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Diz-se cada coisa sobre Francisco por parte dos ultraconservadores saudosistas e restauracionistas ...

por Zulmiro Sarmento, em 28.01.15

Papa em estado de graça.

O crédito de Francisco continua crescendo fora do Vaticano enquanto aumenta a perplexidade interna com sua forma personalista de exercer o poder.

Por Pablo Ordaz – El País: A chave está no poder. Os moralistas do século XVII afirmam que o poder é um hábito que se perde apenas com a morte. Joseph Ratzinger, no entanto, sentiu que a sua incapacidade de exercê-lo o estava asfixiando e, em um gesto desesperado – o único grito de um homem que jamais havia levantado a voz -, decidiu encerrá-lo. Jorge Mario Bergoglio não tem esse problema. É encantado pelo poder. Ama exercê-lo. E, se não fosse o suficiente, de Buenos Aires teve uma boa perspectiva para contemplar o que acontece com o Vaticano quando dois papas consecutivos – João Paulo II, durante sua longa doença, e Bento XVI, pela sua incapacidade para dar ordens – deixaram o destino da Igreja nas mãos de uma Cúria omissa, rachada e à mercê dos instintos mundanos. De forma que, à parte de isso estar mais ou menos de acordo com seus planos, já não há dúvidas no Vaticano que o hóspede de 78 anos, que cada madrugada acorda às quatro e meia, acende a luz do quarto 201 da residência de Santa Marta, reza durante duas horas, diz a missa às sete e toma café da manhã logo depois com grande apetite, está disposto a usar todo o seu poder para mudar a Igreja.

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publicado às 11:28

FRANCISCO, UM PAPA QUE SURPREENDE

por Zulmiro Sarmento, em 28.01.15

 

FRANCISCO, UM PAPA QUE SURPREENDE – 25 de Janeiro de 2015

1. Quem acompanha a vida do Papa Francisco quer em Roma, quer nas suas viagens pastorais, nos grandes discursos na ala Paulo VI ou nas conversas simples na Capela de Santa Marta, dá-se conta de que Francisco é sempre um pastor com extraordinária proximidade e a surpreender todos com os mais pequenos gestos. Os últimos dias trouxeram-nos episódios da sua vida verdadeiramente cativantes.

• Em Manila, deixou-se rodear por milhares de crianças que se sentaram ao seu colo. Uma alegria esfusiante. Só o “protocolo” estava preocupado.

• Em Leiria, uma senhora argentina, doente há sete anos, com um cancro gravíssimo, escreveu ao Papa. Francisco pegou no telefone e ligou-lhe, falando pessoalmente com ela, dando-lhe a certeza da sua oração e do seu carinho.

• De Lisboa, uma senhora escreve ao Papa contando-lhe uma história interessantíssima: com 12 anos, no colégio de freiras, tinham-lhe pedido para dizer quem era Jesus; ela respondera que era o Filho de Deus, mas também um revolucionário: ficou de castigo; agora, que tem 60 anos, viu em Buenos Aires uma homilia do Cardeal Bergoglio que chamava a Cristo um revolucionário; ficou contente pelo facto de o Papa também pensar como ela. Francisco respondeu-lhe na volta do correio e pelo próprio punho, convidando-a a ir visitá-lo para conversarem.

• No avião, ao regressar das viagens à Ásia, questionado sobre o planeamento familiar, não hesitou em dizer que os cristãos devem viver uma paternidade responsável, comentando mesmo que “os católicos não podem ser como os coelhos”. Com isto abria uma porta à reflexão sobre a família que o Sínodo dos Bispos vai aprofundar.

Muitas outras histórias se poderiam contar porque o Papa surpreende com a sua linguagem, com a sua preocupação pelos problemas humanos, pelo sofrimento dos pobres, pelo desejo da renovação profunda da Igreja. Na Evangelii Gaudium, ele diz mesmo que a renovação da Igreja é inadiável.

2. O Papa Francisco acompanhou uma iniciativa do Cardeal de Barcelona sobre a Pastoral das Grandes Cidades. De facto, a Igreja pode estar presente em ambientes rurais, mas quando chega à cidade o seu processo de evangelizar tem características próprias que urge promover para a eficácia do anúncio do Evangelho. O Senhor D. Manuel Clemente participou neste Congresso Internacional da Pastoral Urbana que se realizou em Barcelona e em Roma. As conclusões do Congresso prefiguram o tipo de evangelização que o Papa Francisco propõe:

• O olhar contemplativo sobre o Mundo com dupla incidência: o olhar de Jesus sobre a cidade e, por outro lado, ver o próprio Jesus nos outros, quem quer que sejam.

• O modelo missionário de Jesus bem expresso na forma de uma Igreja em saída que não se limita a manter o que já existe, mas que quer ir às periferias anunciar o Evangelho da misericórdia.

• Uma pastoral de portas abertas que se realiza pelo contacto pessoal, a capilaridade e o testemunho; trata-se de pastoral personalizada na conversa pessoa a pessoa, na pregação informal.

• Uma grande cidade com famílias cristãs que sejam “Igreja doméstica” e paróquias, comunidades de comunidades, centros de atenção pastoral, permanente e criativa.

• Uma cultura cristãmente inspirada que dialogue com as outras culturas com formas de aproximação e de partilha também nas redes de comunicação social.

Não se trata apenas de ser “Igreja na cidade” mas “Igreja da cidade” compreendendo e assumindo a unidade urbana e a particularidade dos lugares centrais ou periféricos. É interessante referir que há muitos movimentos cristãos em Lisboa que querem escutar a cidade para responder-lhe com os valores cristãos, os valores do Evangelho.

3. Para esta presença da Igreja na cidade são necessárias várias exigências que darão maior qualidade a toda a acção pastoral que se deseja realizar. Sem estas preocupações pastorais dificilmente se é eficaz. Foi por isso que o Congresso Internacional sobre a Pastoral nas Grandes Cidades referiu alguns elementos fundamentais à presença da Igreja nos grandes centros urbanos.

• A formação e responsabilização do laicado é essencial, sabendo que a missão dos leigos na Igreja consiste em tratar da ordem temporal e orientá-la segundo Deus para que progrida e assim glorifique o Criador e Redentor (LG 31).

• A exigência de ser pobre e humilde é fundamental para que se concretize o sonho missionário que empolga pastores na cidade actual pela credibilidade que adquirem.

• Uma liturgia de alegria e comunhão permite compreender a todos os que mesmo excepcionalmente passam pelo templo, que a vida cristã tem o sentido da festa antecipando a alegria da Jerusalém celeste.

• A proximidade de todos e a disponibilidade para todos serão reveladoras de comunidades de portas abertas a quem passa e procura.

Comentando tudo isto, o Papa Francisco afirmou que é urgente mudar a nossa mentalidade pastoral para que se consiga uma acção audaz e anunciadora da Boa Nova; uma atitude contemplativa permitirá ver tudo com o olhar de Jesus; ficar-se-á sensível ao clamor dos pobres, dos excluídos e dos descartados; vivendo todos os cristãos em missão pelo seu testemunho cheio de misericórdia e de ternura.

4. A Comunidade Paroquial do Campo Grande está plantada no coração da cidade, com universidades, grandes hospitais, vários colégios, bairros residenciais, incluindo também algumas periferias sociais. A mensagem do Papa Francisco e os desafios do Congresso Internacional da Pastoral Urbana exige-nos criatividade para vivermos em “Igreja em saída” que acolhe, escuta, compreende e tenta responder a todos aqueles que nos procuram considerando a nossa comunidade como uma âncora de esperança.

Pe. Vítor Feytor Pinto

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publicado às 10:30

A despedida de Jesus

por Zulmiro Sarmento, em 28.01.15

 

 


«Querida mãe: quando acordares já terei partido»: A despedida e o Batismo de Jesus

«Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João no rio Jordão» (Do Evangelho do Domingo do Batismo do Senhor, 11.1.2015) 

Que rápido passámos do nascimento de Jesus ao seu Batismo no Jordão! Passaram três semanas e o Menino nascido no pesebre de Belém aparece já como um homem feito, que decide sair da sua casa em Nazaré, deixando para trás a vida familiar, o ofício de artesão, as paisagens suaves da Galileia, para ir ao encontro do profeta João, que está a batizar do outro lado do rio Jordão, no sul do país.

Que arrebatamento ocorreu a Jesus para deixar a vida tranquila e embarcar numa aventura que em pouco tempo o levaria à cruz? Que sonhos levava este jovem no peito para tomar essa decisão? Não encontrei melhor explicação para estas perguntas senão numa carta escrita por um sacerdote espanhol, José Luís Cortés, que tenta recriar os sentimentos de Jesus naquele momento da sua vida. É uma carta dirigida à Virgem Maria, em que Ele explica o que move a deixar a casa.

«Querida mãe: quando acordares já terei partido. Quis poupar-te a despedidas. Já sofreste muito, e sofrerás ainda mais. Agora é noite, enquanto te escrevo. Quero dizer-te por que me vou, por que te deixo, por que não fico na oficina a fazer ombreiras para portas ou cadeiras o resto da minha vida.
Durante trinta anos observei as pessoas do nosso povo e tentei compreender para que viviam, por que se levantavam a cada manhã e com que esperança adormeciam todas as noites. O João, dos refrescos, e com ele metade de Nazaré, sonham em fazer-se ricos e acreditam de verdade que quanto mais coisas tiverem, mais completos vão ser. O chefe da cidade e os outros põem o sentido das suas vidas em conseguir mais poder, ser obedecidos por mais pessoas, ter capacidade para dispor do futuro dos outros homens. O rabino e as suas seguidoras já desistiram de tudo o que significa esforçar-se por crescer e desculpam-se fazendo-o passar por vontade de Deus. (…)

Às vezes, mãe, quando chegavam cartas e soava a trombeta na praça, quando as pessoas acorriam de todos os lados, eu fixava-me nesses rostos que esperavam ansiosamente, delirantemente, de qualquer lugar e de qualquer remetente, uma boa notícia; teriam dado a metade das suas vidas para que alguém lhes abrisse, de fora, uma fenda nos seus muros. Vinham-me ganas de me pôr no meio deles e gritar-lhes: "A boa nova já chegou! O Reino de Deus está dentro de vós! As melhores cartas vão chegar de dentro de vós! Porque repetem que estão coxos se Deus vos deu pernas de gazela?".

Sinto-me tomado pela plenitude da vida, mãe. E descubro-me aceso num fogo que me leva e me faz contar aos homens notícias simples e belas que ninguém diz (e se alguém chega a dizer, logo o censuram). E queria queimar o mundo com esta chama; que em todos os cantos houvesse vida, mas vida em abundância. Já sei que sou um carpinteiro sem licenciatura e que acabei de completar a idade para poder abrir os lábios em público. Não me importaria esperar mais, pensar mais, ser mais maduro, “fazer a minha síntese teológica”… (…)

Mas… há demasiada infelicidade, mãe. Demasiados cegos, demasiados pobres, demasiada gente para quem o mundo é a blasfémia de Deus. Não se pode crer em Deus num mundo onde os homens morrem e não são felizes… a menos que se esteja do lado daqueles que dão a vida para que tudo isso não aconteça; para que o mundo seja como Deus o pensou (…).»

Jesus seguiu o caminho que Deus lhe apontava; a sua vocação foi ser filho amado de Deus e irmão de todos os homens e mulheres que partilham a sua mesma vocação. Isso significa o Batismo de Jesus, e isso significa o nosso próprio Batismo.

P. Hermann Rodríguez Osorio, S.J. 
In "Periodista Digital" 
Trad. / edição: Rui Jorge Martins 
Publicado em 10.01.2015

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publicado às 09:36


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