Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A. Também no nosso tempo, há fome — e sede — de Jesus
É que as pessoas sabem que também hoje Jesus continua a falar, a ensinar e a alimentar. A Eucaristia é o barco de onde Ele nos fala e ensina e o altar é a mesa de onde Ele nos alimenta. Jesus está sempre a vir ao nosso encontro. Jesus é sempre o encontro entre todos nós.
É preciso fazermo-nos ao largo. É preciso que se tornem largos os nossos caminhos estreitos. Que se tornem largas as nossas visões estreitas. Que se torne larga a nossa vida estreita. Ou seja, que não impere o calculismo, o medo. A missão requer ousadia e reclama muita dedicação.
B. O que conta é a Palavra de Jesus
3. Não só naquele tempo, mas também neste tempo, Jesus manda-nos lançar as redes (cf. Lc 5, 4). Não basta consertar as redes, como faziam aqueles pescadores de outrora (cf. Lc 5, 2). As redes têm de estar prontas para ser usadas, a qualquer hora, mesmo quando parece que não é oportuno.
Lançar as redes é sempre oportuno, mesmo no momento em que parece mais inoportuno. Simão, que sabia do que falava, achava que aquela não era a hora de lançar as redes (cf. Lc 5, 5). Muitas vezes, também achamos que esta não é a hora de lançar as redes. Como Simão, também achamos que já fizemos muito (cf. Lc 5, 5). Como Simão, também achamos que já não há mais nada para fazer. Muitas vezes, portamo-nos como «vencidos da vida» e como «derrotados pela desesperança». Muitas vezes, apoiamo-nos nos nossos critérios de eficácia e de competência. Muitas vezes, achamos que aquilo que aconteceu é o que vai continuar a acontecer. Falta-nos esperança, falta-nos audácia. Habituados a estar sentados no mesmo, é urgente que nos levantemos para tentar o diferente.
É preciso lançar as redes porque Jesus diz. Basta Jesus falar, basta Jesus mandar. O nosso trabalho sem Jesus é nada, o nosso trabalho com Jesus é tudo. No fundo, nem somos nós que trabalhamos, é Jesus que trabalha em nós (cf. Gál 2, 20). E quando nós damos os braços a Jesus, o número de peixes que vêm às redes aumenta enormemente (cf. Lc 5, 6-7).
C. Não tenhamos medo de falar de Jesus
5. O que nos falta é dar os nossos braços a Jesus, é deixar que Jesus trabalhe em nós e connosco. Hoje em dia, lançar as redes é anunciar o Evangelho. Foi, aliás, o que fez S. Paulo, que recordava aos coríntios o Evangelho que lhes tinha anunciado (cf. 1Cor 15, 1). Lançar as redes é anunciar que Jesus morreu e ressuscitou (cf. 1Cor 15 3-4). Lançar as redes é nunca ficar satisfeito com o já conseguido. Lançar as redes é nem sequer pensar nas redes ou nos barcos. O que importa é que as redes e os barcos acolham todos.
Naquele tempo, as redes, que tinham sido consertadas, começaram a romper (cf. Lc 5, 6). E até os barcos ameaçavam afundar (cf. Lc 5, 7). Mas Jesus não deixa romper as redes nem afundar os barcos. Ele é a âncora, o farol e o alicerce. Quando há confiança, nunca falta segurança.
Na missão, não tenhamos medo de ir, directos, ao essencial. Não tenhamos medo de propor Jesus. Falar de Jesus não afasta. Mesmo quando Simão tentou afastar Jesus (cf. Lc 5, 8), Jesus não Se afastou de Simão. Pelo contrário, Jesus dá uma missão a Simão. Dali em diante, iria começar outra pesca: não de peixes, mas de homens (cf. Lc 5,10).
D. Não afastemos (de) Jesus
7. Não é o nosso pecado que constitui impedimento. Não são as nossas limitações que constituem obstáculo. A pesca é de Jesus. E Jesus quer contar com as nossas mãos debilitadas e com os nossos passos cansados. Não adianta afastarmo-nos de Jesus porque Ele não Se afasta de nós.
Nunca falta a resposta à vocação quando não falta oração. O encontro com Jesus é o segredo do seguimento de Jesus. É preciso não ter medo de pôr os mais jovens em contacto com Jesus. Não esqueçamos que, como lembrou o Papa João Paulo II, os jovens são «aliados naturais de Cristo». Os mais jovens são capazes de coisas sérias, de coisas grandes, de coisas maravilhosas.
O nosso mal é quando, para cativarmos alguém para Jesus, como que deixamos de propor Jesus. Ficamo-nos pela órbita e não chegamos a ir ao centro. Quedamo-nos pela porta e não chegamos a entrar nem a convidar a entrar. É preciso não ter medo de falar abertamente de Jesus. Demos Jesus em forma de anúncio, em forma de testemunho, em forma de comunhão e em forma de amor.
E. A maior paixão é ter Deus no coração
9. Não só naquele tempo, mas também neste tempo, é preciso estar disponível. Isaías coloca-se ao serviço de Deus: «Eis-me aqui, podeis enviar-me»(Is 6, 8). Ponhamo-nos ao serviço de Deus e deixemos que Ele nos envie. Basta saber que Ele vai sempre connosco.
Que as nossas palavras façam ressoar a Sua Palavra. Que os nossos passos ajudem a trilhar o Seu caminho. E que a nossa vida procure ser sempre um eco da Sua vida.
Esta grande aclamação do «Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo»(Is 6, 3) é tão intensa que faz parte das nossas celebrações. E, de facto, também no nosso tempo, como naquele tempo, estamos sempre a contemplar o «Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo». Será que vamos ser insensíveis à Sua voz? Nunca fechemos os ouvidos à voz de quem vem até nós. Não há maior paixão do que sentir a voz de Deus no coração!
Do blogur THEOSFERA