Foi-me dito por uma mãe de uma idade próxima aos quarenta, após um encontro com os pais daqueles que vão fazer a festa da vida e durante o qual se falou abertamente sobre questões de vida e de fé. Reproduzo-o porque me deslumbrou o que me contou. Não vou conseguir usar tão bem das palavras que ela usou. Mas foi mais ou menos assim. Senhor padre, eu queria tanto, mas tanto, que os meus filhos percebessem em mim a importância de ter fé, que às vezes até exagero. Procuro testemunhá-lo com a vida, mas ainda assim eles não conseguem perceber-me, e fico triste. Porém não desisto. Compreendo que não lhes posso impor nada e que eles estão numa fase complicada. O mais velho tem quinze anos. Vem de uma hora de catequese e diz que não aprendeu nada ou que não se lembra. Que não entende porque tem de ir à catequese. E há uns dias tiveram um grande diálogo em casa sobre estes assuntos. E que lhe disse: meu filho, enquanto tu tiveres tudo para te sentires satisfeito e preenchido, é óptimo. Mas quando deixares de o ter, também podes continuar a sentir-te satisfeito e preenchido. É isso que a fé faz. Por isso ela é tão importante.
Fiquei de boca à banda com o que ela falou ao filho. É mesmo isso que faz a fé. E para atestá-lo estão milhares de homens e mulheres que, embora ficando sem nada, envelhecendo, perdendo as capacidades e as forças da vida, continuam com uma vida cheia, preenchida e satisfeita, porque a fé lhes dá o que as outras coisas já não conseguem dar. Claro que a fé não é supletiva. Ela não substitui. Preenche. Preenche a vida.