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DOMINGO DE RAMOS – A PROXIMIDADE DA PAIXÃO

por Zulmiro Sarmento, em 28.03.15

 

Entrada em Jerusalém Duccio di Buoninegma

A liturgia de Domingo de Ramos tem duas partes. A primeira é a entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado pelos “meninos hebreus” que, com alegria, agitam ramos de oliveira em sinal de paz. Eles gritam “Hossanna, Hossanna, ó filho de David”, numa extraordinária manifestação de fé. A narrativa é de S. Marcos. A segunda parte é a celebração da Eucaristia que contém três textos da Palavra de Deus: a profecia de Isaías, anunciadora do Servo de Javeh que, maltratado dá a imagem do que vai ser o mistério de Jesus Cristo, o Salvador pelo sofrimento; a Carta aos Filipenses em que S. Paulo faz a síntese do mistério de Jesus “obediente até à morte e à morte na cruz, pelo que Deus lhe deu um nome que está acima de todo o nome” (Flp 2, 8-9); e o Evangelho de S. Marcos que contém a narrativa da Paixão, como Pedro a viveu e é anunciada nas suas catequeses.

1. O Servo de Javeh
Nunca é demais reflectir sobre esta extraordinária profecia, uma vez que o Servo, descrito por Isaías, anuncia a Pessoa de Jesus, o Messias esperado. Três notas definem o Servo de Javeh. Ele é escolhido de Deus e por Ele ungido; Ele aceita todo o sofrimento como primícias da Redenção necessária; Ele celebra a total comunhão com Deus para realizar o projecto de salvação que o Senhor queria para o seu Povo.

2. O Redentor Universal
Na síntese teológica mais bela dos escritos de Paulo, a Pessoa de Jesus é vista como o Filho que aceitou ser fiel até à morte, e a morte na cruz. Marcado pela ignomínia dos homens, mereceu a redobrada ternura de Deus que lhe deu “um nome que está acima de todos os outros nomes, para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu” (Flp 2, 10). O novo Servo de Javeh é Jesus o Filho de Deus que veio para ser reconhecido por todas as nações. Não há salvação em nenhum outro.

3. A Paixão segundo S. Marcos
Cada evangelista descreve a Paixão de Cristo, segundo a sua própria experiência. Marcos teve o privilégio de acompanhar Pedro na sua missão apostólica. Quantas vezes terá escutado Pedro a falar da sua experiência na Paixão de Jesus? Na sua narrativa da Paixão coloca 4 cenários: na Ceia, em diálogo amravilhoso com os discípulos, com interpelações a Judas e palavras de conforto ou de atenção a Pedro e aos seus companheiros; no Horto das Oliveiras, onde com Pedro, Tiago e João, próximos, viveu na maior solidão a expectativa da morte; nos tribunais de Caifás (tribunal religioso), de Pilatos (tribunal político), da multidão (tribunal popular), tribunais em que a sentença foi sempre a condenação injusta; no Calvário, onde já pendurado na cruz sentiu com angústia o aparente abandono do Pai. Descobrir as características da Paixão, no Evangelho de S. Marcos, é um bom convite para a meditação na Semana Santa.

Monsenhor Vítor Feytor Pinto

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