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Um consolo para os tempos da crise

por Zulmiro Sarmento, em 30.04.15

Crise? Qual crise?!

A língua portuguesa continua rica...

A crise...

Os padeiros não têm massa
Os padres já não comem como abades
Os relojoeiros andam com a barriga a dar horas
Os talhantes estão feitos ao bife
Os criadores de galinhas estão depenados
Os pescadores andam a ver navios
Os vendedores de carapau estão tesos
Os vendedores de caranguejo vêem a vida a andar para trás.
Os desinfestadores estão piores que uma barata
Os fabricantes de cerveja perderam o seu ar imperial
Os cabeleireiros arrancam os cabelos
Os futebolistas baixam a bolinha
Os jardineiros engolem sapos
Os cardiologistas estão num aperto
Os coveiros vivem pela hora da morte
Os sapateiros estão com a pedra no sapato
As sapatarias não conseguem descalçar a bota
Os sinaleiros estão de mãos a abanar
Os golfistas não batem bem da bola
Os fabricantes de fios estão de mãos atadas
Os coxos já não vivem com uma perna às costas
Os cavaleiros perdem as estribeiras
Os pedreiros trepam pelas paredes
Os alfaiates viram as casacas
Os almocreves prendem o burro
Os pianistas batem na mesma tecla
Os pastores procuram o bode expiatório
Os pintores carregam nas tintas
Os agricultores confundem alhos com bugalhos
Os lenhadores não dão galho
Os domadores andam maus como as cobras
As costureiras não acertam as agulhas
Os barbeiros têm as barbas de molho
Os aviadores caem das nuvens
Os bebés choram sobre o leite derramado
Os olivicultores andam com os azeites
Os oftalmologistas fazem vista grossa
Os veterinários protestam até que a vaca tussa
Os alveitares pensam na morte da bezerra
As cozinheiras não têm papas na língua
Os trefiladores vão aos arames
Os sobrinhos andam "Ó tio, ó tio"
Os elefantes andam de trombas... 

SÓ OS POETAS CONTINUAM COMO SEMPRE...  TESOS MAS MARAVILHOSOS! 

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publicado às 13:08

NEM SEMPRE É POSSÍVEL A INSENÇÃO

por Zulmiro Sarmento, em 04.03.15
 

Desde Moltmann e Metz (no fundo, desde sempre), fica claro que não há teologia (nem acção eclesial) que seja apolítica.

A intervenção do crente tem sempre implicações políticas: ou directa ou indirectamente. Quem assume essas implicações revela de que lado está. Quem não assume é conivente com aquilo que acontece.

Concretizando, alguém que denuncie as injustiças sociais pode ser facilmente apodado de vanguardista, comunista, revolucionário. Mas alguém que, para não receber tal acusação, se cale acaba por tomar também uma opção: pelos que praticam a injustiça.

Neste caso, o silêncio é pouco edificante. A Igreja não pode ser imparcial. Não deverá, como é óbvio, tomar partido por partidos. Ela tomará sempre partido por pessoas, por ideais, por causas, por valores.

Se ela não o fizesse não seria isenta. Estaria a tomar partido por quem explora, por quem agride. Quem cala consente. Poderá um cristão consentir a exploração, a injustiça?

A clareza é sempre importante. As pessoas têm o direito de saber de que lado estamos. Nós temos o dever de as não defraudar. Cristo foi sempre claro. «Que as vossas palavras sejam sim, sim, não, não» (Mt 5, 37).

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publicado às 10:42

15 simples atos de caridade de que nos costumamos esquecer

por Zulmiro Sarmento, em 24.02.15

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1. Sorrir Um cristão sempre é alegre. Às vezes podemos nem perceber, mas, ao sorri, aliviamos a carga dos que estão ao nosso redor: na rua, no trabalho, em casa, na faculdade. A felicidade do cristão é uma bênção para os outros e para si mesmo. 2. Agradecer Nunca se acostume a receber as coisas, mesmo “porque você precisa” ou “porque tem direito” a elas. Receba tudo como um presente, mesmo se estiver pagando por isso. Agradeça sempre. A pessoa agradecida é mais feliz. 3. Recordar às pessoas o quanto você as ama Você sabe que os ama. Mas… e eles? Carinho, abraços e palavras nunca são demais. Se Jesus não se tivesse feito carne, nós jamais teríamos entendido que Deus é amor. 4. Cumprimentar essas essoas que você vê diariamente O porteiro, a faxineira, a recepcionista, o vizinho. Ao cumprimentá-los, você lhes recorda o quanto são importantes e o quanto você os valoriza. 5. Escutar a história das pessoas sem preconceito O que é que pode nos tornar mais humanos do que saber escutar? Cada história que lhe contam o unem mais aos outros: seus filhos, seu cônjuge, seu chefe, o professor, suas preocupações e alegrias. Você sabe que não são só palavras, mas partes da sua vida que precisam ser compartilhadas. 6. Parar para ajudar Não interessa se é um problema de matemática, uma simples pergunta ou alguém com fome na rua. Ajuda nunca é demais. Todos nós precisamos uns dos outros. 7. Motivar as pessoas Sabe aquele amigo que não anda muito bem? Tente arrancar um sorriso dele, para aliviar seu desânimo e ver que nem tudo na vida é ruim. É sempre bom saber que existe alguém que nos ama e que está ao nosso lado. 8. Comemorar as qualidades e conquistas dos outros Nunca deixe de celebrar as alegrias das pessoas que convivem com você, suas qualidades, conquistas, boas ações. Simples frases como “Parabéns!”, “Fico feliz por você”, “Você fica bem com essa cor”, podem alegrar o dia de uma pessoa. 9. Doar as coisas que você não usa Vale a pena fazer uma faxina no armário e separar algumas coisas para a doação. Isso ajuda a valorizar o que temos, engrandece nosso coração e pode fazer outras pessoas felizes. 10. Ajudar para que outra pessoa descanse Isso pode ser vivido especialmente nas famílias. Você pode começar a fazer a tarefa de outra pessoa para que ela possa descansar, ou antes de que ela lhe peça ajuda. A vida fica mais leve quando nos ajudamos mutuamente nas responsabilidades cotidianas. 11. Corrigir com amor Corrigir é uma arte. Muitas vezes nos encontramos em situações com as quais não sabemos lidar. O melhor método é o amor. O amor não somente sabe corrigir, mas também perdoar, aceitar e seguir em frente. Não tenha medo de corrigir e ser corrigido, isso é uma demonstração de que os outros gostam de você e querem que você seja melhor. 12. Ser detalhista com os que estão perto de você Se você sabe do que aquela pessoa gosta, por que não aproveitar isso para fazê-la feliz? Tudo o que é dado com amor é melhor. Sair de si mesmo e pensar nos outros é maravilhoso e alegra o coração. 13. Limpar o que você usa em casa Na vida familiar, isso é essencial para não sobrecarregar ninguém. Faça a sua parte, e faça com carinho. Você se sentirá alegre e em paz com isso. 14. Ajudar os outros nas suas dificuldades Carregar uma sacola, ajudar uma pessoa a atravessar a rua, pagar o almoço a alguém… São muitos detalhes ao seu alcance, e as pessoas não vão se esquecer do bem que você lhes fez. Demonstre que você ainda acredita na humanidade. 15. Ligar para os seus pais Talvez você more sozinho ou inclusive já tenha sua própria família. No entanto, seus pais ainda se emocionam ao ver que você se lembra deles. Estar atento ao que eles precisam ou simplesmente ligar para saber como estão é algo que não custa muito e é um gesto de gratidão enorme.

 

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publicado às 12:59

Cruzadas, Inquisição e Guerra contra as Mulheres: é hora de derrubar mitos

por Zulmiro Sarmento, em 21.02.15

 

 
O que você precisa saber para responder às falsidades metralhadas contra a Igreja
Constantinople besieged
Leia aqui

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publicado às 12:39

Os portugueses que nos querem ver gregos

por Zulmiro Sarmento, em 17.02.15

 

 
Logo a seguir ao futebol, as mais populares modalidades desportivas nacionais são bater no Cavaco e assinar manifestos. Por isso esta foi uma semana em cheio.
As festividades começaram quando o Presidente da República lembrou descaradamente um facto: os portugueses já emprestaram mil e cem milhões de euros à Grécia, fora trocos. Tamanha trivialidade perturbou as pessoas sensíveis, que a consideraram - a frase, não o empréstimo - inadmissível, na medida em que nada do que Cavaco Silva diz deve ser admitido (embora também não se tolere que Cavaco Silva esteja calado). A oposição falou em "humilhação do povo grego". E aquela senhora que liderava a meias o BE achou as afirmações perigosas, populistas, egoístas e uma ameaça ao "projecto europeu". Naturalmente, o "projecto europeu" consiste em fazer que os cidadãos de certos países trabalhem a fim de sustentar os que preferem dedicar-se a actividades paralelas como a subscrição de lengalengas em volta da palavra solidariedade.
A lengalenga do momento, sob a forma de carta aberta ao primeiro-ministro, reúne "destacadas personalidades" (sic) do calibre de Francisco Louçã, Carvalho da Silva, Pacheco Pereira, Octávio Teixeira e o conhecido benfiquista Bagão Félix. Essencialmente, trata-se do corpo de comentadores da Sic Notícias, ao qual, não sei porquê, faltam apenas Rui Santos e o trio de O Dia Seguinte.
E o que reza a carta? Reza que a austeridade é desagradável e exige a Pedro Passos Coelho que aproveite o pretexto grego para a mandar passear. Numa segunda leitura (e Deus sabe quanto me custou a primeira), a ideia é aliarmo-nos a quem nos pede dinheiro emprestado no combate a quem nos empresta. Isto não difere muito do sujeito que, ao ver-se assaltado, ajuda os ladrões a carregar o televisor e depois insulta a empresa que lho vendeu a crédito. Com a deliciosa agravante de que, no intervalo dos insultos, as filiais caseiras do Syriza suplicam por um crédito e um televisor novinhos.
Absurdo? Com certeza. E ainda nem referi a abdicação da famosa soberania pátria em favor do governo do Sr. Tsipras, que os subscritores da carta juram representar Portugal a sério. Imagine-se se estivessem a brincar.
ALBERTO GONÇALVES DN 2015.02.15
Vi aqui

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publicado às 12:44

As mulheres chegaram demasiado tarde?

por Zulmiro Sarmento, em 15.02.15

 

 
Frei Bento Domingues O.P.

1. Na paisagem pós-religiosa da Europa não foi necessária nenhuma heroicidade para organizar, em Paris – e noutras cidades -, a grande procissão para defender a liberdade de expressão, mesmo acerca das religiões. Nas Filipinas, 6 milhões foram participar com o Papa Francisco na celebração da Eucaristia para rezar e resistir ao imenso sofrimento dos pobres de todos os continentes, a blasfémia contra o ser humano.

Estava a pensar nisto quando deparei com dois livros, que vinham ao encontro de alguns temas que me preocupam. O primeiro [1] é de um bispo, carregado de doutoramentos e coordenador nacional do serviço do episcopado francês, no tocante à pastoral, às novas crenças e às derivas sectárias. Ao observar o que aparece nos meios de comunicação contra o cristianismo e contra a Igreja católica e, por outro lado, a velocidades com que o ateísmo e um certo paganismo alargam a sua influência, não ficou parado: procurou responder a essas críticas, corrigir os erros tantas vezes repetidos, a partir “do coração” do cristianismo.

Para atingir esse objectivo, o autor enfrentou os debates que foram sempre fundamentais: a obediência e a via da autoridade opostas à razão e à sabedoria; o próprio facto da Revelação, as dificuldades que envolvem a Incarnação e o antropocentrismo, sobretudo, o problema crucial do sofrimento e da morte.

Pode parecer pretensioso abranger as questões do ateísmo e do paganismo, na sua fonte, no seu contexto e evolução, até às objecções contemporâneas – ainda que tradicionais – feitas ao cristianismo: as guerras de Religião, a Inquisição, as cruzadas, as torpezas de certos papas, a pedofilia. No entanto, para o diálogo que os agentes de pastoral devem cultivar, com a maioria de crentes e não crentes - não são todos filósofos e teólogos -, é um instrumento muito útil.

2. O outro livro [2] não pertence nem ao campo da teologia nem ao da filosofia, mas ao da sociologia da religião, escrito por um especialista em Ciências da Informação. Recolhe os estudos e as estatísticas que, segundo o título, exprimem uma Europa sem religião, num mundo religioso.

Um vasto inquérito estatístico sobre os efectivos religiosos, as crenças e as práticas, em França, na Europa Ocidental e na América do Norte, tende a confirmar uma hipótese muito evocada nos últimos tempos: o declínio do cristianismo (católico, ortodoxo e protestante) e, também, do judaísmo.

Não é muito fácil reconhecer e encarar este fenómeno e, mais difícil ainda, aceitar que o futuro não repete o passado, imaginar novos tipos de presença e de comportamento. Esta paisagem contrasta com outros dois universos religiosos mais vistosos, ainda que incomparáveis termo a termo, isto é, o islão de inspiração salafista e o protestantismo pentecostal, em parte situados nas periferias do mundo pós-religioso.

Estes factos não são o fim da religião. Em África, na América do Sul, no sul dos Estados Unidos, na Ásia e na Europa Oriental, seja de que ponto de vista for, a religião é uma componente do quotidiano.

Acerca da Europa, o autor não aceita a tese dos que, perante a complexidade do fenómeno religioso, em vez de falarem do seu declínio, analisam a sua recomposição. O que é inegável, por exemplo no catolicismo, é o facto expresso no que dizia, com uma certa graça, o Arcebispo de Lyon: quando ordeno dois padres por ano, enterro vinte. Padres das dioceses e das congregações religiosas são cada vez menos. As religiosas, sejam de clausura ou da vida activa, seguem o mesmo rumo.

Esta situação leva a posições conservadoras bastante ridículas. São poucos os celibatários candidatos a ser ordenados padres. Os poucos não chegam para as encomendas. Muitos dos padres que se casaram, sobretudo depois do Vaticano II, gostariam de continuar o ministério para que estavam preparados. Foi-lhes recusada essa possibilidade. Aqui, começaram as subtilezas: padres casados, não, mas não haveria, em princípio, objecção à ordenação de homens casados, os apóstolos não eram solteiros. Acontece que nunca ordenam os que o desejam. Ficavam as mulheres, entre as quais haveria certamente vocações para diferentes ministérios. Mas essas, nunca! Todo o esforço de papas, bispos e cardeais – e dos teólogos de serviço - esgota-se num rol de incompatibilidades. Uma das mais ridículas consiste em dizer que o padre, ou o bispo, preside à Eucaristia à imagem de Cristo. Ora, este é homem. Nem pensam que, nesta lógica absurda, estão a roubar Cristo às mulheres cristãs.

O resultado prático de tudo isto não é brilhante. As comunidades cristãs, comunidades sacramentais, têm direito à Eucaristia, o sacramento dos sacramentos. Prefere-se aceitar este gravíssimo deficit a olhar de frente a inadequação da teologia que leva a não fazer nada. Existem algumas mulheres pastoras, luteranas, calvinistas ou anglicanas e raras são as rabinas liberais e presbíteras católicas dissidentes.

Diz-se que são poucas e chegaram tarde. Será que para as mulheres católicas estão à espera da 25ª hora?

Público, 08.02.2015

- - - -
[1] Denis Lecompte, Au coeur des objections antichrétiennes, Cerf, 2013
[2] Jean-Pierre Bacot, Une Europe sans religion dans un monde religieux, Cerf, 2013

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publicado às 21:51

ATÉ UMA VELA NOS PODE FAZER COMPANHIA

por Zulmiro Sarmento, em 15.02.15
 

O ser humano é, consabidamente, um «animal social».

Apesar dos contratempos da convivência, temos um pavor enorme da solidão.

Georg Lichtenberg confidenciou: «O homem ama a companhia, mesmo que seja apenas a de uma vela que queima».

Às vezes, a companhia de certas pessoas faz-nos desejar a solidão.

Outras vezes, o peso da solidão faz-nos aspirar pela presença das pessoas.

Somos assim: sempre nómadas, eternamente insatisfeitos.

Só Deus nos satisfaz inteiramente!

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publicado às 21:22

Qual o papel de Deus na vida e nos dramas do homem?

por Zulmiro Sarmento, em 06.02.15

 

 
O Livro de Job é um clássico da literatura universal. Além de uma extraordinária beleza literária, este livro apresenta uma bem elaborada reflexão sobre algumas das grandes questões que o homem de todos os tempos coloca a si próprio: qual o sentido da vida? Qual a situação do homem diante de Deus? Qual o papel de Deus na vida e nos dramas do homem? Qual o sentido do sofrimento?
Job, o herói desta história, é apresentado como um homem piedoso, bom, generoso e cheio de “temor de Deus”. Possuía muitos bens e uma família numerosa… Mas, repentinamente, viu-se privado de todos os seus bens, perdeu a família e foi atingido por uma grave doença.
A história dos dramas de Job serve para introduzir uma reflexão sobre um dogma intocável da fé israelita: o dogma da retribuição. Para a catequese tradicional de Israel, a atitude de Deus em relação aos homens estava perfeitamente definida: Jahwéh recompensava os bons pelas suas boas obras e os maus recebiam sempre um castigo exemplar pelas injustiças e arbitrariedades que praticavam. A justiça de Deus – realizada sempre nesta terra – era linear, previsível, lógica, imutável. Jahwéh é, de acordo com esta catequese, um Deus definido, previsível, que Se limita a fazer a contabilidade das acções boas e das acções más do homem e a pagar-lhe em consequência.
No entanto, a vida punha em causa esta visão “oficial” de Deus e da sua acção na vida do homem. Constatava-se, com alguma frequência, que os maus possuíam bens em abundância e viviam vidas longas e felizes, enquanto que os justos eram pobres e sofriam por causa da injustiça e da violência dos poderosos. O dogma acabava, sobretudo, por ser totalmente posto em causa pelo problema do sofrimento do inocente: se um homem bom, piedoso, que teme o Senhor e que vive na observância dos mandamentos sofre, como explicar esse sofrimento?
O Livro de Job reflecte, precisamente, sobre esta questão. O herói (Job) discorda da teologia tradicional (no livro, apresentada por quatro amigos, que procuram explicar a Job que o seu sofrimento tem de ser o resultado lógico das suas faltas) e, a partir da sua própria experiência, denuncia uma fé instalada em preconceitos e em teorias abstractas que não tem nada a ver com a vida. Ele não aceita as falsas imagens de Deus fabricadas pelos teólogos profissionais, para quem Deus não passa de um comerciante que paga conforme a qualidade da mercadoria que recebe…
Como não pode aceitar esse deus falso, Job parte em busca do verdadeiro rosto de Deus. Numa busca apaixonada, emotiva, dramática, veemente, temperada pelo sofrimento, marcada pela rebeldia e, às vezes, pela revolta, Job chega ao “face a face” com Deus. Descobre um Deus omnipotente, desconcertante, incompreensível, que ultrapassa infinitamente as lógicas humanas; mas descobre, também, um Deus que ama com amor de Pai cada uma das suas criaturas. Job reconhece, então, a sua pequenez e finitude, a sua incapacidade para compreender os projectos de Deus. Reconhece que ele não pode julgar Deus, nem entendê-l’O à luz da lógica dos homens. A Job, o homem finito e limitado, só resta uma coisa: entregar-se totalmente nas mãos desse Deus, incompreensível mas cheio de amor, e confiar plenamente n’Ele. E é isso que Job faz, finalmente.
Fonte:  aqui

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publicado às 15:13

UMA VIDA TERÁ PREÇO?

por Zulmiro Sarmento, em 06.02.15
 

Afinal, uma vida tem preço? Qual é o preço de uma vida?

O absurdo das perguntas só é superado pelo contra-senso de algumas respostas.

Há dois mil anos, houve uma vida avaliada em 30 moedas (Mt 26, 15). Foi o preço acordado para que uma vida fosse eliminada.

Nos últimos dias, há várias vidas avaliadas em 42 mil euros. É o preço fixado para que tais vidas sejam salvas.

Havendo uma percepção clara da hierarquia de valores, não há lugar para qualquer hesitação.

Aprendemos, desde sempre, que uma única vida vale mais que todo o dinheiro do mundo.

Assim sendo, quando os dois valores estivessem em confronto, a opção deveria ser sempre pela vida.

Mais vale sacrificar o dinheiro pela vida do que a vida pelo dinheiro.

Só que nem sempre as palavras dos lábios estão em sintonia com as atitudes que se tomam.

É claro que é na vida que se ganha dinheiro. Mas é preocupante notar que se pretenda ganhar tanto dinheiro com a vida.

Dizem (embora, como é óbvio, não possa confirmar) que a produção do medicamento de que tanto se fala varia entre os 60 e os 120 euros.

Como entender que ele seja posto à venda por 42 mil euros?

Haverá muitas explicações plausíveis. Mas será que existe alguma justificação aceitável?

Uma coisa é pagar os custos. Outra coisa é alimentar o lucro.

Procuremos meditar e pôr as coisas no seu devido lugar.

Uma vida é uma vida. O seu valor está infinitamente acima de todos os valores!

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publicado às 14:35

CARIDADE PAGA!!

por Zulmiro Sarmento, em 04.02.15

Os funcionários da caridade

 
«Em Portugal só passa fome quem quer», garante presidente da União das Misericórdias. Leiam AQUI
 
 
 
Perante estas declarações fico num misto de coisas. Sem palavras, boquiaberto, revoltado ou ainda com vontade de disparatar sobre esta triste figura, que se intitula de presidente da União das Misericórdias.
Este sr. Lemos deve andar nas nuvens e não toma conta do que se passa realidade. É um funcionário da caridade a tantos outros que sugam à conta dos pobres uma série de privilégios no quentinho das centenas de instituições destinadas à caridade neste país. Sr. Lemos, se não fome, se não pobreza e se não há necessitados neste país para que tanto «mamão» e «mamona» enfiados dentro de centenas ou milhares de instituições vocacionadas para o combate à fome e à pobreza? - Deixem-se de fretes e vão governar a vossa casa sem insultar ninguém.
Por isso, também estou mais que convencido de que é mais difícil combater a legião de privilegiados que o negócio da caridade foi produzindo do que combater a pobreza em si mesma. E que já vai faltando a paciência para suportar esta gente, lá isso vai... 

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publicado às 16:16


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