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Consola escutar e ler gente sensata. Basta de histerismos!

por Zulmiro Sarmento, em 26.03.09

Depois de em Outubro ter morto o casamento gay no parlamento, José Sócrates, secretário-geral do Partido Socialista, assume-se como porta-estandarte de uma parada de costumes onde quer arregimentar todo o partido. Almeida Santos, o presidente do PS, coloca-se ao seu lado e propõe que se discuta ao mesmo tempo a eutanásia. Duas propostas que em comum têm a ausência de vida. A união desejada por Sócrates, por muitas voltas que se lhe dê, é biologicamente estéril. A eutanásia preconizada por Almeida Santos é uma proposta de morte. No meio das ideias dos mais altos responsáveis do Partido Socialista fica o vazio absoluto, fica "a morte do sentido de tudo" dos Niilistas de Nitezsche. A discussão entre uma unidade matrimonial que não contempla a continuidade da vida e uma prática de morte, é um enunciar de vários nadas descritos entre um casamento amputado da sua consequência natural e o fim opcional da vida legalmente encomendado. Sócrates e Santos não querem discutir meios de cuidar da vida (que era o que se impunha nesta crise). Propõem a ausência de vida num lado e processos de acabar com ela noutro. Assustador, este Mundo politicamente correcto, mas vazio de existência, que o presidente e o secretário-geral do Partido Socialista querem pôr à consideração de Portugal. Um sombrio universo em que se destrói a identidade específica do único mecanismo na sociedade organizada que protege a procriação, e se institui a legalidade da destruição da vida. O resultado das duas dinâmicas, um "casamento" nunca reprodutivo e o facilitismo da morte-na-hora, é o fim absoluto que começa por negar a possibilidade de existência e acaba recusando a continuação da existência. Que soturno pesadelo este com que Almeida Santos e José Sócrates sonham onde não se nasce e se legisla para morrer. Já escrevi nesta coluna que a ampliação do casamento às uniões homossexuais é um conceito que se vai anulando à medida que se discute porque cai nas suas incongruências e paradoxos. O casamento é o mais milenar dos institutos, concebido e defendido em todas as sociedades para ter os dois géneros da espécie em presença (até Francisco Louçã na sua bucólica metáfora congressional falou do "casal" de coelhinhos como a entidade capaz de se reproduzir). E saiu-lhe isso (contrariando a retórica partidária) porque é um facto insofismável que o casamento é o mecanismo continuador das sociedades e só pode ser encarado como tal com a presença dos dois géneros da espécie. Sem isso não faz sentido. Tudo o mais pode ser devidamente contratualizado para dar todos os garantismos necessários e justos a outros tipos de uniões que não podem ser um "casamento" porque não são o "acasalamento" tão apropriadamente descrito por Louçã. E claro que há ainda o gritante oportunismo político destas opções pelo "liberalismo moral" como lhe chamou Medina Carreira no seu Dever da Verdade. São, como ele disse, a escapatória tradicional quando se constata o "fracasso político-económico" do regime. O regime que Sócrates e Almeida Santos protagonizam chegou a essa fase. Discutem a morte e a ausência da vida por serem incapazes de cuidar dos vivos.

 

Mário Crespo
 

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publicado às 08:30


3 comentários

De magdala a 26.03.2009 às 22:08

Obrigado por partilhares este belo e profundo artigo do conhecido jornalista Mário Crespo.
Como diz o Povo, enquanto há vida há esperança.
Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para sempre defender a vida e dizer NÃO a essa CULTURA DE MORTE que nos querem impor.
Que os portugueses estejam atentos, especialmente os cristãos, pois não podemos pactuar com esse cultura.
Preocupemo-nos sim em cuidar e em oferecer dignidade à vida dos homens e mulheres do nosso tempo.

De Inha a 26.03.2009 às 22:34

E acredita que há em Portugal muita gente a ler e a ouvir gente sensata?! Em que mundo vive? Ou tal como eu, e desculpe a insistência, me dizem/perguntam, no local de trabalho, em que mundo vivo dizendo-me mesmo que o Pai Natal não existe. Continuo em querer acreditar que o povo português não se vai deixar "levar", mas ao mesmo tempo como gostam de viver de aparências...sei lá:((

De Paulo areias a 27.03.2009 às 01:38

pois , um quer casar, e o outro quer matar a sogra sem ser penalizado, viva a eutanásia.
Pelo meu voto vão prá rua!

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