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A Professora, Doutora, Teresa Paiva, conhecida de muitos portugueses pelas palestras que dá, pelas visitas às escolas e televisões, esteve numa escola, algures nos Açores, a convite da mesma para ir de encontro ao Projecto Educativo aprovado. Para falar, claro, do sono na adolescência e não só, qualidade do sono, horas de sono, estatísticas, casos patológicos que lhe passam pelas mãos quanto ao sono, e muito mais achegas oportunas. Um brilharete. E carapuças para todos os gostos e feitios que assentavam que nem uma luva.
Reuniu-se com todos os alunos do Secundário de manhã, com professores de tarde e com (alguns pouquíssimos) pais e encarregados de educação e alguns professores à noite, mais a presença ilustre dos governantes da Educação na Região que certamente levaram a batata quente nas mãos para os seus Gabinetes na Ilha Terceira. Ninguém ficou de fora. Aproveitou quem quis e percebeu a urgência da temática. Além dos aspectos científicos, para mim nada de novo debaixo do céu. Tenho muitas leituras feitas e conhecimento de causa sobre as aberrações de noites inteiras e continuadas pelos dias e semanas fora, no "esgaçanso" do seguinte teor: práticas sexuais irresponsáveis e habituais em corpos e afectos imaturos, nas imediações de espaços nocturnos da moda; pornografia visualizada pelos canais superconhecidos mesmo na companhia de familiares ; alcoólico; psicadélico; cibernético pelas madrugadas dentro nos "sítios" eróticos; fumaças alucinatórias ; adegas, autênticos moteis de rapidinhas; rega-bofe em queima das fitas(?) mais as centenas de comas associados; festas de anos semana sim, semana sim, onde se faz o baptismo de tudo e consome tudo;... e basta de rol!
A distinta e bem documentada Senhora fez um teste específico sobre o tema em causa, com os alunos do Secundário dessa Escola, algures nos Açores, e, segundo afirmações suas, diversas vezes repetidas ao longo desse dia nos outros encontros, ficou a retinir nos meus ouvidos - e de quem não fez orelhas moucas e não costuma assobiar para o lado quando não lhe interessa o assunto - este desabafo com voz nitidamente angustiada e com o semblante carregado: «FIQUEI ASSUSTADA COM OS VOSSOS ALUNOS!».
Portanto, tudo bem. Os visados e verdadeiramente interessados não ligaram pevide ao assunto. Nunca tive expectativas positivas quanto a isto. Uma batalha («cruzada moral», certamente no dizer da aberração do 1º ministro) perdida. Continuaremos nos mesmos hábitos. Custa tanto alterar hábitos (vícios)! Eles lá dizem:«É preciso aproveitar a nossa juventude.»; «Esta vida são dois dias.»; «Vocês mais velhos têm é inveja de não aguentarem a nossa pedalada!».
Que cidadãos sadios e escorreitos teremos daqui a uns anos!!... Surdos, diabéticos, dependentes de todas as drogas, neuróticos, psicóticos, a viverem à custa dos papás pelos vintes e trintas fora, sem rumo definido, sem casamento...
Tenho dito.
P.S. Ah! E a velhota doutora com as suas cãs bem visíveis, como se a idade não a perturbasse minimamente, ainda disse : « Somos o povo do Mundo que se deita mais tarde!...». Claro que tínhamos de ser os primeiros nalguma coisa, «penso eu de que»!
— Por favor, deixem-me com as minhas diárias oito horas de sono, de domingo a sábado. E que se lixem os tansos.
Eles e elas no Secundário dormem - sem ressonar - horas seguidas nas aulas (de Matemática, Português, Geografia, Filosofia, Físico-Químicas, Biologia, História, EMRC - logo de manhãzinha! -,...) de cabeça na carteira feita travesseiro. Os professores ficam sem fala. Alunos que, afinal, são os mais bem comportados nas aulas, pudera! Ora, é deixá-los dormir. Nos tempos que correm pode muito bem ser considerada uma obra da misericórdia...
Nova Iorque é a cidade que nunca dorme. Que mal há nisso?! Gozar a vida que a morte é certa!
No meu tempo uma criança e um adolescente tinha como profissão o ser estudante, em primeiro lugar, e tudo gravitava à volta desta realidade desejada, hoje, honestamente, uma criança e/ou um adolescente é um "bon vivant". Nas horas vagas, se acontecem, talvez estudante.
Valha-nos as honrosas, infelizmente reduzidas, excepcões a este estado lastimoso da primeira razão de ser das escolas. Para que nós - botas de elástico - não andemos todos num estado tendenciosamente depressivo e de lamúria doentia.
Agora sim: tenho dito.