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D. António Marto deixa desafios à Diocese para o novo ano pastoral
O Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, considera que existem “imagens desfocadas ou mesmo deturpadas da Igreja”, defendendo que a mesma “não é uma ‘internacional’ à qual se possa pertencer à distância, por inscrição e pagamento de cotas, nem uma sociedade de telespectadores, teleouvintes ou cibernautas”. Na Carta para o ano pastoral 2009/2010, o prelado, que é também vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, assinala que “um dos factores que mais mina a consciência de Igreja e que está na base da falta de afecto à Igreja é uma visão demasiado humana, meramente sociológica sobre ela, que é muito redutora”. “A opinião pública fixa-se, normalmente, no seu aspecto institucional. Ora, a relação com uma instituição é sempre mais fria, mais distante e formal”, explica. D. António Marto diz que "a imagem da Igreja, muitas vezes transmitida pelos meios de comunicação, é a de uma grande e poderosa organização internacional da religião cristã: à semelhança de outras grandes organizações, é representada por especialistas (os altos cargos oficiais) e é competente para satisfazer as necessidades religiosas. Assemelhar-se-ia a uma multinacional cuja central seria Roma e cujas filiais ou sucursais seriam as dioceses e as paróquias". P"or vezes, também se veicula a ideia da Igreja como uma Organização Não Governamental (ONG) de beneficência ou solidariedade social, uma espécie de “Cruz Vermelha”para os males sociais; ou ainda como uma agência de moralidade, qual polícia que vela pelos bons costumes", acrescenta. Segundo este responsável, “nota-se ainda, a nível europeu, o enfraquecimento e até a perda da consciência eclesial, isto é, da consciência do verdadeiro sentido da Igreja e da pertença afectiva e efectiva a ela”. “Diversos factores de ordem cultural e social contribuem para isso, sobretudo o crescente individualismo da cultura contemporânea que enfraquece os laços interpessoais e o sentido de pertença”, precisa. Neste contexto, o novo ano pastoral em Leiria-Fátima “será dedicado à edificação da comunidade cristã, à revitalização do seu tecido interior e das suas estruturas e à (re)organização pastoral que isso exige”. O documento fala numa “diminuição acentuada do número de padres no serviço pastoral, por motivos de idade ou doença”, e da “escassez de vocações ao sacerdócio”. Para D. António Marto “todos somos chamados a um maior empenho na edificação de comunidades cristãs vivas, na base do duplo princípio da comunhão e da corresponsabilidade”. A carta pastoral tem como título “Ir ao coração da Igreja”, sublinhando que muitos “só conhecem a Igreja por fora e, por isso, não conhecem o seu coração, a sua beleza interior, não lhe têm afecto, nem têm motivação interior para lhe dedicar a sua colaboração”. O Bispo admite que “a Igreja não precisa de inventar a sua visão, porque esta já se encontra no Evangelho, mas tem necessidade de a redescobrir e aprofundar em cada tempo perante novas situações e novos desafios”. 45 anos após a conclusão do Concílio Vaticano II, diz ainda, “verificamos que ainda há muito caminho para andar”. Falando, mais à frente, de “cinco elementos fundamentais da vida comunitária”, D. António Marto apela à “perseverança na fracção do pão”, isto é, na Eucaristia. “A comunhão dos fiéis em Cristo exige, por natureza, a assembleia à volta de Cristo ressuscitado e a comunhão com Ele. Esta é absolutamente necessária para a Igreja como tal e para cada cristão”, escreve. Este responsável refere ainda que “há que promover, em cada paróquia, a constituição ou revitalização de grupos ou movimentos que colaborem nos vários sectores da pastoral da comunidade”. A carta apresenta um “Modelo de pastoral integrada e integral”, em que se fala no fim do “tempo da paróquia e do pároco auto-suficientes e isolados, que respondiam sozinhos a todos os problemas, exigências e situações”. D. António Marto quer uma rejeição clara, por parte dos fiéis, “à divisão, à desresponsabilidade (indiferença) e à estagnação ou ao imobilismo”. “Estamos conscientes de que são necessárias uma mudança de mentalidade, criatividade e conversão pastoral que mexe com hábitos adquiridos. Mas uma simples «pastoral de conservação», além de ser estéril, mostra-se irresponsável e, ouso dizer, objectivamente pecaminosa, porque surda, se não mesmo hostil à voz de Deus e ao seu chamamento na hora actual”, conclui. |
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