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Vida, palavra que todos nós conhecemos, mas que ninguém sabe o seu verdadeiro significado. Contudo, falam, comentam e sobretudo lamentam como se soubessem o que é realmente viver.
Suspiram como se a sua vida fosse a maior catástrofe existente no Mundo e como se não houvesse nada pior.
Pergunto-me, muitas vezes, o que será verdadeiramente importante para a maior parte das pessoas: casas luxuosas? Carros dispendiosos? Contas bancárias "recheadas"? Será isso o mais necessário, os bens materiais?
São situações que me surpreendem, deixam-me bastante confusa e triste.
Afinal, em que Mundo vivemos nós? Num Mundo em que uns têm tudo e outros não têm nada? Em que uns vivem caprichosamente e outros na pobreza absoluta?
Não, muito obrigado! É um tipo de mundo, do qual não quero fazer parte, não me quero incluir.
Pior do que a guerra, a fome e as doenças, só mesmo o egocentrismo daqueles que, quanto mais têm mais querem e não olham a nada para atingir os seus fins.
O que mais me comove e, sem dúvida, me magoa são todas aquelas crianças que estão a sofrer consequências de algo que não causaram.
Será que ninguém vê o que se passa à sua volta?
Pelos vistos, o que predomina no nosso Mundo é o egoísmo, a ambição desmedida, o desrespeito, a incompreensão e a intolerância. E onde está o amor? A alegria? A compreensão? Onde está o lado sensível de cada um?
Não sei, mas um dia gostaria de descobrir.
Se eu pudesse, mudaria a total realidade do Mundo, pois ninguém merece viver melhor que outros, ninguém merece sofrer por algo que não fez e ninguém tem o direito de desrespeitar seja quem for.
Mas, apenas tenho 15 anos, pouca experiência tenho para falar seja do que for, muita coisa tenho de aprender, muitos erros na vida vou cometer, mas com isto tudo vou aprender.
E, como Fernando Pessoa declara: "Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise."
Marlene Lacerda
nº 12, 10º LH da ECCN
post scriptum : Esta adolescente elegante e discreta nos seus comportamentos dentro e fora das aulas, colocou-me uma folha A4 com este escrito em cima da secretária. Muito bem lhe estão a fazer o ambiente familiar, as aulas de Filosofia e EMRC — não há dúvida — mais a sua maturidade juvenil. Pedi-lhe autorização num corredor da escola para fazer o uso que mais achasse oportuno. Acredito no potencial humano da malta jovem que anda por aí. A comunicação social e as bocas foleiras e profetas da desgraça, colocam de rastos o futuro. Mas há sinais positivos de esperança. Há um desconhecido que afirma: «Os jovens escutam músicas e são loucos. Os homens constroem bombas e são normais.». Fica tudo dito.