele que não vive de si nem para si; é o que faz sua a vida do Mestre (cf. Gál 2, 20). Aqui, não pode haver equívocos nem sobreposições. Zubiri dizia que «viver é optar» e Bergson deduziu que «escolher é [também] rejeitar». Neste caso, para dizer sim a Jesus Cristo, é necessário dizer não a si mesmo.

Não se pode seguir Cristo até certo ponto. É imperioso segui-Lo totalmente, com a totalidade da nossa vida. Teilhard de Chardin falava da necessidade de «pancristianizar» a nossa existência. É preciso encher a totalidade da nossa vida com a totalidade da vida de Jesus Cristo.

 

11. Sucede que, para perplexidade de muitos — incluindo o próprio Pedro —, a totalidade de Cristo inclui a Cruz. Não há cristão sem Cristo e não há Cristo sem Cruz. É preciso pegar na Cruz todos os dias (cf. Mt 16, 24). A Cruz foi onde Cristo disse totalmente não a Si, para dizer totalmente sim ao Pai (cf. Mt 26, 39).

Neste contexto, menos que tudo é nada. Se Deus Se dá totalmente a nós, é de esperar que nós nos demos totalmente a Ele e, n’Ele, aos irmãos. Como o Papa Francisco tem recordado, a Igreja de Jesus tem de ser uma Igreja em saída, uma Igreja em permanente saída para que todos possam entrar.

Só quem sai consegue que outros entrem. E só quem perde, consegue ganhar.  Quem perder a vida por causa de Jesus Cristo, há-de voltar a ganhá-la (cf. Mt 16, 25). Nunca perde quem se perde em Cristo. Ele é vencedor porque é doador, é aquele que se dá. Dando, dando-nos, nunca perderemos, nunca nos perderemos.

Compreendemos, então, o convite de S. Paulo para que nos «ofereçamos a nós mesmos como vítima viva, santa, agradável a Deus»(Rom 12, 1). Este é, aliás, o culto que mais agrada a Deus. Não se trata de oferecer coisas no exterior, mas de nos transformarmos a partir do nosso interior (cf. Rom 12, 2).

 

E. Um Deus que não coage, mas seduz

12. Deus é poderoso, infinitamente poderoso no amor, mas não quer ser impositivo. Ele éassertivo, mas não é coercivo. Ele não impõe; propõe, embora proponha com intensidade, com veemência, com urgência. Não anula a nossa liberdade. As Suas propostas respeitam sempre a nossa vontade. «Se alguém quiser seguir-Me»(Mt 16, 24) é fórmula que supõe respeito por quem não queira segui-Lo.

Os Seus apelos não são da ordem da coação, mas da persuasão, do fascínio. Deus não coage nem nos captura; cativa-nos e seduz-nos. Cativa-nos a partir do fundo, seduz-nos a partir de dentro. É a partir do nosso interior que nos sentimos habitados, poderosamente cativados e irresistivelmente seduzidos por Deus. Nada disto se explica, tudo isto se sente.

Jeremias sentiu fortemente: «Seduzistes-me, Senhor, e eu deixei-me seduzir»(Jer 20, 7). E quando estamos seduzidos, somos capazes de compreender o incompreensível, de aceitar o que parece inaceitável e de suportar até o (aparentemente) insuportável. É por isso que Jeremias não recua diante das perseguições nem dos vexames, mesmo que tenha pensado em desistir. Mas acabava por experimentar, «no seu peito, um fogo ardente (…). Esgotava-se para o dominar, mas não conseguia»(Jer 20, 9).

Deus é um sedutor respeitador, mas irresistível. Deus vence sempre e vence sempre connosco, se nos deixarmos seduzir por Ele. Deus seduz o nosso coração. E quando o nosso coração está seduzido, estamos dispostos a tudo.

 

13. A sedução gera uma sede insaciável. A sede de Deus nunca está saciada a não ser no próprio Deus. E não é só quando o calor aperta que sentimos esta sede. Mesmo no frio — sobretudo no frio glacial dos nossos receios —, estamos sempre sedentos, somos sempre seres sedentos.

O salmo responsorial deste Domingo dá guarida a esta sede. Há quem diga que ele foi composto por David, quando estava no deserto de Judá. Mas tanto pode ser o cântico de um sacerdote, como de um membro do coro ou de um rei.

Ele expressa a alegria de estar junto de Deus, dia e noite, no santuário. Ele documenta, acima de tudo, o grito de felicidade da parte de alguém que procura o Senhor na vida e que nunca deixa de O procurar «desde a aurora» (Sal 62, 2).

 

14. Em cada procura, há sempre o gérmen do encontro e, em cada encontro, desperta a vontade de uma nova procura. Daí a exortação de Sto. Agostinho: «Procuremos. Procuremos como quem há-de encontrar. E encontremos como quem há-de voltar a procurar. Pois é quando parece que tudo acaba que tudo verdadeiramente começa»!

Em cada procura e em cada encontro, havemos de perceber que é Deus que toma a iniciativa. Quando vamos à Sua procura, notaremos que é Ele quem primeiro nos procura. E quando O encontramos, sentiremos que é Ele que nos encontra, que é Ele que nunca deixa de nos encontrar.

N’Ele reencontramos o que perdemos. N’Ele nos reencontramos quando nos perdemos. Deus é quem mais irmana os homens. Deus é quem mais faz de nós irmãos.

Façamos, pois, da vida uma festa de encontro. Deixemo-nos encontrar por Deus. E nunca deixemos de nos reencontrar em Deus!

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