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ÚNICO, MAS NÃO UM

por Zulmiro Sarmento, em 31.05.15
 

Maravilhoso és Tu, Senhor.

Porque és Deus,

porque és Pai,

porque és Filho,

porque és Espírito Santo,

porque és amor.

 

Maravilhoso és Tu, Senhor.

Porque és único, mas não és um.

Porque és mistério, mas não estás longe.

Porque és poderoso, mas também simples e humilde.

 

Maravilhoso és Tu, Senhor.

Porque és Trindade.

Porque és unidade.

Porque és comunhão.

Porque és vida.

Porque és luz.

Porque és paz.

 

Maravilhoso és Tu, Senhor.

Maravilhoso é o Teu ser.

Maravilhosa é a Tua doação.

Maravilhosa é a Tua presença.

 

Tu, Senhor, estás no Céu.

Tu, Senhor, estás na Terra.

Tu, Senhor, és o Céu na Terra.

Em cada ser humano, Tu armas a Tua tenda

e constróis uma morada, uma habitação.

 

Obrigado, Deus Pai.

Obrigado, Deus Filho.

Obrigado, Deus Espírito Santo.

Obrigado por tanto.

Obrigado por tudo.

 

Que a nossa atmosfera seja sempre uma teosfera.

Que em cada momento haja uma brisa a respirar a Tua bondade.

Que a nossa vida mostre a Tua vida,

a vida que vem de Ti.

 

Que nunca esqueçamos

que somos baptizados no Pai, no Filho e no Espírito Santo.

 

Que tudo em nós seja ressonância

desta presença divina pelas estradas do tempo.

 

Obrigado, Santíssima Trindade,

por estares em cada um de nós.

 

Obrigado porque Um de Vós

Se quis tornar um de nós,

de cada um de nós.

 

Obrigado por estares sempre connosco,

na vida e na Palavra feita carne,

na vida do Teu Filho,

JESUS!

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publicado às 13:41

PODE DEUS SER ASSIM?

por Zulmiro Sarmento, em 10.03.15
 

 

  1. Jesus andou quase sempre pelas margens: pelas margens dos rios e pelas margens da vida.

Grande parte da Sua actividade decorreu à beira do mar da Galileia, cujo principal afluente — e também efluente — é o Jordão. Foi, aliás, nas margens deste rio que Ele foi baptizado (cf. Mc 1, 9).

 

  1. Ao longo da Sua missão, Jesus ia alternando de margens.

Passava de margem para margem (cf. Mc 4, 35), mas nunca deixou as margens. E jamais abandonou os que eram postos à margem (cf. Lc 16, 19-31).

 

  1. Curiosamente, alguns peritos, como John Meier, apresentam Jesus como «marginal».

Não se trata de marginal no sentido de contestatário ou de irrelevante, mas no sentido de alternativo.

 

  1. Jesus contestou sempre a hipocrisia e a auto-suficiência dos que se julgavam superiores (cf. Mt 23, 27).

A mensagem e a conduta de Jesus foram de tal modo relevantes que muitas multidões se formaram à Sua volta (cf. Mt 5, 1).

 

  1. O Seu programa era verdadeiramente alternativo.

Jesus não só não pertencia aos principais grupos do judaísmo como defendia um projecto de vida, em muitos casos, oposto ao deles.

 

  1. Proclama o perdão em vez da vingança (cf. Lc 6, 37) e estende o amor aos próprios inimigos (cf. Mt 5, 44).

Jesus não foge dos que falham (cf. Mt 11, 19). Sente-se bem com os doentes (cf. Mt 14, 14), os famintos (cf. Mt 15, 32), os pobres (cf. Mt 5, 1) e os perseguidos (cf. Mt 5, 10).

 

  1. Como se isto não bastasse, frequentava ambientes pouco recomendáveis (cf. Mc 2, 16).

Enfim, nunca hesitou em tomar partido pelos mais humildes (cf. Mt 25, 40).

 

  1. Jesus não era ambíguo nas palavras ou equívoco nas acções.

Quando teve de escolher, optou por quem estava em baixo e por quem ficava de fora.

 

  1. Aberto a todos, não quis ser parcial. Preferiu os preteridos e incluiu sempre os excluídos.

Afagou as lágrimas dos pecadores (cf. Lc 7, 38) e fazia questão de tocar nas feridas dos sofredores (cf. Mc 1, 41). Jesus é o Deus que (nos) toca.

 

  1. Poderá Deus ser assim? Pena é que, vinte séculos depois, ainda não tenhamos percebido que Deus é (mesmo) assim.

É sempre nas margens que O conhecemos. Serão os marginalizados os que melhor O entenderão?

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publicado às 12:41

É POR DENTRO QUE SE CHEGA AO FUNDO

por Zulmiro Sarmento, em 03.03.15
 

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  1. Na manhã das nossas vidas, todos nos vestimos de sonho. Com o andar do tempo, porém, rapidamente nos sentimos revestidos de desalento.

O mesmo acaba — quase sempre — por sufocar o diferente.

 

  1. Jesus é o diferente a que ninguém consegue ser indiferente.

Ele irrompe na história para romper com muitas zonas de conforto da nossa vida.

 

  1. Jesus abana e abala-nos. A paz, que nos traz, pacifica, mas não anestesia.

Ele hospeda-Se em nós para nos desinstalar de nós.

 

  1. Hoje, Ele continua a convidar-nos a passar para «outras margens» (cf. Mc 4, 35).

Aliás, Jesus sempre teve uma predilecção pelas margens. Não só pelas margens dos rios (cf. Lc 8, 22), mas também pelo que ficava à margem dos grandes centros.

 

  1. Jesus recolhe-Se, em longas noites de oração, nos montes (cf. Lc 6, 12). E retira-Se, por muitos dias, para o deserto (cf. Mc 1, 12-13).

Em Jesus, o marginal torna-se definitivamente central.

 

  1. Um retiro não é apenas para sair dos locais habituais e das ocupações rotineiras. Um retiro é sobretudo para sair de nós.

Não nos retiramos para fazer o que fazíamos. Mudamos de ambiente para procurar mudar de vida.

 

  1. Acontece que a mudança só atinge a totalidade quando chega à profundidade.

Muitas vezes, é no fundo de nós que está o maior entrave à presença de Deus em nós. O egoísmo é o obstáculo mais resistente, aquele que mais custa remover.

 

  1. É por dentro que se chega ao fundo. Por isso, não sendo um evento puramente intimista, um retiro é sempre pautado por uma forte intimidade.

O perfil do retiro é mais ermítico que cenobítico. Predomina o silêncio para prevalecer a escuta. Rareiam as palavras para melhor acolher a Palavra.

 

  1. Um retiro é para reviver, não para conviver. Um convívio é outra coisa, também excelente e igualmente necessária.

Só que o convívio do retiro é com Deus. É este convívio que antecede — e alimenta — todo o convívio.

 

  1. Um retiro investe no interior para dar frutos no exterior. Não se trata, portanto, de uma alienação, mas de uma transfiguração.

Um retiro ajuda a esvaziar o eu que ainda subsiste em nós. E começa a levar Deus até (mais) além de nós!

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publicado às 14:41

SÓ DEUS DEIXA VER DEUS

por Zulmiro Sarmento, em 19.02.15
 

 

  1. Muito dizer nem sempre veicula muito saber.

O que dizemos acerca de Deus diz mais sobre nós do que sobre Deus.

 

  1. Como bem frisou Karl Rahner, nem a palavra Deus é adequada para dizer Deus.

Não esqueçamos que a própria palavra Deus é uma criação humana.

 

  1. Quando falamos sobre Deus, falamos habitualmente do que os seres humanos têm dito sobre Deus.

Alguém pode garantir que tal dizer sobre Deus corresponde cabalmente ao ser de Deus?

 

  1. Sto. Agostinho não alimentava ilusões: «Por mais altos que sejam os voos do pensamento sobre Deus, Ele está sempre mais além».

Por conseguinte, «se compreendeste, não é Deus. Se pudestes compreender, não foi Deus que compreendeste, mas apenas uma representação de Deus».

 

  1. Será que, como insinua alguma teologia, o máximo a que podemos aspirar é a saber o que Deus não é?

O certo é que até a Bíblia reconhece que caminhamos em contraluz. Deus é luz (cf. Sal 27, 1), mas surge ante nós como uma luz inacessível, que ninguém vê (cf. 1Tim 6, 16).

 

  1. A morada de Deus parece ser a nuvem (cf. Sal 97, 2), que é um manto de obscuridade que se interpõe entre nós e a luz.

Os textos sagrados garantem que Deus vem até nós através da nuvem (cf. Êx 19, 9), falando connosco por entre nuvens (cf. Êx 24, 6; Mt 17, 5).

 

  1. E, no entanto, Deus inundou o mundo de luz (cf. Gén 1, 4).

Acontece que os nossos olhos não vêem tudo (cf. 1Cor 2, 9). O essencial permanece-lhes vedado.

 

  1. Só vemos Deus quando O vemos com os olhos de Deus.

Só na Sua luz encontramos a luz (cf. Sal 36, 5).

 

  1. É por isso que Deus envia o Seu Filho. Ele é a luz de Deus para cada homem (cf. Jo 1, 9) e para todo o mundo (cf. Jo 8, 12).

Como confessamos no Símbolo, Jesus é a «luz da luz». É a luz que vem da luz para acender, em nós, mais luz.

 

  1. É possível que tenha chegado o momento de conter a nossa auto-suficiência e de parar algumas das nossas palavras.

Uma Quaresma sem ruído, uma Quaresma na humildade, uma Quaresma de escuta, uma Quaresma de espera depositar-nos-á — transfigurados! — na manhã luminosa da Páscoa!

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publicado às 05:10

A maior e a mais convincente lição sobre o que é a fé

por Zulmiro Sarmento, em 11.02.15

 

Para mim tem servido bastante esta pequena história. Devendranath Tagore, é pai de um dos grandes escritores da minha vida Rabindranath Tagore, indu, que escreveu várias obras de poesia, conto e romance. Li para nunca mais esquecer o belíssimo romance «A casa e o mundo»... Recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1913 e tornou-se mundialmente famoso graças ao seu livro de poemas Gitanjali («Oferenda Lírica»).   

 
«O homem só ensina bem o que para ele tem poesia»

Rabindranath Tagore

Um Céptico perguntou a Devendranath Tagore: 

- Sempre falas de Deus, mas tens provas de sua existência?

Devendranath apontou para uma luz:

- Sabes o que é isto?

- É uma luz - respondeu o céptico.

- Como sabes que é uma luz? - perguntou Devendranath.

- Eu a vejo, portanto, não há necessidade de prova.

- Então o mesmo se dá com a existência de Deus. Eu O vejo em mim, e fora de mim, eu O vejo dentro e através de cada coisa. Portanto, não há necessidade de prova.

E continuou:

- Enquanto a abelha se encontra no exterior das pétalas do lírio e não experimentou ainda a doçura de seu suco, ela plana em volta da flor e emite um zumbido. Mas, logo que ela penetra no seu interior; ela bebe silenciosamente o néctar. 

Quando alguém ainda estiver discutindo e especulando sobre uma doutrina e os dogmas religiosos, é por que ainda não experimentou o néctar da verdadeira fé. Por isso, faz silêncio e compreenderás! Onde o Espírito Eterno vem com a sua Luz, a nossa lâmpada terrestre já não é necessária. Pobres homens que creem que as miseráveis lâmpadas do intelecto humano dão mais luz que o doce cintilar das estrelas divinas!

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publicado às 12:51

DEUS AMA, NÃO ARMA

por Zulmiro Sarmento, em 03.02.15
 

 

  1. Acerca de Deus, talvez tenha chegado o momento de nos fixarmos sobretudo naquilo que não sabemos.

É possível que esse não-saber nos forneça palavras menos impróprias e atitudes mais adequadas.

 

  1. Temos passado muito tempo a falar — e a agir — com base no que sabemos sobre Deus.

Acontece que os resultados nem sempre são brilhantes.

 

  1. As palavras conseguem mais escondê-Lo que mostrá-Lo. E muitas atitudes levam mais a encobri-Lo do que a descobri-Lo.

Como entender, então, que haja tantas palavras absolutas sobre Deus? E tantas atitudes irreversíveis em nome de Deus?

 

  1. Acresce que há palavras absolutas em contraste com outras palavras absolutas. E há atitudes irreversíveis em colisão com outras atitudes irreversíveis.

Até parece que Deus Se contradiz a Si mesmo.

 

  1. No mundo das religiões, a desarrumação é assustadora. O discurso da paz não está ausente, mas a violência teima em continuar presente.

Por vezes, o ser divino é representado como alguém menos humano do que muitos seres humanos. Como aceitar que se renda culto a Deus maltratando pessoas e eliminando vidas?

 

  1. O ateísmo de muitos crentes é mais devastador do que o ateísmo dos ateus.

Os ateus negam a existência de Deus, ao passo que muitos crentes negam a natureza de Deus, a identidade de Deus.

 

  1. Uns negam que Deus exista. Outros negam o Deus que existe. Que será pior?

Deus é imensamente mais do que uma não-existência. E é infinitamente melhor do que muitas existências que Lhe atribuem.

 

  1. Quando os ateus dizem que Deus, a existir, é o oposto de muitas das suas imagens, merecem alguma atenção. E reclamam o máximo cuidado.

Os que estiveram mais perto de Deus, os santos, foram sempre muito cautelosos. Sto. Anselmo, para mencionar as pessoas divinas, referia-se aos «três não sei quê». A própria Bíblia reconhece que «nuvens e trevas» envolvem a presença de Deus (cf. Sal 97, 2).

 

  1. O melhor, por conseguinte, é não parar de aprender. Importante é a escuta e não aluta.

O principal sobre Deus pode estar no que (ainda) não sabemos. Mas o que sabemos basta para ter a certeza de que Deus só ama (cf. Jo 3, 16), não arma. E até desarma os que se armam, os que estão armados (cf. Jo 18, 11)!

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publicado às 14:54


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