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Lisboa, 26 mai 2011 (Ecclesia) – A Igreja Católica considera que as novas tecnologias e as redes sociais da internet são importantes para o desenvolvimento mas não passam de um meio para preparar as relações humanas ‘ao vivo’. “O crucial para a Igreja é o encontro olhos nos olhos, coração a coração”, afirmou à Agência ECCLESIA o responsável pelo Gabinete de Informação da diocese do Porto, padre Américo Aguiar, para quem a cultura digital não substitui as relações pessoais. No entender da professora universitária Rita Espanha, as redes sociais na internet “servem para prolongar outro tipo de relacionamentos”, tornando-se formas “institucionais”, não “emocionais”, de proximidade. “Ao digitalizar as relações entre as pessoas, essas tecnologias podem estar a afastar o contacto direto, que é a relação humana primordial”, acrescentou Fernando Ilharco, do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa. Os três responsáveis participaram esta quarta-feira, em Lisboa, numa mesa-redonda sobre o 45.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que a Igreja assinala a 5 de junho com o tema ‘Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital’. Fernando Ilharco recordou que “a tecnologia de informação e comunicação sempre foi um instrumento”, mas agora está a tornar-se “num ambiente que modela e determina tudo o que se faz”. O paralelismo entre as relações denominadas de virtuais e o contacto sem mediações é acentuado pela palavra “amigo”, que no Facebook, rede social da internet, é usada para agregar pessoas. “É mais cómodo ser ‘amigo’ na internet do que ao vivo, porque implica menos exposição e envolvência. Mas também tenho dúvidas de que essa palavra, quando utilizada nas redes sociais, signifique o mesmo quando estamos face a face”, considerou Rita Espanha. Dirigindo-se aos vinte estudantes que assistiram ao encontro na Universidade Católica, Américo Aguiar alertou: “Se algum de vós precisar de ajuda, vai precisar de um amigo. E aqueles mil ou milhões que se juntam na internet não o são”. “A rede social mais antiga que temos é a família, isto é, as pessoas com quem temos laços de sangue e de quem somos amigos, e não o Facebook”, frisou o sacerdote. As oportunidades e perigos da tecnologia são determinadas pelas pessoas, salientou Rita Espanha: “Sempre se disse que a televisão não é boa nem má, mas é o que fazemos dela, e eu digo o mesmo em relação à internet”. A docente considera que “ainda é cedo para avaliar as consequências que as redes sociais vão ter nas futuras gerações”, embora os seus efeitos na mudança de comportamentos, tanto nas pessoas mais novas – “os nativos digitais” – como em movimentos populares sejam patentes. Rita Espanha deu como exemplo dos efeitos negativos e positivos da disseminação das novas tecnologias o vídeo da agressão de duas adolescentes a uma colega, recentemente publicado na internet e difundido na televisão, e as revoluções ocorridas no Egito e outros países árabes. A verdade e autenticidade na era digital pedidas por Bento XVI na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais “só são possíveis face a face”, realçou Américo Aguiar. O texto do Papa, salientou o diretor das Comunicações Sociais da diocese do Porto, é uma denúncia das “mentiras” presentes nos perfis pessoais inseridos na internet, que têm conduzido “a crimes nas mais diversas áreas”. RM ECCLESIA |