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COMO SE AVALIA UM PADRE...

por Zulmiro Sarmento, em 17.02.12
As pessoas falam mal daquele, do outro e daqueloutro padre. Dizem bem deste, do outro e deste outro, pelo menos neste momento. Noutros momentos esquecerão o bem que haviam dito. Geralmente dizem melhor do outro que deste, pelo menos enquanto este estiver por perto. Quando este partir, ou para longe ou para sempre, era um bom padre. Usa-se mais o era que o é, o passado que o presente, para dizer bem de um padre.
Têm tendência a dizer bem dum padre novo, mas enquanto celebra de forma mais alegre ou aberta. Porque se acaso ousa dizer não posso, já não é assim tão bom. Se diz amén a tudo, não tem personalidade, é fraco. Precisamos um mais forte. Se alterar algum hábito, tira-nos a fé. Se apresentar ideia novas, qualquer dia os santos caem do altar. Se entrar num café é dos nossos. Se entrar habitualmente, deixa de ser nosso para ser como os outros. Se fala com as pessoas é simpático, mas anda mal acompanhado. Se passa muito tempo em casa, não faz nada. E se vai à Igreja menos vezes que o padre antigo, só cá está para levar o dinheiro.
Os padres velhos são geralmente bons padres no sentido mais solidário que existe. Uns pobres padres. Já não fazem nada. Estragam tudo. Têm vícios. Há quem os abomine. E há quem os desculpe.
Os padres de meia-idade nem são uma coisa nem são outra. Não costumam ouvir gracejos ou piropos, mas também ninguém lhes dá o benefício da dúvida. São aqueles que aparentam a maturidade que precisamos no nosso padre, mas que já não conseguem engraçar, façam o que fizerem. Já não têm ponta para admirar e começam a cansar. É melhor vir outro antes que este chegue a velho.
Mas o que é um bom padre? Como se avalia?
Avalia-se pela quantidade de coisas que consegue fazer? Pela quantidade de coisas que consegue que outros façam? Pela forma como reza? Pela forma como faz rezar? Pelas vezes que se vê na rua? Pelas vezes que está em casa? Pelas vezes que vai à igreja? Porque bebe connosco? Porque não bebe? Porque tem personalidade? Porque é simples e humilde? Porque é sábio? Porque é culto? Porque é organizado? Pelas palavras que diz? Pela sua voz? Pelos sorrisos que dá? Pela qualidade da missa? Porque demora muito? Porque demora pouco? Pela sua criatividade? Pelas festas que faz? Pelos pulos que dá? Porque veste bem? Porque é bonito? Porque diz palavras sábias? Porque fala bem? Porque escuta melhor? Porque é novo? Velho? De meia-idade? Ou porque já se foi?
 
do Bloque Eu Padre

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publicado às 03:24

Naufragar é preciso?

por Zulmiro Sarmento, em 20.01.12

texto de João Pereira Coutinho (escritorportuguês)

 

TEXTO PUBLICADO NA FOLHA DE SÃO PAULO DESTA TERÇA-FEIRA

Começa a ser penoso para mim ler a imprensa portuguesa. Não falo da

qualidade dos textos. Falo da ortografia deles. Que português é esse?

Quem tomou de assalto a língua portuguesa (de Portugal) e a

transformou numa versão abastardada da língua portuguesa (do Brasil)?

A sensação que tenho é que estive em coma profundo durante meses, ou

anos. E, quando acordei, habitava já um planeta novo, onde as regras

ortográficas que aprendi na escola foram destroçadas por vândalos

extraterrestres que decidiram unilateralmente como devem escrever os

portugueses.

Eis o Acordo Ortográfico, plenamente em vigor. Não aderi a ele: nesta

Folha, entendo que a ortografia deve obedecer aos critérios do Brasil.

Sou um convidado da casa e nenhum convidado começa a dar ordens aos

seus anfitriões sobre o lugar das pratas e a moldura dos quadros.

Questão de educação.

Em Portugal é outra história. E não deixa de ser hilariante a

quantidade de articulistas que, no final dos seus textos, fazem uma

declaração de princípios: “Por decisão do autor, o texto está escrito

de acordo com a antiga ortografia”.

A esquizofrenia é total, e os jornais são hoje mantas de retalhos. Há

notícias, entrevistas ou reportagens escritas de acordo com as novas

regras. As crônicas e os textos de opinião, na sua maioria, seguem as

regras antigas. E depois existem zonas cinzentas, onde já ninguém sabe

como escrever e mistura tudo: a nova ortografia com a velha e até, em

certos casos, uma ortografia imaginária.

A intenção dos pais do Acordo Ortográfico era unificar a língua.

Resultado: é o desacordo total com todo mundo a disparar para todos os

lados. Como foi isso possível?

Foi possível por uma mistura de arrogância e analfabetismo. O Acordo

Ortográfico começa como um típico produto da mentalidade racionalista,

que sempre acreditou no poder de um decreto para alterar uma

experiência histórica particular.

Acontece que a língua não se muda por decreto; ela é a decorrência de

uma evolução cultural que confere aos seus falantes uma identidade

própria e, mais importante, reconhecível para terceiros.

Respeito a grafia brasileira e a forma como o Brasil apagou as

consoantes mudas de certas palavras (“ação”, “ótimo” etc.). E respeito

porque gosto de as ler assim: quando encontro essas palavras, sinto o

prazer cosmopolita de saber que a língua portuguesa navegou pelo

Atlântico até chegar ao outro lado do mundo, onde vestiu bermuda e se

apaixonou pela garota de Ipanema.

Não respeito quem me obriga a apagar essas consoantes porque acredita

que a ortografia deve ser uma mera transcrição fonética. Isso não é

apenas teoricamente discutível; é, sobretudo, uma aberração prática.

Tal como escrevi várias vezes, citando o poeta português Vasco Graça

Moura, que tem estudado atentamente o problema, as consoantes mudas,

para os portugueses, são uma pegada etimológica importante. Mas elas

transportam também informação fonética, abrindo as vogais que as

antecedem. O “c” de “acção” e o “p” de “óptimo” sinalizam uma correta

pronúncia.

A unidade da língua não se faz por imposição de acordos ortográficos;

faz-se, como muito bem perceberam os hispânicos e os anglo-saxônicos,

pela partilha da sua diversidade. E a melhor forma de partilhar uma

língua passa pela sua literatura.

Não conheço nenhum brasileiro alfabetizado que sinta “desconforto” ao

ler Fernando Pessoa na ortografia portuguesa. E também não conheço

nenhum português alfabetizado que sinta “desconforto” ao ler Nelson

Rodrigues na ortografia brasileira.

Infelizmente, conheço vários brasileiros e vários portugueses

alfabetizados que sentem “desconforto” por não poderem comprar, em São

Paulo ou em Lisboa, as edições correntes da literatura dos dois países

a preços civilizados.

Aliás, se dúvidas houvesse sobre a falta de inteligência estratégica

que persiste dos dois lados do Atlântico, onde não existe um mercado

livreiro comum, bastaria citar o encerramento anunciado da livraria

Camões, no Rio, que durante anos vendeu livros portugueses a leitores

brasileiros.

De que servem acordos ortográficos delirantes e autoritários quando a

língua naufraga sempre no meio do oceano?

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publicado às 12:21

Coitadindo! E... coitadinhos!

por Zulmiro Sarmento, em 15.10.11

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publicado às 04:18

JÁ!...

por Zulmiro Sarmento, em 05.10.11

Já me arrancaram um sorriso...agora o sorriso é a minha imagem de marca... Já me fizeram chorar...aprendi a enganar a tristeza... Já me abandonaram...agora não me prendo a nada... Já me deixaram sonhar...agora sou realista... Já me deram o mundo...agora contento-me com os amigos... Já se esqueceram de mim...agora sou eu que me esqueço de quem não vale a pena... Já me derrotaram com palavras...agor.........a sou otimista em atos... Já me fizeram sentir especial...talvez por isso estou diferente... Já me levaram as estrelas...agora tenho os pés bem assentes na terra... Já me trataram como uma princesa...agora sou eu mesmo... já me importei com o que os outros pensavam... agora quero que os outros se lixem...

 

Retirado do facebook

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publicado às 03:52

Para reflectir...

por Zulmiro Sarmento, em 04.06.11

 

 

 

Hoje os padres jovens só se interessam com a liturgia e com o traje eclesiástico porque assim destinguem-se dos outros cristãos que andam vestidos normalmente.


Custa-me a acreditar que a Igreja hoje é a penúltima no apreço das pessoas e de que uma percentagem elevadíssima de jovens está contra ela!

Eu conheci uma Igreja nos anos setenta valente, que dava a cara; era uma Igreja digna de respeito e apreciada. Por razões que não compreendo agora a Igreja é mais cómoda, menos exigente!

José Luis Martínez, o «cura buenu»

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publicado às 01:52

Lapidar...

por Zulmiro Sarmento, em 07.01.11

 


Numa altura em que precisamos de cérebros para ajudarem o país a sair do buraco, a TVI juntou um conjunto de acéfalos que dificilmente conseguiriam sair juntos de um elevador. Mesmo com a porta aberta.

Júlia Pinheiro, ex-libris do "apresentadorismo" nacional, afirma que "a Casa é o retrato do país". Pensei que estivesse a falar da sua própria casa. A preocupação começou quando percebi que se estava a referir à casa onde a TVI juntou um conjunto de pessoas que
conseguiriam transformar em dez minutos o campus da Universidade de Cambridge no Jardim zoológico de Lisboa. Com mais bichos, barulho, lixo e confusão.

Submeti-me a três ou quatro sessões do programa. E apesar de gostar de esquilos, não quis ficar com o QI de um. Decidi parar. Não queria que viessem dar comigo agarrado ao sofá a salivar pelo canto da boca em estado semicomatoso. Não seria bonito e sujava as almofadas novas.
Já me tinham avisado, e passo a citar, pedindo desculpa pela rudeza do meu amigo: "nunca tinha visto tanto atrasado mental junto no mesmo espaço físico, e todos na minha televisão". "Deve ser esse o segredo" - respondi-lhe. "No fundo é uma reunião de retardados anónimos e eles não fazem a menor ideia". Mas São Tomé fez-me esperar pelo especial da noite com a menina Poeiras e o mini Bettencourt dos cabelos alourados - ou "Dr. Granger" - como lhe chamou Pedro Santana Lopes num comício.
E sou obrigado a discordar quando Júla Pinheiro diz que aquele conjunto de indivíduos é o retrato do país. Em primeiro lugar, o país é habitado por pessoas que na sua maioria fala português (coisa que ali não vi). Conseguindo por isso manter uma conversa durante dois
minutos sem que 95% do que lhes sai da boca seja mer&#. Duas esfregonas villeda a falarem entre si comparadas com esta rapaziada parecem Sir. W. Churchill e F. Roosevelt em amena cavaqueira num banco da New Bond Street.
Refeições inteiras de óculos escuros e boné na cabeça. Chimpanzés e galinhas com o cio. O aldeão de serviço. Choradeira como tivesse morrido um familiar porque acabou o tabaco ou porque o não sei quantos foi expulso ("como é que o gajo se chamava? ele cheirava tão
mal...porra"). Uma "senhorita" não sabia o significado da palavra "celibato" (porque será?). Outra abordou um colega da casa e saiu-se com um ternurento... "vou-me peidar". Sintomático. Não optou pela tradicional bufa, utilizou o chavão hardcore do mundo da flatulência.
Bonita educação. Qualidade televisiva.
Por estas e por outras Sra. Júlia, e por muito que queira, esta casa não é retrato de país algum. É um grupo bastante "rasca" escolhido a dedo num casting onde estou certo que Vexa participou, que garante a boçalidade, pobreza de espírito, ignorância, conflito, sexo explícito
fruto de paixões assolapadas de cinco minutos e se possível verborreia, insultos, polémica e pontapés que caracterizam este género de programas imbecis.
 
Num ponto concordamos: infelizmente o país gosta de ver. É só espreitar as audiências. Nem por isso passa a ser o país. Eu também gosto de ver um bom jogo de râguebi e não faço "placagens" aos vizinhos quando me cruzo com eles no hall do prédio. Ou desato a
gasear com ou sem pré-aviso quem viaja comigo no elevador. A estupidez também é entretenimento. E a TVI sabe disso.

(Tiago Mesquita)
Expresso

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publicado às 05:14

NUNCA MAIS

por Zulmiro Sarmento, em 06.11.10

Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser.
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência.
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

(Sophia de Mello Breyner)

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publicado às 06:34

Aproveite: precisa urgentemente de férias! Alguns escribas da praça não percebem a importância de arrefecer o juízo, por isso é que escrevem - para se lerem a si próprios como bons narcisistas - tamanhos e efeminados DISPARATES no jornal "O Dever"

por Zulmiro Sarmento, em 21.08.09

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publicado às 11:09


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