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A IGREJA EXISTE PARA QUÊ?

por Zulmiro Sarmento, em 22.07.15
 
 

É natural que cada um tenha uma ideia do que é a Igreja.

É admissível que cada possua um catálogo de desejos que gostaria de ver realizados pela Igreja.

Tudo isto é respeitável. Mas será que tudo isto é possível?

O cardeal Carlo Maria Martini, sempre acutilante na sua magna sapiência, notou que «a Igreja não satisfaz expectativas, celebra mistérios».

Os mistérios não devem variar conforme as nossas expectativas, as nossas expectativas é que se devem conformar ao mistério.

É por isso que Chesterton sonhava com uma Igreja que não mudasse com o mundo, mas que contribuísse para mudar o mundo.

A Igreja não existe para que façamos a nossa vontade.

A Igreja existe para que a nossa vontade coincida com a vontade de Deus!

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publicado às 02:06

O MAIS BELO EVENTO É A VIVÊNCIA

por Zulmiro Sarmento, em 22.07.15
 
  1. A fé não existe para anestesiar, mas para despertar. Ela não é ornamento na vida, mas força para a transformação da vida.

Vazia seria uma fé soporífera ou levemente sedosa. O seu horizonte não pode ser, pois, a mera satisfação, mas a nossa permanente conversão.

 

  1. Não temos fé para fechar os olhos à vida, mas para olhar de frente para a vida.

O discurso crente não é aquele que passa por cima dos problemas, mas aquele que «aterra» totalmente nos problemas.

 

  1. Nenhum ideal de fé é compatível com uma fé que não seja real.

É bom não esquecer que a fé acontece sempre na realidade, não fora da realidade.

 

  1. Se a vida é difícil, como é que poderíamos esperar que a fé fosse fácil?

Não falta, porém, quem faça constante publicidade a uma «fé fácil».

 

  1. É o que sucede quando se apresenta a fé longe do sofrimento e distante do mistério.

No fundo, é uma fé que não encara a vida como ela se mostra nem acolhe Deus como Ele é.

 

  1. Uma fé com respostas imediatas não espelharia a vida enquanto vida. E ousaria até impedir que Deus fosse Deus.

A fé inclui, obviamente, a confiança em que tudo pode ser melhor. Mas não exclui a predisposição para aceitar as adversidades.

 

  1. Jesus ensina-nos que a Cruz não se procura, mas também não se recusa. Aos que Lhe solicitavam poder, Ele respondeu com o cálice (cf. Mt 20, 22-23).

Ou seja, quem seguir os Seus ensinamentos tem de se dispor a seguir a totalidade dos Seus passos. E aqui é preciso contar com a perseguição, a condenação e até a morte.

 

  1. São muitos os eventos que, hoje em dia, integram actos religiosos. É bom, mas não basta.

Um «Cristianismo de eventos» é claramente insuficiente. Reduz-se a momentos que se esgotam quando terminam. Não parece haver «antes» nem «depois».

 

  1. Muitas vezes, são promovidas celebrações desconectadas de qualquer preparação e desligadas de qualquer vivência.

Como há-de fermentar o compromisso?

 

  1. Urge perceber que o Evangelho não é um adorno para certas ocasiões, mas um projecto para a vida.

Os eventos ganham alma quando pré-existe — coexiste e pós-existe — uma vivência. Afinal, não será a vivência quotidiana da fé o mais belo evento de fé?

 

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