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Situação é mais grave no interior do país. Novo ano lectivo com mais alunos no primeiro ciclo
A Igreja Católica está preocupada com a falta de formação de uma parte significativa dos docentes de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC). “Temos áreas no país onde há vários professores sem habilitação”, afirmou o novo director do departamento da Conferência Episcopal Portuguesa responsável por aquela área. Apesar de não adiantar números, Dimas Pedrinho refere que há “muitos” docentes nessa situação, sobretudo “nas zonas do interior do país”. O problema reside na distância entre essas regiões e os pólos da Universidade Católica”, instituição que, através do Mestrado em Ciências Religiosas, assegura a formação necessária para a leccionação de EMRC. Embora os professores estejam a “fazer um esforço por ir à fonte buscar a sua formação”, é necessário que a Universidade Católica continue a investir no aperfeiçoamento de modalidades de ensino, designadamente pela Internet, que possibilitem a aprendizagem aos docentes que não podem frequentar diariamente o ensino presencial. “Para já, não há nada específico que exija taxativamente habilitação própria aos professores de Educação Moral e Religiosa Católica. Mas ela poderá vir a ser requerida, e essa é uma preocupação que teremos de enfrentar, com toda a certeza”, declarou Dimas Pedrinho à Agência ECCLESIA. Início do ano: aumento dos alunos do primeiro ciclo Durante a reunião realizada neste Sábado, em Fátima, para avaliar o início do ano escolar, os representantes diocesanos referiram que uma das suas principais dúvidas consiste em saber se, no primeiro ciclo, a EMRC deve ser leccionada antes ou depois das aulas de enriquecimento curricular. “As escolas e os directores têm dúvidas e as Direcções Regionais não respondem por escrito aos esclarecimentos pedidos. Na prática, a disciplina continua a flutuar no horário”, explicou Dimas Pedrinho. “O Secretariado Nacional da Educação Cristã tem feito um esforço para clarificar esta situação com os nossos políticos, e continuaremos a agir nesse sentido. O que a lei diz, actualmente, é que a EMRC é a vigésima sexta hora do horário dos alunos do primeiro ciclo; não quer dizer que seja dada depois das vinte e cinco, mas, com toda a certeza, deverá ser marcada antes das actividades de enriquecimento curricular”, acrescentou. “Por isso – continuou o responsável – a EMRC tem precedência sobre aquelas actividades, pelo que elas nunca deverão ser um problema para as nossas aulas”. Outra questão que tem preocupado os professores relaciona-se com a aprovação de um despacho, nos Açores, que reorganiza o currículo do Ensino Básico. De acordo com esta legislação, a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica foi eliminada do primeiro ciclo, ao passo que no segundo e terceiro o seu estatuto tornou-se ambíguo. Esta regulamentação, datada de 30 de Julho, será implementada a título experimental durante 2009/10, mas tudo aponta para que, a partir do próximo ano, se alargue a todas as escolas do arquipélago. “Não tenho dúvida nenhuma que o despacho é ilegal, uma vez que contraria disposições que estão em vigor em decretos-lei”, afirma Dimas Pedrinho. Apesar destas “desconformidades”, o início do ano está a decorrer “sem grandes problemas”. Os representantes das dioceses referiram que se mantém o número de professores que estão a leccionar EMRC, “o que significa que não há uma quebra de alunos”. Pode mesmo falar-se num crescimento, dado que a nova legislação autorizou os docentes do segundo e terceiro ciclos a leccionar no primeiro, permitindo o aumento do número de estudantes nos primeiros anos do Ensino Básico. Primeira apreciação dos novos manuais Em relação aos livros de apoio que foram lançados em 2008/9 – 1.º, 5.º e 7.º anos, bem como alguns fascículos do Ensino Secundário – o director do Departamento de Educação Moral e Religiosa Católica referiu que ainda é cedo para fazer uma avaliação. As primeiras impressões, recolhidas no ano passado, apontam para uma boa receptividade por parte dos professores de EMRC. Os guias também receberam elogios de docentes de outras áreas, nomeadamente quanto à organização, conteúdo e qualidade. A abordagem escolhida para os manuais privilegiou a oferta de uma “grande variedade” de conteúdos, dentro de temas “devidamente programados e organizados”, possibilitando que os professores possam optar pelos que considerem mais necessários e apropriados. Comissão Episcopal terá novo site Durante a reunião, os cerca de 40 participantes provenientes da maior parte das dioceses, apreciaram o plano de trabalho para 2009/10. Do programa consta a organização de um encontro entre escolas do primeiro ciclo, o tratamento estatístico de dados, o acompanhamento da legislação e a introdução dos novos manuais. A aproximação da Semana Nacional da Educação Cristã, que decorrerá entre 4 e 11 de Outubro, a inauguração, nos próximos dias, do site da Comissão Episcopal da Educação Cristã (www.educris.com) e a realização de um fórum sobre as relações entre escola e religião, que ocorrerá no último fim-de-semana de Janeiro, em Lisboa, foram outros dos assuntos abordados no encontro. Dimas Pedrinho referiu-se igualmente ao facto de o Estado ter deixado de permitir a requisição a tempo integral de professores de EMRC para o Secretariado Nacional de Educação Cristã. Esta disposição implica que os docentes ao serviço daquele órgão da Conferência Episcopal tenham que continuar a dar aulas, embora com horário reduzido. ECCLESIA |
A 46ª Semana das Vocações quer chegar aos jovens através das linguagens que lhes são mais próximas |
“Olá. Sou o Rui, tenho 29 anos, cabelo castanho, olhos escuros e um pé esquerdo que é uma autêntica bomba. Mas quem me conhece sabe que o que me define é uma autêntica paixão pela vida. Gosto mesmo de viver. E é nessa vida de todos os dias que procuro manifestar esta felicidade que é para todos. Acredito que a mensagem de Cristo pode e deve ser transmitida em todas as situações. Sou o Pe. Rui e gosto de ser quem sou”.
Esta é uma das mensagens que a Semana das Vocações apresenta a partir da página que tem na rede social My Space. O convite é para descobrir um mundo que já se pensa conhecer, agora ao ritmo das novas tecnologias. A 46ª Semana das Vocações que começou este Domingo, dia 26, quer chegar aos jovens através das linguagens que lhes são mais próximas, convivendo nos locais onde actualmente os jovens socializam.
“Abrir as mentes em relação à Igreja e em relação à vocação”, traduz à Agência ECCLESIA, o Pe. Jorge Madureira, secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios sobre a opção tomada de ir ao encontro dos jovens numa “rede partilhada por muitos”.
Esta poderá ser uma via para “possibilitar uma abertura que muitas vezes se sente que não existe porque as pessoas estão modeladas por uma cultura e para uma mentalidade que os alheia destas questões. Isso empobrece quem se isola”, lamenta. Esta opção é “intencionalmente” dirigida a jovens, nos locais onde a vida “das gerações mais jovens decorre”.
O uso das novas tecnologias em nada diminuiu o discurso consciente de situar a vocação dentro de uma caminhada profunda de vida. “O portal não traduz uma proposta facilitista”. O Pe. Jorge Madureira indica testemunhos genuínos da vocação da Igreja nas suas várias expressões. “Com esta opção, abrimos um outro canal que não está suficientemente aberto, mas que possibilita o encontro inesperado”. São interrogações colocadas aos jovens vindas de onde menos se espera.
O sacerdote afirma ser central perceber que a “normalidade de Deus está presente na nossa vida”.
“Tem-se uma ideia de que as pessoas que servem a Igreja são pessoas de outro planeta, mas não”. O que as configura é a “experiência de Deus, que provoca impacto e as leva a assumir, com radicalidade, a doação da sua vida aos outros”.
A partir da página do My Space é também possível fazer o download de orações para o Ipod. Deixará de ser invulgar, em vez de músicas auscultarem-se orações nos transportes públicos. “Acredito que muitas pessoas usam o seu percurso nos transportes para um momento de contemplação, apesar da dispersão e da azáfama da vida diária. Poderá ser um momento de intimidade com Deus”.
O Pe. Jorge Madureira afirma que esta 46ª Semana traduz o percurso que a Igreja tem feito “ao longo da sua história” para chegar junto dos jovens e apresentar a inquietação da vocação. “Não se trata de uma resposta à crise vocacional que se fala”, mas um ir ao encontro dos jovens, inclusive “dos que estão fora dos circuitos habituais da Igreja”.
A Igreja sempre teve uma pastoral vocacional. A linguagem é adequada ao contexto actual, mantendo-se os “elementos estruturantes” que constam do guião para esta semana. Este suporte apresenta as mensagens de Bento XVI e de D. António Francisco dos Santos, Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, para a 46ª Semana. São documentos “que propõem uma reflexão”.
O portal apresenta ainda as dinâmicas locais que ao longo desta semana vão acontecer por todo o país. São “elementos estruturantes” que estão nas bases e que “promovem a verdadeira pastoral vocacional que é a oração”. Em cada diocese “há respostas a dar às vocações e quem sente essa inquietação vocacional pode procurar, perto de si, o acompanhamento que precisa”.
Propostas diocesanas e a ponte virtual no My Space quer também desmistificar “ideias feitas que alimentam os preconceitos, mas que são distantes da realidade vocacional”. Em resposta a esta distorção e auscultando a inquietação de muitos jovens, alguns seminários e congregações religiosas abrem, durante esta semana, as suas portas para uma vivência conjunta entre consagrados, sacerdotes e jovens.
Mais informãções em www.myspace.com/vocacoes |
Nos Açores, a taxa de inscrição de alunos na disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) situa-se nos 49%. Em declarações à Agência ECCLESIA, o Pe. José Medeiros Constância, director do Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral Escolar, revela as razões pelas quais os restantes não frequentam a disciplina. “Nos Açores há alternativa à EMRC com a disciplina de Desenvolvimento Pessoal Social”. E acrescenta: “Não vão à disciplina de EMRC, mas vão à alternativa”.
Recentemente, D. António Braga, bispo de Angra, escreveu uma nota pastoral onde apela à inscrição em EMRC. Apesar de reconhecer as dificuldades contemporâneas, o bispo de Angra sublinha que “uma educação integral implica valores, em que se conta também a dimensão religiosa. Daqui a pertinência e importância da disciplina de Educação Moral Religiosa Católica (EMRC), que contribui para a educação integral do aluno, dando uma sabedoria de vida, inspirada no Evangelho”.
A presença da Igreja Católica na Escola não tem, portanto, “nada a ver com proselitismo” – escreveu D. António Sousa Braga. A EMRC não tem como objectivo a conversão de ninguém. “Não é, nem deve ser catequese. Mas também não é simplesmente «História das Religiões». É uma abordagem cultural do Catolicismo, dos valores da mensagem evangélica e da sua encarnação na sociedade” – salienta o prelado.
Ao nível das prioridades, a pastoral escolar ocupa um lugar central na diocese de Angra. Esta aposta situa-se em duas áreas. O Pe. José Constância explica: “primeiro passa pela presença dos cristãos na escola (docentes, alunos, auxiliares e gestores) e a segunda passa pela leccionação de EMRC”. É uma insistência do bispo de Angra porque “é uma caminho de formação para os jovens”.
As famílias estão sensibilizadas para este esforço e “ouvem muito o apelo da Igreja” – relata o director do Secretariado. Neste caminho formativo, o Pe. José Constância sublinha também que “quase todas as paróquias têm um período catequético com dez anos”. E adianta: “as famílias recebem o apoio nestes dois sentidos”.
Apesar da descontinuidade geográfica, todas as ilhas deste arquipélago leccionam a disciplina de EMRC. Para este sucesso contribuem os párocos e professores. “Empenham-se na divulgação da disciplina” – frisou o sacerdote. Por outro lado, as acções de formação de professores também são frequentes.
No mês de Abril e Maio, quase todas as dioceses portuguesas promovem Inter-Escolas. Nos Açores estas actividades são difíceis de concretizar devido à descontinuidade geográfica. “Realizamos com os alunos dos nonos anos e secundário da Ilha de S. Miguel” – afirmou o Pe. Constância. Este ano a iniciativa será no próximo dia 20 de Maio, no Nordeste da Ilha.
Peregrinação das Crianças 2009 - “Quero ter um coração bonito” |
A Peregrinação das Crianças a Fátima, a realizar nos dias 9 e 10 de Junho, reflectirá sobre o tema do ano do Santuário “Os puros de coração verão a Deus”, este ano baseado no 9º Mandamento: “Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos”. Este mandamento interpela-nos a manter a pureza de coração, pois só assim nascerão as boas obras, já que todas as acções nascem no coração do Homem. Assim, nesta Peregrinação, sintetizamos no slogan o que exprime um anseio de todos nós: “Quero ter um coração bonito”. Neste 100º aniversário do nascimento do beato Francisco Marto, apresentamos o seu exemplo de vida às crianças de todo o mundo, como modelo a seguir. Deste modo, esta Peregrinação será também uma grande festa de aniversário, para a qual o pastorinho Francisco convida todos os seus amigos e amigas a estarem presentes! |
Professores de E.M.R.C., em reflexão quaresmal, abrem as portas às exigências do nosso tempo.
A fé e o seguimento de Jesus Cristo têm, hoje como sempre, rosto concreto: Ele, Jesus, tem que ser visível nas nossas motivações, nas nossas palavras, nas nossas atitudes e nos gestos concretos de cada dia e de cada espaço.
Sendo a acção dos professores a visibilidade da Igreja viva e actuante, a acomodação ou o desânimo não podem fazer parte do currículo e da bagagem diária de um educador. Um estilo de vida, envelhecido pelas inseguranças, pelo cansaço e pela indefinição, tem de ser substituído pela frescura do Evangelho e pela esperança que nos anima.
Quem muda o mundo não é quem está sempre a olhar para trás, mas quem arrisca rasgar horizontes, mesmo em dias de nevoeiro. Só assim se pode fazer Páscoa dentro e fora de nós.
SDERE de Aveiro