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JÁ COMEÇA A SER NATAL

por Zulmiro Sarmento, em 28.11.16
 

No Advento já é Natal.

 

No Natal continua a ser Advento.

 

É Advento no Natal porque o Natal celebra a grande chegada do Senhor Jesus à nossa história, ao nosso mundo, à nossa vida.

 

E é Natal no Advento porque nele o Senhor nasce e renasce.

 

A Eucaristia é o grande Advento e o perene Natal.

 

Creio, Senhor, que vieste ao mundo

e que no mundo permaneces.

 

Tu estás em toda a parte,

estás no Homem,

estás na Vida,

estás na História,

estás no Pequeno,

estás no Pobre.

 

Hoje como ontem,

permaneces quase imperceptível.

 

Há quem continue a procurar-Te no fausto,

na ostentação,

na majestade.

 

Tu desconcertas-nos completamente

e surpreendes-nos a cada instante.

 

És inesperado

e estás sempre à nossa espera.

 

Os momentos podem ser duros.

 

O abandono pode chegar

e a rejeição pode asfixiar-nos.

 

Tu, porém, não faltas.

 

Estás sempre presente.

Estás simplesmente.

 

Creio, Senhor,

que é na simplicidade que nos visitas

e na humildade que nos encontras.

 

Converte-nos à Tua bondade,

inunda-nos com o Teu amor,

afaga-nos na Tua paz.

 

Obrigado, Senhor, pelo Teu constante Advento.

 

Parabéns, Senhor, pelo Teu eterno Natal!

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publicado às 09:49

Cenas de Natal

por Zulmiro Sarmento, em 19.01.16

 <http://o-povo.blogspot.pt/2015/12/cenas-de-natal.html>

Inês Teotónio Pereira, ionline 20151229

*Já não deve faltar muito até chegarmos todos à conclusão que afinal quem
nasceu no dia 25 de Dezembro foi o Pai Natal.*

Fui com os meus filhos a uma das dezenas aldeias de Natal que hoje em dia
fazem concorrência às rotundas que as câmaras tanto gostam de inaugurar ou
às feiras medievais importadas de Espanha que durante o Verão fazem de nós
todos parvos.

As aldeias de Natal são o novo fenómeno municipal e como eu não perco
fenómenos, peguei na criançada e fui ver. Eu e mais milhares de famílias.
Foi giro: vimos duendes, renas, fadas, mais uns duendes e uma fadas, uns
palhaços e umas casinhas com neve a fingir no telhado, mais uns duendes e
umas fadas, também vimos umas árvores de Natal, bonecos de neve, presentes
embrulhados e mais renas. A coisa correu bem: não houve birras nem lutas.
No fim ainda consegui negociar com os meus filhos e eles condescenderem não
irmos para a fila tirar uma fotografia com o Pai Natal em troca de um bolo
que comprei para cada um. Tivemos ainda a sorte de comer o bolo ao lado do
Pai Natal que fugiu do seu cadeirão  e das criancinha para ir beber uma
imperial e fumar um merecido cigarro. Por sorte calhou irmos todos ao mesmo
café e os meus filhos ficaram embasbacados ao verem a facilidade com que
ele desprendeu a barba para beber a cerveja num só trago. São estas as
memórias que ficam.

No caminho de volta, vimos as mesmas coisas mas só então reparei que até
havia guloseimas a ornamentar os pitorescos canteiros do jardim. Até que
eu, uma beata, fanática, conservadora ou mesmo neoliberal, resolvi
perguntar a um dos organizadores: “Olhe, desculpe, o presépio está onde?”.
O rapaz olhou para mim como se eu lhe  tivesse perguntado quem ganhou as
eleições e atrapalhado respondeu: “Não há... São só coisas de Natal “. Os
meus filhos, que já estão na idade de terem vergonha dos pais, coraram, o
rapaz também e eu constatei que os portugueses são de costumes tão brandos
mas tão brandos que se ficaram pela brandura da bonecada e deixaram o Natal
para os fundamentalistas religiosos.

Como estava com os meus filhos tive de fazer o papel de mãe e não pude
deixar de exclamar indignada: “Incrível: isto é o mesmo que fazer uma festa
de anos e não convidar o aniversariante!”. Eles ficaram a olhar apara mim.
Continuei a insultar tudo e todos até que um deles disse: “Mas mãe, isto
hoje em dia é mesmo assim: um amigo meu nem sequer sabe o que se festeja na
Páscoa”. Chateou-me o “hoje em dia”, onde se podia ler “estás out, cota”.
Mas calei-me: contra factos não há argumentos e tendo em conta que a
autarquia organizadora da aldeia representa os munícipes e para os
munícipes o Natal é bonecada, está tudo bem. Ali quem estava desajustada
era eu, concluí.

A verdade é que o Natal está fora de moda. Já não é moda ir à missa do Galo
ou falar do nascimento de Jesus.  Um presépio no meio dos duendes fica
objectivamente mal. A árvore de Natal substituiu o presépio e o Pai Natal o
Menino Jesus. Já é com alguma dificuldade que apanhamos filme épicos na
televisão tipo Quo Vadis ou as Sandálias do Pescador e estamos apenas
presos ao significado natalício televisivo pelos fios frágeis da Música no
Coração ou do Sozinho em Casa. Hoje em dia Natal é neve, gelo e duendes. Já
nem sequer é azeite Galo: é sushi. Sushi em família, vá.

Há países onde é proibido festejar o Natal ou ir à missa e onde se é morto
por se ser em cristão; há outros onde é proibido enfeitar montras, montar
iluminações ou decorar as ruas com qualquer coisa alusiva ao Natal para não
“ofender” outras religiões. Desconfio que por cá não vai ser preciso
proibir nada, nós damos conta do recado sozinhos. Já não deve faltar muito
até chegarmos todos à conclusão que afinal quem nasceu dia 25 de Dezembro
foi o Pai Natal.  O resto são lendas.


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publicado às 12:42

NASCEU JESUS E NASCEMOS NÓS PARA JESUS (Solenidade do Natal do Senhor)

por Zulmiro Sarmento, em 24.12.15
 

A. Quando a Palavra veio ao mundo, o Silêncio também desceu à terra

  1. No princípio, era a Palavra. No princípio, era o Silêncio. Antes de o tempo começar a ser tempo, a Palavra em silêncio e o Silêncio estava na Palavra. Na «plenitude dos tempos»(Gál 4, 4), quando a Palavra veio ao mundo, o Silêncio também desceu à terra. Motivo? Só em silêncio é possível contemplar a Palavra. Só em silêncio é possível acolher a Palavra da vida, a palavra de tantas vidas. Só em silêncio é possível mergulhar na vida da Palavra, na vida de tantas palavras.

Foi o eterno silêncio de Deus que fecundou o eloquente silêncio de Maria. É este silêncio que, hoje, respiramos. É neste silêncio que, em cada dia, devíamos morar. Tudo mudou quando o Silêncio falou. As trevas sobressaltaram-se. A noite acordou. Toda a natureza — e não apenas o galo — cantou. A manhã despontou. E o Salvador chegou.

 

2. Eis, como dizia Sto. Agostinho, «o dia feliz, em que o grande e eterno Dia, procedente do grande e eterno Dia, veio inserir-se neste nosso dia temporal e tão breve». Neste feliz dia, nasceu Jesus e nascemos nós com Jesus. O Natal é a festa do nascimento de Jesus e do nosso próprio nascimento. Nós nascemos quando Ele nasceu. O nascimento de Jesus é o nascimento de todo o corpo de Jesus, do qual nós fazemos parte (cf. 1Cor 12). Assim sendo e como notou S. Leão Magno, «o aniversário da cabeça é o aniversário do corpo». O Natal também é nosso. Enfim, o Natal é a festa universal porque é o acontecimento total.

  1. O Evangelho evoca a geração do Filho de Deus desde toda a eternidade. E, como refere o Prefácio II da Missa de Natal, «o que foi gerado desde toda a eternidade começou a existir no tempo». O que foi gerado no seio do Pai veio até nós pelo seio de Maria. E foi assim que, como já notavam os escritores cristãos mais antigos, «Um da Trindade Se fez Um de nós». O amor de Deus, o amor que é Deus, não cabe em Deus e explode na criação. O «big bang» terá sido realidade e é seguramente sinal: sinal de um amor queexplode permanentemente no mundo.

 

B. Deus, que está no alto, visita-nos cá em baixo

 

3. É por tudo isto que este é o dia tão esperado. Este é o dia por nós tão esperado porque, nele, celebramos a vinda ao mundo do Inesperado. Deus não só vem ao encontro do homem, como Ele próprio Se faz homem. E não somente Se faz homem como Se faz homem pobre, homem simples, homem frágil. O sinal de Deus não é a opulência nem a ostentação. O sinal de Deus — dizem os enviados do Céu — é um Menino, «envolto em panos e deitado numa manjedoura»(Lc 2, 12).

Guilherme de Saint-Thierry dá uma explicação muito luminosa para tal opção: «Deus viu que a Sua grandeza suscitava no homem resistência. Então, Deus escolheu um caminho novo. Tornou-Se um Menino. Tornou-Se dependente e frágil, necessitado do nosso amor. Agora — diz-nos aquele Deus que Se fez Menino — já não podeis ter medo de Mim, agora podeis apenas amar-Me».

 

  1. Deus, que habita no alto, visita-nos cá em baixo. Aparece não como rei poderoso, mas como criança indefesa. Deste modo, se quisermos encontrar Deus, é para baixo que devemos olhar. Deus está no alto (cf. Lc 2, 13), mas quer ser encontrado em baixo. É a partir de baixo que Deus nos olha. Deus não olha para nós, sobranceiramente, de cima para baixo. Deus olha para nós — divinamente — de baixo para cima. E é lá em baixo que continua à nossa espera: lá, nas profundidades da existência, onde a pobreza abunda, onde a injustiça avança, onde a solidão e o abandono não param de crescer.

Por isso, é urgente fazer o bem, também hoje. Por isso, é fundamental ser bom, sobretudo hoje. De resto e como apelava António Gedeão, «hoje é dia de ser bom». Acontece que este hoje é um dia sem ocaso, pelo que fazer o bem e ser bom hão-de constituir uma prioridade para sempre.

 

C. Uma explosão de divindade, uma lição de humanidade

 

5. Este é o dia que não tem fim. É o dia que jamais anoitece e em que até o frio nos aquece. É o dia em que os céus se abriram, em que os anjos saíram e melodias se ouviram. Não é o simples dia que sucede à noite. É o dia que rebenta com as correntes que a escuridão armou durante a noite. Este é o dia que começou ainda de noite. Compreende-se, pois, que este seja o dia que começamos a celebrar ainda de noite. Este é o dia que sentimos despontar quando ainda era noite. Este é o dia destinado a iluminar todas as nossas noites. Este é — numa palavra — o dia.

Eis a lição do presépio. O silêncio de Deus, que falou em Belém, continua a clamar nos pobres deste mundo, nos injustiçados desta vida. Quem não os ouve a eles, como pode dizer que O escuta a Ele? Aquele Menino é tão divino que até quis ser humano. Aquele Menino é tão humano que só pode ser divino. O Deus que está naquele Menino humaniza-Se e diviniza-nos. Ele não nos retira humanidade. Pelo contrário, a Sua divindade acrescenta-nos humanidade.

 

  1. É por isso que o Natal é uma explosão de divindade e, ao mesmo tempo, uma persistente lição de humanidade. É com Deus Menino que o mundo aprenderá a ser mundo e a humanidade reaprenderá a ser humana, fraterna. É com Deus Menino que o mundo se transformará numa luminosa Filadélfia, isto é, um povo de amigos, um povo de irmãos.

A tragédia do nosso tempo é a desumanidade entre os homens. E para esse pecado concorrem não somente os não crentes. Os crentes também não lhe são imunes. Muitas são as vezes em que não têm sido capazes de encontrar Deus no homem. Deus é muito mais humano que os homens.

 

D. Em Belém e na nossa vida também

 

7. Não nos cansemos de fixar o olhar no presépio. Aquele Menino é tão santo que só consegue provocar encanto. É tão cheio de mansidão que os nossos joelhos caem logo em adoração. O Seu rosto destila tanta pureza que até os antípodas aspiram o perfume da Sua beleza. Enfim, a Sua imagem desperta tal ternura que nem há palavras para descrever tamanha formosura.

O Menino está ali. Mas eu sinto-O sobretudo aqui. Vejo Jesus agora e não deixo de O rever lá fora. Ele está na rua, na minha história e também na sua. Está no sofredor, naquele que estende a mão e mendiga amor. Está no pobre, no que não tem pão. Está em quantos vão penando na solidão. O Seu tempo nunca é distante pois a Sua presença é constante. O Seu lugar não é só em Belém, é na nossa vida também. Ouçamos sempre a Sua voz. E nunca deixemos de O acolher em cada um de nós.

 

  1. Este é o autêntico «dia inicial inteiro e limpo, onde emergimos da noite e do silêncio e, livres, habitamos a substância do tempo». Neste dia, o tempo surpreende a eternidade dentro de si. Sophia tem mesmo razão: «A casa de Deus está assente no chão». É reconfortante beijar a imagem do Menino nestes dias, mas não é menos encantador abrigar o mesmo Menino, que nos visita em cada dia. Ele está em todos. Ele veio para todos. Rejeitar alguém é rejeitar o próprio Deus, presente nesse alguém. É que os outros também são Seus, também são d’Ele, também Lhe pertencem. E, no entanto, até nestes dias de Natal há tanto Jesus rejeitado, há tanto Jesus esquecido.

Razão tem João Coelho dos Santos ao colocar nos lábios de Jesus este lamento: «Senta-se a família/ À volta da mesa./ Não há sinal da cruz,/ Nem oração ou reza./ Tilintam copos e talheres./ Crianças, homens e mulheres/ Em eufórico ambiente./ “Lá fora tão frio, Cá dentro tão quente!”/ Algures esquecido,/ Ouve-se Jesus dorido:/ Então e Eu,/ Toda a gente Me esqueceu?”».

 

E. Hoje em dia, o grande Natal é a Eucaristia

 

9. De facto, às vezes — muitas vezes —, parece que esquecemos Jesus até na época em que assinalamos o nascimento de Jesus. Esquecemos Jesus quando esquecemos aqueles para quem Jesus nasceu. Esquecemos Jesus quando nos fechamos aos outros. Esquecemos Jesus quando nos encerramos nas torres (pretensamente) fortificadas do egoísmo e da indiferença. É triste ver que há muitos Natais longe do Natal. É penoso sentir que há muitos Natais aquecidos à lareira, mas arrefecidos no coração.

São muitos, sem dúvida, os encantos do Natal. Há presépios lindos. Há presépios deslumbrantes. Há presépios originais. Há presépios surpreendentes. E até há presépios ao vivo. Faltam, contudo, presépios vivos, que, a bem dizer, são os únicos presépios necessários. São esses que são construídos não nas ruas ou nas casas, mas no coração humano: no meu, no seu, no nosso, enfim, no coração de todos os homens.

 

  1. O Natal é saboroso quando temos a casa cheia e a mesa farta. O Natal é belo quando é sonhado. O Natal é lindo quando é cantado. O Natal é encantador quando é tingido de frio e regado de neve. Mas o Natal é melhor quando é vivido, partilhado, abraçado, chorado, humanizado, fraternizado, assumido e projectado no mundo inteiro. Em cada dia, há sempre motivos para respirar o perfume do Natal. Afinal, no Natal, o futuro nasceu e até justiça choveu. Só o impossível desapareceu no preciso instante em que aconteceu. Deus veio ao mundo. Acampou na terra para eliminar o ódio e acabar com a guerra. Trouxe, como única veste, a paz e é imensa a alegria que a todos nos traz. Veio em forma de criança. Haverá quem fique indiferente a tanta esperança? Naquele dia, colocaram-No numa manjedoura, perto do chão. Mas, desde então, a Sua morada passou a ser o nosso coração!

Não desliguemos a luz que Deus acende em nós neste dia. Deixemos brilhar a luz do Natal em cada dia. E nunca esqueçamos que, hoje em dia, o grande Natal é a Eucaristia. Um feliz Natal hoje. Um feliz Natal sempre. Para todos, um santo, luminoso e muito abençoado Natal!

Do bolgue THEOSFERA

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publicado às 19:56

NÃO «ARRUMEMOS» O PRESÉPIO

por Zulmiro Sarmento, em 07.01.15
 

 

  1. A esta hora, muitos presépios já foram desmontados.

A lição da manjedoura porventura já estará esquecida. Alguma vez terá sido aprendida?

 

  1. O Natal mostra que Deus, quando vem até nós, não corre atrás dos poderosos.

Está disponível para todos, mas não alimenta dúvidas acerca de quem está mais próximo: dos pequenos. Tudo o que for feito a eles é feito a Ele (cf. Mt 25, 40).

 

  1. A Igreja de Cristo só pode estar onde Cristo esteve, onde Cristo está: aberta a todos, mas ao lado dos pobres.

Há uma nova ordem que se inaugura. Na base não está o poder, está o amor. Não está o mando, está o serviço.

 

  1. Na missão, não convencemos apenas pelas palavras.

Aliás, ninguém será convencido pelas palavras se os gestos não estiverem em conformidade com elas.

 

  1. Como Jesus foi sempre a transparência do Pai — «quem Me vê, vê o Pai» (Jo 14, 9) —, não deveria a Igreja procurar ser sempre a transparência de Jesus?

Para tal, não basta ser o eco das Suas palavras. É fundamental procurar ser a reprodução das Suas atitudes, dos Seus gestos.

 

  1. Jesus é a Palavra feita vida e a vida feita Palavra. Palavra e vida estão plenamente sintonizadas em Jesus.

Num tempo em que se gritam tantas palavras, faz pena que a Palavra de Jesus seja remetida ao silêncio e atirada para o esquecimento. Se a memória ainda a guarda, a prática, muitas vezes, parece que não a acolhe.

 

  1. Ao desmontarmos o presépio, não atiremos para longe a manjedoura. Retenhamos a sua permanente lição.

A manjedoura é o certificado da humildade de Deus e o convite ao despojamento da Igreja.

 

  1. Deus não entra no mundo pela pompa. Deus vem pela simplicidade e pela pobreza.

Uma Igreja pobre será — sempre — a maior riqueza que teremos para oferecer.

 

  1. Estiquemos o Natal a todo o ano. Construamos um Natal para toda a vida. Não apaguemos a luz que Deus acendeu em nós.

Não eclipsemos o sorriso. Cubramos o cinzento dos nossos dias com a luz do presépio, com o encanto da manjedoura, com a paz de Belém.

 

  1. Deixemos brilhar, à nossa frente, a estrela da bondade. E deixemos, atrás de nós, um rasto de esperança.

Enfim, não arrumemos totalmente o presépio. Ele deixou de ser visível cá fora. Mas tem de continuar presente na nossa vida: aqui e agora!

 

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publicado às 02:33

SÓ COM VIDA NOVA HAVERÁ ANO NOVO (Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus)

por Zulmiro Sarmento, em 31.12.14
 

A. Não comecemos a desistir e nunca desistamos de começar

  1. Nestas alturas, é praticamente impossível ser original. Como notava Terêncio, «não se diz nada que já não tenha sido dito». As palavras parecem sempre velhas, mesmo quando falam do que é novo. Que esperar, então, do ano novo?

Após os desejos habituais, eis que nos preparamos para as amargas desilusões de sempre. À primeira vista, já nenhum ano parece ser novo. A própria palavra «novo» é bem antiga. Há quantos séculos não anda a humanidade a desenhar promessas de novidade?

 

  1. Por vezes, a vontade de desistir é grande. Mas é precisamente por isso que a determinação de persistir tem de ser ainda maior. Afinal e como dizia Sto. Agostinho, «é quando parece que tudo acaba que tudo verdadeiramente começa». Na vida, são muitas as situações em que tudo parece que vai acabar. Na vida, são muitos os momentos em que temos de ganhar forças para recomeçar.

O início de um ano sinaliza que a vida é um recomeço constante. Há 12 meses, também estávamos a começar um ano. Há 24 e há 36 meses, estávamos igualmente a começar outros anos. O que jamais podemos é desistir: não comecemos a desistir e nunca desistamos de começar.

 

B. Um dia para Jesus, um dia com Maria

 

3. Começamos cada ano com os ouvidos ainda a captar os ecos do Natal. E, na verdade, o Natal não «foi», o Natal «é», o Natal continua a ser. Em suma, o Natal nunca deixa de ser. É certo que, nos últimos dias, já teremos usado vezes sem conta a fórmula verbal «foi» na pergunta que mais fizemos e que mais nos fizeram: «Como foi o teu Natal?» ou «Como foi esseNatal?». Já António Gedeão escrevia que «tudo éfoi». Mas não é isso o que sucede com o Natal. O Natal é uma manhã sem ocaso, é um começo sem fim.

Assim sendo, o Natal continua no tempo. Hoje mesmo é a Oitava do Natal. Aliás e como acabamos de escutar, foi oito dias depois do Seu nascimento que o Menino recebeu o nome de Jesus (cf. Lc 2, 21). Daí que, durante muitos anos, este fosse também o dia da festa do Santíssimo Nome de Jesus. Entretanto, o Tempo Litúrgico do Natal não acaba nesta Oitava. Ele só termina com a festa do Baptismo do Senhor, que este ano ocorrerá a 11 de Janeiro. Mas, no fundo, é sempre tempo de Natal. O Natal está no tempo para que possa estar na vida, para que possa estar na nossa vida no tempo.

 

  1. É, então, a Jesus que entregamos este nosso novo percurso no tempo, que queremos percorrer também na companhia de Maria, que tudo — e a todos — guarda em Seu coração (cf. Lc 2, 19). Com D. António Couto, saudámo-La, hoje, como «Senhora e Mãe de Janeiro, do Dia Primeiro e do Ano inteiro». Diante d’Ela nos sentimos «tão cheios de coisas e tão vazios de nós mesmos e de humanidade e divindade» Apesar de nos faltar muita coisa, ainda temos bastante. Falta-nos, porém, o essencial: «a simplicidade e a alegria» de Maria. Mas Maria está connosco, está connosco como Mãe.

Hoje ocorre a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Sendo Mãe de Cristo e sendo Cristo o Filho de Deus, os cristãos cedo perceberam que Maria era Mãe de Deus. Não era só Mãe do homem Jesus, mas Mãe do Filho de Deus que encarnou em Jesus. O Concílio de Éfeso oficializou esta doutrina em 431. S. Cirilo de Alexandria já tinha tornado tudo muito claro: «Se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus e se a Virgem Santa O deu à luz, então Ela tornou-Se a Mãe de Deus».

 

  C. A paz tem um nome: Jesus

 

5. Foi por Maria que Jesus veio até nós. Será sempre com Maria que nós iremos até Jesus. Aquela que nos dá Jesus é sempre a melhor condutora para irmos ao encontro de Jesus. Façamos, portanto, como os pastores. Como os pastores, corramos (cf. Lc 2, 16). Procuremos ir depressa, sem demora, ao encontro de Jesus. O encontro com Jesus terá de ser sempre a prioridade da nossa vida e o centro da missão na vida.

Em Jesus, oferecido por Maria, encontramos o que mais procuramos para nós e o que mais desejamos para o mundo: a paz. Jesus não é apenas o portador da paz. Ele próprio é a paz hipostasiada. Aliás, é assim que o Messias é descrito por Miqueias: «Ele será a paz»(Miq 5, 5). Isaías apresenta o Menino «que nos nasceu» como o «príncipe da paz»(Is 9, 6). Por sua vez, os salmos apontam os tempos messiânicos como sendo marcados por uma grande paz (cf. Sal 72, 7).

 

  1. Não espanta, por isso, que, no século V, S. Leão Magno tenha dito que «o nascimento de Cristo é o nascimento da paz». De facto e como reconhece S. Paulo, Cristo «é a nossa paz»(Ef 2, 14). É aquele que derruba todos os muros de separação e que de todos os povos faz um só povo (cf. Ef 2, 14). Trata-se de uma paz única, sem paralelo. O próprio Jesus viria a dizer que a Sua paz era diferente: «Deixo-vos a paz, dou-vos a Minha paz; não vo-la dou como o mundo a dá»(Jo 14, 27).

É neste sentido que o Concílio Vaticano II recorda que a paz é muito mais do que a mera ausência de guerra. De resto, a ausência de guerra é, muitas vezes, ocupada com a preparação para a guerra. A paz é mais do que «pax», que, segundo os antigos romanos, resultava da negociação entre as partes desavindas. As partes continuavam desavindas, apenas não entravam em conflito. Semelhante é o conceito veiculado pelo grego «eirene». A paz, para os gregos da antiguidade, é uma tentativa de harmonia entre forças contrárias. As forças permanecem contrárias, unicamente não avançam para o combate.

 

D. Para estar no mundo, a paz tem de estar em cada pessoa

 

7. O hebraico «shalom» contém muito mais. A paz, aqui, é anterior a qualquer esforço humano. É um dom de Deus que faz o homem sentir-se completo, integral. É por isso que a paz só estará no mundo se estiver em cada pessoa que há no mundo. Antes da negociação, é fundamental pugnar pela conversão à paz. Jesus, no Sermão da Montanha, considera felizes os construtores da paz. Só eles serão «chamados filhos de Deus»(Mt 5, 9).

Importa perceber que o primeiro sinal de Deus é a paz. Quando Deus vem à terra em forma de criança, os enviados celestes entoam um cântico que diz tudo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra» (Lc 2, 14). A paz desponta, assim, como o grande indicador de que Deus já está entre nós.

 

  1. Desde 1968, o dia de ano novo tornou-se também o Dia Mundial da Paz. Pretendia Paulo VI colher inspiração na invocação que, neste dia, se faz de Jesus e de Maria: «Estas santas e suaves comemorações devem projectar a sua luz de bondade, de sabedoria e de esperança sobre o modo de pedirmos, de meditarmos e de promovermos o grande e desejado dom da paz, de que o mundo tem tanta necessidade». Com aquele grande Papa, continuamos a pedir para que «seja a paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processamento da história no futuro».

Para 2015, o Papa Francisco propõe um tema que parece ultrapassado, mas que se mantém actual: «Não mais escravos, mas irmãos». Infelizmente, no nosso mundo, ainda há mais de 35 milhões de pessoas que vivem na escravatura. E nem Portugal está inteiramente limpo desta mancha, com os 1400 escravos que (sobre)vivem no nosso país. Como bem refere o Santo Padre, «a escravatura é uma terrível ferida aberta no corpo da sociedade contemporânea e uma chaga gravíssima na carne de Cristo! Para a combater eficazmente, tem de se reconhecer, acima de tudo, a inviolável dignidade de cada pessoa».

 

E. Antes de mais, importa atingir o zero

 

9. Afinal, ainda há aspectos onde nem sequer atingimos o «grau zero» de humanidade. Ainda há aspectos onde nos encontramos abaixo de zero. E abaixo de zero, tudo é negativo, tudo é negação. Como pode haver paz no mundo se no mundo não há justiça nem respeito pela dignidade humana? Temos, pois, um longo caminho a percorrer. Temos muito que fazer ou, como diria Sebastião da Gama, «temos muito que amar».

Diante dos que vaticinam o iminente fim da história, é importante começar com urgência uma história de re-humanização do mundo. Sim, porque a humanidade ainda consegue ser muito não-humana, muito desumana. Para re-humanizar o mundo, diria que duas são as coisas que têm de acabar já: a guerra e a fome. Consequentemente, duas têm de ser as coisas que importa assegurar desde já: paz para todose pão para cada um. Para re-humanizar cada pessoa que há no mundo, duas são também as coisas a que urge pôr fim: egoísmo e violência. E duas serão igualmente as coisas que é imperioso introduzir: solidariedade e educação.

 

  1. Neste início de ano, acolhamos o olhar com que Deus nos presenteia e a paz que Ele benevolamente nos concede (cf. Núm 6, 26). Não esqueçamos que o lugar onde a paz mais se decide é o nosso interior. Se o nosso interior não for indiferente, o nosso exterior começará a ser diferente. E a verdadeira novidade descerá à terra.

Que haja, pois, vida nova no ano novo. Não é o ano novo que faz a vida nova. Só uma vida nova fará o ano novo. Só uma vida nova trará o tempo novo, o mundo novo!

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publicado às 14:13

NÃO TERMINOU A 25

por Zulmiro Sarmento, em 29.12.14
 

Natal é a noite, mas é também o dia.

 

Natal é o frio, mas é também o calor.

 

Natal é Jesus, Natal é a família,

Natal é a humanidade e Natal também és tu.

 

Não fiques à espera do Natal,

sê tu mesmo o melhor Natal para os outros.

 

O Natal não terminou no dia 25.

Constrói, por isso, um Natal para todo o ano,

para toda a vida.

 

Tu és o Natal

que Deus desenhou e soube construir.

 

É por ti que Deus hoje continua a vir ao mundo.

É em ti que Ele também renasce.

 

Sê, pois, um Natal de esperança,

de sorriso e de abraços,

de aconchego e doação.

 

Também podes ser um Natal com algumas lágrimas.

São elas que, tantas vezes, selam o reencontro e sinalizam a amizade.

 

Eu vejo o Natal no teu olhar, no teu rosto, no teu coração,

na tua alma, em toda a tua vida.

 

Há tanta coisa de bom e de belo em ti.

Tanta coisa que Deus semeou no teu ser.

 

Descobre essa riqueza, celebra tanta surpresa,

partilha com os outros o bem que está no fundo de ti.

 

Diz aos teus familiares que os amas,

aos teus amigos que gostas deles,

aos que te ajudam como lhes estás agradecido.

 

Não recuses ser Natal junto de ninguém. Procura fazer alguém feliz.

 

Não apagues a luz que Deus acendeu em ti.

Deixa brilhar em ti a estrela da bondade e deixa atrás de ti um rasto de paz.

 

Que continues a ter um bom Natal.

A partir de agora. Desde já. E para sempre!

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publicado às 02:02

Luís Osório: "Jesus vive no Papa Francisco?"

por Zulmiro Sarmento, em 26.12.14

 

 

Editorial de Luís Osório no "i" de 24 de dezembro, Sobre Francisco, que chega aonde mais nenhum Papa chegou, pelo menos assim de repente.
Li aqui

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publicado às 15:03

A Repetição do Natal sem Natal

por Zulmiro Sarmento, em 19.12.14
 
15/12/2014, 17:15
Rui Silva

A Repetição do Natal sem Natal

Estavam os Santos a serem celebrados, os defuntos ainda recordados e o São Martinho sem dar ainda um ar da sua graça, e o Natal já entrava pela casa adentro com publicidade e panfletos, com promoções e sugestões para todos os gostos e manias. É a rotina de um tempo que se faz tempo sem tempo.

De certo, que em mais um ano, viveremos um Natal apenas para cumprir uma data, uma tradição. Será o cumprimento de um hábito, sem horizonte, de um costume carregado de  egoísmo “fechado”, de uma atitude humana no consumo materialista e até para muitos que se dizem cristãos ou católicos, mais um Natal sem ou com pouco Deus.

É o ciclo vicioso da repetição das Boas Festas, do Feliz Natal, das Festas Felizes, dados quase mecanicamente como adereço ou acessório da quadra, porque faz parte, tem que se dizer para se ficar bonito, não vá alguém nos rotular de má educação. Vive-se pouco sente-se pouco, fala-se muito. É a época dos sentimentalismos temporários do silêncio,da emoção a curto prazo da paz e da amizade, do esforço da presença em família, para transparecer sem transparência, vezes sem conta, a compreensão, o perdão, o amor. Como jeito de aliviarmos a consciência e para que a mesma fique tranquila na quadra, lá metemos a mão ao bolso e partilhámos umas moedas, ou então, compramos uns produtos com o destino solidariedade.

É a rotineira visualização dos filmes natalícios, muitas vezes monótonos e até deprimentes. É o dizer novamente: “este ano nem cheira a natal”.

E é nesta atitude que somos enrolados para uma vivência de um Natal, baseado em frases feitas, numa linguagem poética, mágica e vaga, que olho para o Natal como algo envolvido numa espécie de nevoeiro, onde há mais social do que religioso, mais artístico do que familiar, mais individual do que comunitário. Uma festa anual, sem programa, numa repetição sem retorno, uma quadra para uso e consumo próprio.

Mesmo com a crise económica, com os cortes sem cortes, com os sacrifícios sem sacrifício ou com os apertos no cinto sem cinto e sem aperto, com a laicidade de mãos dadas com a secularização, acompanhada pela prima mais velha a descristianização, o certo é que nada parece fazer que o Natal entre em vias de extinção, ou até mesmo seja privatizado, porque haverá sempre um Pai Natal, uma Popota entre tantos outros, que se encarreguem de recordar-nos que é Natal. O Aniversariante da época, bem pode ficar esquecido.

Não estaremos a viver uma insistente manutenção de uma tradição, que grita num grito alarmante por uma renovação?  Não estará o Natal dos adultos hoje, na sua generalidade cheio de fantasias e ornamentos sem sentido?Julgo não bastar a mesa farta e o excesso de prendas, é preciso ir mais além no Natal.

Mesmo assim, ainda acredito e quero acreditar que enquanto houver uma criança haverá Natal se soubermos transmitir, sem rodeios e sem vergonhas, o verdadeiro sentido da festa do Natal. No Natal só existe um único protagonista, o Menino Jesus. Só existe um único programa, que é a nossa atitude de sair de casa e ir ao encontro do outro, onde o melhor e o mais belo presente seja cada um como é. Evitemos a tentação da autosuficiência e da transformação da sociedade à nossa maneira, mas deixemos neste Natal a nossa marca, numa vivência do amor para que este regule as relações humanas e que estas sejam baseadas num amor sem fronteiras e sem medidas.

No entanto, ainda assim, a festa do Natal, é a mais universal, que possa existir, uma festa de crentes e não crentes. Custa-me a acreditar que exista alguém que fique indiferente a esta festa... Deste lado, ainda acredito na mudança, mesmo que ela tarde em chegar...

 

Rui Silva

(do jornal Baluarte da ilha de Sta Maria)

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publicado às 10:16

CRISTIANISMO SEM CRISTO?

por Zulmiro Sarmento, em 16.12.14
 

 

  1. Nestes tempos ruidosos, todos temos consciência da nossa incapacidade para ouvir.

Mas será que, nestes tempos sombrios, teremos noção da nossa persistente dificuldade em ver?

 

  1. É um facto que passamos muito tempo a olhar e a falar do que olhamos.

Os nossos olhos passeiam-se, quais vagabundos, por tudo quanto existe. Mas será que, ao olhar para tanto, veremos o importante?

 

  1. Ver é muito mais que olhar. Ver não é só lançar os olhos. Para ver, é preciso mergulhar o olhar no interior da realidade.

As aparências, só por si, não permitem captá-la. Apenas presumem capturá-la.

 

  1. Hoje em dia, olhamos muito e muito depressa. Mas a pressa pressiona e desfoca.

A pressa de tudo olhar poderá levar-nos a nada (conseguir) ver.

 

  1. Muitas das nossas conversas andam à volta do que (supostamente) vemos: «Já visteisto?»; «Já viste a última sobre aquele?»

O ver sobrepõe-se a praticamente tudo. Sobrepõe-se ao ouvir: «Já viste o que disse Fulano?». E sobrepõe-se até ao ler: «Já viste o último livro de Sicrano?»

 

  1. No limite, não vemos; vemo-nos.

Aquilo que recolhemos é tão fugidio que pouco — ou nada — corresponde ao real. Corresponde mais à nossa percepção, à nossa impressão.

 

  1. A linguagem acaba por ser mais monitorizada pelo receptor do que pelo emissor.

E, neste sentido, a interpretação corre o risco de ser mais uma apropriação do que umaaproximação.

 

  1. Há muitos olhares sobre Jesus que não aproximam de Jesus. Há muitas palavras sobre Jesus que podem distanciar-nos de Jesus.

Será que todo o Cristianismo é cristão? Será que o Cristianismo procura sempre ser cristão? Será que o Cristianismo nos conduz sempre a Jesus? Será que o Cristianismo nos traz sempre Jesus? Quando olhamos para o Cristianismo, conseguimos ver — e ouvir — Jesus?

 

  1. Nem só Cristo foi tentado. O Cristianismo também sofre o assédio das tentações.

É o que acontece quando o Cristianismo ensombra a presença de Cristo, quando ignora — ou aparenta distorcer — a mensagem de Cristo.

 

  1. Procuremos ver Jesus. E que o Cristianismo deixe sempre ver Jesus: o Jesus inteiro, o Jesus do Evangelho, o Jesus da bondade, o Jesus da verdade.

O presépio é uma preciosa cátedra e uma encantadora lição. Seremos capazes de a perceber?

 

Do blogue Paz na Verdade

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publicado às 12:33

OU TALVEZ NÃO

por Zulmiro Sarmento, em 16.12.14
 
É Natal,

ou talvez não,

pois afinal,

o povo que viu a luz,

continua na escuridão.

 

É Natal,

mas só um dia,

pois nem sinal,

de que se cumpra a profecia.

 

É Natal

Mas não na terra,

onde em vez de arados

se forjam armas de guerra.

 

É Natal,

mas não de verdade,

porque a paz não vingou

entre os homens de má vontade.

 

É Natal,

mas não nas cidades

em que as portas se fecham

às famílias sagradas.

 

É Natal,

mas não na manjedoura farta

dos que matam a esperança

ou adiam o seu parto.

 

É Natal,

mas não de Jesus,

enquanto o egoísmo impedir

o amor de dar à luz.

 

É Natal,

mas nunca o poderá ser,

enquanto se achar normal

impedir alguém de nascer.

 

É Natal,

mas não no hipermercado

onde as compras e anúncios

dispensam o Anunciado.

 

É Natal,

mas não nas lojas e montras

que adoram o Pai Natal

como o ídolo das compras.

 

É Natal,

mas não nos bairros degradados

em que nascem novos cristos

para ser crucificados.

 

É Natal,

mas não nos lares de velhinhos,

tão cheios de desenganos,

tão vazios de carinhos.

 

Não é ainda Natal…

Mas basta um Francisco de Assis

mostrar-nos Belém tal e qual

para ser Noite Feliz.

 

Assim poetou (magnificamente) Isidro Lamelas.

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publicado às 10:19


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