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Media: Site propõe «2 minutos» de reflexão sobre sociedade

por Zulmiro Sarmento, em 18.11.11

Lisboa, 03 nov 2011 (Ecclesia) – O padre Nuno Rosário Fernandes, membro do departamento de comunicação do Patriarcado de Lisboa, lançou na internet um espaço de reflexão e partilha de ideias sobre a sociedade, intitulado '2 minutos'.

“Neste espaço queremos contar pequenas histórias, refletir sobre a vida ou simplesmente olhar o mundo que nos rodeia de maneira diferente” realça o sacerdote e jornalista, em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

Os anseios e desafios dos jovens de hoje ou como assegurar uma correta utilização da Internet, sobretudo junto das crianças, são alguns dos temas já abordados no site, através da opinião de alguns responsáveis da Igreja Católica, como D. Claudio Maria Celli, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais.

JCP

 

AGÊNCIA ECCLESIA

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publicado às 04:57

Fim das ilusões... chegou a austeridade

por Zulmiro Sarmento, em 27.10.11

 

“Acabaram os tempos de ilusões. Temos um longo e árduo caminho a percorrer, para o qual quero alertar os portugueses de uma forma muito directa: a disciplina orçamental será dura e inevitável, mas se não existirem, a curto prazo, sinais de recuperação económica, poder-se-á perder a oportunidade criada pelo programa de assistência financeira que subscrevemos”, afirmou Cavaco Silva nas comemorações do 101.º aniversário da implantação da República.

Vindo de quem vem e na data que lhe é apropriada, temos de levar muito a sério esta prevenção... não aconteça de ontem já ter sido tarde começarmos a viver na contenção e sob a regra da temperança pessoal, familiar, social e política.
Respigando alguns excertos do discurso presidencial, tentaremos abordar aspetos de provocação cristã à nossa quase inconsciência de gastadores sem crédito.

= Letargia do consumo fácil
“Durante alguns anos foi possível iludir o que era óbvio... Perdemos muitos anos na letargia do consumo fácil e na ilusão do despesismo público e privado. Acomodámo-nos em excesso”, salientou o Presidente da República.
Agora é mais difícil aferirmos os nossos comportamentos, pois nos habituámos – depressa demais no tempo e excessivamente na mentalidade – a viver como se fôssemos ricos, embora só éramos subsidiados para que não invadissemos os países do norte da Europa. De fato, quisemos equiparar-nos na bastança com quem nos deu a mão para entrarmos na Comunidade Europeia, mas esquecemo-nos de viver na dinâmica de trabalho que esses países e culturas viviam e continuam a viver... para gerarem riqueza.
Ainda estamos a tempo de evitar a bagunça que vamos percebendo na Grécia. Por isso, precisamos que nos falem verdade e que vivamos na coerência sem falsos profetas da contestação a troco de maior miséria... a curto prazo. Nem a ditas ditas greves – a Grécia já vai em onze greves gerais só este ano! – ou as manifestações setoriais nos podem fazer esquecer do caminho a percorrer em ordem a sermos – novamente – um país de sucesso, de paz e de trabalho digno e dignificador.

= Austeridade digna
“A crise que atravessamos é uma oportunidade para que os portugueses abandonem hábitos instalados de despesa supérflua, para que redescubram o valor republicano da austeridade digna, para que cultivem estilos de vida baseados na poupança”, referiu ainda o chefe de Estado.
- Para quantos se reclamam do espírito republicano de igualdade e sem mordomias é chegada a hora de deixarem cair as máscaras de benesses e de regalias... de regime instalado.
- Para quantos se dizem cristãos – onde o espírito de pobreza, que é muito mais do que a pobreza de espírito! – é chegado o momento de procurarem viver em conformidade com o essencial e sem coisas supérfluas.
- Para quantos se tentam afirmar pelo ter, é chegada a ocasião propícia de centrarem a sua vida no ser... autêntico e verdadeiro.

Nós que já fomos pobres e honrados podemos e devemos ser honrados embora um tanto mais pobres, temos de saber interpretar a redução de coisas materiais, reaqualificando a nossa vida à luz do essencial, abrindo-nos à partilha e à (verdadeira) caridade.

António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)

AGÊNCIA ECCLESIA

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publicado às 04:00

O orçamento para 2012

por Zulmiro Sarmento, em 19.10.11

O Orçamento de Estado para 2012 parece mau demais para ser verdade. O cenário económico que o suporta prefigura a pior recessão desde 1975, com uma queda no produto de 2.8% em 2012 após ter descido 1.9% este ano. O consumo das famílias deve cair uns impressionantes 4.8% no ano que vem, depois de se ter reduzido 3.5% em 2011, enquanto o investimento se encontra em queda livre (-10.6% em 2011 e -9,5% em 2012), tendo-se reduzido sempre desde 2001, excepto em 2007. O desemprego, que há dois anos está acima do seu máximo histórico, continuará a subir até 13.4%, atingindo quase 750 mil pessoas.

Em cima disto temos um rosário de medidas dolorosas. No lado fiscal o Governo, ao contrário de anos anteriores, preferiu não mexer nos valores das taxas dos grandes impostos. Em contrapartida altera uma miríade de escalões, deduções e isenções, multiplicando pequenas subidas de receita fiscal. Os aspectos mais marcantes são a alteração da estrutura das listas do IVA, subindo muitos bens das taxas reduzidas, e o alargamento da base tributável do IRS eliminando deduções.

Do lado da despesa avulta uma grande medida: o corte dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e pensionistas acima de certo nível de receita. Para além disso existem múltiplas reduções na Administração em esforços de racionalização.

Uma estratégia destas não é apresentada ligeiramente nem por engano. Trata-se de um violentíssimo esforço de ajustamento. Será justificado? Todos vivemos por cá nos últimos anos e seguimos a irresponsabilidade e incapacidade que nos trouxeram a esta situação. Fomos o último país a acordar para a necessidade de austeridade perante a crise internacional, após mais de um ano de despesas eleitoralistas em 2009. O resultado foi a maior subida do défice público da nossa história, de 3.5% do PIB em 2008 para 10.1% em 2009. Seguiu-se a repetida inoperância das medidas de ajustamento, simbolizada na sequência dos quatro PECs, que agravaram o défice para 11.4% em 2010, depois ajustado a 9.8% por medidas extraordinárias. Tudo terminou com o pedido de ajuda internacional, por ruptura de acesso ao crédito, em Abril deste ano.

Agora que perdemos a credibilidade externa, para mais no meio de grave crise europeia, a única alternativa à derrocada financeira é a tentativa séria e dura de ajustamento. É preciso mostrar um empenhamento irredutível que convença os credores do nosso compromisso na estabilização orçamental. Este é o ponto decisivo, que o Governo erigiu como prioridade absoluta. O ano de 2011 já tinha um limite definido de 5.9% do PIB para o défice, que não foi cumprido. Ou melhor, será atingido de novo com recurso a expedientes contabilísticos. O resvalar das despesas e receitas do Estado, com sucessivas surpresas desagradáveis bem conhecidas, conduziu o défice este ano a 7.7%. Perante a indispensabilidade de cumprir a imposição lançou-se mão de medidas extraordinárias que permitem atingir formalmente os desejados 5.9%. Mas, na ausência de mais truques no ano que vem, será dos reais 7.7% actuais que temos de descer em 2012 para chegar aos pretendidos 4.5% da meta desse ano.

Não será a cura pior que a doença? Não é este o caminho que a Grécia seguiu e que já se viu que falhou? Dizê-lo é admitir à partida a inevitabilidade da derrocada financeira. Podemos já assumir essa via, o que terá como consequência cortes imeditos ainda mais drásticos, face à perda consequente da ajuda externa, e sobretudo muito mais prolongados, pois demorará décadas até sermos readmiti-dos como país respeitável. A alternativa, em que aposta este Orçamento é que, ao contrário dos gregos, os portugueses consigam fazer os sacrifícios necessários para ainda cumprir os seus compromissos com os credores, mantendo-se como país honesto.

Decisiva é a forma como Portugal enfrentará o triste cenário. Se mergulhar em contestação como os gregos, não haverá solução senão falir. Se suportar os sacrifícios e procurar novas soluções vencerá a crise. Este é o grande desafio desta geração.

João César das Neves

AGÊNCIA ECCLESIA

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publicado às 03:23

Autor desconhecido. Mas dá para reflectir ...

por Zulmiro Sarmento, em 06.04.11
 
Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução, uma nova Era já começou!

As pessoas andam um bocado distraídas! Não deram conta que há cerca de 3 meses começou a Revolução! Não! Não me refiro a nenhuma figura de estilo, nem escrevo em sentido figurado! Falo mesmo da Revolução "a sério" e em curso, que estamos a viver, mas da qual andamos distraídos (desprevenidos) e não demos conta do que vai implicar. Mas falo, seguramente, duma Revolução!

De facto, há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos!

... tal como ocorreu noutros períodos da história recente: no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 73.

Estamos a viver uma transformação radical, tanto ou mais profunda do que qualquer uma destas! Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução já começou!

Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 factores":

1º- A Crise Financeira Mundial: desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história !...

2º- A Crise do Petróleo : Desde há 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há 2 semanas a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias  massivas!), a inflação controlada, etc...

3º- A Contracção da Mobilidade : fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4º- A Imigração : a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rendíveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º- A Destruição da Classe Média : quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste governo) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade de intervenção.

6º- A Europa Morreu: embora ainda estejam projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e dos "seus valores" foi chão que deu uvas: deu-se há dias na Irlanda!

7º- A China ao assalto! Contou-me um profissional do sector: a construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios... da China. O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados há dias no mais importante Salão Automóvel mundial os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi!) e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia...helás! Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico,  financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! (Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais).

8º- A Crise do Edifício Social: As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum e as ditas "paneleirices" em voga que pretendem a Adopção Plena...

9º- O Ressurgir da Rússia/Índia : para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

10º- A Revolução Tecnológica : nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!

Eis pois, a Revolução!

Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e... imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, a ter estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.

Espera-nos o Novo! Como em todas as Revoluções!

Um conselho final: é importante estar aberto e dentro do Novo, visionando e desfrutando das suas potencialidades! Da Revolução! Ir em frente! Sem medo!

Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo sempre mudou para melhor!...

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publicado às 05:57

Bento XVI e a sua 3ª Encíclica

por Zulmiro Sarmento, em 07.07.09

 

Um guia social em 79 pontos
Lusa
Bento XVI apresentou neste dia 7 de Julho a sua terceira encíclica, "Caritas in Veritate" (A caridade na verdade), um texto de 79 pontos, em que se mostra a um mundo ainda abalado pela crise financeira um conjunto de orientações para o mundo económico e exigências de solidariedade. Lembrar os pobres e os mais desprotegidos no tempo da globalização é o fio condutor do documento, que procura apresentar caminhos para o "verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e de toda a humanidade".
O Papa repete a palavra "caridade", que dava o mote à sua primeira encíclica abordando desta feita matérias ligadas ao mundo do trabalho, da economia e do desenvolvimento. Na abertura da encílica refere-se que há um contexto social e cultural que "relativiza a verdade" e provoca um "esvaziamento" da caridade, o que pode fazer com que "a actividade social acabe à mercê de interesses privados e lógicas de poder".
Justiça e bem comum são apresentados como critérios orientadores para o agir, também dos cristãos, embora Bento XVI reafirme que a Igreja não tem soluções técnicas para apresentas, mas "uma missão de verdade para cumprir". "Quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho simplesmente secular e político", pode ler-se.
Alertas e preocupações
O I Capítulo é dedicado à encílica "Populorum Progressio" (1967), de Paulo VI, retomando "os seus ensinamentos sobre o desenvolvimento humano integral" e pedindo um "verdadeiro humanismo", aberto ao "Absoluto".
"Deus é o garante do verdadeiro desenvolvimento do homem", escreve.
Neste contexto, é dito que a Igreja tem um papel público a cumprir, "sem olhar a privilégios nem posições de poder", e propõe-se uma "ligação entre étiuca de vida e ética social", comprometendo cada pessoa "a fim de fazer avançar os actuais processos económicos e sociais para metas plenamente humanas".
A falta de fraternidade entre homens e povos é uma das preocupações apresentas: "A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos".
O capítulo II aborda a questão do desenvolvimento no nosso tempo, começando com um alerta de Bento XVI: "O lucro é útil se, como meio, for orientado para um fim que lhe indique o sentido e o modo como o produzir e utilizar".
"As forças técnicas em campo, as inter-relações a nível mundial, os efeitos deletérios sobre a economia real duma actividade financeira mal utilizada e maioritariamente especulativa, os imponentes fluxos migratórios, com frequência provocados e depois não geridos adequadamente, a exploração desregrada dos recursos da terra, induzem-nos hoje a reflectir sobre as medidas necessárias para dar solução a problemas que são não apenas novos relativamente aos enfrentados pelo Papa Paulo VI, mas também e sobretudo com impacto decisivo no bem presente e futuro da humanidade", indica.
No contexto da crise, surgiu uma renovada avaliação do "papel e poder" dos Estados, com o Papa a pedir "novas formas de participação" na vida política nacional e internacional.
A luta contra a fome merece uma chamada de atenção: "É necessária a maturação duma consciência solidária que considere a alimentação e o acesso à água como direitos universais de todos os seres humanos, sem distinções nem discriminações", observa.
Aborto, eutanásia e violações à liberdade religiosa são outras preocuações apresentadas, a que se juntam o "terrorismo de índole fundamentalista, que gera sofrimento, devastação e morte, bloqueia o diálogo entre as nações e desvia grandes recursos do seu uso pacífico e civil".
Crise
O Papa admite que "as grandes novidades, que o quadro actual do desenvolvimento dos povos apresenta, exigem em muitos casos novas soluções", considerando como prioritário "o objectivo do acesso ao trabalho".
Fraternidade, desenvolvimento económico e sociedade civil são o tema do Capítulo III, em que se alerta contra uma visão "meramente produtiva e utilarista da existência".
Regulação, legislação e redistribuição da riqueza são temas abordados num conjunto de reflexões em que se procura afastar a ideia de um mercado negativo por natureza e se fala da importância das "leis justas" nos Estados para a "civilização da economia".
Esta secção conclui-se com uma nova avaliação do fenómeno da globalização, visto como mais do que um mero processo socioenconómico: "Não devemos ser vítimas dela, mas protagonistas, actuando com razoabilidade, guiados pela caridade e a verdade".
No Capítulo VI aparecem as questões direitos e deveres, da ecologia e da ética. Bento XVI fala de uma reivindicação do "supérfluo" qu contrasta com a falta de água e alimento em certas regiões subdesenvolvidas. O Papa afirma também que é "errado" considerar o aumento da população como "primeira causa de subdesenvolvimento", lembrando que a queda dos nascimentos "põe em crise os sistemas de assistência social".
"Nesta perspectiva, os Estados são chamados a instaurar políticas que promovam a centralidade e a integridade da família, fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher, célula primeira e vital da sociedade", acrescenta a encíclica.
A colaboração da família humana está no centro do Capíutulo V, onde se lê que os cristãos apenas podem contribuir para o desenvolvimento "apenas se Deus encontrar lugar também na esfera pública". O Papa faz referência ao princípio da subsidariedade, como "antídoto" conta qualquer forma de "assistencialismo paternalista".
Um maior acesso à educação e um compromisso internacional contra fenómenos como o turismo sexual são indicações de Bento XVI para um desenvolvimento integral, em que se incluem ainda as novas dinâmicas das migrações, impossíveis de resolver "por um país, de forma isolada".
A reforma "urgente" da ONU e da actual arquitectura económica e financeira mundial levam o Papa a defende uma nova e verdadeira "autoridade política mundial".
O sexto e último capítulo é dedicado ao tema do desenvolvimento dos povos e da técnica, com aviso em relação à ideologias tecnocráticas. Neste contexto, é referido que "um campo primário e crucial da luta cultural entre o absolutismo da técnica e a responsabilidade moral do homem é o da bioética".
Na conclusão, Bento XVI dirige-se aos cristãos e indica que "o desenvolvimento implica atenção à vida espiritual, uma séria consideração das experiências de confiança em Deus, de fraternidade espiritual em Cristo, de entrega à providência e à misericórdia divina, de amor e de perdão, de renúncia a si mesmos, de acolhimento do próximo, de justiça e de paz".
 
Agência ECCLESIA

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publicado às 23:00

A vida não tá fácil, lá isso é verdade...

por Zulmiro Sarmento, em 31.05.09

 

Aumento do número de pedidos de ajuda à Caritas de Angra
Subida situa-se nos 40%
Com a crise actual, o número de pedidos de apoio à Caritas de Angra tem subido significativamente. "Podemos estimar essa subida na ordem dos 40%" - refere à Agência ECCLESIA Anabela Borba, directora da Caritas dos Açores.
Nos últimos tempos, "voltámos a ver pessoas que tínhamos deixado de ver nos últimos anos" - salienta. Voltam à Caritas porque "a pobreza surgiu novamente". A Caritas de Angra vê com "muita apreensão" a realidade actual. Tanto mais que "não vislumbramos" o aparecimento de novas empresas - disse Anabela Borba.
Como a acção da Caritas deverá ser cada vez "menos assistencialista" e "mais de promoção das pessoas"; a Caritas de Angra lançou - em cooperação com a Secretaria Regional da Educação - a formação de públicos adultos. Neste momento, este organismo está a tentar "arranjar apoios para nos colocarmos no mercado social de emprego" - frisou a responsável.
A maior parte dos utentes da Caritas de Angra "dificilmente estarão em condições, de por si só, conseguirem avançar para o mercado normal de emprego" - acrescenta. E finaliza: "a situação não é fácil".
 
Ãgência ECCLESIA

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publicado às 08:15


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