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Chega a época de Natal e tudo, mas mesmo tudo, convida ao consumo.
Depois vem o dia do pai, da mãe, dos namorados, etc..
Vivemos numa sociedade onde estamos todos metidos na espiral do consumo, onde muitos buscam a felicidade no possuir bens, onde se pescam sobretudo as crianças e adolescentes como bons consumidores... e onde é preciso sabermo-nos defender contra a droga do consumismo exagerado. Quem já não viu uma criança aos altos gritos colado a uma montra com exigências aos pais...?
Consumismo significa consumir com ansiedade, comprar mais do que se necessita, comprar apenas pelo prazer de comprar.
Consumir ( do latim "consumere": gastar, destruir) quer dizer comprar simplesmente o necessário para viver como pessoa.
O consumo é uma necessidade. Mas o consumismo é desnecessário pois incita, com diversos meios publicitários, a adquirir coisas prescindíveis, não necessárias, e provoca o consumo exagerado como atitude permanente.
Existe um círculo vicioso que leva as pessoas ao consumismo. Eis as suas fases:
1ª - A publicidade fomenta a necessidade de consumir tal ou qual produto. As pessoas, seduzidas pelas bem estudadas técnicas publicitárias, caem como que na ratoeira e vão comprando produtos desnecessários.
2ª - As pessoas vão enchendo as suas casas com coisas e mais coisas, muitas delas supérfluas. A cada passo mudam de automóvel sem razão aparente ( mas há quem o faz para mostrar nas ventas de alguns que - agora sem paróquias- não precisa de «roubar em paróquias» para ter um!), de mobília, de roupa. E isto enquanto ao lado há necessidades flagrantes.
3ª - Como as pessoas correm para os hipermercados a comprar coisas e mais coisas, as fábricas têm muito trabalho e os patrões ganham muito dinheiro. Até porque muitos trabalhadores passam dezenas de anos nessas empresas sempre e sempre com o ordenado mínimo...
4ª - As pessoas , mesmo que os lucros fiquem na maior parte só para os patrões e alguns (muitos?) sem pagar IRC ainda por cima, resignam-se a esta situação, que é preferível ao desemprego. Com ele viria a miséria e o rendimento de reinserção social. E, por isso, continuam a produzir.
5ª - E assim as pessoas vão produzindo e vão consumindo. Ganham os senhores das grandes indústrias e ganham as pessoas, que julgam comprar, nos hipermercados e outras superfícies comerciais, a felicidade.
O mais inquietante é que o consumismo converteu-se numa forma de vida que torna praticamente a solidariedade.
Não interessa saber nem se pensa sequer se o vizinho do lado tem ou não tem, ou se está a morrer de fome. O consumismo expulsou a solidariedade. E os pobres em Portugal já são milhões...
O resultado do consumismo é a redução da pessoa a consumidor, um ser vazio de valores e de espiritualidade, que se move por dinheiro, pela moda, pelas coisas, pelo prazer de possuir. Converte-se assim num escravo do ter.
Se aparece alguém a apelar para outros valores pelos quais vale a pena orientar a vida, corre o risco de encontrar alguém que lhe diz: " Deixa-te de conversas de treta! O importante é curtir, é gozar, para penar já passaram por isso os nossos pais e avós".