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O silêncio nos funerais...

por Zulmiro Sarmento, em 30.09.14

O burro do Alfredo

O burro do Alfredo é o vizinho mais próximo do cemitério. É ele que, do seu posto de trabalho, vela cada campa. É um burro sossegado, mas atento. Não se dá por ele a não ser nos funerais ou nos finados. Chegados ao cemitério, findo o canto fúnebre, o burro do Alfredo continua a salmodia na sua língua materna. É difícil manter a compostura e guardar a seriedade. O seu dono é o primeiro a desfazer-se em prantos de gargalhada contida. Já o avisei para que guarde o animal a sete chaves quando há funeral, mas o Alfredo esquece-se. É que ninguém consegue ficar-lhe indiferente numa cerimónia que exige tanto recato. Foi quando o Alfredo me contou que em tempos o padre que eu substituíra, para dar início ao ritual das exéquias e efectuar a despedida do defunto no cemitério, dado que os presentes faziam barulho inapropriado, pediu, alto e bom som, que se fizesse silêncio a fim de ele prosseguir a oração com a devida dignidade. As pessoas aceitaram o pedido e calaram-se. Nisto, o burro do Alfredo, quase em tom de gozo com o padre, abre as goelas e esboça um zurro do nunca visto. Sorriram as pessoas e conformou-se o padre, dizendo. Bem, a este não posso eu mandar calar.

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publicado às 11:50

Muito religiosas. Pouco cristãs. Ao que se chegou!!...

por Zulmiro Sarmento, em 29.09.14

Conversas com uma senhora muito religiosa

Conversa pouco fiada entre duas pessoas adultas. Um padre e uma senhora. Senhor padre, eu sou uma pessoa muito religiosa, diz ela. O padre pensa nas freiras em quem se costuma pensar quando se fala em religiosas, mas não deixa o seu pensamento sair para fora. Aproveita o ocaso da situação para explicar Olhe que é melhor dizer que somos pessoa de fé do que dizermos que somos religiosos. Ser religioso é viver de religiosidades. Ter fé é viver Deus. A senhora acenou que compreendera e emendou. Sou uma pessoa com uma fé tremenda. Sabe, padre, eu já fui cinco vezes a Fátima. Não vou muitas vezes à missa, mas Nossa Senhora de Fátima ajuda-me sempre que preciso. O padre teve outro pensamento errático. A senhora pensa na Senhora quando precisa, mas tem muita fé. A fé dos que têm fé quando precisam. O tal padre deve ter feito uma cara estranha porque a senhora insistiu que tinha uma fé enorme em Nossa Senhora. O padre perguntou se não tinha fé em Deus e a senhora falou que claro, mas ia poucas vezes à missa. O padre concluiu que para a senhora a fé estava em cinco vezes que foi a Fátima e não nas cinco vezes que fora à missa. O padre perguntou-lhe quanto gostava de Deus, ela disse que muito, mas que gostava mais de Nossa Senhora. O padre achou que o Senhor Deus não se deve importar com isso, porque Ele também gosta muito da Sua mãe. O padre e a senhora falaram muito mais e acho que a senhora no final estava mais esclarecida. Na realidade, ela era mais uma pessoa religiosa que uma pessoa de fé. Mas não vem mal ao mundo. Acho que Deus sabe esperar.

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publicado às 13:08

Freguesia de São Mateus do Pico realiza uma acção de limpeza na costa

por Zulmiro Sarmento, em 29.09.14

Iniciativa pretende sensibilizar a população para a preservação do meio ambiente

Freguesia de São Mateus realiza uma ação de limpeza

 

Sábado, a partir das 9 horas, a Junta de Freguesia de São Mateus realiza uma ação de limpeza pela freguesia no âmbito do programa ECOFREGUESIA – Freguesia Limpa 2014.
A iniciativa pretende sensibilizar a população para a importância da adoção de comportamentos para a preservação do meio ambiente. 
Para além da recolha dos resíduos a ação conta ainda com a distribuição de folhetos informativos e a colocação de placares.
A atividade conta também com apoio da Direção Regional do Ambiente, da Câmara Municipal da Madalena, do Agrupamento de Escuteiros 1219 de São Mateus e é aberta a todos aqueles que queiram juntar.

Emanuel Pereira/RP
Nota minha: Fiquei muito satisfeito com a iniciativa. Não pode participar em virtude de estar escalonado para a realização dum funeral de manhã. Muito lixo se juntou. Quem tem adegas na zona do Porto Novo também nos seus passeios pelo caminho do farol já juntou dezenas de garrafas de cerveja e sumos deitadas fora pelas janelas dos carros que passam por ali, como eu próprio já vi. Daqui a umas semanas está tudo cheio outra vez nas bermas do caminho. Educação ambiental precisa-se urgentemente.

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publicado às 11:59

DECÁLOGO SOBRE A CATEQUESE

por Zulmiro Sarmento, em 26.09.14

 

1.      A comunidade cristã é o sujeito, o ambiente e a meta da Catequese.Família, Catequese e Paróquia, assumem, em comunhão, a responsabilidade por criar o ambiente, onde a fé de cada um possa crescer com o testemunho dos outros, esclarecer-se com a ajuda dos demais, celebrar-se em comum e manifestar-se a todos. Ninguém cresce sozinho e pelas suas mãos, como ninguém cresce na fé, sem a fé dos outros e sem a graça de Deus. É no testemunho vivido da fé, que a Catequese encontra a sua base de apoio! 
2.      A vida “em grupo” e entre os grupos de catequese, no seio da comunidade, é já uma experiência do ser e do viver em “Igreja”. O ambiente de participação activa e de responsabilidade comum, por parte de todos, quer nas celebrações, quer no compromisso efectivo, nas várias obras, iniciativas e actividades da Paróquia, facilitarão a consciência de sermos “discípulos” de Jesus, numa “Igreja”, chamada a ser comunidade e família de irmãos! 
3.      Entre os vários modos e momentos de evangelização, a Catequeseocupa um lugar de destaque. Ela preocupa-se por anunciar a Boa Nova, àqueles que, de algum modo, já foram, ao menos, alguma vez, sensibilizados, seduzidos, ou tocados pela beleza da pessoa de Cristo. Espera-se que, de um modo organizado, esse primeiro anúncio, seja, a seu tempo e com largo tempo, esclarecido de boa mente, acolhido no coração, e que dê frutos de vida nova. E que essa vida nova seja expressa, partilhada e fortalecida, no encontro fiel da comunidade com Cristo Ressuscitado, na celebração dos sacramentos, particularmente da Eucaristia e da Reconciliação. 
4.      Na verdade, a vida cristã é um facto comunitário! E se alguém, por hipotética ocupação, não pudesse dispensar mais que uma hora, por semana, para “estar com o Senhor”, deveria reservar esse tempo, para a participação na Eucaristia Dominical, que é verdadeiramente o ponto de chegada, o ponto de encontro e o ponto de partida da vida e da missão da Igreja. A “catequese” não é “um à parte”, uma “hora” para a educação religiosa ou cívica, como se fizesse algum sentido preocupar-se por não faltar a um encontro de catequese e faltar, sem qualquer justificação, à celebração da Eucaristia e aos compromissos com a vida da comunidade. 
5.      A Catequese não é uma “aula” de religião ou de moral, nem se dirige somente à capacidade de aprender e de saber bonitas coisas acerca de Deus, acerca dos sete sacramentos, dos dez mandamentos, da Igreja, da vida eterna. A Catequese propõe uma Pessoa e não uma teoria: “Jesus Cristo é o Evangelho, a Boa Nova de Deus”. Nesse sentido, a catequese é evangelizadora, se levar os catequizandos à descoberta, à amizade e ao seguimento de Jesus. Sem essa adesão vital de coração, à Pessoa de Jesus Cristo, qualquer “Moral” se tornará um peso, em vez de se oferecer como um caminho de libertação. 
6.      Frequentar a Catequese, é bem mais do que “ir à doutrina”. A Catequese é uma “educação da fé” e da “fé” em todas as suas dimensões. O mero conhecimentoda “doutrina” sem a celebração e sem a sua aplicação à vida, faria da fé uma bela teoria. A celebração, sem o conhecimento dos seus fundamentos, e desligada da prática da vida, tornar-se-ia, por sua vez, incompreensível e incoerente e até mesmo “alienante”. Todavia, uma fé, proposta e transmitida, que não se aprofunde na experiência da oração, jamais conduzirá a uma relação pessoal com Deus. Ora a fé, pela sua própria natureza, implica ser conhecida, celebrada, vivida e feita oração. Só assim se “segue” verdadeiramente Cristo, com toda a alma e de corpo inteiro! 
7.      A fé, no contexto em que vivemos, é talvez, mais uma «proposta» de sentido para a vida, do que um mero acto cultural de “transmissão”. ninguém propõe O que desconhece, nem dá O que não tem. Mas quem tem fé, e a vive, não pode deixar de a “apegar” aos outros e de a propagar a todos. Na educação da fé, tem papel decisivo o “testemunho” e o “entusiasmo” de todos aqueles que, na comunidade, se tornam portadores e servidores da alegria do Evangelho. Uma fé que não se apega, apaga-se! 
8.      Mais do que se preocuparem, porque não sabem o que responder aos filhos… os pais deveriam procurar “descobrir com os filhos” a Boa nova que eles receberam na Catequese, “rezar com eles”, participar com eles na celebração da Eucaristia. Então as respostas, serão encontradas na vida comum da fé, partilhada em família e em comunidade. Nada disto impede os próprios pais, de procurar integrar um grupo deCatequese, paralela à dos filhosque os ajude a aprofundar as razões da sua fé, em relação com a cultura e com as responsabilidade sociais, familiares e eclesiais, que assumem diariamente. 
9.      Pedir a Catequese para os filhos e pôr-se “de fora”, em tudo o que se refere à vivência e à celebração da fé, cria uma “divisão” interior, uma vida dupla, que impede, quem quer que seja, de descobrir e construir a sua própria identidade cristã. Frequentar a Catequese não significa “ter uma aula” por semana, para garantir um diploma, uma festa ou um sacramento no fim do ano. Pedir a Catequese implica comprometer-se a caminhar com toda a comunidade, no anúncio feliz do Deus vivo e na experiência maravilhosa do encontro com Ele. 
10.  Não faz parte das tarefas da Catequese ocupar os tempos livres, ensinar regras de boa educação ou esgotar o tempo a “decorar” as fórmulas das orações comuns dos cristãos. Mesmo esperando que todo o ambiente de Catequese seja educativo e que tais orações sejam assumidas e bem compreendidas, são tarefas da catequese iniciar as crianças e adolescentes no conhecimento da fé (que se resume no Credo), na celebração (dos sacramentos), na vivência (atitudes de vida) e na experiência pessoal da fé (oração). E isso é obra de todos nós, que somos, mais uma vez, “convocados pela fé”.

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publicado às 14:09

Os cânticos na celebração da Eucaristia

por Zulmiro Sarmento, em 25.09.14

 

Todas as liturgias constam de quatro partes fundamentais: a) Ritos iniciais b) Liturgia da Palavra c) Liturgia própria do Sacramento (neste caso Liturgia Eucarística) c) Ritos conclusivos 1. ENTRADA A procura de Deus através da Igreja. – O amor de Deus que nos escolheu e nos convoca. – Um aspeto da salvação segundo o ano litúrgico. Com ele damos início à celebração eucarística. Não é qualquer canto que se pode utilizar para a entrada de uma celebração. A sua função é criar comunhão. O seu mérito é convocar a assembleia e, pela fusão das vozes, juntar os corações no encontro com o Ressuscitado. 2. ATO PENITENCIAL (Kyrie eleison) Senhor, tende piedade de nós. – Exprimimos o senhorio de Cristo, a sua misericórdia e louvor. É uma aclamação suplicante a Cristo-Senhor. É o Canto da assembleia reunida que invoca e reconhece a infinita misericórdia do Senhor. 3. GLÓRIA O Glória é um hino muito antigo que data aproximadamente do séc. II d. C. É uma belíssima doxologia (ou louvor a Deus), fruto poético das comunidades cristãs primitivas, cuja fonte é a Bíblia. O Glória convida-nos a glorificar a Deus Pai, a Cristo Cordeiro de Deus. É uma invocação trinitária da antiguidade. É a forma da Igreja reunida no Espírito Santo, louvar a Deus Pai e suplicar ao Filho, Cordeiro e Mediador. Este é um hino de louvor, alegre e festivo, que deve ser cantado (ou recitado) por toda a assembleia. 4. SALMO RESPONSORIAL O Salmo é uma resposta da comunidade à Palavra escutada na primeira leitura. O livro dos Salmos do Antigo Testamento reúne um conjunto de 150 composições poéticas, muitas delas, segundo a tradição, escritas pelo Rei David. Estes textos eram usados nos momentos de oração do povo de Israel. Exprimem muitos dos sentimentos vividos pelo povo, em diferentes situações de dificuldade, de perseguição, de abandono. Deve ser introduzido por um refrão simples, com uma melodia simples. As estrofes devem ser cantadas por um salmista que vai dando melodia à Palavra de Deus. A melodia deve estar de acordo com o texto (se é um texto de súplica, não deve ser uma melodia de festa; se é um canto de louvor, não deve ser uma melodia triste…). 5. ALELUIA É uma introdução, preparando a assembleia para o que será proclamado. Por outras palavras, o canto que precede a proclamação do Evangelho nada mais é do que um “viva” pascal ao Verbo de Deus, que nos tirou das trevas da morte, introduzindo-nos no reino da vida. 6. APRESENTAÇÃO DOS DONS É um canto que acompanha a procissão dos dons. O texto do canto não precisa de falar de pão e de vinho e muito menos de oferecimento ou oblação. Outro dado importante: tudo o que for apresentado como oferta não poderá voltar ao dono. Tem de ser partilhado ou doado. Caso retorne, não tem sentido ser ofertado. Não é obrigatório cantar neste momento. Pode optar-se por fazer silêncio ou uma música de fundo. 7. SANTO O Santo, introduzido na Celebração Eucarística no séc. IV na Igreja do Oriente e no séc. V na Igreja do Ocidente. A letra do Santo é formada por duas partes: a primeira parte “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo, o céu e terra proclamam vossa glória…”, reproduz o louvor celeste dos Serafins conforme o relato de Isaías 6, 3 (…). a segunda parte: “Bendito o que vem em nome do Senhor…”, expressa o grito de triunfo do povo de Deus que acolhe e aclama o Messias, o Salvador. 8. CORDEIRO DE DEUS O Cordeiro tem uma particularidade especial, é um canto sacrificial que dá sentido ao gesto de Jesus ao partir do pão. Bom seria que tivesse um solista que cantasse a primeira parte e a assembleia respondesse na segunda parte. O “Cordeiro de Deus” é uma prece litânica: após cada invocação entoada pelo(a) cantor(a), a assembleia responde com o “tende piedade de nós” e no final com o “dai-nos a paz”. 9. COMUNHÃO Mistério de Cristo e comunhão fraterna. – Identificação com Cristo no Evangelho de cada dia. – Os frutos de uma vida em Cristo. Neste momento da celebração devemos sentir-nos verdadeiramente unidos e irmãos. É um canto que se inicia quando o sacerdote comunga e prolonga-se enquanto dura a comunhão de todos os fiéis, ou até ao momento que se julgue oportuno. Tendo o cuidado de se dar um tempo de silêncio e de louvor, no momento de ação de graças. 10. FINAL A Eucaristia não termina, porque se prolonga na vida. É preciso que os participantes saiam comprometidos, com esperança, com a sensação de ter crescido em fraternidade, mais comprometidos… O Canto Final não faz parte da Liturgia. É um canto que se chama “ad libitum”, quer dizer, nesta intervenção musical os músicos são livres de planificar e escolher a música que se proporcione para um final adequado à celebração.

 

in VOZ DE LAMEGO

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publicado às 12:25

MUITO SE TRABALHA, POUCO SE RECEBE

por Zulmiro Sarmento, em 23.09.14
Passou Agosto, mas ficou o gosto: o gosto provocado pelo primeiro cheiro a mosto.

É na vinha onde muitas pessoas passam muito tempo.

É na vinha onde tantos gastam — e se desgastam — tanto.

É na vinha onde as energias se consomem e os rendimentos como que se encolhem.

A vinha até dá muito, mas os mercados dão pouco pelo muito que se trabalha na vinha.

Na vinha, não se trabalha só agora, mas trabalha-se também agora, sobretudo agora.

Em plena época das vindimas, sabemos bem quanto custa trabalhar muito e receber pouco.

Em plena época das vindimas, sentimos bem o peso da injustiça e o (amargo) sabor da ingratidão. Afinal, gasta-se muito todo o ano a pensar nas vindimas. E acaba-se por conseguir pouco nas vindimas para o resto do ano.

O problema não está na terra, que até é generosa. O problema parece estar em quem teima em não valorizar devidamente o que se produz na terra.

Daí que o tempo das colheitas costume baloiçar entre a alegria e a frustração.

O que se recebe nem sempre compensa o que se gastou.

Resta-me, pois, augurar uma feliz colheita e desejar uma justa recompensa por tanto trabalho.

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publicado às 02:14

Cirineus

por Zulmiro Sarmento, em 22.09.14

 



São João Paulo II foi vítima de um atentado a 12 de Maio de 1982, em Fátima. A 13 de Maio de 1981 tinha sido alvejado em Roma, tendo então perigado a sua vida. A providencial coincidência deste incidente com o aniversário da primeira aparição, em Fátima, levou João Paulo II a atribuir a Maria a sua sobrevivência. Por esta razão, fez uma peregrinação, um ano depois, à Cova da Iria. Foi então que um padre espanhol, não católico, atentou, sem êxito, contra a vida daquele Papa.

Logo depois deste segundo atentado, um casal madrileno apresentou-se na nunciatura, em Lisboa: eram os pais do clérigo que pusera em risco a vida de São João Paulo II. A razão da sua precipitada vinda ao nosso país, que passou desapercebida à imprensa, era só uma: pedir desculpa.

Aqueles pais, católicos, não tinham nenhuma responsabilidade no delito perpetrado pelo filho, maior de idade. Naquela hora amarga, de tanta angústia e vergonha, era compreensível que se tivessem escondido mas, pelo contrário, deram a cara em nome de um crime que não era deles. Outros teriam entendido, com razão, que nada tinham a ver com aquele acto criminoso, mas aqueles pais carregaram com a culpa do seu filho. Muitos progenitores ter-se-iam orgulhado de uma glória filial, mas aqueles desgraçados pais humilharam-se com a desonra do seu descendente e, em seu nome, ofereceram-se à vítima, em expiação dessa falta. Como é rara a nobreza de uma voluntária humilhação! Como é belo pedir perdão!

"Nisto consiste o amor: (…) em ter sido Deus que nos amou e enviou o seu Filho, como vítima de expiação pelos nossos pecados. (…) Se Deus nos amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros" (1Jo 4,10-11). Neste mundo, sobram os Pilatos e os Herodes acusadores, mas faltam Cireneus que carreguem as cruzes alheias.

Gonçalo Portocarrero de Almada | ionline 2014.09.20

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publicado às 12:21

As 8 imperdíveis lições de liderança do Papa Francisco

por Zulmiro Sarmento, em 17.09.14

 



1. Dá o exemplo.



"Se uma pessoa é homossexual e procura Deus, quem sou eu para julgá-la?" (29-07-2013) Quando o líder máximo age de acordo com o que pede aos seus colaboradores, torna-se muito difícil que estes não lhe correspondam e sigam as suas orientações, levando a um maior sentimento de equipa e a alcançar mais rapidamente os objetivos traçados para o negócio que sentem também como deles.


2. Conhece o valor de implementar a mudança.


"A Cúria tem um defeito: está centrada no Vaticano. Vê e ocupa-se dos interesses do Vaticano e esquece o mundo que o rodeia. Não partilho desta visão e farei tudo para a mudar." (01-10-2013)


Pelo Vaticano têm passado vários casos de corrupção, abuso de menores e membros da cúria que detinham mais poder que o Papa. Quem não conhece nomes como o do Cardeal Angelo Sodano, que foi durante dezasseis anos o Cardeal Secretário de Estado, abarcando dois pontificados, o do Papa João Paulo II e o do Papa Bento XVI. Com a perda de rigor e a excessiva burocracia da Igreja enquanto organização, era fundamental proceder a uma reforma. Como refere Ray Hennesey, “o papa Francisco reuniu um grupo de conselheiros de todo o mundo para proceder à reforma da Cúria. Para tal, retirou poderes ao Secretariado de Estado e dividiu as responsabilidades entre os cardeais. Também recrutou diversos gestores sem qualquer relação com Roma.”






3. É claro e directo na sua comunicação.


"A fé não serve para decorar a vida como se fosse um bolo com nata." (18-08-2013)


"O [sem-abrigo] que morre não é notícia, mas se as bolsas caem 10 pontos é uma tragédia. Assim, as pessoas são descartadas. Nós, as pessoas, somos descartadas, como se fôssemos desperdício." (05-06-2013)


A comunicação, para ser eficaz e servir os seus princípios, tem de ser clara e direta, para que não restem dúvidas de que aquele a quem se dirige, percebe a mensagem. 




4. Toma rapidamente decisões difíceis.


"Mas tivemos vergonha? Tantos escândalos [na Igreja] que não quero mencionar individualmente, mas que todos sabemos quais são... Escândalos que alguns tiveram de pagar caro. E isso está bem! Deve ser assim... a vergonha da Igreja." (16-01-2014)


Na sua reforma da Cúria, o Papa Francisco criou um novo departamento a que chamou Secretariado para a Economia, com o fim de tornar transparentes as finanças da Igreja. 




5. Ouve e aceita diferentes pontos de vista.


"Amemos os que nos são hostis, abençoemos os que dizem mal de nós, saudemos com um sorriso os que provavelmente não o merecem, não aspiremos a fazer-nos valer, mas oponhamos a doçura à tirania, esqueçamos as humilhações sofridas." (23-02-2014)




O Papa Francisco está disponível para a sua comunidade e para todos os que queiram falar com ele. Não é elitista nem egocêntrico, mas inclusivo e focado nos outros.




6. Reconhece as suas fragilidades.


"Eu não queria ser papa." (07-06-2013)


 “O meu modo autoritário e rápido de tomar decisões levou-me a ter sérios problemas e a ser acusado de ser ultraconservador. Vivi um tempo de grande crise interior quando estava em Córdoba. Foi o meu modo autoritário de tomar decisões que criou problemas.” (19-08-2013)


Quem é Jorge Mario Bergoglio? “Não sei qual possa ser a resposta mais correta... Sou um pecador. Esta é a melhor definição. E não se trata de um modo de falar ou de um género literário. Sou um pecador. (…) Sou um indisciplinado nato”. (19-08-2013)


Segundo a religião católica, todos são pecadores e o Papa, sendo homem, não é exceção. Mas admiti-lo desta forma é inédito na boca de um Sumo Pontífice e, no mínimo, uma prova de grande humildade, tendo em conta o cargo que ocupa. Este está consciente da sua humanidade e das tentações e fraquezas que sente. 


Os religiosos não são seres divinos, mas humanos como todos os outros. Também os líderes são humanos e não seres perfeitos que nunca erram, nunca têm um dia mau e nunca se esquecem de nada. Assumir as falhas e responsabilidades não os torna inferiores, mas dignos do reconhecimento e da admiração dos seus seguidores. 






7. Sabe que não vai conseguir atingir os objetivos sozinho.


"A Igreja não pode ser uma baby-sitter para os cristãos, deve ser uma mãe e é por esta razão que os laicos devem assumir as suas responsabilidades de batizados." (17-04-2013) 


“Como arcebispo de Buenos Aires, convocava uma reunião com os seis bispos auxiliares cada 15 dias e várias vezes ao ano com o Conselho de Presbíteros. Formulavam-se perguntas e abria-se espaço para a discussão. Isto ajudou-me muito a optar pelas melhores decisões. Acredito que a consulta é muito importante.” (19-08-2013)


O Papa Francisco aprendeu com os seus erros enquanto jovem líder e tem hoje plena consciência de que as conquistas são alcançadas não a solo mas em grupo, com e através das pessoas. 


Na liderança das organizações, deve passar-se de igual forma. Cabe ao líder desenvolver os seus colaboradores e integrá-los na sua visão e objetivos. Com eles nada o impedirá de lá chegar, sem eles poderá ser uma tarefa demasiado pesada e ingrata, sem hipóteses de algum dia saborear o sucesso. 


8. Cultiva o humor. "Não existe o marido perfeito, a mulher perfeita... não falemos da sogra perfeita." (14-02-2014)


"Não cedamos ao pessimismo. (15-03-2013)




É sabido que o humor é fomentador da boa comunicação, ao permitir prender a atenção do interlocutor, ao fomentar as relações, promover o bom ambiente de trabalho e proporcionar uma maior felicidade a quem a ele recorre.


O Papa Francisco cultiva o humor em quase todas as suas intervenções, aligeirando assuntos e mensagens mais pesadas, quebrando o gelo inicial em diversas reuniões, encontros e entrevistas, entre outros.


“É preciso viver as pequenas coisas do dia-a-dia com alegria. (…) Não se prive de ter um bom dia.”


RETIRADO DE "  O BANQUETE DA PALAVRA"

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publicado às 13:07

NO INÍCIO DE MAIS UM ANO LECTIVO

por Zulmiro Sarmento, em 15.09.14

 

 
Agora, que o novo ano lectivo está a dar os primeiros passos, é hora de desejar as maiores felicidades a quem ensina e a quem aprende. Aliás, nunca deixamos de aprender. O segredo da aprendizagem está na atenção. Estudar não é só ler. É, acima de tudo, escutar. É escutar sempre, até ao fundo, até à profundidade. O Padre António Vieira avisa: «Para aprender, não basta ouvir por fora; é necessário e...ntender por dentro». Só quando se chega dentro se entra no essencial. Inteligente é o que lê por dentro. Deixem, por isso, respirar a escola. Não pressionem a escola. Dêem espaço para que a escola se possa concentrar na sua missão. Tão nobre. Tão bela. Tão difícil e tão dificultada. Eu acredito na escola. Nos professores. E nos alunos. Em todos! Muita paz e muita esperança! Especialmente para si!

Senhor Jesus, ajuda-me no meu trabalho.
Sê o meu Mestre e a minha Luz.

Eu dou o meu esforço,
dá-me a Tua inspiração.... 
Ajuda-me a estar atento e a ser concentrado.

Não Te peço para ser o melhor,
 só Te peço que me ajudes a dar o meu melhor,
a trabalhar todos os dias.

Que eu não queira competir com ninguém
 e que esteja disponível para ajudar os que mais precisam. 
Que eu seja humilde, que nunca me envaideça,
 que nunca me deslumbre no êxito,
 nem me deixe abater na adversidade.

Que eu nunca desista.
 Que eu acredite sempre.

Que eu aprenda a ciência e a técnica,
mas que não esqueça que o mais importante é a bondade, a solidariedade e o amor.
Que eu seja sempre uma pessoa de bem.

Ilumina, Senhor, o meu entendimento
 e transforma o meu coração.

Dá-me um entendimento para compreender o mundo
 e um coração capaz de amar os que nele vivem!
João António Teixeira

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publicado às 12:14

Mudanças pastorais matrimoniais

por Zulmiro Sarmento, em 11.09.14

Papa casa (...) divorciado A notícia do "Público" diz no título: Papa casa 20 casais no domingo, entre eles uma mãe solteira e um divorciado Ainda não a li, mas não pode ser o que um católico pensa ao ler o título. O "divorciado" é divorciado de uma união civil, a qual, para a Igreja, não é mais do que uma coisa em forma de nada. Se nunca foi casado pela Igreja, não é divorciado. No fundo, o jornalista valoriza mais o casamento civil do que a Igreja católica. (cinco minutos depois) A coisa não é bem assim. Pode ser divorciado pelo civil, mas o que aconteceu foi que viu o seu casamento católico declarado nulo. É outra coisa. Para a Igreja (e o nosso inefável direito matrimonial), Guido nunca foi casado. No dia 14 de Setembro, o Papa vai casar 20 casais, entre eles Gabriella, uma mãe solteira, e Guido, cujo anterior casamento foi anulado, ambos com cerca de 50 anos, avança o jornal italiano La Repubblica.

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publicado às 11:29

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