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Cónego António Pereira Rego – um bosquejo imperfeito

por Zulmiro Sarmento, em 06.12.11

Roberto Carneiro

Açoriano

Ilhéu de gema. Nascido há 70 anos em Ponta Delgada, ilha de S. Miguel, Açores. Mantém intactas as raízes atlânticas que ele tanto ama. Identifica-se com a força lávica das terras arquipelágicas, convive com os mistérios das fajãs, olha fixamente o sagrado Pico, contempla o mar mais intensamente azul que é dado ver, revê-se na omnipresença do Divino Espírito Santo, cultiva a fé do Senhor Santo Cristo no Convento de Nossa Senhora da Esperança. Açoriano genuíno guarda de Quental a universalidade do poema e de Nemésio a arguta observação do bicho humano.

A vida de António Rego cheira a maresia.

 

 

Pastor

Ordenado sacerdote em 1964, após estudos de Filosofia e Teologia no Seminário de Angra do Heroísmo, resiste heroicamente à crise vocacional pós-conciliar e aos dramas interiores de um espírito inquieto no serviço às grandes causas de humanidade. Fixa-se na paróquia de Nossa Senhora da Conceição em Angra onde desenvolve notáveis tertúlias junto dos jovens que têm o privilégio de com ele partilhar as infindáveis discussões sobre o Kairos e o Cronos. Apesar da sua intensa atividade noutras esferas de intervenção sócio-cultural, e de um notável percurso de densificação intelectual, não esquece nunca que é, em essência, Padre e Pastor ao serviço dos outros. Por isso, cultiva uma constante relação de proximidade com a ação pastoral e paroquial. A sua dedicação à cidade dos homens é o seu leitmotiv.

A vida de António Rego tem o perfume de Deus.

 

Esteta

Conviver com ele é sinónimo de participar numa fascinante aventura estética. António Rego acredita convictamente num Deus da beleza. “Sei que Deus é mais estético que ético” afirma António Rego, numa sentença que, muito embora arrojada, sintetiza em coerência uma crença profunda. Nele cada ideia é uma catedral, cada palavra um poema, cada imagem um fresco, cada artigo uma sinfonia.

A vida de António Rego vem cinzelada com sentido artístico.

 

Cultura

Homem culto que cultiva o significado profundo das coisas. Desde cedo compreende que cultura e fé encerram uma chave transcendente e subtil da existência do mundo e do próprio ser. Mergulha na cidade dos homens em busca de sinais de divino, aqueles que ajudam a descortinar o sentido final da existência. Com o seu olhar crítico descobre verdades onde proliferam as mentiras e denuncia falsidades revestidas de verdades.

A vida de António Rego é um hino de celebração cultural.

 

Comunicador

António Rego é a incarnação do Espírito que comunica sem cessar. Inicia a paixão pela rádio com Hoje é Domingo, programa bandeira do Rádio Club de Angra nos anos 60, prossegue a experiência radiofónica na Rádio Renascença onde desenvolve uma mal compreendida missão de sacrifício nos anos difíceis da Revolução dos Cravos. Lança-se na escrita na União (Angra do Heroísmo) e marca décadas com os seus inconfundíveis artigos na Ecclesia, no Diário de Notícias, na Revista Atos, e noutros órgãos de comunicação que dão origem a três livros de antologia. Mas é na televisão que António Rego encontra a criatividade total na combinação de palavra e imagem, de razão e a emoção, de realismo e figurativo, de reportagem e de notícia: na RTP e na TVI, no programa religioso e na transmissão de grandes eventos de Igreja, na redação e na direção de informação, António Rego deixa a sua marca de qualidade e de originalidade nos mais de 1500 programas de TV em que deixou a sua “assinatura”.

A vida de António Rego é sinal inequívoco da força do Verbo.

 

Docência

Professor universitário nas suas áreas de especialidade – comunicação social e realização televisiva – conquista centenas de alunos e discípulos para a arte de comunicar com elegância em géneros e linguagens variadas. É exímio a combinar a teoria e a prática, fazendo de uma carreira de realizações desde o 70X7 ao 8º Dia o livro aberto de ensino e de estudo disponível para os alunos. A todos cativa com a sua humilde excelência e a sua qualidade na simplicidade.

A vida de António Rego contém a magia do mestre que dá sem procurar receber.

 

Serviço

A ter de encontrar uma palavra que caracterizasse um homem de invulgar envergadura moral ela seria SERVIÇO. O sentido do serviço é uma constante nas suas opções de fundo e na sua dedicação à Igreja. Como Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais ou como primeiro Diretor de Informação da TVI, assim como Representante da Igreja Católica na Comissão do Tempo de Emissão das Confissões Religiosas ou como Consultor do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais, a sua permanente disponibilidade constitui um traço dominante de personalidade.

A vida de António Rego encerra uma generosa lição de serviço eclesial.

****

Erik Erikson, notável psicanalista que influenciou todo o século XX, legou-nos uma teoria densa sobre as etapas da vida humana. Na sua 8ª e última etapa (mais de 65 anos), Erikson fala-nos da felicidade que resulta de poder olhar para trás e encontrar uma vida plena de sentido e de contribuição para os avanços da sociedade e dos concidadãos: é o que ele designa pelo sentimento de integridade. A força da etapa última de uma vida bem vivida, e íntegra, decorre da sabedoria destilada de uma experiência refletida de anos sucessivos de dramas e alegrias, a qual permite discernir o essencial do acessório, o transcendente do humano, o permanente do transiente.

António Rego, Cónego, Padre, Comunicador, Professor, Pastor, Esteta e Príncipe da Cultura, bem pode repousar um olhar tranquilo sobre a obra de uma vida íntegra e saborear os muitos anos de vida ativa que lhe auguramos com aquela invejável sabedoria de quem se senta na cadeira de baloiço no alpendre e aguarda serenamente o porvir.

Dou Graças a Deus pelo Dom que é António Rego para todos os que tiveram a felicidade de fruir da poesia que misteriosamente coloca em tudo o que faz e pelo Sacramento que ele representa para os que buscam refrigério nas suas atribulações.

Dom e Sacramento sem iguais, cuja explicação talvez resida na alma de açoriano impenitente que nele habita, a qual, na imensidão do oceano circundante, vislumbra horizontes de eternidade e abraça os homens com um coração do tamanho do mundo.

Roberto Carneiro, professor universitário

AGÊNCIA ECCLESIA

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publicado às 13:07


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