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3º Domingo da Páscoa

por Zulmiro Sarmento, em 18.04.15

ENCONTRAR JESUS RESSUSCITADO

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Neste tempo de Páscoa é preciso reconhecer as encruzilhadas em que cada cristão pode encontrar-se com Cristo. Há muitas estradas de Emaús. São os lugares onde, no meio das maiores dificuldades, o Senhor Jesus Cristo se revela. Foi assim com os discípulos na tempestade do lago, onde eles julgaram que Jesus era um fantasma; foi assim quando os filhos de Zebedeu O consideraram apenas uma oportunidade para se tornarem alguém no reino da Terra; foi também assim quando no caminho de Emaús os dois discípulos julgaram viver uma terrível desilusão, porque Ele morrera e já tinham passado três dias. Os cristãos têm também dificuldade em reconhecer Cristo Ressuscitado, quando o sofrimento lhes bate à porta, quando não conseguem alcançar os objectivos, quando as esperanças fundamentadas num sonho se não concretizam. Vale a pena aplicar à vida o acontecimento dos discípulos de Emaús que só reconheceram Jesus no partir do pão. Ao dar-se conta de que era Ele, correram a Jerusalém para O anunciar à comunidade (evangelho). Em todos os tempos o Povo de Israel teve dificuldade em aceitar os sinais de Deus. Por isso, na liturgia de hoje, Pedro ao falar em Jerusalém, sentiu necessidade de reler a tradição de Israel. De facto, o antigo povo de Deus não reconheceu o Justo e acabou por matar Aquele que, depois, voltou à vida. Pedro afirma-se então, testemunha da Ressurreição de Cristo (1ª leitura). É necessária porém, a amnistia completa, e o novo povo de Deus abre-se a um tempo diferente, fundamentado no perdão de todos os caminhos percorridos, longe do projecto de Deus (2ª leitura).

1. A estrada de Emaús
O realismo da descrição feita por Lucas no Evangelho, revela a profunda desilusão que aqueles discípulos sofreram. A sua confiança estava naquele Homem que seguiam há vários anos. Acontece, porém, que foi morto pelos sacerdotes do tempo e pela justiça romana. Ainda esperaram qualquer coisa mas, como nada acontecera, regressaram ao trabalho no campo, na aldeia de Emaús. Um outro viajante acompanhou-os, partilharam o seu infortúnio, releram com Ele as escrituras, mas o seu coração estava fechado. Á porta de casa sentiram ternura pelo companheiro de viagem. Foi o primeiro gesto de ressurreição. O viajante aceitou e sentou-se com eles à mesa. Ao repartir do pão, reconheceram-n’O. Afinal, Jesus estava ali com eles. Apesar do cansaço ninguém os parou. Correram a Jerusalém,ao Cenáculo para dizerem a todos que Jesus ressuscitara. Os Apóstolos limitaram-se a confirmar com uma expressão muito simples: “Ele já apareceu a Simão”. Esta história contada muitas vezes tem sempre novos contornos: a desilusão, a dúvida, o diálogo, a dúvida continuada, um toque de ternura, um convívio na mesa comum, a descoberta de Cristo Vivo na comunidade dos irmãos.

2. Na tradição judaica
É difícil entender como é que o povo de Israel não reconheceu em Jesus o Messias que vinha para salvar. É certo que tinham recusado a voz dos profetas, é certo também que o povo simples se encantava com as palavras e os gestos de Jesus e é certo ainda, que um ou outro fariseu, como Nicodemus, era capaz de se interrrogar querendo mesmo conversar com Jesus. Pedro sentiu por tudo isto que tinha de falar ao Povo sobre Abraão, Isaac e Jacob, sobre a promessa feita a Israel, sobre a vinda de Jesus que os judeus haviam condenado à morte. Mas Deus ressuscitou-O dos mortos. Pedro, na sua sabedoria simples, disse apenas: “e nós somos testemunhas disso”. Os cristãos, todos os cristãos, pela vida e pela palavra oportuna temos de ser testemunhas da Ressurreição.

3. O perdão total
Todos os humanos, judeus ou gregos, homens ou mulheres, servos ou homens livres, todos são pecadores. O pecado outra coisa não é do que a recusa do projecto de Deus. Assim sendo, compreende-se que João na sua primeira carta reafirme um perdão universal. De facto, Deus está repassado de amor, e esse amor, atinge todos os humanos. A liturgia de hoje dá-nos esta garantia, e é por isso que, reconhecendo Jesus Ressuscitado, sentado à mesa connosco, não temos outra alternativa senão regressar à comunidade cristã para anunciar a justiça, o amor, o perdão, valores que emanam do coração de Deus para as nossas vidas.

Monsenhor Vítor Feytor Pinto

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publicado às 13:04


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