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Escolhi, há dez anos atrás, o lugar do Porto Novo desta freguesia de São Mateus do Pico, para fazer uma pequena casa, segundo as dimensões exigidas pela lei, numa zona de adegas de puro basalto e com características únicas. Falo da beleza serena, do silêncio, da óptima vizinhança, da proximidade do mar e o cheiro a maresia, a protecção sadia dos salgueiros, do descer do Sol no horizonte que extasia, da existência de água, luz e acesso a todo o tipo de comunicações modernas. Um paraíso. Disse-me pessoa próxima, após a primeira noite de férias debaixo deste tecto: « Tens aqui uma pequena maravilha!». Por nada deste mundo daqui saio, a não ser para o lar de padres idosos. Tenha a lucidez de me aperceber quando estiver na hora. Tal como o fiz com minha mãe. E ela percebeu e aceitou. E a qualidade de vida lá está. Para minha alegria. E para atenuar a tristeza de viver só e sem a sua companhia.
Ora há tempos para cá (um, dois anos, mais coisa menos coisa) este local e suas proximidades foram "povoados" por "aves nocturnas" - não me refiro às cagarras, porque essas fugiram em debandada porque não se sentem em paz, com luzes e roncos de motores - que, desde as 22 horas até 6-7 horas da madrugada, têm acampado, sobretudo à volta do Farol de São Mateus (quem não o conhece se vive à volta desta ilha do Pico?!), num frenesim de carros e carrinhas e jipes a chegar e a partir depois de irem satisfazendo as razões da visita ao local. Talvez o lugar mais famoso do Pico, na prespectiva da venda, oferta e passagem de estupefacientes de alta e baixa "cilindrada".
Todos os dias. Mas com notória incidência nas noites e madrugadas de sextas, sábados e domingos.
Dava-me um prazer profundo este caminho do Porto Novo, do Moinho do Júlio, e do Farol, e dos Cabeços ao Farol passando pelas antigas vigias da baleia, serem passagem diária de grupos de mulheres, homens, casais, jovens e idosos, a praticarem as famosas caminhadas saudáveis, pela tardinha dentro até alta noite. Em grupos de passo apressado e enérgico. Pois esta gente desapareceu. Ou melhor, foram aconselhados todos, por pessoas com cargos de prestígio, a evitarem de imediato a passagem por estes locais por não serem doravante seguros a todos os níveis. Ou aconselhados para deixarem livre o local para dar espaço a melhor e mais desinibida traficância. Também acredito nesta versão maquiavélica. Uma vergonha em terras do Bom Jesus.
E aquelas pessoas da freguesia de São Mateus do Pico - muitas - que aproveitavam estes locais para usarem os seus telemóveis e o pouco de rede que vem das antenas do aeroporto da Horta, que se começaram a sentir incomodadas, inoportunas, desmancha-prazeres, deslocadas, por essas "aves nocturnas". E que se deleitavam a ouvir a voz dos seus filhos estudantes e todo um mundo de relações familiares que nestes locais se faziam entre sorrisos e lágrimas de saudade...
Que prazer estar com os meus amigos sentados nos degraus, voltados a oeste, do Farol! Deixou de ser possível. «Vamos embora daqui! Isto é carros a mais! Ollhem as caras mafiosas daquela gente! Não me sinto seguro aqui!...».
Senhores da PSP da Madalena do Pico: os senhores podem muito bem, pelo menos afugentá-los daqui. Umas visitinhas amiudadas e assunto resolvido. Já se vê de qualquer ponto alto da freguesia os sinais constantes de luzes de faróis, pela noite e madrugada, dessas pestes e escumalha da sociedade... Ai dos nossos filhos e filhas. Quem é educador - eu sou como padre e como professor - fica com o coração partido.
Ou terá o povo de São Mateus se juntar todo e fazer piquetes de guarda destes locais!? Pela noite dentro. Barrando os caminhos. Com atitudes assertivas e eficazes.
Falando com um agente da autoridade, este dizia-me: «... e a carrinha preta de tracção às quatro rodas!». Pois é. Quem será tão sinistro condutor!? As autoridades devem andar com ele ao colo... Num lugar tão pequeno e quase deserto... 15.000 no Pico e nem chega a 1.000 em São Mateus!
Se me acontecer alguma coisa nos próximos tempos já sabem as razões...
Faz-me lembrar e sentir a dor dos pais da Criação Velha que perderam, talvez para sempre, o corpo do seu filho. Ou porque não comprou "produto" ou porque bateu com a língua nos dentes, sendo ou considerado, para essa(s) rede(s) mafiosas(s), persona non grata e perigosa para o negócio... Sabe-se lá o que o rapaz andava a fazer...!
Só faltava me avisarem de que estou a espantar a "caça"!
E aqui ficam as fotos dos locais para as autoridades competentes não se perderem no caminho...