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Da Presidência do Governo da Região Autónoma dos Açores tive acesso a um Despacho que afirma algo que vai de encontro ao desejo de muitos funcionários públicos em tempo quaresmal em algumas ilhas.
Estão dispensados de serviço, sem prejuízo de quaisquer direitos e regalias, os funcionários e agentes da Administração Pública Regional dos Açores que queiram participar nas ROMARIAS que se realizam nos Açores durante o período da Quaresma, desde que fique assegurado o normal funcionamento dos serviços públicos.
Ora, aqui está um exemplo do respeito por tradições multisseculares e que teimam em não acabar, antes pelo contrário, os jovens têm tido uma aderência exemplar e a Diocese tudo tem feito para dignificar ainda mais este exercício da piedade popular, com legislação adequada e acompanhamento pastoral e espiritual.
Saibam todos os senhores padres o respeito e a PRIVACIDADE que merecem todos estes homens, jovens, adolescentes e crianças, que se põem a caminho e pernoitam por aqui e por ali! Ouvem-se coisas que é de o chão se abrir... depois há umas risadas de circunstância, coloca-se a seguir um ar compungido de desagravo... E TUDO FICA NA MESMA! No ano seguinte é a mesma história. Alguns de São Miguel (e não só) sabem bem do que estou a falar!
Francamente... alguns grupos de Romeiros até já têm medo de passar por uma ou outra paróquia! E mais não digo porque desnecessário.
Pouco antes de ser eleito Papa, o cardeal Albino Luciani, no dia 7 de Outubro de 1973, na festa de Nossa Senhora do Rosário, assim falava aos seus diocesanos de Veneza:
« Que aconteceria se, numa reunião de católicos, eu convidasse as senhoras e os cavalheiros a mostrar o que têm nos bolsos ou nas malas de mão? Veria, com certeza, grande quantidade de pequenos objectos, espelhos, isqueiros e outras coisas mais ou menos úteis. Mas quantos terços? Há anos veria muitos mais.»
Na casa de Manzoni, em Milão, suspenso da cabeceira da cama, admiramos, ainda hoje, o seu terço. Recitava-o diariamente e no seu livro Promessi Sposi (Os Noivos) mostra-nos a personagem Lúcia a pegar no terço e a recitá-lo nos momentos mais difíceis da vida.
Windhorst, ministro do governo alemão, foi um dia convidado pelos seus amigos, não praticantes, a mostrar o seu terço. Era uma partida que lhe queriam pregar. Tinham-lho tirado do bolso esquerdo das calças. Windshorst não o encontrando nesse bolso esquerdo, meteu a mão no bolso do lado direito e mostrou-o a todos. Trazia sempre dois terços consigo.
Cristóvão Gluck, grande músico, durante as recepções na Corte de Viena, afastava-se alguns minutos a sós para recitar o terço.
O bem-aventurado Contardo Ferrini, professor universitário em Pavia, quando se hospedava em casa de amigos convidava-os sempre a rezar o terço consigo.
Santa Bernardete assegurava que a Santíssima Virgem trazia o terço no braço direito, aconselhou-a a trazer um com ela e a recitá-lo.
Em Fátima, a Santíssima Virgem também recomendou aos três pastorinhos que rezassem o terço.
O maior e mais célebre peregrino de Fátima - João Paulo II - deu-nos um exemplo admirável e comovente daquilo que ele chamava a sua «oração predilecta».
Há muitos anos a esta parte, eu, em Outubro, Mês do Rosário, ofereço um terço a todos os meus alunos do 5º ano de EMRC e falo-lhes da origem desta devoção simpática e dos benefícios da mesma, porque isto também é cultura. Estou certo que é um dos meios, entre outros, para alcançar a Paz: nos corações, na família, nos grupos, na sociedade, nas e entre as nações.
Diário de viagem
Vivem em nove belas Ilhas no
meio do Oceano Atlântico.
Dizem ser o centro do Mundo, os últimos
picos da Atlântida - o Continente perdido,
a terra de Neptuno.
Falam de forma diferente.
Cozinham a comida em buracos
na terra, com o calor dos vulcões.
Fazem jogos com touros e perdem
quase sempre.
Nadam com golfinhos.
Mergulham com baleias que antes caçavam
em pequenos barcos e depois
gravavam-lhes os dentes.
Há 500 anos que resistem a tremores de terra,
a tempestades com ventos de 250 Km por hora,
a ondas do mar com 20 metros.
Pescam os maiores peixes do
Mundo - espadartes e atuns.
Dividem os terrenos com flores,
principalmente hortênsias.
Criam vacas e chamam-nas
pelo nome próprio.
Comem comida temperada com especiarias
vindas das Índias, Áfricas e Américas.
Festejam o "Espírito Santo" que
dizem ser o seu "Senhor".
Usam uma ave - Milhafre - como seu
símbolo mas chamam-se
Açorianos.
São uns estranhos e simpáticos loucos!
Este conteúdo escrito foi extraído do postal com edição do Peter Café Sport e é da autoria de José Henrique Azevedo, agora seu digníssimo proprietário. Este estabelecimento comercial tem várias valências. Para muitos visitantes, o museu, o café mais o seu gin tónico, a observação de cetáceos e outros percursos, e a loja de souvenirs, são algo que não dispensam se a visita é a Horta (Faial, Açores). Da referida loja de recordações tenho sido razoável cliente adquirindo de tudo um pouco, ou uma peça, desde loiças fabulosas, carteiras de cabedal, roupas entre uma imensa variedade de produtos ao gosto de cada um. E todos sempre com o conhecido mundialmente logotipo azul que dá aos produtos um valor acrescentado. Tenho amigos que ao receberem de mim uma peça do "Peter" ficam radiantes e guardam-na como uma relíquia.
Nunca vi nada tão tocante e escrito para definir os Açorianos ( os "Açoriános", como pronunciam alguns continentais atoleimados, como ouvi duns arruaçeiros em viagem na cauda dum avião).
Neste Dia da Autonomia ( da Região Autónoma dos Açores), da consciência de que «antes morrer livres que em paz sujeitos», da certeza do que mais nos une - a devoção ao Espírito Santo - de Santa Maria ao Corvo, passando pela Califórnia, Santa Catarina do Brasil, Havai, Casas dos Açores por tudo o que é cidade ou região de concentração destes ilhéus que somos, das Comemorações grandiosas que se fazem nesta "2ª feira do Espírito Santo" (este ano de 2007 em São Roque do Pico), queria sublinhar da minha alegria incontida por ser Açoriano e picoense e, também, por referir esta realidade com os povos (comunidades cristãs católicas) a quem tenho servido ao longo destes mais de vinte anos nos Impérios, Coroações, e Missas Votivas do Espírito Santo.
Sempre peço a uma instituição que se faça representar com a bandeira azul e branca nas cerimónias religiosas, que os paus de bandeira engalanando caminhos tenham o branco e azul como cores predominantes juntamente com o vermelho e branco das Irmandades que servem o Divino, que as nossas Festas Maiores são o nosso genuíno cartão de visita para quem vem até nós com curiosidade e respeito. A arte de bem receber tem o expoente máximo nestas festividades. Indiscutível.
Não gosto da expressão, algo jocosa para assunto tão sério, de "dia da pombinha". Revela, para mim que alguma fé esclarecida foi chão que já deu uvas.
Orgulho-me dos corajosos governantes que instituíram este dia fabuloso já em ritmo de Autonomia. Que Deus lhes pague pelos valores humanos e cristãos que quizeram sublinhar de forma tão efusiva.
E que me desculpe o senhor José Henrique Azevedo do «Peter Café Sport» pelo atrevimento de o citar a partir do postal tão símbolo do que nós somos! E já agora não deixem de fazer uma visita às suas lojas e museu e comprar o dito postal se ainda existe à venda. Quando saio da Região levo sempre algo para vestir que me fale de baleias, golfinhos e do logotipo que inspira alguma vaidade em quem o transporta...
Somos únicos. Vivamos esta diferença como identidade muito nossa. Sem complexos de qualquer natureza.
Açores e açorianos: SEMPRE!
Muito mudou no modo de falar nos dons e nos frutos do Espírito Santo. E há exemplos eloquentes disso mesmo. Do sentir e do saber de experiência feito do homem e mulher simples dos nossos meios açorianos que têm mais sabedura teológica que alguns eclesiásticos de grande faladura balofa.
De facto, da importância que a devoção ao Espírito Santo tem nos Açores ninguém dirá o suficiente agora e na hora. Nos gritos de aflição mais espontâneos dos açorianos quem vem à cabeça é o Espírito Santo. Também já aconteceu comigo. E cumpri a minha promessa (bom, o povo é que a cumpriu quando soube que eu a tinha, e isto lá para a Piedade do Pico!).
Gostava de citar um notável depoimento de um trabalhador do campo octogenário da ilha Terceira, chamado Gregório Machado Barcelos, recolhido por José Orlando Bretão, em 1996. Este depoimento apresenta toda a súmula doutrinária e de bom comportamento social que tem por centro e por representação o Espírito Santo.
Quando questionado sobre o que sabia acerca dos dons do Espírito Santo o venerando ancião acima citado assim respondeu logo ali na ponta da língua: «É bom que o senhor me pergunte, porque acho que na cidade falam, falam e acertam pouco. Sem ofensa, até acho que não sabem nada, de nada. Mas eu digo como é que meu pai dizia e o pai dele lembrava muitas vezes como era. Eu digo que os dons do Espírito Santo são sete e são sete porque é assim mesmo, é um número que vem dos antigos, como as sete partidas do Mundo ou os sete dias da semana e não vale a pena estar a aprofundar muito porque não se chega a lado nenhum e só complica. E o primeiro dom do Espírito Santo é a Sabedoria - é o dom da inteligência e da luz. Quem recebe este dom fica homem de sabença. Os Apóstolos estavam muito atoleimados e cheios de cagança e veio o Divino que botou o lume nas cabeças deles e eles ficaram mais espertinhos. Depois vem o dom do Entendimento. Este está muito ligado ao outro ,mas aqui, quer dizer mais a amizade, o entendimento, a paz entre os homens. Este é assim: o Senhor Espírito Santo não é de guerras e quem tiver pitafe dum vizinho deve de fazer logo as pazes que é para ser atendido. E o terceiro dom do Espírito Santo é o do Conselho - o Espírito Santo é que nos ilumina e indica o caminho. É a luz, o sopro, ou seja, o espírito. É por isso que tem a forma de uma Pomba, porque tudo cria e é amor e carinho. O quarto dom é o da Fortaleza, que vem amparar a nossa natural fraqueza - com este dom a gente damos testemunho público, não temos medo. Quem tem o Senhor Espírito Santo consigo tem tudo e pode estar descansado. Depois vem o dom da Ciência, do trabalho e do estudo. O saber porque é que as coisas são assim e não assado. É não ser toleirão nem atorresmado como muitos que há por aí. O senhor sabe. O dom da Piedade e da humildade é o sexto dom. Quer dizer que o Senhor Espírito Santo não faz cerimónia nem tem caganças. Assim os irmãos devem ser simples e rectos. E depois, por derradeiro, vem o sétimo que é o Temor mas não é o temor de medo. É o temor de respeito - para cá e para lá. A gente respeita o Espírito Santo porque o Senhor Espírito Santo respeita a gente. Temor não é andar de joelhos esfolados ou pés descalços a fazer penitências tolas: é fazer mas é bodos discretos com respeito mas alegria que o Espírito Santo não tem toleimas nem maldades escondidas. É isto que são os sete dons do Espírito Santo e o senhor se perguntar por aí ninguém vai ao contrário, fique sabendo».
Que dizer mais?! Se afinal, já dizia assim o pai de meu pai. E com toda a fé.
Muitos eclesiásticos (alguns pelo menos) deviam entrar mais dentro da religião popular antes de lhe darem com os pés ou tolerá-la hipocritamente. Pelo menos se soubessem disfarçar!
Aqui fica o que não posso dizer na homilia de Pentecostes... mas é seu complemento autêntico.
O livro do professor Ávila Coelho (falecido há muitos anos) da freguesia da Piedade do Pico ajudou-me imenso a entender o Divino celebrado por aquela gente briosa, da qual ele fazia parte; dos seus costumes e tradições seculares. Foi muito bom ter vivido nove anos com o povo da Piedade do Pico. Só guardo estupendas recordações.
Para manifestar a minha gratidão para com esse povo na hora de passar o testemunho deixei como oferta uma coroa do Espírito Santo em prata com gravação dos meus sentimentos. Auxiliarem-me de todas as casas da comunidade aquando do raio que se abateu em noite de tempestade sobre o passal e me deixou vivo, em Domingo do Espírito Santo, e o restante destruído e, também, contribuirem na totalidade para o jantar em honra do Divino Espírito Santo que naquela hora terrível me veio à mente e ao coração, são coisas que jamais esquecerei!
Até uns escassos inimigos de estimação, que qualquer pessoa de bem que se preze tem, disseram daquela noite: «não há raio que o parta!».
Amén.