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Ajuda às famílias (discutiu-se no Parlamento), oportunidades novas, nascidas do “caos”, explorações da confusão, esperanças retóricas (algo há a dizer… ficar calado dá muito nas vistas…), apoios reais em função de projectos, de obras vivas, de planos de acção (veja-se o trabalho único da Cáritas nacional e diocesanas e abram-se os olhos (e as bolsas) para a partilha quaresmal de todas as dioceses, em comparação com a inexistência de medidas pontuais (defendemo-las, não acreditando no mero assistencialismo… Os dois pratos da balança são a mudança através quer da justiça, quer de medidas solidárias diante de casos que não podem aguardar a “revolução”…
Não sei se urgências vitais aguçam o engenho. A experiência recorda a maldição do roubo e o assalto aos espólios, quando se instalam o desgoverno e a anarquia. E uma das saídas tristes do panorama mundial é a “agilização financeira”, por outros termos, o aumento da riqueza e do poder com base no desfavorecimento e exploração dos que nada têm.
“Somos revolucionários, perigosos, altamente indesejáveis. Damos coisas e dinheiro com intenções subversivas. (…) Os pais que fogem de sua casa, para não ouvir o clamor dos filhos a pedir pão, levam no coração a angústia de o não terem e nas passadas a maldição dos que, tendo-o, não o querem dar e dos que, dando, não dão o suficiente. Seja qual for a causa alegada para explicar a origem das guerras, (…) a guerra está toda nisto: o pão mal repartido.
(…) Fui um dia destes às portas de um palacete. Eu era mendicante. – Reze para que não venha o comunismo, padre!
- De que vale, se o Senhor reza para que ele venha. Este “pobrezinho”, que não é capaz de contar tudo quando tem, vende fatos usados”.
(Padre Américo, Porto, Modos de ler, 2008, ps. 315-317)
D. Januário Torgal Mendes Ferreira
Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança