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O nosso "Santo Fundador" - reflexão pascal

por Zulmiro Sarmento, em 01.04.10

 

Aproxima-se mais uma vez a celebração feliz da Páscoa Cristã.
Nós, discípulos de Cristo pelo Baptismo e pela Fé, celebramos nestes dias os maiores acontecimentos da história da salvação da humanidade: a Morte e a Ressurreição de Jesus.

Sabemos todos, certamente, que as comunidades religiosas, de homens ou de mulheres, têm uma enorme estima e uma santa veneração pela pessoa que deu origem à sua Ordem e até usam chamar-lhe “o nosso santo fundador”. É o caso de S. Francisco para a Ordem Franciscana, de S. Inácio para os Jesuítas, de S. Bento ou S. Bernardo para os Beneditinos, de S. João Bosco para os Salesianos, de S. Clara para as Clarissas e de S. Teresa para as Carmelitas, para referir apenas as mais antigas e mais notáveis.
Outro tanto acontece com as grandes religiões do mundo. Todas tiveram o seu próprio fundador, a quem veneram como justo e venerável e a quem celebram como inspirador e modelo: Buda - o criador do Budismo; Maomé - o fundador do Islamismo; Abraão - o promotor do Judaísmo; e Jesus, o iniciador do Cristianismo.
Todas as religiões que há no mundo têm um dogma e uma moral, indispensáveis e úteis à vivência feliz de cada ser humano. Eu chamar-lhes-ia imprescindíveis, por corresponderem a uma ânsia natural do homem que nada nem ninguém consegue preencher ou saciar. Em todas as religiões há verdades úteis e virtudes necessárias. Eu costumo dizer que é melhor ter alguma religião do que não ter nenhuma. Não crer em nada e não seguir nenhuma norma moral com o mínimo de seriedade é viver sem sentido e caminhar sem esperança: infelizmente, em nossos dias de materialismo e indiferentismo, é o que mais se está a ver.
Assim sendo, e havendo hoje uma profunda ignorância nos assuntos da religião, existe a tendência de considerar e afirmar que todas as religiões são boas, que todas são iguais, que todas têm valor idêntico…e cai-se no indiferentismo, não valorizando nenhuma e desinteressando-se de todas. Se eu vivesse assim, acho que seria a pessoa mais infeliz do mundo! – acrescento sinceramente.
Há porém profundas e indiscutíveis diferenças entre o Cristianismo e as demais religiões.
Antes de mais, porque os fundadores das outras religiões, por mais justos e bons que tenham sido, foram simples seres humanos: frágeis, falíveis, e mortais como todos nós. Buda morreu. Maomé morreu. Confúcio morreu. Abraão morreu. Nenhum está vivo. Nenhum está no meio dos seus seguidores.
Com Jesus não é assim: do Seu exemplo e da Sua acção, ficou bem claro para todos os crentes, e também para os não crentes que aprofundam a história e estudam os documentos, que não foi e é um simples homem igual a nós. Quem dá vista a cegos de nascença com um exíguo toque, acalma uma tempestade com um elementar sinal de mão, cura leprosos incuráveis com um pequeno gesto atencioso e ressuscita mortos com uma simples ordem imperativa, não é apenas um ser mortal ou um homem pecador. O nosso fundador é divino, eterno e imortal. Assim o viram aqueles que conviveram com Ele.
Todos os outros fundadores de religiões nasceram de um pai de uma mãe como nós todos nascemos, e morreram no termo dos seus dias como nós morremos. Com Jesus, tudo se passou de outro modo bem diferente: nascido por intervenção divina, quando chegou a Sua e a nossa hora, entregou-se às afrontas e aos insultos, às humilhações e à tortura, com uma humildade e uma paciência inacreditáveis, e levou a sua entrega até à morte voluntária e redentora, como prova do Seu grande amor por nós! E não só por nós! Ele disse aos seus discípulos: por vós e por todos! Portanto, por todas as pessoas do mundo, pela salvação de todos os filhos de Adão: de qualquer terra, de qualquer tempo, de qualquer raça, de qualquer religião.
E outra diferença fundamental existe: JESUS, O NOSSO MESTRE E FUNDADOR RESSUSCITOU! ESTÁ VIVO! PARA ALÉM DE ESTAR COM O PAI CELESTE, ESTÁ TAMBÉM CONNOSCO, OS SEUS DISCÍPULOS: NA MISSA QUE CELEBRAMOS, NA HÓSTIA QUE COMUNGAMOS, NO SACRÁRIO QUE VISITAMOS.
Nenhuma religião tem isto! As outras têm o seu Livro Sagrado, podem ter uma imagem ou a estátua do fundador, mas não o têm a ele, vivo, tão real como quando andava cá. Simplesmente porque morreram e não consta que tenham ressuscitado!
Se corrermos a biografia de Jesus, escrita por aqueles que andaram com Ele, que ouviram tudo o que Ele disse e viram quanto Ele fez, não conseguimos encontrar uma palavra ou uma acção menos própria ou menos recomendável. Quem viveu assim? Quem morreu desta maneira? Quem está vivo, depois de ter morrido? Os seus discípulos dos primeiros dias viram-nO depois de ressuscitar. Uma e outra vez. Em grupo e em multidão. E não era um espírito ou um fantasma: falou com eles; comeu até com eles.
Mas há mais.
Tendo morrido por todos os homens e mulheres do mundo, Jesus pôs a salvação ao alcance de todos! E por isso, em qualquer parte do mundo, em qualquer religião, quem procura a Deus de boa fé e com um coração sincero, segundo o que aprendeu ou lhe ensinaram, e pratica a justiça e faz o bem, é aceite por Deus e está no caminho da salvação.
Não acontecerá porém o mesmo a quem prescinde de Deus na sua vida e vive num culpado indiferentismo religioso (como se não precisasse de Deus para nada e como se Deus não existisse), esquecendo, desprezando e minimizando tudo o que aprendeu ou lhe ensinaram…e há agora tantos discípulos de Jesus que assim vivem!
Se acreditamos, como dizemos… mas prescindimos culpadamente de Deus e vivemos como se não crêssemos n’Ele ou Ele não existisse…que futuro esperamos? Prémio? Recompensa? Salvação?... Não tem lógica nem sentido racional.
Ser cristão (em vez de budista, muçulmano ou judeu) tem esta grande diferença: nós acreditamos e seguimos um Deus Vivo que nos ama, que nos mostrou o Seu amor e o amor do Pai dando a Vida por nós numa Sexta-Feira Santa, que ressuscitou ao terceiro dia no Primeiro Dia de Páscoa, que se junta a nós quando nos reunimos em Seu nome, que trilha connosco os caminhos duros da nossa existência e que continua a ensinar-nos com a Sua Palavra e a salvar-nos com os Seus Sacramentos.
Que mais nós queremos? Que mais nós precisamos?
Procuremos ser dignos de tal Senhor, e seguir tal Mestre e tal Amigo!
Páscoa Feliz para todos os leitores!

Resende, 20.04.10
Correia Duarte

in ECCLESIA

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publicado às 08:00

«Passo a rezar»: projecto inédito combina oração, mobilidade e tecnologia

por Zulmiro Sarmento, em 18.02.10

Nas primeiras doze horas, site teve 30 mil páginas vistas. Ficheiros em mp3 querem chegar às pessoas «que julgam que não têm fé»

“Que este Deus que é próximo se faça realmente próximo”: este o principal objectivo do site passo-a-rezar.net, que foi apresentado esta Quarta-feira em conferência de imprensa, em Lisboa.
“Os números são absolutamente impressionantes: entre ontem à noite e hoje de manhã tivemos cerca de 30 mil páginas vistas”, referiu o jesuíta Francisco Martins ao pronunciar-se sobre o número de acessos nas primeiras doze horas.
O impacto do projecto, comprovado por notícias em diversos meios de comunicação social e pela presença, durante o encontro, de duas estações de televisão nacionais, superou as expectativas.
Esta “potencialidade mediática” é explicada pelo aparecimento de uma “forma nova” de rezar. “A ideia – explicou o religioso – tenta conciliar a oração pessoal com as novas tecnologias”, respondendo a uma “vida urbana contemporânea” marcada pela “mobilidade”. “Deus não está só nas igrejas”, assinalou Francisco Martins. “O lugar sagrado é o espaço que habitamos”.
Um projecto para pessoas «que julgam que não têm fé»
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“Sentimos cada vez mais a fome de rezar. Há muita gente à busca de soluções onde não as encontra. Os ficheiros em áudio, o computador e a internet podem ajudar as pessoas que julgam que não têm fé a aproximarem-se, aos poucos, de Deus”, considerou o Pe. Dário Pedroso, responsável do Secretariado Nacional do Apostolado de Oração.
“Estou convencido de que há muita gente que não vai à missa, que não reza o terço e que só vai a Fátima como turista e que se pode sentir interpelada a ouvir” as músicas e os textos, afirmou o sacerdote jesuíta.
O número de páginas consultadas revela que há um potencial de crescimento em sectores da população que não estão explicitamente ligados à Igreja, como por exemplo jovens que não frequentaram a catequese nem receberam o sacramento do Crisma.
Uma oração, muitas opções de escuta
O site tem um desenho minimalista, favorecendo o acesso rápido e intuitivo aos conteúdos. Os visitantes encontram de imediato dez orações (cinco por semana), o que evita as consultas diárias à página.
Padre Dário Pedroso e Francisco MartinsOs conteúdos podem ser transferidos para um leitor digital de áudio, telemóvel, iPod ou outros equipamentos que possibilitem a audição de sons em formato mp3. As orações ficam guardadas nestes aparelhos ou no computador que as descarrega, possibilitando a sua escuta a qualquer hora. Nada impede que os utilizadores meditem nas palavras e músicas mais do que uma vez ao dia ou fora das datas para as quais foram concebidas.
Os ficheiros, de 10 a 12 minutos, começam por uma música, religiosa ou étnica. Após a leitura bíblica, habitualmente extraída do Evangelho, seguem-se as pistas de oração - “perguntas para a pessoa lançar e rever o dia com Deus”.
Além dos apoios de organismos da Igreja – ECCLESIA, Rádio Renascença e Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura – o projecto é sustentado pela colaboração voluntária dos locutores. Entre eles há dois profissionais de rádio e televisão. A escolha das vozes amadoras, por seu lado, resultou de um processo prévio de selecção.
Até à Páscoa, as meditações serão traduzidas do site inglês que inspirou o projecto (pray as you go). A partir dessa altura os textos serão assinados por religiosos da Companhia de Jesus em Portugal, bem como pelo Pe. José Tolentino Mendonça.
Nesta Quarta-feira, o número de visitas ultrapassou a capacidade do servidor que aloja a página, pelo que são esperadas algumas interrupções temporárias no acesso aos conteúdos.
Foto: Pe. Dário Pedroso e Francisco Martins durante a conferência de imprensa.
in ECCLESIA

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publicado às 09:36

Quaresma: 40 dias para mudar

por Zulmiro Sarmento, em 17.02.10

 

A Igreja Católica começa a viver esta Quarta-feira o tempo da Quaresma, uma etapa do percurso litúrgico que ao longo de 40 dias propõe uma mudança em profundidade, como forma de preparar a festa maior do Cristianismo, a Páscoa.
As mensagens de vários Bispos do nosso país seguem de perto as reflexões de Bento XVI para a Quaresma de 2010, na qual o Papa convida os cristãos de todo o mundo a “contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem”. O texto apresenta uma reflexão sobre os conceitos de justiça e injustiça, assinalando que “aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei”.
O Dossier que a Agência ECCLESIA publica esta semana destaca a mensagem assinada pelo Bispo da Guarda, D. Manuel Felício, o qual aborda a realidade portuguesa, pedindo que haja “a coragem de promover entre os cidadãos uma verdadeira cultura de justiça, que supõe conjugação de esforços para a autêntica educação cívica e de valores”. “De outro modo – e os factos estão a confirmá-lo – será difícil garantir eficácia à nossa justiça, sujeita como está a toda a espécie de pressões e cada vez mais embrulhada em jogos de interesses”, alerta.
Por seu lado, José Dias da Silva, vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz, escreve que “somos chamados a exigir de todos, governo, oposição e a sociedade nas múltiplas valências e talentos, que, com respeito pela democracia e pelo sentido de Estado, dêem prioridade a um clima de harmonia na diversidade de projectos”. “Em nome do amor, somos chamados a combater, por todos os meios, a corrupção, esse monstro que conspurca a nossa sociedade e está disseminada por todos os estratos sociais”, atira.
Acácio Catarino, por seu lado, defende que numa Quaresma de crise “seria razoável que, sobretudo, os leigos católicos se lembrassem que estão «condenados», felizmente, a viver, em comunhão plena e para sempre, na bem-aventuraça eterna; por isso, nada perderiam se «ensaiassem» essa comunhão, na vida terrena”.
Em entrevista ao programa da Igreja Católica na Antena 1, Fr. José Nunes, professor de teologia na UCP, destaca que o tempo quaresmal ajuda os cristãos a centrarem atenções no “cerne” da sua fé, que é a “festa da Páscoa”. A ressurreição de Jesus, sublinha, é o momento que o distingue como “aquele a quem se deve seguir”. O “número simbólico” dos 40 dias lança os católicos numa caminhada de “ascese, interioridade, conversão”.
“Os cristãos na Quaresma procuram rezar mais intensamente, para se prepararem para essa grande festa da Páscoa. É também um tempo de luta, de luta contra o mal, digamos assim”, indica.
O teólogo dominicano sublinha que este esforço de conversão não é apenas uma questão privada, interior, mas visa “todos os males do mundo, todas as formas de morte, porque a Páscoa é a vitória da vida”.
Outra prática habitual deste tempo, o jejum, não deve ser vista como uma mortificação ou algo que interesse por si mesmo. “Jesus nunca pediu sacrifícios pelo sacrifício”, observa. Assim, a autodisciplina do jejum tem em vista “um projecto de vida” e permitir “ajudar outros”, com o que se poupa através desse esforço.
História e espiritualidade
A Quaresma é, no Ano Litúrgico, o tempo preparatório da Páscoa, a grande celebração do mistério da Salvação pela morte e ressurreição de Jesus Cristo. Na actual disciplina litúrgica, vai da Quarta-Feira de Cinzas até Quinta-Feira Santa, excluindo a Missa da Ceia do Senhor, que já pertence ao Tríduo Pascal.
Inicialmente durava 3 semanas, mas depois, em Roma, foi alargada a 6 semanas (40 dias), com início no actual I Domingo da Quaresma (na altura denominado Quadragesima die, entenda-se 40.º dia anterior à Páscoa).
O termo Quadragesima (a nossa "Quaresma") passou depois a designar a duração dos 40 dias evocativos do jejum de Jesus no deserto a preparar-se para a vida pública. Como, tradicionalmente, aos Domingos nunca se jejuou, foi necessário acrescentar alguns dias para se perfazerem os 40. Daí a antecipação do início da Quaresma para a Quarta-Feira de Cinzas.
A cinza recorda o que fica da queima ou da corrupção das coisas e das pessoas. Este rito é um dos mais representativos dos sinais e gestos simbólicos do caminho quaresmal.
Nos primeiros séculos, apenas cumprem este rito da imposição da cinza os grupos de penitentes ou pecadores que querem receber a reconciliação no final da Quaresma, na Quinta-feira Santa, às portas da Páscoa. Vestem hábito penitencial, impõem cinza na sua própria cabeça, e desta forma apresentam-se diante da comunidade, expressando a sua vontade de conversão.
A partir do século XI, quando desaparece o grupo de penitentes como instituição, o Papa Urbano II estendeu este rito a todos os cristãos no princípio da Quaresma. As cinzas, símbolo da morte e do nada da criatura em relação a seu Criador, obtêm-se por meio da queima dos ramos de palmeiras e de oliveiras abençoados no ano anterior, na celebração do Domingo de Ramos.
Este Domingo dá início à Semana Santa, que conclui a Quaresma e tem como finalidade a veneração da Paixão de Cristo a partir da sua entrada messiânica em Jerusalém.
Uma prática penitencial preparatória para a Páscoa, com jejum, começou a surgir a partir de meados do século II; outras referências a um tempo pré-pascal aparecem no Oriente, no início do século IV, e no Ocidente no final do mesmo século.
Nos primeiros tempos da Igreja, durante esse período, estavam na fase final da sua preparação os catecúmenos que, durante a vigília pascal, haveriam de receber o Baptismo. Por volta do século IV, o período quaresmal caracterizava-se como tempo de penitência e renovação interior para toda a Igreja. Tradicionalmente, a Igreja recomenda as práticas da oração, o jejum e a esmola.
Na Liturgia, este tempo é marcado por paramentos e vestes roxas, pela omissão do "Glória" e do "Aleluia" na celebração da Missa.
 
in ECCLESIA

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publicado às 10:06

Passo a rezar: Leva contigo a tua oração

por Zulmiro Sarmento, em 17.02.10

Projecto adapta-se à mobilidade urbana e supera limites horários e geográficos

A partir de 17 de Fevereiro, o Apostolado da Oração vai oferecer, de 2.ª a 6.ª feira, um ficheiro áudio que pretende “ajudar as pessoas a sintonizarem-se com Jesus Cristo e a rezar com o mundo, no mundo e pelo mundo”.
“Trata-se de uma prece diária de 10 a 12 minutos, com música de fundo, introdução, uma leitura – normalmente o Evangelho do dia – e pontos de oração inspirados na espiritualidade de Santo Inácio de Loyola”, explicou o jesuíta Francisco Martins ao programa ECCLESIA na Antena 1.
O acesso à oração, gratuito, far-se-á através do site passo-a-rezar.net. O ficheiro será disponibilizado na véspera do dia a que corresponde, podendo ser guardado no computador ou enviado por correio electrónico. Mas também pode ir para qualquer lado através da transferência para um leitor de música digital ou para um dispositivo de armazenamento portátil – uma pen drive, por exemplo.
Com este projecto, a oração supera os limites horários e geográficos e adapta-se à mobilidade urbana. “As pessoas já não rezam só dentro das igrejas. A partir de agora podem fazê-lo diante do computador, no trânsito, nos transportes… onde acontecer. A iniciativa quer responder à necessidade de rezar onde o ritmo da vida impõe”, referiu o religioso.
O conceito, inspirado no site pray-as-you-go, concebido pelos Jesuítas ingleses, quer “chegar à cultura da vida daqueles que rezam todos os dias e que, no encontro com Jesus Cristo, ganham força para transformar o mundo”.
A Rádio Renascença cederá os estúdios para as gravações e editará os sons. As vozes e a escolha dos conteúdos são asseguradas por dezenas de voluntários. O projecto conta igualmente com o apoio da ECCLESIA e do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
Francisco Martins está convicto de que o sucesso do passo-a-rezar.net deverá ser medido não só pelo número de visitas ao site e pela quantidade de ficheiros transferidos, mas também “pela qualidade da oração das pessoas”.
O primeiro ficheiro, respeitante à Quarta-feira de Cinzas – início da Quaresma – ficará disponível na noite do dia 16 de Fevereiro.
 
in ECCLESIA

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publicado às 08:00

Leigos sugerem pistas de reflexão aos sacerdotes

por Zulmiro Sarmento, em 18.01.10

 

Converter os novos pagãos só com anúncio surpreendente

Um grupo alargado de leigos da Arquidiocese de Braga entregou ontem no Congresso Internacional sobre o Presbítero algumas sugestões para que a Igreja em geral e os sacerdotes em particular reflictam no decurso deste Ano Sacerdotal. Insistindo na tónica constante e transversal deste congresso - o padre deve apostar mais na espiritualidade e menos na gestão organizacional -, os porta-vozes de algumas paróquias da Arquidiocese, escolhidas por terem características diversas, frisaram que, no mundo actual, a conversão dos «novos pagãos» só se consegue «através de um anúncio surpreendente, feito por um ministro de Deus que testemunhe na vida a proximidade com quem o enviou e a quem foi enviado». Nas conclusões do congresso, que encerrou com uma missa na igreja do Seminário Conciliar (na foto), reconhece-se que «as novas realidades do nosso mundo exigem novas formas de ser presbítero» e que este tem de estar em «formação permanente» e dedicar «muito tempo à formação dos leigos».

Texto, Álvaro Magalhães
Foto, Avelino Lima
Jornal Diário do Minho

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publicado às 08:00

O NATAL NÃO É ORNAMENTO

por Zulmiro Sarmento, em 11.12.09

 

Uma reflexão em forma de poema, pela pena de José Tolentino Mendonça

O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda 
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade
 
O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande
 
O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções
 
O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!
Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará
 
José Tolentino Mendonça

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publicado às 08:00

D. António Marto escreve aos padres sobre o Ano Sacerdotal

por Zulmiro Sarmento, em 01.07.09

 

Caros irmãos Padres:

Após um frutuoso ano dedicado a S. Paulo, o Santo Padre propõe a toda a Igreja um "Ano Sacerdotal", com o sugestivo lema "Fidelidade de Cristo, fidelidade do padre". E coloca-o sob a égide e inspiração do Santo Cura d' Ars, por ocasião do 150º aniversário da sua morte.

Ao completar três anos da minha tomada de posse como bispo da diocese, resolvi escrever uma carta aos meus irmãos padres sobre o Ano Sacerdotal, que mais directamente nos diz respeito, acrescentando algumas informações. Peço, pois, a vossa benevolência para a lerdes.

A acção do Cura d' Ars desenvolveu-se numa situação caracterizada pela indiferença, pela hostilidade e pelo cinismo em relação  ao cristianismo e à Igreja, num mundo pós-revolução francesa. O estado de crise da Igreja no seu tempo assemelha-se, em vários pontos, à situação que a Igreja enfrenta hoje.

A referência ao Santo Patrono não pode ser vista como uma "cópia" conforme ao modelo. Deve ser, antes, compreendida como uma dinâmica espiritual e pastoral de que ele continua a ser inspirador. De facto, o povo apreciava nele o sacerdócio acorrendo em multidão, enquanto o via como testemunha da ternura salvífica de Cristo e da santidade na entrega total e quotidiana ao seu ministério de pastor.

Por que razões o Papa Bento XVI decidiu então proclamar um Ano Sacerdotal?

1. Em primeiro lugar, o Ano Sacerdotal pretende levar as comunidades cristãs a tomar consciência do ministério dos padres como um dom de Deus essencial para a vida e a missão da Igreja, portanto, das próprias comunidades. É que hoje vivemos numa cultura onde se mede tudo pelo funcional. E entre o povo cristão também se infiltrou esta visão deformada e redutora acerca do padre como funcionário duma instituição religiosa, um prestador de serviços de que se tem necessidade algumas horas na vida. Assim perde-se a dimensão sobrenatural do sacerdócio de Cristo e dos padres para o povo de Deus e a humanidade.

Hoje como ontem, os padres são um dom inestimável e necessário para a beleza e a saúde espirituais da Igreja e do mundo.

Onde o bem estar é o limite do horizonte, eles anunciam o Invisível que é Deus-Amor e a esperança que ele suscita e oferece.

Onde o que é rentável e mensurável domina e torna prisioneira a vida, eles querem ser "profetas" do Evangelho do amor e da liberdade autênticos.

Onde as divisões ferem e destroem as relações, eles oferecem o dom do perdão divino e abrem caminhos de reconciliação, de comunhão e de paz.

No meio das mudanças profundas da nossa sociedade, os padres querem ser pastores bons e compassivos, incansáveis testemunhas da ternura e da misericórdia de Deus que salva o mundo. "Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que Deus pode dar a uma paróquia e um dos mais preciosos dons da misericórdia divina" (Cura d'Ars).

2. Em segundo lugar, o Ano Sacerdotal pretende levar os próprios padres a redescobrir a beleza do seu sacerdócio, a dar um "salto de qualidade" na sua vida espiritual e pastoral, na sua entrega a Cristo e ao seu povo, para corresponderem o mais dignamente possível ao dom e à responsabilidade de que são portadores. É o que chamamos a "segunda conversão".

Homens tomados dentre os homens, os padres também conhecem as suas próprias fragilidades e apoiam-se na graça de Deus ("Basta-te a minha graça"- disse o Senhor a Paulo), na fraternidade do presbitério e no amor e carinho das comunidades que servem.

A grandeza do ministério do padre não vem apenas do poder "agir em nome de Cristo" para anunciar o Evangelho, para celebrar a Eucaristia, para perdoar e para construir a comunhão. A força da sua missão vem também do facto de que as suas palavras e os seus gestos, pelos quais Cristo age no mundo, se enraízam na oferta que ele  faz da sua própria vida a Cristo e aos irmãos, em cada dia.

Tal como os pais fazem tantos sacrifícios para alimentar, vestir e educar os filhos, assim também o sacerdote os realiza, como pai espiritual, para assegurar os dons da salvação ao povo que Deus lhe confiou. E isto só se faz com muita fé e muito amor! O próprio celibato é a expressão dum amor que dá a vida pelo seu povo.

A usura do tempo leva porém a esmorecer os entusiasmos do início: é o pó do tempo a cobrir de insensibilidade mesmo as maiores realidades. Torna-se então mais propenso a "calcular" o que se dá; a sentir o peso de um cansaço subtil; a agir de modo quase mecânico, privando de alma mesmo os gestos mais nobres e sagrados. Facilmente se pode resvalar para uma mediocridade de vida.

Não basta pois uma fidelidade puramente exterior, resignada, compensada por algum "sucedâneo" mais ou menos lícito ou agradável.

Por tudo isto, o Ano Sacerdotal é um apelo aos sacerdotes a um exame de consciência e a dar um salto de qualidade na vivência do nosso sacerdócio. Em concreto: renovar o entusiasmo do primeiro "sim"; intensificar a renovação da vida espiritual "num coração a coração com Cristo" (Bento XVI), aproveitando as recolecções mensais e o retiro anual; ter uma "regra de vida" que assegure tempo e espaço para Deus e para os fiéis bem como para o repouso salutar; recuperar a fraternidade sacramental do presbitério frente a uma forte tendência para o individualismo no exercício do ministério; valorizar os dons e carismas dos fiéis, a sua corresponsabilidade na edificação da comunidade; cuidar, com desvelo, das vocações ao sacerdócio.

Que no vosso rosto brilhe a alegria de ser padre! Testemunhai com a vossa alegria irradiante que vale a pena ser padre! Proponde, com coragem, o caminho cristão da alegria!

Na sequência desta reflexão ouso solicitar a vossa participação interessada nos seguintes eventos eclesiais, marcando-os desde já na vossa agenda.

1 - O VI Simpósio do Clero de Portugal, de 1 a 4 de Setembro próximo, em Fátima, com o belo e apropriado tema: "Reaviva o dom que há em ti". As inscrições devem ser enviadas para o Vigário Geral, até 31 de Julho, com o valor requerido para a inscrição.

2 - A Festa da Dedicação da Catedral no dia 13 de Julho, com celebração da eucaristia às 19 horas, que revestirá o tom de abertura do Ano Sacerdotal na nossa diocese.

3 - A "Festa da Fé. Rosto(s) da Igreja Diocesana", de 21 a 23 de Maio de 2010, na cidade de Leiria, com vários eventos, a culminar o próximo ano pastoral dedicado à comunidade cristã. Mais tarde dar-se-à informação mais pormenorizada sobre esta festa de nível diocesano, que está em preparação.

4 - Os turnos de formação permanente para o clero de 18 a 22 e de 25 a 29 de Janeiro, que terão lugar na Casa das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, em Linda-a-Pastora, nos arredores de Lisboa.

A todos e a cada um dos sacerdotes renovo a expressão da minha estima pessoal e toda a gratidão pelo trabalho dedicado e por toda a colaboração. Confio-vos a todos, na oração, à protecção materna de Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos.

Um abraço fraterno do vosso irmão bispo,
Leiria, 25 de Junho de 2009
D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima

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publicado às 08:15

Mais uma achega para cristãos exigentes

por Zulmiro Sarmento, em 25.06.09

 

«Stop com Deus»: um espaço de meditação na Internet
Mais de mil e quinhentos pensamentos de inspiração cristã estão disponíveis para leitura e cópia no blogue «Stop com Deus».
A recolha, feita nos últimos dez anos, inclui excertos da Bíblia, passagens de documentos eclesiais, orações provenientes da Liturgia da Igreja, assim como citações de autores contemporâneos retiradas de livros e revistas.
Os extractos, divididos em blocos de cem, podem ser encontrados no endereço http://stopcomdeus.blogspot.com/

 

 

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publicado às 08:16

Um Ano Sacerdotal

por Zulmiro Sarmento, em 13.06.09

 

O Ano Sacerdotal é, antes de mais, um ano para que toda a Igreja possa olhar a realidade daquele sacerdócio que participa do sacerdócio de Cristo cabeça, pastor e servo. Olhar e compreender o dom que é para si e para o mundo. Dom que, por isso, esta Igreja reza e suplica de Deus para que continuamente se reavive em todos os sacerdotes da Igreja. E para que encontre a disponibilidade e generosidade de corações que se disponham a ser sacramento do sacerdócio eterno de Cristo, em cada geração.
Deste Cristo, o sacerdote recebe o seu código genético, ele não é do mundo, por isso, não é atribuição do mundo definir segundo critérios e concepções horizontais a sua identidade. Nem é fruto de condições sócio-culturais ou religiosas favoráveis, é puro dom de Deus concedido antes de mais e sobretudo à comunidade cristã para a edificação da Igreja (S. Tomás).
Mas é também um dom para agradecer. "Ele foi ordenado para actuar em nome de Cristo-Cabeça, para ajudar os irmãos a entrar na vida nova aberta por Cristo, para lhes dispensar os seus mistérios: a Palavra, o perdão e o Pão da Vida, para os reunir no seu Corpo e ajudá-los a formar-se interiormente, para viver e actuar segundo o desígnio salvífico de Deus" (João Paulo II). E agradecer mesmo quando isto não é possível porque as circunstâncias são adversas, a simples presença, o testemunho silencioso de fé em ambientes indiferentes ou não cristãos...
Porque o sacerdócio ministerial é um sinal do amor salvador que o Senhor Jesus dedica à Igreja, uma comunidade que não pode criá-lo antes deve estar disposta a aceitá-lo, porque o recebe do Espírito, não pode, senão obedecer ao mandato de Jesus: Rogai ao Senhor da Messe para que envie trabalhadores para a sua messe (Mt 9,38)
Será ainda um ano naturalmente importante para os padres, para que reavivam o dom que lhes foi conferido pela imposição das mãos, cuidando-o em si próprios. "Diariamente somos chamados à conversão. Mas, neste Ano, o somos de um modo todo particular, juntamente com todos os que receberam o dom da ordenação sacerdotal. Para que conversão? Converter-se para ser sempre mais autenticamente aquilo que somos. Conversão à nossa identidade eclesial para que o ministério seja totalmente consequente com tal identidade, a fim de que uma renovada e gozosa consciência do nosso "ser" determine o nosso "agir", ou melhor, ofereçamos espaço a Cristo Bom Pastor, a fim de que viva em nós e actue através de nós" (D. Mauro Piacenza) Não apenas a partir das perspectivas dos instrumentos e instituições eclesiais de comunhão mas a partir dos processos reais pessoais da própria comunhão.
Referência incontornável deste Ano Sacerdotal será sem dúvida o Santo Cura d'Ars, de quem se celebra século e meio sobre a sua morte. Por si só, pastor sem igual -como o definiu João Paulo II- cumprimento pleno do ministério sacerdotal e da santidade do ministro, poderia constituir todo um programa para este ano. João Maria Vianney morreu em Ars a 4 de Agosto de 1859, depois de quarenta anos de entrega abnegada, quando contava setenta e três anos. Quando chegou a Ars encontrou um povo esquecido da arquidiocese de Lyon, que é actualmente de Belley. No final da sua vida, ali acorriam pessoas de toda França, e a sua fama de santidade, após a sua morte, cedo chamou a atenção da Igreja Universal. São Pio X beatificou-o em 1905, Pio XI canonizou-o em 1925 e em 1929 declarou-o patrono dos párocos de todo mundo. "A sua paróquia que apenas tinha 230 pessoas, com a sua chegada, mudará profundamente. Recordamos que naquele povo havia muita indiferença e muito pouca prática religiosa entre os homens. O bispo tinha advertido João Maria Vianney: "Não há muito amor a Deus nesta paróquia, tu o porás". Mas muito cedo, inclusive de fora do seu povo, o Cura veio a ser o pastor de uma multidão que chega de toda a região, de diversas partes de França e de outros países. Fala-se de 80.000 pessoas no ano 1858. Têm que esperar às vezes muitos dias para o poder ver e se confessar. O que atrai não é certamente a curiosidade nem a própria reputação justificada, pelos milagres e curas extraordinárias, que o santo procurava ocultar. É sobretudo o pressentimento de encontrar um santo, surpreendente pela sua penitência, tão familiar com Deus na oração, que sobressai pela sua paz e a sua humildade no meio do sucesso junto do povo, e sobretudo tão intuitivo para corresponder às disposições interiores das almas e libertá-las dos seus pesos, particularmente no confessionário." (João Paulo II)
A par deste acompanhamento espiritual e da confissão, ocupa particular destaque na sua vida a Eucaristia. À sua preparação e celebração devotava uma intensidade que em todos causava fascínio, compreendia que cuidava da obra de Deus, dom mais excelente a que nada se podia comparar. "A comunhão e o santo sacrifício da Missa são os dois actos mais eficazes para conseguir a transformação dos corações", dizia. Aí recobra permanentemente alegria e ardor para o seu ministério.
A vida e a personalidade do Cura de Ars são, em todos os aspectos um exemplo luminoso e atraente: para as comunidades cristãs como para a sociedade perceber o que é realmente importante no ministério do padre e no seu serviço poderá passar certamente pelo conhecimento deste homem de Deus e da Igreja; para os que se preparam para o sacerdócio compreendendo bem o seu testemunho de vida e a sua vontade obstinada em preparar-se para ser sacerdote; para os próprios padres sê-lo-á igualmente porquanto encontrem nele modelo de vida e de serviço sacerdotal. Inspiração para manter vivo em si o dom inefável do seu próprio sacerdócio. Precisam da sua intercessão para fortalecer numa resposta crescente ao amor de Deus, confiantes na força do dom recebido no dia da ordenação que renova cada dia a vida espiritual e faz enfrentar com renovada criatividade a tarefa de gerar Cristo em si próprio e nos outros.
As comunidades eclesiais começam a dar-se conta que na figura do padre se joga uma parte muito importante e decisiva da igreja. O sacerdócio ministerial é indispensável para a existência de uma comunidade eclesial (Bento XVI) e por consequência para garantir a identidade e a autenticidade e para gerar e regenerar a comunidade cristã.
Seja este Ano Sacerdotal ocasião para compreender na fidelidade de Cristo o caminho para a fidelidade do sacerdote , de cada baptizado e de toda a Igreja.
Pe. Jorge Madureira,
Secretário Comissão Episcopal Vocações e Ministérios
 
Agência ECCLESIA

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publicado às 08:14

Crise dos padres, uma oportunidade?

por Zulmiro Sarmento, em 12.06.09

 

O papel do padre, em vez de se esboroar, tem-se afirmado com um relevo inédito. Pode mesmo dizer-se que o padre se torna cada vez mais importante.
Por bizarro que possa parecer, tornou-se muito raro ouvir falar da identidade ou da função do Padre na Igreja Católica sem associar imediatamente a palavra crise. Se este termo só muito recentemente entrou na gramática do quotidiano para designar a economia e a sociedade, há muito que ele acompanha a definição da figura e da missão do presbítero. Primeiro, porque as estatísticas desenham uma diminuição das vocações sacerdotais e religiosas que não pode não ter consequências.
Segundo, porque o modo como o padre era olhado do exterior também se alterou (o padre detinha um poder simbólico e exercia um magistério social inquestionáveis). E, por fim, e para resumir, a maneira como o Padre olha para si mesmo reflecte também novas interrogações, expectativas e possíveis caminhos. A grande questão é como transformar esta crise, que não é de ontem nem de hoje, numa oportunidade para a perspectivação e vivência deste ministério fundamental.
Há, num contexto de nem sempre fácil leitura, algumas linhas que vão sublinhando a esperança. Uma delas é a percepção paradoxal de que o papel do padre em vez de se esboroar se tem afirmado com um relevo inédito. Pode mesmo dizer-se que o padre se torna cada vez mais importante na vida dos cristãos e das comunidades. À medida que a visibilidade sociológica do padre parece diminuir, cresce a procura para o diálogo e o confronto da vida, as solicitações para acompanhar pequenos grupos e equipas, para estar presente nos momentos mais variados e em contextos mais íntimos. Lendo alguns sinais deste tipo, vemos emergir três eixos que constituem outros tantos desafios para o Padre de hoje:
1. O Padre é chamado a ser cada vez mais um homem da Palavra. Espera-se dele que tenha mergulhado a sua vida e a sua inteligência na Palavra de Deus e possa ser um anunciador, com capacidade de traduzi-la numa linguagem pertinente e actual, agindo com sentido profético e verdadeira sabedoria evangélica.
2. O Padre é chamado a exercer a paternidade espiritual de modo mais intenso, pela disponibilidade para acolher e acompanhar, sublinhando nos momentos diversos o essencial da esperança.
3. O Padre é chamado, até por fidelidade à tradição da Igreja, a sondar e a valorizar as novas fronteiras onde o Espírito se revela.
José Tolentino Mendonça
 
Agência ECCLESIA

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