Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Maravilhoso és Tu, Senhor.
Porque és Deus,
porque és Pai,
porque és Filho,
porque és Espírito Santo,
porque és amor.
Maravilhoso és Tu, Senhor.
Porque és único, mas não és um.
Porque és mistério, mas não estás longe.
Porque és poderoso, mas também simples e humilde.
Maravilhoso és Tu, Senhor.
Porque és Trindade.
Porque és unidade.
Porque és comunhão.
Porque és vida.
Porque és luz.
Porque és paz.
Maravilhoso és Tu, Senhor.
Maravilhoso é o Teu ser.
Maravilhosa é a Tua doação.
Maravilhosa é a Tua presença.
Tu, Senhor, estás no Céu.
Tu, Senhor, estás na Terra.
Tu, Senhor, és o Céu na Terra.
Em cada ser humano, Tu armas a Tua tenda
e constróis uma morada, uma habitação.
Obrigado, Deus Pai.
Obrigado, Deus Filho.
Obrigado, Deus Espírito Santo.
Obrigado por tanto.
Obrigado por tudo.
Que a nossa atmosfera seja sempre uma teosfera.
Que em cada momento haja uma brisa a respirar a Tua bondade.
Que a nossa vida mostre a Tua vida,
a vida que vem de Ti.
Que nunca esqueçamos
que somos baptizados no Pai, no Filho e no Espírito Santo.
Que tudo em nós seja ressonância
desta presença divina pelas estradas do tempo.
Obrigado, Santíssima Trindade,
por estares em cada um de nós.
Obrigado porque Um de Vós
Se quis tornar um de nós,
de cada um de nós.
Obrigado por estares sempre connosco,
na vida e na Palavra feita carne,
na vida do Teu Filho,
JESUS!
Grande parte da Sua actividade decorreu à beira do mar da Galileia, cujo principal afluente — e também efluente — é o Jordão. Foi, aliás, nas margens deste rio que Ele foi baptizado (cf. Mc 1, 9).
Passava de margem para margem (cf. Mc 4, 35), mas nunca deixou as margens. E jamais abandonou os que eram postos à margem (cf. Lc 16, 19-31).
Não se trata de marginal no sentido de contestatário ou de irrelevante, mas no sentido de alternativo.
A mensagem e a conduta de Jesus foram de tal modo relevantes que muitas multidões se formaram à Sua volta (cf. Mt 5, 1).
Jesus não só não pertencia aos principais grupos do judaísmo como defendia um projecto de vida, em muitos casos, oposto ao deles.
Jesus não foge dos que falham (cf. Mt 11, 19). Sente-se bem com os doentes (cf. Mt 14, 14), os famintos (cf. Mt 15, 32), os pobres (cf. Mt 5, 1) e os perseguidos (cf. Mt 5, 10).
Enfim, nunca hesitou em tomar partido pelos mais humildes (cf. Mt 25, 40).
Quando teve de escolher, optou por quem estava em baixo e por quem ficava de fora.
Afagou as lágrimas dos pecadores (cf. Lc 7, 38) e fazia questão de tocar nas feridas dos sofredores (cf. Mc 1, 41). Jesus é o Deus que (nos) toca.
É sempre nas margens que O conhecemos. Serão os marginalizados os que melhor O entenderão?
O mesmo acaba — quase sempre — por sufocar o diferente.
Ele irrompe na história para romper com muitas zonas de conforto da nossa vida.
Ele hospeda-Se em nós para nos desinstalar de nós.
Aliás, Jesus sempre teve uma predilecção pelas margens. Não só pelas margens dos rios (cf. Lc 8, 22), mas também pelo que ficava à margem dos grandes centros.
Em Jesus, o marginal torna-se definitivamente central.
Não nos retiramos para fazer o que fazíamos. Mudamos de ambiente para procurar mudar de vida.
Muitas vezes, é no fundo de nós que está o maior entrave à presença de Deus em nós. O egoísmo é o obstáculo mais resistente, aquele que mais custa remover.
O perfil do retiro é mais ermítico que cenobítico. Predomina o silêncio para prevalecer a escuta. Rareiam as palavras para melhor acolher a Palavra.
Só que o convívio do retiro é com Deus. É este convívio que antecede — e alimenta — todo o convívio.
Um retiro ajuda a esvaziar o eu que ainda subsiste em nós. E começa a levar Deus até (mais) além de nós!
O que dizemos acerca de Deus diz mais sobre nós do que sobre Deus.
Não esqueçamos que a própria palavra Deus é uma criação humana.
Alguém pode garantir que tal dizer sobre Deus corresponde cabalmente ao ser de Deus?
Por conseguinte, «se compreendeste, não é Deus. Se pudestes compreender, não foi Deus que compreendeste, mas apenas uma representação de Deus».
O certo é que até a Bíblia reconhece que caminhamos em contraluz. Deus é luz (cf. Sal 27, 1), mas surge ante nós como uma luz inacessível, que ninguém vê (cf. 1Tim 6, 16).
Os textos sagrados garantem que Deus vem até nós através da nuvem (cf. Êx 19, 9), falando connosco por entre nuvens (cf. Êx 24, 6; Mt 17, 5).
Acontece que os nossos olhos não vêem tudo (cf. 1Cor 2, 9). O essencial permanece-lhes vedado.
Só na Sua luz encontramos a luz (cf. Sal 36, 5).
Como confessamos no Símbolo, Jesus é a «luz da luz». É a luz que vem da luz para acender, em nós, mais luz.
Uma Quaresma sem ruído, uma Quaresma na humildade, uma Quaresma de escuta, uma Quaresma de espera depositar-nos-á — transfigurados! — na manhã luminosa da Páscoa!
Para mim tem servido bastante esta pequena história. Devendranath Tagore, é pai de um dos grandes escritores da minha vida Rabindranath Tagore, indu, que escreveu várias obras de poesia, conto e romance. Li para nunca mais esquecer o belíssimo romance «A casa e o mundo»... Recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1913 e tornou-se mundialmente famoso graças ao seu livro de poemas Gitanjali («Oferenda Lírica»).
«O homem só ensina bem o que para ele tem poesia» Rabindranath Tagore |
Um Céptico perguntou a Devendranath Tagore:
- Sempre falas de Deus, mas tens provas de sua existência?
Devendranath apontou para uma luz:
- Sabes o que é isto?
- É uma luz - respondeu o céptico.
- Como sabes que é uma luz? - perguntou Devendranath.
- Eu a vejo, portanto, não há necessidade de prova.
- Então o mesmo se dá com a existência de Deus. Eu O vejo em mim, e fora de mim, eu O vejo dentro e através de cada coisa. Portanto, não há necessidade de prova.
E continuou:
- Enquanto a abelha se encontra no exterior das pétalas do lírio e não experimentou ainda a doçura de seu suco, ela plana em volta da flor e emite um zumbido. Mas, logo que ela penetra no seu interior; ela bebe silenciosamente o néctar.
Quando alguém ainda estiver discutindo e especulando sobre uma doutrina e os dogmas religiosos, é por que ainda não experimentou o néctar da verdadeira fé. Por isso, faz silêncio e compreenderás! Onde o Espírito Eterno vem com a sua Luz, a nossa lâmpada terrestre já não é necessária. Pobres homens que creem que as miseráveis lâmpadas do intelecto humano dão mais luz que o doce cintilar das estrelas divinas!
É possível que esse não-saber nos forneça palavras menos impróprias e atitudes mais adequadas.
Acontece que os resultados nem sempre são brilhantes.
Como entender, então, que haja tantas palavras absolutas sobre Deus? E tantas atitudes irreversíveis em nome de Deus?
Até parece que Deus Se contradiz a Si mesmo.
Por vezes, o ser divino é representado como alguém menos humano do que muitos seres humanos. Como aceitar que se renda culto a Deus maltratando pessoas e eliminando vidas?
Os ateus negam a existência de Deus, ao passo que muitos crentes negam a natureza de Deus, a identidade de Deus.
Deus é imensamente mais do que uma não-existência. E é infinitamente melhor do que muitas existências que Lhe atribuem.
Os que estiveram mais perto de Deus, os santos, foram sempre muito cautelosos. Sto. Anselmo, para mencionar as pessoas divinas, referia-se aos «três não sei quê». A própria Bíblia reconhece que «nuvens e trevas» envolvem a presença de Deus (cf. Sal 97, 2).
O principal sobre Deus pode estar no que (ainda) não sabemos. Mas o que sabemos basta para ter a certeza de que Deus só ama (cf. Jo 3, 16), não arma. E até desarma os que se armam, os que estão armados (cf. Jo 18, 11)!