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Esta popular e velha terrina, já com agrafos, foi levada de Portugal
para Roma, por expresso
desejo de um santo moderno. Ao olhar para ela, pensava na misericórdia
de Deus.
Em 1972, o Padre Escrivá de
Balaguer visitou Portugal. Na casa onde ficou hospedado, chamou-lhe a atenção
esta rústica terrina de barro com a palavra «amo-te», e já com agrafos por se
ter partido.
Gostou imenso dela. Pediu que
lhe deixassem levá-la para Roma. Levantou o tampo, provou um dos pequenos
chocolates em forma de coração com que a tinham enchido e, sorridente,
comentou:
- Que doces são os corações
dos portugueses!
Esta terrina tinha sido
comprada numa loja de velharias, em Coimbra. O comprador, um sacerdote achou
que podia agradar o Pe. Escrivá, fundador do Opus Dei, pois ele falava muitas
vezes da nossa fragilidade e da misericórdia de Deus. O nosso amor a Deus e ao
próximo é frágil como um vaso de barro. Mas Deus, na sua misericórdia,
repara-nos de forma a ficarmos como novos.
As lições da Terrina
Até partir deste mundo, o
fundador do Opus Dei serviu-se da terrina para falar aos seus seguidores. Um
dos seus biógrafos ainda recorda o que ele, um dia, disse:
«Vistes aquela terrina com
grampos que os meus filhos de Portugal tinham preparado para mim? Uma terrina
de louça, aldeã. Muito simpática. É uma coisa vulgar, mas encantou-me, porque
se via que a tinham usado muito, se tinha quebrado e tinham-lhe posto bastantes
grampos para continuarem a usá-la.
Além disso, como adorno,
tinham escrito: amo-te, amo-te, amo-te…
Pareceu-me que aquela terrina
era eu. Fiz oração com aquela peça velha, porque também eu era assim: como a
terrina de barro, partida e com grampos. Gosto de repetir ao Senhor: Com os
meus grampos, amo-te tanto! Podemos amar o Senhor mesmo estando partidos.»
Esta terrina de barro também
nos ajuda a recordar que somos frágeis como vasos de barro. Mas, sempre quando
ficamos como que em cacos, Deus misericordioso restaura-nos, faz de nós homens
novos, dá-nos um coração novo.
Que sentido têm o sofrimento e a dor que acompanham a caminhada do homem pela terra? Qual a “posição” de Deus face aos dramas que marcam a nossa existência? A liturgia do 5º Domingo do Tempo Comum reflecte sobre estas questões fundamentais. Garante-nos que o projecto de Deus para o homem não é um projecto de morte, mas é um projecto de vida verdadeira, de felicidade sem fim.
Na primeira leitura, um crente chamado Job comenta, com amargura e desilusão, o facto de a sua vida estar marcada por um sofrimento atroz e de Deus parecer ausente e indiferente face ao desespero em que a sua existência decorre… Apesar disso, é a Deus que Job se dirige, pois sabe que Deus é a sua única esperança e que fora d’Ele não há possibilidade de salvação.
No Evangelho manifesta-se a eterna preocupação de Deus com a felicidade dos seus filhos. Na acção libertadora de Jesus em favor dos homens, começa a manifestar-se esse mundo novo sem sofrimento, sem opressão, sem exclusão que Deus sonhou para os homens. O texto sugere, ainda, que a acção de Jesus tem de ser continuada pelos seus discípulos.
A segunda leitura sublinha, especialmente, a obrigação que os discípulos de Jesus assumiram no sentido de testemunhar diante de todos os homens a proposta libertadora de Jesus. Na sua acção e no seu testemunho, os discípulos de Jesus não podem ser guiados por interesses pessoais, mas sim pelo amor a Deus, ao Evangelho e aos irmãos.
Padres Dehonianos