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Lisboa, 24 nov 2011 (Ecclesia) – O padre Arnaldo Pinho, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica, considera que a “a fé só complica a vida, quando vem carregada de moralismo e tabus”. Na intervenção que proferiu esta terça-feira nas Jornadas do Instituto Superior de Teologia de Viseu, o docente sublinhou que a indiferença face ao religioso constitui a maior dificuldade para a ação da Igreja, refere o site da diocese viseense. Além da perda dos “valores absolutos”, a sensibilidade para o simbólico também foi afetada porque o ensino artístico e religioso deixou de fazer parte da educação, sublinhou o docente no encontro dedicado ao tema “Desafios da secularização à transmissão da fé”. Depois de apontar que o irracional passou a ser nota dominante nas opções individuais e coletivas, Arnaldo Pinho afirmou que a sociedade da abundância é cruel e defendeu que é necessário criar uma cultura de consenso e comunhão. A Igreja, por seu lado, deve valorizar o trabalho dos leigos, acentuando a corrresponsabilidade de todos os fiéis, sustentou o investigador, que se insurgiu contra o “narcisismo eclesial”. Arnaldo Pinho frisou a importância da formação dos católicos adultos e salientou que a valorização das tradições e da religiosidade popular corresponde à compreensão da cultura profunda, onde a fé pode oferecer o sentido da existência. A “crise do sentido” é para o padre Anselmo Borges, da Universidade de Coimbra, o drama mais profundo das sociedades secularizadas, onde a afirmação do cristianismo é possível e necessária. A ausência de Deus provoca um vazio que se procura preencher através do cálculo, da eficácia, do bem-estar e do prazer, que no entanto são insuficientes para ultrapassar a angústia da morte, referiu o sacerdote. Na mesa-redonda de encerramento das Jornadas, que decorreram segunda e terça-feira no auditório do Seminário Maior de Viseu, Manuel Matos, José Melo e Helena Castro, professores do Instituto Superior de Teologia, falaram da pedagogia da fé no quadro das propostas do Concílio Vaticano II (1962-1965). O intimismo religioso e a redução da fé a um individualismo sem consequências na sociedade conduzem à apostasia silenciosa e a um “cristianismo cultural” baseado em justificações pseudocientíficas, constituindo uma forma de ateísmo, indicaram. A vivência intensa da espiritualidade cristã, testemunhada em público, constitui, segundo os participantes, podem conduzir ao “encantamento” suscitado por uma relação pessoal com Deus. GIDV/RJM |