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Estava na sacristia da Igreja Matriz de Santa Maria Madalena, a igreja no Pico por excelência da Ressurreição, a paramentar-me para a Eucaristia Exequial da Marisa da Conceição neste 15 de Maio quando me surge a simpática adolescente Ana Rocha, minha espevitada e atenta aluna de EMRC, vestida de escuteira e com um papelinho nas mãos. Logo percebi. Disse-lhe que aguardasse pela chamada do seu nome no decorrer da celebração para se apresentar à assembleia e ler o seu testemunho. Assim foi. Com uma voz segura e bonita assim se expressou e que calou bem fundo em quantos a ouviram e eram centenas e centenas. Pedi-lhe nesta manhã o papelinho. Para partilhá-lo com todos. E ela aceitou. Foi a sua boa acção de hoje. Eis o conteúdo do dito papelinho:
«Houvesse corações como o teu! Tão puro e sincero!
Queria gritar ao Mundo e dizer o quanto tu és especial para todos nós, mas não consigo.
Mas consigo uma coisa: gravar-te no meu coração para sempre;
por mais que esteja concorrido tu estarás sempre lá.
Se me ouves, se sentes a minha dor ou se ouves o meu pensamento!
Não preciso dizer mais nada!
Já deves ter percebido que és única e especial!
Eu gostava de poder parar o tempo para te tirar essa dor e tudo o que te impediu de ser feliz!
Mas não posso!
A vida é assim! E temos de sofrer! Injusta ou não todos nós nascemos e morremos.
Marisa, quero que saibas que todos nós estamos aqui a pensar em ti, na tua alegria, na tua maneira de encarar a vida. E serás um exemplo para todos nós!»
Devemos sentir orgulho nos jovens que temos. Mesmo que sejam adolescentes de catorze anos. E que escrevem coisas destas. E com tanta serenidade e unção espiritual. Fico envaidecido por ela ser minha aluna por tudo e mais esta revelação. Obrigado, menina, disse eu em voz alta ao terminar, interpretando assim o sentimento de todos.
Gostaria de transcrever para aqui a minha homilia. Mas seria fastidioso. Agradeço já nesta manhã, ao chegar à Cardeal, os testemunhos de apreço pela simplicidade e profundidade que dei às palavras que proferi na altura própria da celebração. Procuro primar com todas as minhas forças pela simplicidade, frontalidade e beleza da fé cristã. Penso ser um dos caminhos da Nova Evangelização.
Impressionou-me, deveras, a atitude serena e amadurecida de todos os que participaram nas exéquias cristãs da Marisa. O silêncio, o respeito pela dor dos familiares... Espero ter contribuído para tais comportamentos e atitudes manifestamente exemplares. Estávamos na Madalena...!
O Pároco Marco Martinho ausente em serviço pastoral, mais propriamente a ajudar o venerando ancião Júlio da Rosa na preparação da Senhora das Angústias, deu-me esta oportunidade de celebrar a vida da Marisa da Conceição. E fiquei mais fortalecido na fé.