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Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Vasco Pinto de Magalhães, jesuíta, afirma que as novas gerações «vivem num mundo muito sensitivo, com dificuldade para pensar, pois não são educados para isso»
O padre Vasco Pinto de Magalhães nasceu em Lisboa, em 1941. Entrou na Companhia de Jesus em 1965. É licenciado em Filosofia pela Universidade Católica e em Teologia pela Universidade Gregoriana (Roma), Tem-se dedicado sobretudo à Pastoral Universitária, em Coimbra e no Porto, e ao acompanhamento espiritual. É autor, entre outros, de «Vocação e Vocações Pessoais», «O Olhar e o Ver», e «Nem Quero Crer». Em entrevista à Agência ECCLESIA, afirma que as novas gerações “vivem num mundo muito sensitivo, com dificuldade para pensar, pois não são educados para isso”.
Agência ECCLESIA (AE) - Como se pode explicar a fé aos jovens? Vasco Pinto de Magalhães (VPM) - Primeiro há que entrar no mundo deles e compreendê-lo. Há uma experiência de encarnação, fazer o que Jesus Cristo fez. Quem deseja transmitir a sua experiência tem que entrar no mundo do outro, com cuidado e respeito. É preciso conhecer o que é o mundo de hoje dos jovens. O que também pede prudência para não se generalizar. Se o mundo dos jovens nunca foi homogéneo, hoje muito menos. Há idades e idades, estilos de formação, cultura... Por isso é-me difícil falar de jovens, generalizando.
AE - Como se faz a transmissão de fé numa perspetiva mais pessoal? VPM - É necessário entender a linguagem dos jovens, o seu quadro mental e as suas experiências emocionais para perceber como entro em contacto profundo com eles. Mas isto aplica-se para transmitir a fé ou qualquer outra realidade, pois não se trata de comunicar teorias mas uma experiência que passa muito pelo testemunho. Os mais novos são muito sensíveis ao testemunho e menos às teorias. Há que perceber que eles vivem hoje num mundo muito sensitivo, com dificuldade para pensar, pois não são educados para isso. Os jovens são educados para receber impactos e vibrar com eles. Preferem linguagens diretas e sem rodeios, sem termos complicados e clericais, que a Igreja por vezes, usa – latins que servem pouco mas que dão segurança a quem está a transmitir. O problema está no transmissor e não no recetor.
AE - Como se mostra a profundidade a um jovem que não está habituado a pensar? VPM -Indo ao encontro, com testemunho, das coisas a que ele dá importância. Porque os jovens estão hoje muito sensibilizados para o que é construtivo. Se há dificuldades com a fé teórica, ao mesmo tempo há muitos jovens disponíveis para o voluntariado, para compromissos, não a longo prazo, mas a compromissos sensíveis, a ir ao encontro das pessoas. Aceitam muito bem as experiências de proximidade uns com os outros. Há muitos jovens disponíveis para ir para África um ano, o que não se enquadra numa atitude religiosa, mas é algo que os toca. Têm necessidade de sair de si. Há também um mundo de jovens, criados por esta cultura individualista e libertária, juntamente com essa coisa disparatada que se chama «Novas Oportunidades», que criou um mundo de gente sem exigências, que se quer divertir, que tem atitudes arrogantes face à história mas que não surgiu deles. Impingiram-lhes a ideia de que bastava mexer num computador e ter apetrechos técnicos para poder ter direitos e não deveres, para ser arrogante a falar com as pessoas. Esta é a faixa perigosa dos jovens – sentem-se equiparados aos outros pela maneira de vestir e pelos sítios que frequentam. Parecem o todo mas não são. Falamos de uma faixa entre os 18 e os 25 anos.
AE - Mas pode cair-se no eterno questionamento não no compromisso? VPM -Acho que os jovens estão hoje abertos ao compromisso, mas falta quem lhes responda às questões, que só surgem depois. Antigamente o processo era ao contrário, hoje vem primeiro o compromisso e só depois surgem as questões, quando têm alguma distância face à própria realidade. Os jovens de hoje vivem muito inseguros. Fazem cursos mas não têm futuro. Os compromissos sofrem oscilações. Sobretudo em Portugal. Os jovens que têm mais sensibilidade sonham cedo emigrar, sentem necessidade de procurar coisas noutros lugares. A verdade é que se lhes tirou o horizonte. A escola onde eles mais cedo andaram – a escola da televisão, da Internet, da rua –não ensina a pensar e a exigir; ensina a ter direitos e ensina a satisfazer-se de forma subjetiva, sem valores. Só mais tarde é que vem a preocupação com objetivos e valores. Os pais não têm tempo para transmitir valores, os professores foram proibidos de ensinar, não podem reprovar, não podem fazer nada. Entregamos o sistema de transmissão do saber e dos valores. O que é que temos? Técnicos acelerados, pessoas com capacidade de se movimentar, com aparentes conhecimentos, mas bastante vazios.
AE - E como se quebra esta lógica? VPM -Tendo mais consciência da realidade. Há um paradigma errado de sociedade, que dá a ideia de ser livre e social, mas nem é social, porque é individualista, nem livre, porque é dependente dos imediatismos. Por outro lado, é preciso corrigir esta onda do mundo ocidental. Curiosamente, fora do Ocidente começam a surgir levantamentos de jovens que querem algo mais. O Ocidente acusa uma época de desgaste, que acredito vai ser ultrapassada porque muitos reconhecem que não vão a lado nenhum pois o paizinho não lhes vai resolver o problema.
AE - A Igreja – não a hierarquia, mas todos os cristãos – deu conta deste tempo de oportunidade para a transmissão da fé? VPM - Vejo muitos casos em que isso já acontece. Há muitos movimentos de Igreja, ligados a gente nova, fortes e bem conseguidos. Não para coisas a longo prazo ou com grande intelectualidade. Se vem o Papa juntamos uns milhares; e certamente em Madrid (na Jornada Mundial da Juventude, em agosto de 2011, ndr) vão estar centenas de milhares. Eles mobilizam-se para estas coisas. Mas são experiências pontuais, com quebras. Com gente nova a continuidade e a perseverança sempre foram assim. A Igreja está consciente disto. Mas outra coisa é se tem e se está a formar agentes de pastoral capazes de proximidade e “endurance” (resistência, ndr) para não desistir à primeira ou de se contentar porque levaram muitos jovens a Madrid.
AE - Os jovens juntam-se em torno do Papa, mas serão balões de oxigénio, que deixam pouco para o futuro? Constrói-se uma fé sensorial e não sustentada? VPM - Há esse perigo, mas há muita gente acautelada. Recordo outras Jornadas Mundiais da Juventude, onde participaram grupos organizados. Há que saber aproveitar o balanço e não ficar contente apenas por um “hapenning” (acontecimento, ndr). Conheço compromissos vocacionais profundos que começaram com esses encontros, que são despertadores. Mas não nos contentemos com despertadores, é preciso levantar da cama.
AE - São necessárias também linguagens e instrumentos para chegar aos jovens? VPM - Esta é a linguagem do testemunho e da proximidade. Mas os jovens precisam de sentir que há pessoas credíveis na sua vida e na sua alegria, que os acompanham e estão disponíveis. Os padres, por exemplo, não têm tempo para os jovens e não dão testemunho de uma alegria saudável e uma proximidade, pois hoje a proximidade exige tempo. Não basta dizer, «vem cá que eu ensino-te». É preciso estar ali e esperar o momento que desperte vontade de aprofundar. Num tempo em que ninguém tem tempo para nada, muito menos os padres, fazem-se fogachos na paróquia e não se apanha a bola. É preciso paciência, tempo, dar oportunidade para que a semente germine, e isso nem sempre acontece. É preciso saber ir também ao encontro das perguntas. Não fugir delas. Tem de se perceber e dar resposta direta ao que inquieta, descodificando a linguagem. Uma primeira pergunta que aparece pode não ser a que se quer colocar. É preciso perceber o que está de facto a incomodar ou a atrair. Não se atrai respondendo como se estivéssemos a resolver um problema teórico. Não há problemas teóricos mas problemas de coração. Pode ser uma mágoa, um falhanço, uma vitória…
AE - A Bíblia precisa ser traduzida no contexto dos jovens? VPM -Os jovens são sensíveis quando os ajudamos a atualizar a Bíblia. Quando se apresenta como um livro que fala de coisas do passado, não têm curiosidade intelectual por isso. Quando o texto é traduzido, aplicado e percebem que é Cristo que fala hoje aos dias de hoje, que é um texto atual, sentem-se interpelados. Isso são virtudes dos jovens de hoje, que vivem muito no presente, com pouco futuro e pouco passado. LS ECCLESIA |
No passado dia 22 de Fevereiro fez 154 anos que nasceu Baden-Powell, o fundador do maior movimento mundial de jovens, que se encontra presente na actualidade em mais de 216 países. “O Escutismo é um Movimento Mundial, de carácter não político, aberto a todos, com o propósito de contribuir para a educação integral dos jovens de ambos os sexos, baseado na adesão voluntária a um quadro de valores expressos na Promessa e Lei escutistas, através de um método original que permite a cada jovem ser protagonista do seu próprio crescimento, para que se sinta plenamente realizado e desempenhe um papel construtivo na sociedade”. Assim, esta semana propomos uma visita ao sítio virtual da revista oficial do Corpo Nacional de Escutas (CNE), Flor-de-lis, que se publica desde Fevereiro de 1925, contando com mais de 1200 edições em papel. Ao digitarmos o endereço www.flordelis.pt encontramos os habituais destaques, sejam eles notícias, conteúdos multimédia ou dossiers temáticos. Em “actualidade”, podemos ler todas as novidades que vão sendo distribuídas por ordem cronológica merecendo uma leitura atenta. No item “internacional”, acedemos a todas as notícias de carácter não nacional, onde por exemplo, podemos ler que o chefe João Armando foi eleito para o Comité Mundial, caso único no panorama nacional. Por outro lado, na área “nacional”, somos informados acerca de todos os acontecimentos que são alvo de notícia no nosso país, por exemplo, a recente eleição da nova Junta Central do CNE para os próximos 3 anos, liderada pelo chefe Carlos Alberto Pereira. Caso pretenda aceder aos diferentes vídeos que vão sendo publicados pelo escutismo nacional, basta clicar em “vídeos”. Por outro lado, em “fotogaleria”, como o nome o indica, poderá aceder a diversas exposições fotográficas relacionadas com eventos marcantes do CNE. Uma opção deveras interessante é a área “dossiers temáticos”, onde podemos aprofundar os diversos temas apresentados, que passam por exemplo, pelos objectivos do milénio ou pela Beata Teresa de Calcutá. Aqui fica a sugestão, para quem quer saber mais acerca da vida desta grande associação juvenil que é o escutismo, aceda regularmente ao sítio desta revista, porque a flor-de-lis é um espaço onde todas as histórias se encontram num único lugar. Fernando Cassola Marques |
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Celebrar a passagem de ano “de forma útil e solidária” é a proposta dos Missionários Combonianos, que esta Quarta-feira dão início ao seu Reveillon XL, juntando várias dezenas de jovens. Entre 29 de Dezembro e 1 de Janeiro, a congregação missionária católica promove, nas suas instalações da Maia, distrito do Porto, um programa de convívio, oração, caminhada, jogos e reflexão, tendo como tema a crise económica que afecta o país. “Queremos que os jovens se interroguem sobre como podem viver a solidariedade e, como cristãos, de que forma podem enfrentar esta crise” explica o padre Leonel Claro, em declarações à Agência ECCLESIA. De ano para ano, “são cada vez mais os jovens que optam por passar o final do ano integrados em iniciativas ligadas à Igreja”, destaca o responsável pela Pastoral Vocacional Juvenil dos Missionários Combonianos. Seja através de grupos ou movimentos paroquiais ou a partir de instituições religiosas, “o importante é que a Igreja proponha novas iniciativas, aproveitando os momentos que a sociedade civil nos dá, para os transformar e dar-lhes um cunho cristão” acrescenta. O acolhimento aos jovens será feito esta noite, a partir das 19 e 30, seguindo-se um período de conhecimento mútuo e convívio. “Muitos já sabem o estilo daquilo que vamos viver, com momentos que não se encontram em outros lugares, com uma partilha de fé que enriquece cada jovem” conclui o padre Leonel Claro. A manhã de dia 30 será reservada a um workshop dedicado à “crise económica e a solidariedade”. O programa para os quatro dias de Reveillon XL contempla ainda acções de paz pela solidariedade e reconciliação; um “sarau pela paz” na cidade da Maia; reflexões sobre o carisma dos missionários combonianos e a celebração da eucaristia, para além de muitos momentos de festa. |
Quem quiser pode ir já começando a afinar a voz e a decorar o hino que vai animar a Jornada Mundial da Juventude, marcada para Agosto do próximo ano, em Madrid. A versão portuguesa da música, intitulada “Firmes na Fé”, já se encontra disponível em formato pdf e com pauta incluída, num trabalho realizado pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), em colaboração com a Comissão Organizadora do certame. A letra da canção - que pode ser ouvida aqui, na sua versão original - é baseada no texto do Apóstolo São Paulo, “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”, escolhido por Bento XVI como o tema da JMJ Madrid 2011. De acordo com as previsões do DNPJ, a versão 2011 daquele que é o maior encontro de jovens católicos deverá contar com a participação de cerca de 15 mil portugueses.
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«Eu quero!» é o lema escolhido para a Campanha de matrículas 2010 da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC). É deste modo que se pretende cativar os alunos numa campanha de matrículas neste final de ano lectivo.
A EMRC é parte integrante do Curriculo escolar desde o ensino Básico ao Secundário, sendo de oferta obrigatória e de frequência opcional, e apresenta-se como "um espaço educativo de grande interesse" no contexto de "uma autêntica educação integral".
O desdobrável que promove a inscrição em EMRC para o ano lectivo 2010/2011 sublinha que "a dimensão religiosa é fundamental para se dar resposta à inquietação humana pelo sentido último da vida".
"O conhecimento da mensagem cristã é essencial para a definição da própria identidade, no contexto de um país com profundas raízes cristãs", assinala-se ainda.
Dimas Pedrinho, responsável pelo Departamento da Educação Moral e Religiosa Católica do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC) refere ao programa «70x7» que a disciplina ensina a "ser mais pessoa".A respeito da campanha de matrículas, que quer sensibilizar pais e alunos, este responsável admite que a EMRC tem de enfrentar vários desafios para se conseguir apresentar "de forma atractiva, criativa".
Vários organismos espanhóis preparam-se para inscrever cerca de mil jovens no programa criado por Lisboa em www.eu-acredito.net Este programa específico é um projecto de vários jovens e movimentos de Lisboa que procuram organizar a pastoral juvenil de forma que os mais novos possam viver em conjunto a experiência de se encontrarem com Bento XVI. Do programa consta não só a participação na Eucaristia, mas também a serenata que está preparada para o Papa junto da Nunciatura enquanto estiver a jantar e também, para os que desejarem, a possibilidade de seguirem em peregrinação para Fátima e aí participarem nas celebrações de 12 e 13 de Maio. Estão já inscritos cerca de três mil jovens portugueses entre os 15 e os 30 anos. Para as crianças há também um programa que deverá ser tratado com os responsáveis das escolas e da catequese. |