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Um testemunho pela Marisa

por Zulmiro Sarmento, em 16.05.07

    Estava na sacristia da Igreja Matriz de Santa Maria Madalena, a igreja no Pico por excelência da Ressurreição, a paramentar-me para a Eucaristia Exequial da Marisa da Conceição neste 15 de Maio quando me surge a simpática adolescente Ana Rocha, minha espevitada e atenta aluna de EMRC, vestida de escuteira e com um papelinho nas mãos. Logo percebi. Disse-lhe que aguardasse pela chamada do seu nome no decorrer da celebração para se apresentar à assembleia e ler o seu testemunho. Assim foi. Com uma voz segura e bonita assim se expressou e que calou bem fundo em quantos a ouviram e eram centenas e centenas. Pedi-lhe nesta manhã o papelinho. Para partilhá-lo com todos. E ela aceitou. Foi a sua boa acção de hoje. Eis o conteúdo do dito papelinho:

 

    «Houvesse corações como o teu! Tão puro e sincero!

      Queria gritar ao Mundo e dizer o quanto tu és especial para todos nós, mas não consigo.

      Mas consigo uma coisa: gravar-te no meu coração para sempre;

por mais que esteja concorrido  tu estarás sempre lá.

      Se me ouves, se sentes a minha dor ou se ouves o meu pensamento!

      Não preciso dizer mais nada!

      Já deves ter percebido que és única e especial!

      Eu gostava de poder parar o tempo para te tirar essa dor e tudo o que te impediu de ser feliz!

      Mas não posso!

      A vida é assim! E temos de sofrer! Injusta ou não todos nós nascemos e morremos.

      Marisa, quero que saibas que todos nós estamos aqui a pensar em ti, na tua alegria, na tua maneira de encarar a vida. E serás um exemplo para todos nós!»

 

       Devemos sentir orgulho nos jovens que temos. Mesmo que sejam adolescentes de catorze anos. E que escrevem coisas destas. E com tanta serenidade e unção espiritual. Fico envaidecido por ela ser minha aluna por tudo e mais esta revelação. Obrigado, menina, disse eu em voz alta ao terminar, interpretando assim o sentimento de todos.

        Gostaria de transcrever para aqui a minha homilia. Mas seria fastidioso. Agradeço já nesta manhã, ao chegar à Cardeal, os testemunhos de apreço pela simplicidade e profundidade que dei às palavras que proferi na altura própria da celebração. Procuro primar com todas as minhas forças pela simplicidade, frontalidade e beleza da fé cristã. Penso ser um dos caminhos da Nova Evangelização.

         Impressionou-me, deveras, a atitude serena e amadurecida de todos os que participaram nas exéquias cristãs da Marisa. O silêncio, o respeito pela dor dos familiares... Espero ter contribuído para tais comportamentos e atitudes manifestamente exemplares. Estávamos na Madalena...!

         O Pároco Marco Martinho ausente em serviço pastoral, mais propriamente a ajudar o venerando ancião Júlio da Rosa na preparação da Senhora das Angústias, deu-me esta oportunidade de celebrar a vida da Marisa da Conceição. E fiquei mais fortalecido na fé.

 

      

      

    

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publicado às 10:30


3 comentários

De Sandra Amaral a 16.05.2007 às 13:42

Estimado Tio a sua homilia foi impressionante. A beleza das suas palavras tocou profundamente o coração e a alma de todos os que se encontravam neste último adeus à nossa querida Amiga Marisa.

De diogo rosa a 16.05.2007 às 21:13

Marisa era uma grande lutadora pela vida, tinha um força de viver impressionante , mas chegou a hora dela partir na esperança de acordar outra vez e viver tudo da melhor maneira.....
este gesto desta rapariga foi de um modo muito bonito e que nós nunca iremos esqueecer !!

nada é impossível !

De Ana Feijó Azevedo a 06.06.2007 às 22:20

Suas palavras foram um bálsamo de alento para a alma, encorajamento para a vida, que primaram pela simplicidade da homilia. Nesse dia proporcionou-nos uma esperança renovada para o desconhecido que todos temem, a morte, que é apenas a transformação da matéria, porque a verdadeira essência é a Alma que, continua viva em cada um de nós, na lembrança que guardamos no coração, coração este, que costumo designar como "A gaveta da Alma", a caixinha que encerra todos os sentimentos e recordações do homem. Será esta gaveta, que Deus um dia há-de colher para si quando estiver bem preenchida.
Creio que Deus colheu a Gaveta da Marisa tão cedo, por estar completamente preenchida de nobres sentimentos, tudo o que existe de bom no ser humano.
No dia 15, renovei a minha Fé e vi como se conseguiu unir tantas Almas na despedida de Marisa, e agradeço-lhe por isso, pela bela mensagem que transmitiu a toda a Comunidade de Sta. Maria Madalena.
Com a mesma simplicidade com que nos falou, eu venho dizer-lhe: - Muito obrigado!

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