Com o decorrer da ‘campanha eleitoral’ – embora ainda sem a oficialidade da mesma – temos vindo a apercebermos que há ‘artistas’ – cognome que daremos aos actores do espectáculo... político/partidário – que tentam fazer-nos crer que não tiveram nada (ou pouco) a ver com a situação a que o país chegou: endividamento, descrédito e bancarrota.
A frase supra referida é mais completa, pois diz: ‘o último a sair que apague a luz e que feche a porta’. Este desejo como que perpassa pela mente de muitos dos nossos concidadãos, na medida em que, depois do descalabro a que nos fizeram chegar, já pouco mais nos resta do que começar do zero, subindo – qual mito de Sísifo o de termos de carregar uma pedra até ao alto do monte e, quando estávamos prestes a chegar, ela rebola até à base da montanha... recomeçando, de novo – ciclicamente, na nossa tragédia (quase) sem rumo!
= Vendedores de ilusões?
Os artistas continuam a parecer viverem num país que não existe. Fazem-nos duvidar da sua palavra. Enrolam-nos com patranhas e muitos caem na ilusão. Dizem-se senhores de (quase) tudo, mas o que nos dão é uma mão cheia de nada. Azedam-se uns com os outros, mas comem à mesma mesa – senão do mesmo prato – não tendo os seus (pretensos) apoiantes mais do que migalhas. Precisam dos votos, mas esquecem-se daqueles que os elegem. Dizem-se respeitadores da democracia, mas comportam-se como ditadores, quando ascendem ao poder... seja qual for a cor ou a instância de (co)mando.
Há dinossaúrios e aprendizes: uns foram criando redes de favores, outros tentam ser favorecidos. Há artistas que cuidam da sua imagem e outros que se imaginam insubstituíveis. Há fiéis pela ideologia e outros que deambulam para estarem à superfície do pântano, coachando em maré de concorrência.
Até quando teremos estes – actuais e gastos – intérpretes a fazerem do país a sua coutada? Até quando forças subterrâneas – esotéricas ou transnacionais – irão colocando no pedestal (sobretudo) os seus confrades? Até quando a autêntica cidadania – educada, com valores e princípios – terá de encolher-se no espectro desta feira de vaidades?
= Combate, confronto ou conflito?
Num país farto em verborreia, as mais recentes trocas de palavras entre os artistas têm vindo a criar distinção: há, de facto, visões que têm de ser claras, pois a escolha tem de ser adequada ao momento histórico em que vivemos. Há clichés vazios e palcos esburacados. Há iniciativas sem nexo e enganos que nos têm custado caro... agora e no futuro. Há confrontos que devem esclarecer e conflitos que só servem para distrair. Há obras que não passam de projectos megalómanos e opções que pecam por tardias.
Que dizer da certificação escolar sem cultura assimilada? Que dizer de choques – tecnológico ou para a desburocratização – se as pessoas são mais mal tratadas e menos bem atendidas? Que dizer de certos combates à educação não-estatal, se com isso perdermos a qualidade de aprendizagem? Que dizer da transferência de responsabilidades nas áreas da saúde e da segurança social, se continuarmos a fazer reproduzir pobreza camuflada?
Breves questões em ordem ao bom discernimento na hora de votar:
Quando vemos sair do país os melhores, ainda teremos futuro? Quando vemos desertificar os campos, ainda saberemos cuidar daquilo que nos pertence? Quando vendemos a honra por uns trocos, ainda teremos dignidade nos nossos heróis? Quando nos escapa a verdade, ainda nos merecerão confiança aqueles que nos querem governar?
Está na hora de decidir sem peias nem medos. Basta de mentira. A bem da Nação!
(*) Embora esta expressão seja agora nome de programa (sarcástico) de televisão nada tem de ofensivo... antes pelo contrário!
A. Sílvio Couto
(asilviocouto@gmail.com)
ECCLESIA