por Zulmiro Sarmento, em 02.07.09
Como a outra telescola, também esta precisa de professores, de mestres, de companheiros, de irmãos e irmãs, mães e pais, avós...
A televisão ofereceu a muitos adolescentes, jovens ou adultos tempo lectivo para além do primeiro ciclo de ensino. A partir dos anos 70, os conteúdos da matemática, do português ou das ciências chegavam pelo mesmo meio que emitia notícias ou novelas, ficção ou realidade. E com taxas de sucesso confirmadas até à extinção do então designado Ensino Básico Mediatizado, em Julho de 2003.
A metodologia da telescola não se limitava, no entanto, à ferramenta multimédia da emissão da televisão, dos videogravadores ou da internet. Para a sua eficácia terá sido decisiva a permanência do que faz a identidade de qualquer processo de ensino, seja ele de carácter técnico, científico e ainda mais quando em causa está a formação de personalidades: a relação entre alunos, entre professores e alunos e entre as famílias e as escolas.
Hoje, outra "telescola" continua a existir. Não só para o 5º e 6º ano. Para todos os anos e todas as idades. E não apenas a partir de um ecrã de televisão, mas com emissões nos múltiplos ecrãs que nos circundam nas mais variadas circunstâncias de cada dia. No entanto, há normalmente uma grande diferença: não existe professor, não existem companheiros, não existe brincadeira nem avaliações. Apenas o olhar fixo num qualquer ecrã que preenche o interior de uma pessoa, de uma sala ou quarto, de uma rua ou praça de qualquer cidade. Porque eles estão por todo o lado!
É (quase) inevitável que ao tempo da escola, suceda o tempo da telescola. No ritmo de cada dia, no descanso de fim-de-semana ou nos períodos mais ou menos longos de férias, ao tempo que se passa entre salas de aula segue-se o que dedicamos a um qualquer ecrã. E em todos aprendemos, ou desaprende-mos, porque de todos recebemos muitas mensagens.
Como a outra telescola, também esta precisa de professores, de mestres, de companheiros, de irmãos e irmãs, mães e pais, avós. Fisicamente presentes ou virtualmente seguidores em redes sociais. Mas sempre em relação.
É cada vez mais dessa forma que passam todas as mensagens. Também as do Evangelho e as que hoje, em dias de crise, querem propor novos modelos de desenvolvimento, a partir da dignidade de todas as pessoas.
Paulo Rocha
Agência ECCLESIA
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