Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]


Desafios na era do powerpoint e do copy-paste

por Zulmiro Sarmento, em 12.02.11

 

Com todas as possibilidades destes dois artifícios com que a internet nos tem possibilitado, por estes dias, lemos e registamos algumas observações sobre o (ab)uso do powerpoint... podendo extrapolar essas referências à cultura ‘copy-paste’... com que certos estudantes/alunos se vão entretendo... embora, quase nunca aprendendo.
Por estes dias lemos, numa entrevista de um ex-jornalista francês que dizia sobre o powerpoint: «é muito prático, pois permite produzir facilmente um suporte (com texto, imagens e gráficos), que pode ser reproduzido até ao infinito, em todos os tipos de apresentações (...) Tornou-se uma linguagem quase universal. Criou, aliás, uma língua nova, cheia de automatismos, que tornam o discurso descarnado, neutro. Permite desresponsabilizar quem usa da palavra». Na visão deste – pretenso – crítico, o powerpoint «produz um tipo de discurso, de argumentação, de raciocínio simplista, esquemático, visual e espectacular que não pode aplicar-se sempre».
De facto, sob a aparência de um powerpoint pode esconder-se alguma incapacidade de comunicação com discurso consistente, pois os flashs de imagens ou de frases, embora sintetizando, podem não deixar perceber o que se sabe ou aquilo que pode ter sido colado à pressa... Cifrado na linguagem da sedução o powerpoint dá a entender, mas não faz – muitas vezes – compreender. Embora possa ser um (bom) suporte para quem sabe daquilo que fala (ou foi incumbido de falar), pode, no entanto, disfarçar a incapacidade de penetrar na sabedoria de quem quer dizer. Sem qualquer preconceito para com o powerpoint, poderemos considerar que este método de comunicar dificilmente poderá esconder uma certa ignorância, tanto das matérias como dos recursos para a sua aprendizagem. Talvez se possa considerar o powerpoint como uma razoável modalidade de comunicação nesta ‘nova era’ do fascínio pelo exotérico... mas onde as armas, se mal usadas, podem voltar-se contra que as tenta manusear... inadvertidamente.

= Da consulta barata... à colagem sem amadurecimento
Hoje é recorrente vermos mais novos ou mais velhos atarefados a consultar a internet para tudo ou quase nada, pesquisando as mais díspares áreas, em busca de informações rápidas – qual ‘fast food’ intelectual – numa ânsia de dar a entender que se sabe qualquer coisa... mesmo que seja de forma superficial.
Com efeito, o velho ‘corta e cola’ – tradução literal de copy-paste – teve uma breve evolução, deixou de ser feito com tesouras e cola para ser virtual, no écran do computador e sob o efeito da mais elementar subversão dos direitos de autor... desconhecido, anónimo ou também ele/a virtual como os dados surripiados na era do global particular.
Vemos, deste modo, crescer uma tendência para fazer-de-conta à custa de alguma superficialidade e, nalguns casos, até de uma outra desonestidade intelectual. Com efeito, aprender custa, obriga a gastar tempo e, sobretudo, a amadurecer os conhecimentos, fazendo-os digerir demoradamente, com racionalidade e até com razoabilidade.
Está na hora de termos pessoas que saibam o que dizem e o que escrevem e que digam aquilo (e só) o que sabem... conscientemente. Basta de sermos confrontados com frases feitas e/ou de citações sem conteúdo. Precisamos de pessoas que estudem e que não se pendurem em chavões nem que digam coisas de uma certa moda intelectual enrolada... mesmo sem compreenderem o (total) significado das coisas a que têm acesso... privilegiadamente.
Honestidade, a quanto obrigas!

António Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 05:23


5 comentários

De No Silence a 13.02.2011 às 01:47

É realmente um artigo muito interessante e acima de tudo um retrato fiel dos tempos que correm. A cultura do Powerpoint, embora que traga muitos beneficios leva, como o autor referiu, muitas vezes a entender mas não a compreender. E do copy-paste nem se fala! Quando se chega a outros meios e se começa a arcar com as consequências do uso completamente inadequado das fontes é que compreendemos que o facilitismo que nos é proporcionado torna-se realmente numa barreia que apenas com muito esforço é ultrapassada.

De Zulmiro Sarmento a 13.02.2011 às 19:18

Fico edificado com estes comentários...

De No Silence a 13.02.2011 às 23:59

Eu tenho cérebro e opinião... pensei que já o soubesse!

De Zulmiro Sarmento a 14.02.2011 às 09:39

Minha menina!... Como me fui esquecer das tuas potencialidades!

De No Silence a 14.02.2011 às 15:47

... Anda muito esquecido!

Comentar post



formar e informar

Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

Pesquisar no Blog  

calendário

Fevereiro 2011

D S T Q Q S S
12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728



Arquivo

  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2016
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2015
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2014
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2013
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2012
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2011
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2010
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2009
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2008
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2007
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D