por Zulmiro Sarmento, em 30.04.15
Crise? Qual crise?!
A língua portuguesa continua rica...
A crise...
Os padeiros não têm massa
Os padres já não comem como abades
Os relojoeiros andam com a barriga a dar horas
Os talhantes estão feitos ao bife
Os criadores de galinhas estão depenados
Os pescadores andam a ver navios
Os vendedores de carapau estão tesos
Os vendedores de caranguejo vêem a vida a andar para trás.
Os desinfestadores estão piores que uma barata
Os fabricantes de cerveja perderam o seu ar imperial
Os cabeleireiros arrancam os cabelos
Os futebolistas baixam a bolinha
Os jardineiros engolem sapos
Os cardiologistas estão num aperto
Os coveiros vivem pela hora da morte
Os sapateiros estão com a pedra no sapato
As sapatarias não conseguem descalçar a bota
Os sinaleiros estão de mãos a abanar
Os golfistas não batem bem da bola
Os fabricantes de fios estão de mãos atadas
Os coxos já não vivem com uma perna às costas
Os cavaleiros perdem as estribeiras
Os pedreiros trepam pelas paredes
Os alfaiates viram as casacas
Os almocreves prendem o burro
Os pianistas batem na mesma tecla
Os pastores procuram o bode expiatório
Os pintores carregam nas tintas
Os agricultores confundem alhos com bugalhos
Os lenhadores não dão galho
Os domadores andam maus como as cobras
As costureiras não acertam as agulhas
Os barbeiros têm as barbas de molho
Os aviadores caem das nuvens
Os bebés choram sobre o leite derramado
Os olivicultores andam com os azeites
Os oftalmologistas fazem vista grossa
Os veterinários protestam até que a vaca tussa
Os alveitares pensam na morte da bezerra
As cozinheiras não têm papas na língua
Os trefiladores vão aos arames
Os sobrinhos andam "Ó tio, ó tio"
Os elefantes andam de trombas...
SÓ OS POETAS CONTINUAM COMO SEMPRE... TESOS MAS MARAVILHOSOS!
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por Zulmiro Sarmento, em 28.04.15
"É feio um sacerdote que vive para agradar a si mesmo....É um pavão!”. (Francisco, bispo de Roma)
1. Domingo IV da Páscoa. Domingo do Bom, Belo, Perfeito e Verdadeiro Pastor. É este o significado largo do adjectivo grego kalós e do hebraico tôb, que qualifica o nome Pastor. De notar que o Domingo IV da Páscoa, Domingo do Bom e Belo Pastor, é sempre também Dia Mundial de Oração pelas Vocações. 2. O Evangelho que marca o ritmo deste Dia Grande é João 10,1-10, que surge enquadrado na Festa judaica anual da Dedicação do Templo (ver João 10,22). Situemo-nos. O selêucida Antíoco IV Epifânio tinha profanado o Templo de Jerusalém, introduzindo lá cultos pagãos. Este acontecimento remonta ao ano 167 a. C. Contra esta helenização e paganização do judaísmo lutaram os Macabeus, e, no ano 164 a. C., Judas Macabeu procedeu à Purificação do Templo e à sua Dedicação ao Deus Vivo. É este importante acontecimento que deve ser celebrado todos os anos, durante oito dias, com a Festa da Dedicação, a partir do dia 25 do mês de Kisleu, que, no ano em curso de 2014, corresponde ao nosso dia 17 de Dezembro. 3. A Festa da Dedicação, em hebraico hanûkkah, celebra-se durante oito dias, e tem como símbolo o candelabro de oito braços. Relata o Talmud que, quando os judeus fiéis entraram no Templo profanado pelos pagãos helenistas, encontraram uma única âmbula de azeite puro (kasher) de oliveira para reacender o candelabro de sete braços, em hebraico menôrah, que é um dos símbolos de Israel, e que deve arder diante do Deus Vivo. Todavia, uma âmbula de azeite duraria apenas um dia, e eram precisos oito dias para preparar novo azeite puro. Pois bem, o azeite daquela única âmbula durou milagrosamente oito dias! Daí que, na Festa da Dedicação, se acenda um candelabro de oito braços, chamado hanûkkiyyah. Mas acende-se apenas uma luz por dia, depois do pôr-do-sol, aumentando progressivamente até estarem acesas as oito luzes. Além disso, e ao contrário das luzes da menôrah e do Sábado, que alumiam o interior do Santuário e da casa de família respectivamente, as Luzes do candelabro da Dedicação, refere o ritual, devem ser vistas cá fora: devem alumiar o ambiente social, político, comercial e cultural. E também ao contrário das luzes da menôrah e do Sábado, não se acendem todas de uma vez, mas progressivamente uma por dia, porque, quando as condições são adversas (paganismo helenista e escuro), não basta acender uma luz e mantê-la; é preciso aumentar constantemente a luz. Mais luz. Mais luz. Mais luz. 4. Como este simbolismo é importante para os dias de hoje! Está escuro cá dentro e lá fora, o mundo parece desconstruir-se, o paganismo é galopante! Mais do que nunca, é preciso, portanto, não apenas manter a luz, mas aumentá-la progressivamente. E é ainda necessário que esta Luz saia para fora: um «igreja em saída», como sonha e pede o Papa Francisco! E está em maravilhosa sintonia com a Luz Grande que deve alumiar este Domingo do Bom e Belo Pastor, que é Jesus, verdadeira Luz do mundo, Dom do Amor de Deus ao nosso coração. Atear esta Luz de Jesus no nosso coração é também o segredo maior deste Dia Mundial de Oração pelas Vocações. 5. Da mesa da Escritura deste Domingo IV da Páscoa transbordam tonalidades e sabores intensos, harmoniosos e deliciosos. Música encantatória. Água pura. Óleo perfumado. Verde prado em festa. Proximidade. Ternura. Confiança. Beleza em flor e fruto. Vida a transbordar. Tudo da ordem do sublime. 6. A figura do Pastor belo e bom como que salta da página fechada (João 10,1-10), para surgir em pessoa à nossa frente. Ao dizer «Eu sou», Jesus está também, ao mesmo tempo, a dizer «vós sois». Está, portanto, a estabelecer uma relação pessoal de proximidade, confiança e intimidade connosco, bem expressa, de resto, pelos verbos «chamar pelo nome», «conhecer», «ouvir a voz», «conduzir», «caminhar à frente de», «seguir», «dar a vida». 7. Mas esta vida livre, plena e bela, assente na verdade e na confiança, sem mentiras nem imposições nem malabarismos, deixa ver em expresso contraponto o seu oposto. É que também saltam da página os ladrões, os salteadores e os estranhos, que, em vez de conjugarem os verbos acima indicados para traduzir a relação do pastor belo e bom com o seu rebanho, conjugam antes os verbos «roubar», «matar», «destruir». Como esta página antiga e sempre nova de João 10,1-10 lê e desvenda os tempos de hoje! 8. Mas o texto grandioso de João 10,1-10 passa também mensagens intemporais que, em cada tempo e lugar, devem interpelar a comunidade cristã. Assim, quando Jesus diz: «Eu sou a porta», não está a usar uma linguagem da ordem da arquitectura e da carpintaria. É de uma porta pessoal que se trata. E esta porta pessoal tem um nome e um rosto: Jesus de Nazaré, Jesus de Deus. E esta porta serve para «entrar e sair». «Entrar e sair» é um merisma [= figura literária que diz o todo acostando duas extremidades] que traduz a nossa vida toda. É a nossa vida toda sempre em referência a Jesus Cristo. Entende-se, não com a actual criação industrial de gado, em que os animais estão quase sempre em clausura e o pasto lhes é fornecido em manjedouras apropriadas, visando sempre uma maior produtividade, mas com os «apriscos» [= mais abrir do que fechar, como indica o étimo aprire] antigos, em que os animais se recolhiam apenas para se protegerem do frio da noite e dos assaltos das feras ou dos ladrões, e procuravam fora o seu alimento, sempre conduzidos e sob a atenção vigilante do pastor. 9. Note-se ainda que os Evangelhos falam sempre de rebanho, e não de ovelhas separadas. Quando falam de uma ovelha sozinha, é para descrever a situação negativa de uma ovelha desgarrada ou perdida, que se perdeu do rebanho ou da comunidade, e deixou de seguir o pastor e de ouvir a sua voz. Note-se ainda que as ovelhas «entram pela porta», mas não é para ficarem descansadas e recolhidas, fechadas sobre si mesmas. É para sair, pois é fora que encontrarão pastagem. Lição para a comunidade dos discípulos de Jesus de hoje e de sempre: o trabalho belo que nos alimenta e nos mantém saudáveis espera-nos lá fora! Que Deus nos dê então sempre um grande apetite! A messe ondulante está à espera de ceifeiros que saibam cantar (Salmo 126,5-6), porque também sabem que é Deus o Senhor da messe. 10. A cristalina melodia do Salmo 23(22), que hoje cantamos, entranha-se suavemente em nós, fazendo-nos experimentar os mil sabores da paz, do pão e da alegria que em cada dia recebemos do Pastor belo e bom que amorosamente nos guia. Ele é o companheiro para quem as horas do seu rebanho são também as suas, corre os mesmos riscos, a mesma fome e a mesma sede, o sol que cai sobre o rebanho cai também sobre ele. 11. Como é importante recitar e saborear esta alegria pessoal que nos traz o Pastor belo e bom que nos chama e nos inebria. Confessou o filósofo francês Henri Bergson: «As centenas de livros que li nunca me trouxeram tanta luz e conforto como os versos do Salmo 23». Veja-se outra vez o contraponto da paródia que sobre este Salmo construiu um poeta americano drogado: «A heroína é o meu pastor;/ terei sempre necessidade dela./ Ela faz-me dormir debaixo das pontes,/ e conduz-me a uma doce demência./ Ela destrói a minha vida,/ e guia-me pelo caminho do inferno,/ por amor do seu nome./ Mesmo se caminhasse/ pelo vale da sombra da morte,/ não terei nenhum medo,/ porque a droga está comigo./ A minha seringa e a minha agulha me dão conforto…». 12. E aí está outra vez Pedro a exortar-nos na manhã de Pentecostes: «Salvai-vos desta geração perversa» (Actos 2,40). «Vós éreis como ovelhas desgarradas, mas agora regressastes para o pastor e supervisor (epískopos) das vossas almas» (1 Pedro 2,25). «Segui, pois, os seus passos» (1 Pedro 2,21). 13. Concede-nos, Senhor, Belo e Bom Pastor, que nunca nos tresmalhemos do teu imenso amor, e que saibamos sempre levar o tom e o sabor da tua voz que chama e ama a cada irmão perdido em casa ou numa estrada de lama. Senhor Jesus Cristo, Único Senhor da minha vida, Bom Pastor dos meus passos inseguros E do silêncio inquieto do meu coração, Cheio de sonhos, anseios, dúvidas, inquietações. Senhor Jesus, Faz ressoar em mim a tua voz de paz e de ternura. Eu sei que pronuncias o meu nome com doçura, E me envias ao encontro daquele meu irmão que Te procura. Fico contigo sentado junto ao poço. Alumia o meu pobre coração. Vejo que, de toda a parte, chega gente de cântaro na mão. Dispõe de mim, Senhor, Nesta hora de Nova Evangelização. Que eu saiba, Senhor, Interpretar bem a tua melodia. Que eu saiba, Senhor, Dizer sempre SIM como Maria. António Couto (Bispo e especialista em Sagrada Escritura)
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por Zulmiro Sarmento, em 25.04.15
1. A liberdade é um tema essencialmente bíblico e marcadamente cristão.
Cristo é o paradigma da liberdade porque é o paradigma da verdade. Só na verdade há liberdade (cf. Jo 8, 32)
2. Uma vida de mentira não é uma vida livre. Pelo contrário, é uma vida oprimida e opressora.
Jesus pagou um alto preço por causa do Seu compromisso com a verdade. Nunca seguiu a corrente. Nunca pactuou com interesses. Era verdadeiro. Era livre.
3. Em nome de Cristo, a Igreja nunca se pode calar quando a liberdade está em risco.
A Igreja nunca pode estar do lado dos opressores. E o silêncio, como é óbvio, pode ser interpretado como conivência com os opressores.
A liberdade está ameaçada quando os direitos não são respeitados e quando as injustiças são promovidas.
4. Não havia liberdade em Portugal antes do 25 de Abril. Mas será que, hoje, há liberdade?
Haverá liberdade quando uma parte significativa da população é impedida de aceder ao trabalho, à saúde e à educação? Haverá liberdade quando o delito de opinião dá sinais de ter regressado, quando uma pessoa é estigmatizada por assumir o que pensa e por dizer o que sente?
Não será, por isso, altura de, também em Portugal, libertar a liberdade?
5. Em nome de Cristo, a Igreja não se pode limitar a dar o pão aos famintos. Tem de ser também a voz dos espezinhados, dos explorados.
A Igreja não pode ter medo das reacções. Só há reacção perante uma acção. Antes a crítica por causa da intervenção corajosa do que a censura por causa do silêncio cúmplice.
6. Em nome de Cristo, a Igreja não pode pairar sobre a vida. Tem de aterrar na vida. Na vida das pessoas, especialmente das pessoas pobres.
Na hora que passa, a Igreja tem o dever de ajudar a reconduzir a liberdade ao seu ambiente natural.
7. É preciso recolocar a liberdade na verdade, na justiça e no desenvolvimento.
Necessitamos de liberdade para procurarmos a verdade. E necessitamos da verdade para crescermos em liberdade. Sem liberdade não há verdade. Sem verdade não há liberdade.
8. Ajustiça é, porventura, o domínio onde mais temos falhado. Falo da justiça processual e sobretudo da justiça existencial.
Hoje em dia, Portugal é um país muito injusto. As assimetrias entre o litoral e o interior são mais que muitas. O desnível entre classes é aflitivo. A disparidade de salários é chocante. Um país injusto é um país livre?
9. O desenvolvimento é visto numa perspectiva prioritariamente física, estrutural. Há, de facto, obra feita: estradas, edifícios, serviços.
É importante, mas não basta. É imperioso apostar nas pessoas, na sua qualificação.
10. O 25 de Abril não está concluído. É preciso que todos peguemos nele.
O ideal de Abril é belo, é cristão. Não o deixemos amordaçar. Nem adiar.
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por Zulmiro Sarmento, em 25.04.15
Quem algum dia entrou nas Catacumbas de S. Calisto, em Roma, recorda certamente a imagem do Bom Pastor que é um ícone de Cristo Ressuscitado. Na cultura pagã, era impensável um Deus crucificado. Por isso, os cristãos de Roma quiseram conceber uma imagem que revelasse um Deus cheio de amor. Os deuses pagãos, na concepção romana estavam possuídos de violência, para fazerem justiça. O Deus dos cristãos, na Pessoa de Jesus Cristo, era um Deus cheio de amor. Esta ideia passou de geração em geração e no 4º domingo de Páscoa a Igreja celebra sempre o Dia do Bom Pastor. O Evangelho oferece muitos sinais reveladores do amor que o pastor tem pelas ovelhas e da beleza da resposta que as ovelhas dão à ternura do pastor. São frases em catadupa sobre o conhecimento recíproco e a preocupação do pastor pelo bem-estar das suas ovelhas. Chama-se a esta página do Evangelho a alegoria do Bom Pastor (Evangelho). Na sua primeira Carta, João transpõe esta alegoria para a relação dos homens com Deus. E, de tal maneira, que afirma os homens como Filhos adoptivos de Deus (2ª leitura). Toda a salvação procurada pelos homens sob o olhar de Deus se realiza em nome de Jesus. É este o contexto do discurso de Pedro ao Povo quando, no templo, refere que a pedra que foi rejeitada se tornou pedra angular, com a garantia que não há salvação em nenhum outro, senão em Jesus Cristo.
1. O Bom Pastor
Jesus começa por dizer, neste Evangelho que é Ele o Bom Pastor. Depois caracterizam-se as relações do pastor com as ovelhas: o pastor dá a vida por elas, conhece-as pelo seu nome, tem um amor completamente gratuito, elas conhecem a sua voz e elas seguem-n’O. O Bom Pastor que não é mercenário, vai à procura de alguma que se perde, e tem uma única preocupação: que haja um só rebanho e um só pastor. Nesta alegoria lindíssima estão definidas as nossas relações pessoais com Jesus. Ele dá a vida por cada um de nós. Ele conhece-nos em pormenor. Procura-nos se nos perdemos, acolhe-nos no regresso, integra-nos na unidade de uma vida que, sendo d’Ele, é partilhada na comunhão com todos. Com razão este Evangelho é considerado padrão de vida para os sacerdotes, pastores na Igreja de Deus, porque a sua missão é precisamente esta: estar disponível para todos em todo o tempo e lugar, até que haja um só rebanho e um só Pastor.
2. Todos somos Filhos de Deus
Jesus, na sua vinda, veio construir um novo Povo de Deus. Ele recebe-nos como Filhos adoptivos em Jesus Cristo Senhor, Filho Unigénito. É assim que nasce a Igreja onde todos se referem a Cristo Cabeça, defendem a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, têm como mandamento único o amor, e constroem a felicidade de todos. A realidade do Povo de Deus, porém, só se realiza plenamente na Casa do Pai, na comunidade definitiva.
3. A pedra angular
É muito bonito este discurso de Pedro no capítulo 4 dos Actos dos Apóstolos. O importante não são os templos de pedra, mas o Templo vivo da comunidade cristã que está a nascer. A pedra angular deste Templo novo seria Jesus Cristo reconhecido como Messias e Salvador, mas os construtores, o Povo de Deus, rejeitaram-n’O. Ele porém, tornou-se a pedra de assento, a partir da qual, através dos séculos o novo Povo de Deus vai sendo construído. Todos os cristãos somos pedras vivas deste Templo, assim saibamos ser fieis à pedra angular, à referência fundamental que é Jesus Cristo.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto
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por Zulmiro Sarmento, em 22.04.15
Jesus misericordioso, eu confio em Vós!
Rezemos como Santa Faustina:
Jesus misericordioso, eu confio em Vós!
Nada me trará medo ou inquietação.
Eu confio em Vós, de manhã e à noite, na alegria e no sofrimento,
Na tentação e no perigo, na felicidade e no infortúnio,
Na vida e na morte, agora e para sempre.
Eu confio em Vós e na oração e no trabalho,
Na vitória e no fracasso, acordada ou a descansar,
Na tribulação e na tristeza, nos meus próprios erros e pecados
Eu quero ter inabalável confiança em Vós.
Sois a âncora da minha esperança,
A estrela da minha peregrinação,
O apoio da minha fraqueza,
O perdão dos meus pecados,
A força da minha bondade,
A perfeição da minha vida,
O consolo na hora da minha morte,
A alegria e bênção do meu Céu.
Jesus misericordioso, Vós, forte tranquilidade
E fortaleza segura da minha alma,
Aumentai a minha confiança e tornai perfeita a minha fé
No vosso poder e bondade.
Se eu for a mais pobre das vossas devotas, e a última das vossas servas,
Desejo, porém, tornar-me grande e perfeita, confiando
Que Vós sois a minha Salvação pelos séculos dos séculos.
Que esta minha confiança seja uma referência para Vós,
Agora e em todos os tempos, sobretudo na hora da minha morte!
Amém.
Santa Faustina
(Irmã Faustina Kowalska)
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por Zulmiro Sarmento, em 22.04.15
Fé e religião são seguramente confinantes. Mas nem sempre serão mutuamente convertíveis.
Há quem opte por uma fé longe da religião. E haverá quem persista numa religiosidade longe da fé.
Há quem se considere crente sem dar sinais de ser religioso.
E não faltará quem se considere religioso sem dar sinais de ser crente.
Nem toda a pertença é garantia de crença. E nem toda a crença será garantia de pertença.
É difícil tipificar as situações de «pertença sem crença». Mas é inquestionável que os casos de «crença sem pertença» estão a aumentar.
O desencanto pelas religiões é um dado a ter em conta.
E a tendência para a «individualização do crer», de que fala Marcel Gauchet, é outro factor a ter em mente.
Neste contexto, como enquadrar os «cristãos sem Cristianismo»?
Já houve quem, como Dietrich Bonhoeffer, intentasse uma «interpretação não-religiosa» do Cristianismo. E Marcel Gauchet foi ao ponto de o apresentar como «a religião da saída da religião».
Para muitos, seguir Jesus Cristo não passa necessariamente pelo Cristianismo. Aliás, há até os que, na linha de Gandhi, diferenciam Cristo do Cristianismo.
É frequente encontrar quem pretenda validar uma conduta cristã à margem da religião cristã.
Edward Schillebeeckx sinalizou a emergência de um «Cristianismo implícito».
De facto, há pessoas que, não professando a fé cristã, adoptam os valores por ela veiculados.
É uma visão aparentada com a conhecida — e muito discutida — tese do «Cristianismo anónimo», de Karl Rahner.
Outras tradições religiosas podem acolher, segundo Xavier Zubiri, uma espécie de «Cristianismo germinal».
Cristo está presente na vida dos cristãos. Mas não está ausente da vida dos outros crentes. E nem sequer está distante da vida de quem não é crente.
Basta reparar na resposta que Oskar Pfiser deu a Sigmund Freud quando este lhe perguntou se um cristão podia conviver com um ateu: «Quando penso que o senhor é muito melhor do que a sua falta de fé e que eu sou muito pior do que a minha fé, o abismo entre nós não pode ser assim tão terrível».
Conhecer a mensagem é fundamental. Vivê-la é decisivo.
E se Jesus censura o comportamento dos que dizem e não fazem (cf. Mt 23, 3), como não há-de aplaudir a atitude dos que fazem, embora não o digam?
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por Zulmiro Sarmento, em 21.04.15
OS FANÁTICOS DO ISLÃO VÃO TOMANDO CONTA DE TUDO… Esta é, de longe, a melhor explicação para a situação terrorista muçulmana que eu já li. Suas referências ao passado histórico são precisas e claras. Não é longa, fácil de entender, e vale a pena ler. O autor deste e-mail é o Dr. Emanuel Tanya, um psiquiatra conhecido e muito respeitado. Um homem, cuja família era da aristocracia alemã antes da II Guerra Mundial, era dono de um grande número de indústrias e propriedades. Quando questionado sobre quantos alemães eram nazistas verdadeiros, a resposta que ele deu pode orientar a nossa atitude em relação ao fanatismo: ---"Muito poucas pessoas eram nazistas verdadeiros ", disse ele, "mas muitos apreciavam o retorno do orgulho alemão, e muitos mais estavam ocupados demais para se importar. Eu era um daqueles que só pensava que os nazistas eram um bando de tolos. Assim, a maioria apenas sentou-se e deixou tudo acontecer. Então, antes que soubéssemos, pertencíamos a eles, nós tínhamos perdido o controle, e o fim do mundo havia chegado. Minha família perdeu tudo. Eu terminei em um campo de concentração e os aliados destruíram minhas fábricas". Somos repetidamente informados por "especialistas" e "cabeças falantes" que o Islão é a religião de paz e que a grande maioria dos muçulmanos só quer viver em paz. Embora esta afirmação não qualificada possa ser verdadeira, ela é totalmente irrelevante. É sem sentido, tem a intenção de nos fazer sentir melhor, e destina-se a diminuir de alguma forma, o espectro de fanáticos furiosos em todo o mundo em nome do Islão. O fato é que os fanáticos governam o Islão neste momento da história. São os fanáticos que marcham. São os fanáticos que travam qualquer uma das 50 guerras de tiro em todo o mundo. São os fanáticos que sistematicamente abatem grupos cristãos ou tribais por toda a África e estão tomando gradualmente todo o continente em uma onda islâmica. São os fanáticos que bombardeiam, degolam, assassinam, ou matam em nome da honra. São os fanáticos que assumem mesquita após mesquita. São os fanáticos que zelosamente espalham o apedrejamento e enforcamento de vítimas de estupro e homossexuais. São os fanáticos que ensinam seus filhos a matarem e a se tornarem homens-bomba. O fato duro e quantificável é que a maioria pacífica, a "maioria silenciosa", é e está intimidada e alheia. A Rússia comunista foi composta por russos que só queriam viver em paz, mas os comunistas russos foram responsáveis pelo assassinato de cerca de 20 milhões de pessoas. A maioria pacífica era irrelevante. A enorme população da China também foi pacífica, mas comunistas chineses conseguiram matar estonteantes 70 milhões de pessoas. As lições da História são muitas vezes incrivelmente simples e contundentes, ainda que para todos os nossos poderes da razão, muitas vezes falte o mais básico e simples dos pontos: os muçulmanos pacíficos se tornaram irrelevantes pelo seu silêncio. Muçulmanos amantes da paz se tornarão nossos inimigos se não falarem, porque como o meu amigo da Alemanha, vão despertar um dia e descobrir que são propriedade dos fanáticos, e que o final de seu mundo terá começado. Amantes da paz alemães, japoneses, chineses, russos, ruandeses, sérvios, afegãos, iraquianos, palestinos, somalis, nigerianos, argelinos, e muitos outros morreram porque a maioria pacífica não falou até que fosse tarde demais. Agora, orações islâmicas foram introduzidas em Toronto e outras escolas públicas em Ontário, e, sim, em Ottawa também,enquanto a oração do Senhor foi removida (devido a ser tão ofensiva?). A maneira islâmica pode ser pacífica no momento em nosso país, até os fanáticos se mudarem para cá. Na Austrália, e de fato, em muitos países ao redor do mundo, muitos dos alimentos mais comumente consumidos têm o emblema “halal” sobre eles. Basta olhar para a parte de trás de algumas das barras de chocolate mais populares, e em outros alimentos em seu supermercado local. No Reino Unido, as comunidades muçulmanas recusam-se a integrar-se e agora há dezenas de zonas "no-go" dentro de grandes cidades de todo o país em que a força policial não ousa intrometer-se. A Lei Sharia prevalece lá, porque a comunidade muçulmana naquelas áreas se recusa a reconhecer a lei britânica. Quanto a nós que assistimos a isto tudo, devemos prestar atenção para o único grupo que conta - os fanáticos que ameaçam o nosso modo de vida. E NÓS, ESTAMOS EM SILÊNCIO. Joaquim Correia Duarte, Historiador, in facebook
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por Zulmiro Sarmento, em 21.04.15
Na última semana da Assembléia dos Bispos da CNBB que ocorre em Aparecida, recordamos um relatório de 1977 pouquíssimo divulgado.
Por Messa in Latino | Tradução: Alexandre Oliveira – Fratres in Unum.com: Fiéis em fuga? O “príncipe” domarketing brasileiro (Alex Periscinoto) explicou aos bispos o valor da tradição (IlTimone) e analisou este fato à luz dos modernos conceitos de marketing: os sinos, a cruz, a torre do sino, as procissões, a orientação do sacerdote, a batina e o latim eram excelentes ferramentas para o reconhecimento, a lealdade, a “propaganda fide“, e, assim, para a manutenção dela.
“O Vaticano II abriu a Igreja”… “E o povo saiu!”.
Contratado pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – para estudar as causas do abandono da prática religiosa e para sugerir quais seriam os remédios, o especialista em comunicação corporativa, em seu relatório, deixou os prelados de boca aberta. E não pelo fato de terem gostado das conclusões.
“Vocês já tinham um sistema perfeito de marketing.” Ao mudá-lo, ao remover o latim, ao abandonar a batina, ao fazer igrejas semelhantes em edifícios civis – disse Periscinoto aos bispos – pensavam estar agradando aos fiéis, mas tudo isso foi um erro gigantesco. Mudar a liturgia foi um desastre”, acrescentou. Ele admitiu não falar como um teólogo, mas como especialista emmarketing.
Queridos bispos inflamados pelo espírito do Concílio, o que vocês têm a dizer agora? Para cada causa, há um efeito correspondente. E se o efeito era perder fiéis…
Claro: o discurso gira em torno da ideia de imagem, e não em torno da fé. Assim, ninguém se escandalize. Mas não podemos negar que muito da liturgia, dos atos de culto e na exteriorização da fé também têm um valor forte demarketing (pensemos no trevo de São Patrício ou no monograma São Berbardino de Siena, para citar apenas dois dos muitos exemplos de “logos” católicos).
Nunca como neste caso, pareceu-me apropriada a charge acima. “O Vaticano II abriu a Igreja…” “… e as pessoas saíram!”
Roberto – Messa in Latino
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por Zulmiro Sarmento, em 18.04.15
ENCONTRAR JESUS RESSUSCITADO
Neste tempo de Páscoa é preciso reconhecer as encruzilhadas em que cada cristão pode encontrar-se com Cristo. Há muitas estradas de Emaús. São os lugares onde, no meio das maiores dificuldades, o Senhor Jesus Cristo se revela. Foi assim com os discípulos na tempestade do lago, onde eles julgaram que Jesus era um fantasma; foi assim quando os filhos de Zebedeu O consideraram apenas uma oportunidade para se tornarem alguém no reino da Terra; foi também assim quando no caminho de Emaús os dois discípulos julgaram viver uma terrível desilusão, porque Ele morrera e já tinham passado três dias. Os cristãos têm também dificuldade em reconhecer Cristo Ressuscitado, quando o sofrimento lhes bate à porta, quando não conseguem alcançar os objectivos, quando as esperanças fundamentadas num sonho se não concretizam. Vale a pena aplicar à vida o acontecimento dos discípulos de Emaús que só reconheceram Jesus no partir do pão. Ao dar-se conta de que era Ele, correram a Jerusalém para O anunciar à comunidade (evangelho). Em todos os tempos o Povo de Israel teve dificuldade em aceitar os sinais de Deus. Por isso, na liturgia de hoje, Pedro ao falar em Jerusalém, sentiu necessidade de reler a tradição de Israel. De facto, o antigo povo de Deus não reconheceu o Justo e acabou por matar Aquele que, depois, voltou à vida. Pedro afirma-se então, testemunha da Ressurreição de Cristo (1ª leitura). É necessária porém, a amnistia completa, e o novo povo de Deus abre-se a um tempo diferente, fundamentado no perdão de todos os caminhos percorridos, longe do projecto de Deus (2ª leitura).
1. A estrada de Emaús
O realismo da descrição feita por Lucas no Evangelho, revela a profunda desilusão que aqueles discípulos sofreram. A sua confiança estava naquele Homem que seguiam há vários anos. Acontece, porém, que foi morto pelos sacerdotes do tempo e pela justiça romana. Ainda esperaram qualquer coisa mas, como nada acontecera, regressaram ao trabalho no campo, na aldeia de Emaús. Um outro viajante acompanhou-os, partilharam o seu infortúnio, releram com Ele as escrituras, mas o seu coração estava fechado. Á porta de casa sentiram ternura pelo companheiro de viagem. Foi o primeiro gesto de ressurreição. O viajante aceitou e sentou-se com eles à mesa. Ao repartir do pão, reconheceram-n’O. Afinal, Jesus estava ali com eles. Apesar do cansaço ninguém os parou. Correram a Jerusalém,ao Cenáculo para dizerem a todos que Jesus ressuscitara. Os Apóstolos limitaram-se a confirmar com uma expressão muito simples: “Ele já apareceu a Simão”. Esta história contada muitas vezes tem sempre novos contornos: a desilusão, a dúvida, o diálogo, a dúvida continuada, um toque de ternura, um convívio na mesa comum, a descoberta de Cristo Vivo na comunidade dos irmãos.
2. Na tradição judaica
É difícil entender como é que o povo de Israel não reconheceu em Jesus o Messias que vinha para salvar. É certo que tinham recusado a voz dos profetas, é certo também que o povo simples se encantava com as palavras e os gestos de Jesus e é certo ainda, que um ou outro fariseu, como Nicodemus, era capaz de se interrrogar querendo mesmo conversar com Jesus. Pedro sentiu por tudo isto que tinha de falar ao Povo sobre Abraão, Isaac e Jacob, sobre a promessa feita a Israel, sobre a vinda de Jesus que os judeus haviam condenado à morte. Mas Deus ressuscitou-O dos mortos. Pedro, na sua sabedoria simples, disse apenas: “e nós somos testemunhas disso”. Os cristãos, todos os cristãos, pela vida e pela palavra oportuna temos de ser testemunhas da Ressurreição.
3. O perdão total
Todos os humanos, judeus ou gregos, homens ou mulheres, servos ou homens livres, todos são pecadores. O pecado outra coisa não é do que a recusa do projecto de Deus. Assim sendo, compreende-se que João na sua primeira carta reafirme um perdão universal. De facto, Deus está repassado de amor, e esse amor, atinge todos os humanos. A liturgia de hoje dá-nos esta garantia, e é por isso que, reconhecendo Jesus Ressuscitado, sentado à mesa connosco, não temos outra alternativa senão regressar à comunidade cristã para anunciar a justiça, o amor, o perdão, valores que emanam do coração de Deus para as nossas vidas.
Monsenhor Vítor Feytor Pinto
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por Zulmiro Sarmento, em 17.04.15
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Cardeal Óscar Rodriguez Maradiaga (Foto: Manuel Meira, retirada do sítio Religionline) |
Os cardeais mais próximos do Papa estão em sintonia na crítica ao sistema económico que rege o mundo. Na semana passada, em Roma, o cardeal Pietro Parolin, Secretario de Estado da Santa Sé, denunciava um sistema que está a dificultar o acesso ao crédito dos mais pobres. Esta semana, em Fafe, o cardeal Óscar Maradiaga, coordenador do grupo de nove purpurados que aconselham o Papa, afirmou que “temos um sistema que desenvolveu o liberalismo económico mas não traz igualdade, antes acrescenta desigualdade”. Criticou também a austeridade que, mesmo sendo uma “virtude cristã”, não ajudou os países intervencionados como se pretendia, mas gerou ainda mais pobreza.
Muitas dos políticos de esquerda reveem-se nestas e noutras críticas. Por diversas vezes já manifestaram o seu apoio às posições do Papa em matéria económica. Mas têm-no deixado a falar sozinho quando pede à “comunidade internacional que não fique muda” perante a matança de cristãos, como tem acontecido recentemente.
Lucia Annunziata, há dias,
num blog italiano, censurava o silêncio da esquerda, que se tem mobilizado em tantas causas, mas não manifestou “a pena e o horror pela morte de tantos homens e mulheres por causa da sua fé”. (…) Fé que, aliás, é a da maioria do nosso país, e é também a matriz (querendo ou não) da história e da cultura do continente em que vivemos”.
Quem assim fala até pode suscitar a ideia de que é uma pessoa de direita e crente. Mas percebe-se, pelo teor do artigo, que não se situa nessa área política. Já quanto à crença, faz questão de dizer: “Não sou católica, nem sequer neo-convertida. Sou ateia e pretendo continuar a sê-lo (…) Sou, contudo, uma jornalista e creio que ainda consigo compreender o que é uma notícia. E a notícia destes dias é a solidão a que foi votado precisamente este popularíssimo Papa, que há meses é a única voz a denunciar os massacres de fiéis e atualmente é o único chefe de estado a apontar o dedo contra o imobilismo das Nações Ocidentais perante estas carnificinas. Na verdade, exatamente o contrário do que aconteceu em relação ao Charlie Hebdo”.
Também, entre nós, se nota algum pudor em condenar categoricamente o massacre dos cristãos. E dificilmente se vê um ateu a admitir e a valorizar a nossa matriz cultural cristã.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 10/04/2015) e lido
aqui
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