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Sirva a quem servir...

por Zulmiro Sarmento, em 12.05.15

Um prefeito nem sempre é perfeito, Frei Bento Domingues, O. P

1. A vontade de fixar certas interpretações, declarações, doutrinas e instituições religiosas como sendo absolutas, irreformáveis e definitivas - marcadas por tradições, contextos históricos e culturais muito circunscritos – roça a idolatria. Substitui o Absoluto transcendente pelo que há de mais relativo e banal, numa linguagem inacessível. Os textos do Novo Testamento (NT) mostram um constante empenhamento de Jesus em dessacralizar tempos, lugares e instituições divinizadas, pois tornavam o acesso a Deus privilégio de alguns e a condenação de quase todos. O próprio Jesus, ao andar em más companhias, ao comer com os classificados como pecadores, não só se desautorizava como homem de Deus, como se expunha a ser considerado um agente do diabo:[1] Ele não expulsa demónios, a não ser por Beelezebu, príncipe dos demónios. Jesus não era da tribo sacerdotal, não andou em nenhuma escola rabínica, não era um teólogo profissional e, no entanto, pôs tudo em causa. [2] Segundo os textos disponíveis, Jesus foi educado na religião da sua família, mas levou muito tempo encontrar o seu próprio caminho e, quando o encontrou, os antigos companheiros não o entenderam, a família julgava que ele estava doido [3] e os Doze que escolheu nunca conseguiram compreender o seu desígnio. [4] Como não deixou nada escrito, e muito menos um catecismo bem arrumado, surgiram várias teologias cristãs. Os escritos do NT são irredutíveis a uma só teologia ou a uma só cristologia. Ler esses textos de estilos, épocas, lugares e propósitos tão diferentes, pelo olhar formatado de um Catecismo, é uma cegueira provocada pelo instinto de segurança e necessidade de controlar. São textos simbólicos, alusivos ao mistério inabarcável de Deus, que só com recurso à teologia negativa, apofática, é possível não cair na idolatria teológica. De Deus, tanto mais sabemos quanto mais nos dermos conta que ele excede todo o conhecimento. Nunca será prisioneiro dos nossos conceitos. 2. A falta de profissionalismo teológico está a agitar o Vaticano. Numa entrevista concedida ao jornal francês La Croix, o próprio Cardeal Müller – Prefeito da Congregação para Doutrina da Fé (CDF), ex-Santo Ofício, Presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e Presidente da Comissão Teológica Internacional - declarou algo de muito inédito: “A chegada à Cátedra de Pedro de um teólogo como Bento XVI foi, provavelmente, uma excepção. João XXIII não era um teólogo de ofício. O Papa Francisco também é mais pastor e a Congregação para a Doutrina da Fé, tem uma missão de estruturação teológica do Pontificado”. Assim, pois, segundo a declaração deste cardeal, a CDF deve “estruturar teologicamente” o Pontificado do Papa Francisco. É provável que este seja um dos motivos pelos quais o Prefeito intervém tão frequentemente em público, algo sem precedentes na história. Até agora, ninguém havia teorizado, a partir do próprio centro da Cúria Romana, uma exigência de normalização do pontificado, como se depreende das palavras citadas por Müller. Acredito que aqui se deva constatar, com preocupação, que esse parece ser, até agora, o mal-entendido mais substancial dos pontificados de João XXIII e de Francisco, curiosamente unificados pela característica de terem “pouca estrutura teológica”. 3. Estamos numa situação delicada. Como vimos, Jesus não tinha nada de teólogo profissional, a sua profissão era outra. S. Francisco, ainda menos. João XXIII, convocando o Concílio e neutralizando a vigilância do cardeal Octaviano, do Santo Ofício, deixou o debate teológico à solta, decisão que nunca mais lhe será perdoada pelos vigilantes da ortodoxia. O pós-Concílio foi de uma grande efervescência e criatividade teológicas, tanto na Europa como na América latina, na África e na Ásia. Com o cardeal Ratzinger procurou-se a normalização pela condenação de tudo que não reproduzisse a teologia deste Prefeito da CDF. Chegou o Papa Francisco e soltou, de novo, a palavra na Igreja e manifestou, numa carta à Faculdade de Teologia de Buenos Aires, a vontade de que os teólogos profissionais cheirassem a povo, não ficassem isolados numa redoma. Há atrevimentos que se pagam caro. A ambição do poder de dominar – também há poder de servir – é presunçosa e ridícula. Quem se julga o centro da Igreja, perde-se do Espírito de Cristo e pensa que só ele tem a chave da salvação. Público, 10.05.2015

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publicado às 14:50

Quaresma... É o tempo de abrir as portas do coração.

por Zulmiro Sarmento, em 20.03.15

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O Papa Francisco já evidenciou algumas vezes este conflito entre Jesus, que abre as portas a quem quer que o procure – mesmo que seja distante dele – e os cristãos, que muitas vezes fecham as portas da Igreja na cara de quem bate à sua porta. É um conflito entre a misericórdia total de Cristo e a escassez demonstrada muitas vezes por aqueles que creem Nele.

«Um homem - uma mulher - que se sente doente na alma, triste, que cometeu muitos erros na vida, em algum momento sente que as águas estão se movendo, é o Espírito Santo que move algo, ou ouve uma palavra ou ...“Ah, eu quero ir!”... E toma coragem e vai. E quantas vezes hoje nas comunidades cristãs encontram as portas fechadas: «Mas você não pode, não, você não pode. Você errou aqui e não pode. “Se você quiser vir, venha à missa no domingo, mas fique ali, mas não faça mais nada”. Aquilo que o Espírito Santo faz nos corações das pessoas, os cristãos com psicologia de doutores da lei destrói».

«Faz-me mal isso», afirma em seguida Francisco. Que sublinha: a Igreja tem sempre as portas abertas: «É a casa de Jesus e Jesus acolhe. Mas não só acolhe, vai encontrar as pessoas. E se as pessoas estão feridas, o que Jesus faz? A repreende porque está ferida? Não, vai e a carrega sobre os ombros. E isso se chama misericórdia. E quando Deus repreende o seu povo – “Desejo misericórdia, não sacrifício!” – fala exatamente disto».

«Quem é você – reafirma o Papa – que fecha a porta do seu coração a um homem, a uma mulher que tem vontade de melhorar, de voltar a ser parte do povo de Deus após o Espírito Santo ter movimentado seu coração?».

Tudo isto são pregos contra a teimosia do oceano enorme de conservadorismo que albergam movimentos e grupos organizados no interior da Igreja, muito dados à verdade absoluta. Coisa que manifestamente não está no discurso do Papa e as suas atitudes demonstram que devemos antes estar todos à procura da verdade. Não surpreende que alguns já tenham desabafado que os últimos dois anos de Francisco tenham sido «dois anos de terror» na Igreja Católica. É caso para perguntar-se, esta gente que Jesus Cristo segue? E que Evangelho anda a ler? 

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publicado às 13:23

19 de março: Dia do Pai

por Zulmiro Sarmento, em 19.03.15

 

 


Parabéns a todos os pais!|
Obrigado ao meu pai!

O pai que sabe corrigir sem humilhar,
é o mesmo que sabe proteger sem se poupar

 “Toda família necessita do pai”, disse há dias o Papa Francisco, que se inspirou nas seguintes palavras do Livro dos Provérbios: “Meu filho, se o teu coração é sábio, meu coração também se alegrará”. “Este pai não diz que se orgulha porque o filho é como ele”, explicou o Papa, mas diz algo bem mais importante, isto é: que se alegra toda vez que o filho age com sabedoria e retidão.

E um pai sabe bem quanto custa transmitir esta herança. Proximidade, doçura e firmeza são atitudes necessárias – e que só podem ser manifestadas com um pai presente na família. “O pai deve estar próximo da mulher, para compartilhar tudo, alegrias e tristezas, fadigas e esperanças. E deve estar próximo dos filhos no seu crescimento: quando brincam e quando se empenham, quando ousam ou hesitam, quando erram e voltam atrás. Pai presente, sempre! Presente não significa controlador, pois pode anular o filho”, advertiu Francisco.

 Partindo do exemplo do pai da parábola do filho pródigo, o Papa exclama: “Quanta dignidade e ternura naquele pai que espera à porta de casa que o filho regresse!” Um bom pai sabe esperar e sabe perdoar, do profundo do coração.

Certamente, sabe também corrigir com firmeza, sem sentimentalismos. O pai que sabe corrigir sem humilhar, é o mesmo que sabe proteger sem se poupar. “Punir na medida justa”, disse Francisco, lembrando um pai que disse, numa reunião de casais, que jamais batia no rosto dos filhos para não os humilhar.

Depois de experiências e falências, o filho voltar para casa e não encontrar um pai pode provocar feridas difíceis de serem curadas.

O Papa garantiu a proximidade da Igreja a todos os pais: “A Igreja, portanto, está empenhada em apoiar com todas as suas forças a presença generosa dos pais nas famílias, porque eles são para as novas gerações custódios e mediadores insubstituíveis da fé na bondade, na justiça e na proteção de Deus, como São José.

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publicado às 14:41

Uma excelente oportunidade para o Papa Francisco e para a Igreja

por Zulmiro Sarmento, em 29.01.15

 

Ana Vicente*

Quantas vezes a Igreja, na sua história, se viu obrigada a rever posições e a pedir desculpas pelos seus pecados?

Lemos com alegria que o Papa Francisco, mais uma vez, foi a uma zona do mundo que, em boa hora, está a deixar de ser uma franja para passar a ocupar o lugar que lhe é devido. Aí constatou a gritante situação de pobreza de milhões de pessoas – sobretudo das mulheres. A forma obsoleta e iníqua com que nos organizamos a nível internacional em termos económicos e políticos, tantas vezes sublinhada pelo próprio Francisco – metade da riqueza mundial nas mãos de 1% da população!

Francisco sabe, porque já demonstrou, que é uma pessoa intelectualmente honesta, uma qualidade demasiadamente rara nas elites religiosas, que está mais que analisado, estudado e avaliado que a maioria dos pobres tem cara de mulher e que essa pobreza ocorre maioritariamente entre as mulheres não por mero acaso. Estão excluídas do poder, e o que é mais grave, também do poder religioso, pois este deveria ser o primeiro a dar o exemplo de justiça e igualdade, tão ansiado pelo divino. São objecto de discriminação no acesso à saúde, à educação, à formação, aos direitos humanos, em suma. São as principais vítimas de violência sexual, de violência psicológica, de violência bruta, como aliás é reconhecido na exortação papal A Alegria do Evangelho: “Duplamente pobres são as mulheres que padecem situações de exclusão, maus-tratos e violência, porque frequentemente têm menores possibilidades de defender os seus direitos.” (para 212). O PÚBLICO de 19 de Janeiro fala das Filipinas como uma ilha de catolicismo no continente asiático; descreve como o povo clamou contra a corrupção e contra a injustiça – que os assola há décadas. Mas será adequado referir as Filipinas como um país católico? Tendo em conta que  está organizado de uma forma profundamente não-cristã, tudo ao arrepio da mensagem evangélica?

Perante os catastróficos cenários filipinos com que se confrontou e que aliás referiu por diversas vezes, tenhamos esperança que o Papa Francisco tenha o bom senso e a coragem de rever a muito infeliz e, aos olhos de muitas teólogas e teólogos, frágil, porque muito mal fundamentada, encíclica de 1968, subscrita por  Paulo VI, Humanae Vitae. Aí se faz uma distinção entre métodos contraceptivos "naturais" e outros "artificiais", impondo o uso dos "naturais". É sabido que uma forte maioria do grupo de trabalho nomeado primeiro pelo Papa João XXIII e depois alargado por Paulo VI, concluiu que todos os métodos ‘iludem a natureza’, incluindo os chamados naturais – porque estes usam o estratagema de identificar os tempos inférteis da mulher para só nesses períodos poder haver relações sexuais; e o sensus fidelium rejeitou de tal modo as prescrições da encíclica que hoje em dia, no mundo ocidental, cerca de 95% dos católicos praticantes consideram-nas inaceitáveis e ignoram-nas, usando qualquer método em boa consciência, porque entenderam que o que de facto importa é ser responsável na parentalidade, quer da parte materna quer paterna. São seguidos nessa opinião pela grande maioria do clero, das religiosas e até de muito episcopado que, repetidamente, tem solicitado ao Vaticano a revisão desta encíclica, que tanto tem minado a autoridade eclesiástica. É mais do que sabido que apenas alguns membros de organizações ultratradicionalistas seguem estas orientações. Estão no direito de o fazer – não estão no direito de as impor aos outros.


Mas essa não aceitação dos princípios da encíclica já não ocorre nos países em desenvolvimento, onde o clero ainda detém alguma autoridade sobre as consciências (de que as Filipinas são um exemplo muito claro) e é por isso que temos de continuar a preocupar-nos com os imensos danos que este pensamento obscurantista, temente do prazer da sexualidade, criada por Deus, tem tido na saúde das mulheres e, consequentemente, das crianças e na família em geral.

Aliás as Filipinas podem ser consideradas um caso de estudo – pois a maior parte das autoridades eclesiásticas que o Papa teve agora que encarar (e até criticar nalguns aspectos), tem tido um papel muito negativo na busca de um desenvolvimento sustentável para toda a população. Justamente no campo do planeamento familiar o poder da Igreja masculina e autoritária impediu que naquele país, durante décadas, o Estado proporcionasse cuidados de saúde reprodutivos às mulheres e às famílias, contribuindo assim objectivamente para que milhares de crianças vivam na rua, sujeitas a serem prostituídas e traficadas, como evidenciaram as lágrimas de Glyzelle.

A poucos meses do Sínodo da Família, é tempo dos crentes encararem esta questão com seriedade, à luz do bom senso e dos Evangelhos – o próprio Papa no avião de regresso de Manila, apesar de ter reafirmado o seu apoio, em termos genéricos, à encíclica, afirmou que os cristãos não têm que "fazer crianças em série", nem se comportarem em termos reprodutivos "como os coelhos" e que a responsabilidade parental era um valor grande. Quantas vezes a Igreja, na sua história, se viu obrigada a rever posições e a pedir desculpas pelos seus pecados? Chegou agora o momento de o fazer com a contracepção, não lhe cabendo fazer doutrina sobre a matéria, que em nada consta nas propostas de Jesus.

* Membro do Movimento Internacional Nós Somos Igreja-Portugal

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publicado às 16:04

Luís Osório: "Jesus vive no Papa Francisco?"

por Zulmiro Sarmento, em 26.12.14

 

 

Editorial de Luís Osório no "i" de 24 de dezembro, Sobre Francisco, que chega aonde mais nenhum Papa chegou, pelo menos assim de repente.
Li aqui

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publicado às 15:03

Querem-lhe deitar a mão mas escorrega como moreia...

por Zulmiro Sarmento, em 17.11.14

Um Papa incorrigível – e o que se passa com a Igreja?

Na sua crónica de domingo passado, no Público, frei Bento Domingues escreve, sob o título Este Papa é incorrigível:

 

Nesse discurso [do Papa aos participantes no encontro mundial dos movimentos populares, no Vaticano], ao deparar com a expressão, “Digamos juntos”, pensei que estava a iniciar uma prece comunitária. E estava. Só não era a mais habitual na boca de um Papa: “Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”.

Ao ritmar “terra, teto e trabalho”, no primeiro Encontro Mundial de Movimentos Populares, a ladainha do Papa, de facto, não é a de um ideólogo do capitalismo.

(o texto integral pode ser lido aqui)

 

 

Na crónica de sábado passado, no Expresso/Revista, José Tolentino Mendonça perguntava, a propósito do recente Sínodo dos Bispos, O que se passa com a Igreja Católica? E escrevia:

 

O que debilita a Igreja são os falsos unanimismos ou o empurrar as questões difíceis para debaixo do tapete. O que debilita a Igreja é a rigidez de quem se considera dono da ortodoxia e se torna surdo à porção de verdade que os outros testemunham

(excertos do texto podem ser lidos aqui)

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publicado às 11:43

Há vários nos Açores (e dos Açores) que metem dó pelo esforço do carreirismo...

por Zulmiro Sarmento, em 05.11.14

É triste ver quem faz tudo para ser bispo e depois só vive para a sua vaidade, afirma papa Francisco

 FORTE MARICONÇO!!

 

O papa Francisco criticou hoje, no Vaticano, os padres que procuram por vários meios serem bispos, mas que, após receberem a ordenação episcopal, se dedicam sobretudo a exibirem-se.

«É triste quando se vê um homem que procura este ofício e que faz muitas coisas para lá chegar, e quando lá chega não serve, pavoneia-se, vive apenas pela sua vaidade», afirmou Francisco, citado pela Rádio Vaticano.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de S. Pedro para a audiência geral das quartas-feiras, o papa dedicou a sua intervenção às virtudes e missão de um bispo: «Não é fácil, não é fácil, porque nós somos pecadores».

«Como Jesus escolheu os apóstolos e enviou-os a anunciar o Evangelho e a apascentar o seu rebanho, assim os bispos, seus sucessores, são colocados à cabeça da comunidade cristã, como garante da sua fé e como sinal vivo da presença do Senhor no meio dela», assinalou Francisco, que pediu orações pelo ministério episcopal.

Por isso, prosseguiu o papa, «não se trata de uma posição de prestígio, de um cargo honorífico. O episcopado não é uma honra, é um serviço. Foi isto que Jesus quis».

Na Igreja, e em particular entre os bispos, «não deve haver lugar para a mentalidade mundana», que faz com que se diga: «“Este homem fez a carreira eclesiástica, tornou-se bispo”; não, não. O episcopado é um serviço, não é uma honra para vangloriar-se».

«Ser bispo quer dizer ter sempre diante dos olhos o exemplo de Jesus, que, como bom pastor, veio não para ser servido mas para servir e para dar a sua vida pelas suas ovelhas», vincou.

Francisco lembrou o exemplo dos «muitos bispos santos», que mostram que o episcopado «não se procura, não se pede, não se compra, mas acolhe-se em obediência, não para elevar-se, mas para abaixar-se, como Jesus, que se humilhou a si próprio, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz».

A alocução do papa visou também a unidade da Igreja, que os bispos são chamados a promover: «Quando Jesus escolheu e chamou os apóstolos, pensou-os não separados uns dos outros, cada um por conta própria, mas juntos, para que estivessem com Ele, unidos, como uma só família».

Para o papa, «também os bispos constituem um único colégio, reunido em torno ao papa, o qual é guarda e garante desta profunda comunhão».

«Como é belo, então, quando os bispos, com o papa, exprimem esta colegialidade e procuram ser mais e mais servidores dos fiéis, mais servidores na Igreja. Experimentámo-lo recentemente na assembleia do Sínodo sobre a família», referiu.

Francisco frisou que «não há uma Igreja sã se os fiéis, os diáconos e os presbíteros não estão unidos ao bispo», pessoa que «torna visível o ligame de cada Igreja com os apóstolos e com todas as outras comunidades», pelo que uma «Igreja não unida ao bispo é uma Igreja doente».

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 01.11.2014

 

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publicado às 13:16

As 8 imperdíveis lições de liderança do Papa Francisco

por Zulmiro Sarmento, em 17.09.14

 



1. Dá o exemplo.



"Se uma pessoa é homossexual e procura Deus, quem sou eu para julgá-la?" (29-07-2013) Quando o líder máximo age de acordo com o que pede aos seus colaboradores, torna-se muito difícil que estes não lhe correspondam e sigam as suas orientações, levando a um maior sentimento de equipa e a alcançar mais rapidamente os objetivos traçados para o negócio que sentem também como deles.


2. Conhece o valor de implementar a mudança.


"A Cúria tem um defeito: está centrada no Vaticano. Vê e ocupa-se dos interesses do Vaticano e esquece o mundo que o rodeia. Não partilho desta visão e farei tudo para a mudar." (01-10-2013)


Pelo Vaticano têm passado vários casos de corrupção, abuso de menores e membros da cúria que detinham mais poder que o Papa. Quem não conhece nomes como o do Cardeal Angelo Sodano, que foi durante dezasseis anos o Cardeal Secretário de Estado, abarcando dois pontificados, o do Papa João Paulo II e o do Papa Bento XVI. Com a perda de rigor e a excessiva burocracia da Igreja enquanto organização, era fundamental proceder a uma reforma. Como refere Ray Hennesey, “o papa Francisco reuniu um grupo de conselheiros de todo o mundo para proceder à reforma da Cúria. Para tal, retirou poderes ao Secretariado de Estado e dividiu as responsabilidades entre os cardeais. Também recrutou diversos gestores sem qualquer relação com Roma.”






3. É claro e directo na sua comunicação.


"A fé não serve para decorar a vida como se fosse um bolo com nata." (18-08-2013)


"O [sem-abrigo] que morre não é notícia, mas se as bolsas caem 10 pontos é uma tragédia. Assim, as pessoas são descartadas. Nós, as pessoas, somos descartadas, como se fôssemos desperdício." (05-06-2013)


A comunicação, para ser eficaz e servir os seus princípios, tem de ser clara e direta, para que não restem dúvidas de que aquele a quem se dirige, percebe a mensagem. 




4. Toma rapidamente decisões difíceis.


"Mas tivemos vergonha? Tantos escândalos [na Igreja] que não quero mencionar individualmente, mas que todos sabemos quais são... Escândalos que alguns tiveram de pagar caro. E isso está bem! Deve ser assim... a vergonha da Igreja." (16-01-2014)


Na sua reforma da Cúria, o Papa Francisco criou um novo departamento a que chamou Secretariado para a Economia, com o fim de tornar transparentes as finanças da Igreja. 




5. Ouve e aceita diferentes pontos de vista.


"Amemos os que nos são hostis, abençoemos os que dizem mal de nós, saudemos com um sorriso os que provavelmente não o merecem, não aspiremos a fazer-nos valer, mas oponhamos a doçura à tirania, esqueçamos as humilhações sofridas." (23-02-2014)




O Papa Francisco está disponível para a sua comunidade e para todos os que queiram falar com ele. Não é elitista nem egocêntrico, mas inclusivo e focado nos outros.




6. Reconhece as suas fragilidades.


"Eu não queria ser papa." (07-06-2013)


 “O meu modo autoritário e rápido de tomar decisões levou-me a ter sérios problemas e a ser acusado de ser ultraconservador. Vivi um tempo de grande crise interior quando estava em Córdoba. Foi o meu modo autoritário de tomar decisões que criou problemas.” (19-08-2013)


Quem é Jorge Mario Bergoglio? “Não sei qual possa ser a resposta mais correta... Sou um pecador. Esta é a melhor definição. E não se trata de um modo de falar ou de um género literário. Sou um pecador. (…) Sou um indisciplinado nato”. (19-08-2013)


Segundo a religião católica, todos são pecadores e o Papa, sendo homem, não é exceção. Mas admiti-lo desta forma é inédito na boca de um Sumo Pontífice e, no mínimo, uma prova de grande humildade, tendo em conta o cargo que ocupa. Este está consciente da sua humanidade e das tentações e fraquezas que sente. 


Os religiosos não são seres divinos, mas humanos como todos os outros. Também os líderes são humanos e não seres perfeitos que nunca erram, nunca têm um dia mau e nunca se esquecem de nada. Assumir as falhas e responsabilidades não os torna inferiores, mas dignos do reconhecimento e da admiração dos seus seguidores. 






7. Sabe que não vai conseguir atingir os objetivos sozinho.


"A Igreja não pode ser uma baby-sitter para os cristãos, deve ser uma mãe e é por esta razão que os laicos devem assumir as suas responsabilidades de batizados." (17-04-2013) 


“Como arcebispo de Buenos Aires, convocava uma reunião com os seis bispos auxiliares cada 15 dias e várias vezes ao ano com o Conselho de Presbíteros. Formulavam-se perguntas e abria-se espaço para a discussão. Isto ajudou-me muito a optar pelas melhores decisões. Acredito que a consulta é muito importante.” (19-08-2013)


O Papa Francisco aprendeu com os seus erros enquanto jovem líder e tem hoje plena consciência de que as conquistas são alcançadas não a solo mas em grupo, com e através das pessoas. 


Na liderança das organizações, deve passar-se de igual forma. Cabe ao líder desenvolver os seus colaboradores e integrá-los na sua visão e objetivos. Com eles nada o impedirá de lá chegar, sem eles poderá ser uma tarefa demasiado pesada e ingrata, sem hipóteses de algum dia saborear o sucesso. 


8. Cultiva o humor. "Não existe o marido perfeito, a mulher perfeita... não falemos da sogra perfeita." (14-02-2014)


"Não cedamos ao pessimismo. (15-03-2013)




É sabido que o humor é fomentador da boa comunicação, ao permitir prender a atenção do interlocutor, ao fomentar as relações, promover o bom ambiente de trabalho e proporcionar uma maior felicidade a quem a ele recorre.


O Papa Francisco cultiva o humor em quase todas as suas intervenções, aligeirando assuntos e mensagens mais pesadas, quebrando o gelo inicial em diversas reuniões, encontros e entrevistas, entre outros.


“É preciso viver as pequenas coisas do dia-a-dia com alegria. (…) Não se prive de ter um bom dia.”


RETIRADO DE "  O BANQUETE DA PALAVRA"

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publicado às 13:07

Que tanto o terrorismo externo como o interno não consigam calar nem travar o Papa Francisco

por Zulmiro Sarmento, em 03.09.14

 

Com a devida vénia, apresentamos aqui este texto do Padre Fernando Calado Rodrigues, publicado no Correio da Manhã de 29-08-2014. Faço minhas esta palavras.
O Papa Francisco retomou, esta semana, as audiências na Praça de São Pedro com críticas contundentes para o interior da Igreja.
Regressou à temática das divisões entre os cristãos, que já abordou noutras circunstâncias, nomeadamente no encontro com os pentecostais. Agora aplica-a ao interior das comunidades católicas e não tanto no âmbito do diálogo ecuménico. A proposta do Papa foi uma reflexão sobre a "Igreja Una e Santa". Recordou que "há tantos pecados contra a unidade; e não pensemos apenas nas heresias ou nos cismas, mas em faltas muito mais comuns, nos pecados ‘paroquiais’: com efeito, as nossas paróquias, chamadas a ser lugares de partilha e comunhão, infelizmente parecem marcadas por invejas, ciúmes, antipatias. Como se coscuvilha nas paróquias! Isto não é Igreja, não se faz! É verdade que isso é humano, mas não é cristão!" São estas e outras críticas, acompanhadas por uma atitude de compreensão para com os que andam afastados, que entusiasmam muitos e incomodam alguns. Estes, aliás, têm promovido uma oposição silenciosa e sub-reptícia ao Papa muito mais perigosa do que um atentado terrorista.
Um atentado terrorista faria dele um mártir das suas convicções e da renovação que propõe à Igreja e ao Mundo. Mas este terrorismo eclesiástico é muito mais perigoso, porque procura descredibilizar e esvaziar a dinâmica reformadora por ele introduzida. "No início, criticaram-no pela simplicidade das suas roupas, depois pela sua liberdade litúrgica, mais tarde por causa da sua crítica ao sistema económico. Agora ficam incomodados com as visitas que faz aos seus amigos – é mau que tenha amigos, pior ainda se são judeus, muçulmanos ou pentecostais. Não gostam que ria, brinque, surpreenda, improvise, converse, telefone, em resumo, que aja humanamente", escreveu Marco Velásquez Uribe, no sítio chileno ‘Reflexión y Liberación’. Prossegue este autor: "A um nível mais elevado, e de maneira mais orgânica, estrutura-se uma oposição dogmática. Silenciosamente, vai ganhando força uma corrente teológica que, sem pudor, vai corrigindo os desejos reformistas do Papa." O que se deseja é que tanto o terrorismo externo como o interno não consigam calar nem travar o Papa Francisco.
Li aqui

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publicado às 21:02

Vaticano: Papa denuncia «pecados» contra unidade da Igreja

por Zulmiro Sarmento, em 31.08.14

 

(Lusa)(Lusa)

Francisco diz que bisbilhotice e maledicência são «sinal» do diabo

Cidade do Vaticano, 27 ago 2014 (Ecclesia) - O Papa Francisco denunciou hoje no Vaticano os “pecados” que afetam a unidade da Igreja, em cada comunidade católica, e afirmou que a bisbilhotice e maledicência são “sinal” do diabo.

“A divisão é um dos pecados mais graves numa comunidade cristã, porque a torna sinal, não da obra de Deus, mas da obra do diabo”, alertou, na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro, perante dezenas de milhares de pessoas.

Segundo o Papa, o diabo é “aquele que separa, destrói as relações, semeia preconceitos”.

“Deus, pelo contrário, quer que cresçamos na capacidade de nos acolhermos, perdoarmos e amarmos, para nos parecermos cada vez mais com Ele que é comunhão e amor”, acrescentou.

Francisco observou que os pecados contra a unidade não são só “as grandes heresias, os cismas” mas também as “falhas” presentes nas comunidades, que definiu como “pecados paroquiais”.

“Por vezes, as nossas paróquias, chamadas a ser lugar de partilha e de comunhão, são tristemente marcadas por invejas, ciúmes, antipatias”, lamentou.

Deixando de lado o discurso preparado, o Papa perguntou aos presentes se era “bom” haver “bisbilhotice” nas paróquias, por exemplo, quando alguém assume cargos de responsabilidade.

“Isto não é a Igreja, isto não se deve fazer. Não digo que corteis a língua, tanto não, mas pedir ao Senhor a graça de não o fazer. Isto é humano, mas não é cristão”, precisou.

Francisco sustentou que estes “pecados” acontecem quando as pessoas se colocam “em primeiro lugar” e no “centro”, com as suas ambições pessoais, julgando os outros.

O Papa falou ainda nas “divisões” que aconteceram na história da Igreja, com “guerras” entre cristãos, apelando à oração entre cristãos e a um “exame de consciência”.

A catequese insere-se num ciclo de conferências sobre a Igreja, “santa, por ser fundada por Jesus Cristo” e “composta por pecadores, que fazem todos os dias a experiência das suas próprias fragilidades e misérias”.

O Papa deixou depois saudações em várias línguas, incluindo aos peregrinos lusófonos: “O Senhor vos encha de alegria e ilumine as decisões da vossa vida, para realizardes fielmente a vontade do Pai celeste a vosso respeito. Rezai por mim. Não vos faltará a minha oração e a bênção de Deus”.

OC

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publicado às 16:08


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