O Juan é padre. Provem da América Latina, de um país que não sei se é muito grande, mas deve ser. Dizia-me que no ano em que entrou para o curso de Teologia no Seminário da sua diocese eram quase cem candidatos. Mais ou menos os mesmos que entraram este ano. Aliás, são ainda mais os que gostariam de entrar, mas não entraram na triagem. Dizia-me que as paróquias, embora grandes, têm vários sacerdotes. Vão muitos aprofundar os mistérios de Deus nos estudos porque são muitos. São da América Latina, embora este acontecer não seja assim tão recorrente. O Juan perguntava-me do meu país. Na minha diocese, respondi, sobram os dedos de uma mão para contar os seminaristas que estão em teologia. O Juan perguntou-me então se Portugal ainda tinha cristãos na missa. Respondi que tem gente na missa. Gente. Gente que vamos supor que tem fé. Há países da Europa com menos gente na missa. E menos fé. Mas ser padre hoje em Portugal é só para um pequenino número de jovens a quem Deus não foi indiferente. O Deus que não é só Deus de alguns sacramentos, das festas e dos funerais.
Alguma coisa tem de mudar na Europa dos cristãos. Talvez olhar para fora seja o primeiro passo.