No verão passado, uma senhora professora abeirou-se de mim para me perguntar se 2012 seria mesmo o ano do fim do mundo.
No primeiro dia deste ano, com alguma intenção por certo, passou na SIC o filme “2012”.
Assim sendo, desejaria abrir o assunto à discussão dos meus leitores e dar sobre ele a minha pobre e despretensiosa opinião.
O dito filme, que tive o cuidado de ver, dirigido por Roland Emmerich, é um anúncio de catástrofes e um relato antecipado de eventos calamitosos que acontecerão no planeta, no ano agora decorrente. Fazendo referência ao famoso “Calendário de Contagem Longa” dos Maias, que, segundo alguns estudiosos, coloca em 2012 o “fim dos tempos”, o filme mostra a crosta terrestre a abrir-se em brechas de fogareiro e deslocar-se e a arder em fogo por efeito de graves e perigosas erupções solares, resultando daí inúmeros cenários apocalípticos, tais como destruidores tsunamis e horrendos terramotos, mergulhando o mundo todo num verdadeiro caos sem remédio e sem retorno.
Como referi, o anúncio do fim dos tempos por parte de alguns estudiosos reporta-se ao “Calendário de Contagem Longa Mesoamericano” mais conhecido por “Calendário Maia”. A ideia é a de que os Maias, que no seu calendário pré-colombiano terão previsto vários acontecimentos que vieram a verificar-se, nomeadamente a chegada do homem branco - Hernan Cortez - a 8 de Novembro de 1519, prevê também que algo de muito grave se passará no solstício de Inverno, a 21 de Dezembro de 2012, data que é considerada o final de um ciclo de 5.125 anos do referido calendário, relacionando-se com essa data vários alinhamentos astronómicos.
Nessa previsão e anúncio, o acontecimento será tão grave que o mundo, tal como o conhecemos, desaparecerá.
Diz quem sabe que, nessa data, durante o solstício, a Terra estará de facto alinhada com o Sol e com o centro da nossa galáxia – a Via Láctea -, que no centro da Galáxia existe um buraco negro supermassivo, e que o alinhamento da Terra com este buraco negro levará a uma profunda mudança do campo magnético terrestre, que trará consigo tsunamis, vulcões, e terramotos.
Que deveremos pensar acerca disto?
Sempre houve anúncios do fim do mundo através dos tempos: a convicção dos cristãos de Tessalónica de que a Vinda de Cristo estava por dias, tendo S. Paulo necessidade de lhes escrever para lhes recomendar que trabalhassem e não se deixassem enganar por ninguém… a crença do “milenarismo” que ocupou muitas mentes durante séculos… as promessas repetidas dos “Jeovás” que sempre abortaram e nunca se concretizaram… são, entre outros, muitos desses vaticínios falsos que se foram repetindo, uns atrás dos outros.
Repetindo uma tradição continuada, sempre ouvi o nosso povo dizer que o próximo fim do mundo será “de fogo”. Parece vir dar razão ao povo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, quando, na terceira “Conferência da ONU sobre o Clima”, pensando no aquecimento global e acelerado do planeta, disse peremptoriamente: "Estamos pisando fundo no acelerador e caminhamos para o abismo”.
Alguns estudiosos acreditam que 2012 é a data final para se achar uma solução para o inevitável “fim do petróleo” que poderá ocorrer nas próximas décadas e dizem que, se isso não se fizer, o mundo poderá entrar numa imensa recessão global e num posterior colapso económico: as nações irão lutar entre si pela última gota de petróleo. Isto poderá desencadear uma guerra no planeta e o fim da civilização como a conhecemos hoje - alertam esses estudiosos.
Como sabemos todos, Jesus anunciou diversas vezes o fim dos tempos: “Estava sentado Jesus no Monte das Oliveiras, e os discípulos aproximaram-se d’ Ele para Lhe perguntarem: Quando será isso e qual vai ser o sinal da Tua Vinda e do fim do mundo? Jesus respondeu: Tende cuidado e não vos deixeis enganar: ouvireis falar de guerras e tumultos, mas não quer dizer que seja o fim…Muitos vão perder a Fé…Hão-de aparecer falsos profetas que enganarão muita gente. A maldade aumentará de tal maneira que a fé e o amor de muitos arrefecerá. Mas aqueles que se mantiverem firmes até ao fim, serão salvos. (Mateus, 24, 3-14)
Consequentemente, e na linha da opinião de honestos e competentes cientistas, podemos dizer que a promessa do fim do mundo para 2012 não passa de uma ameaça infundada, aproveitada por muitos com objetivos pouco claros.
O que eu acho porém é que esta civilização em que vivemos, baseada na mentira, no orgulho, na injustiça, na exploração, na fraude, na corrupção e no oportunismo, na descrença, no desprezo por Deus, pelas Suas Santas Leis e pelas leis da Natureza, está à beira do colapso e, mais hoje, mais amanhã, irá chegar ao seu fim para ser trocada por outra.
Quando será?
Responderei com as palavras de Cristo:
…O dia e a hora desses acontecimentos é que ninguém sabe: nem os anjos no céu, nem o filho. Só o Pai é que o sabe. (Idem, 36)
Quanto a essa mudança de civilização, oxalá que seja em breve.
Resende, 03 de Janeiro de 2012
J. Correia Duarte