por Zulmiro Sarmento, em 08.07.10
Saramago foi um homem e um intelectual sem qualquer admissão metafísica que depositava a sua confiança no materialismo histórico, isto é, no marxismo.
Colocado lúcidamente na parte da "cizaña" no evangelho do campo de trigo, denunciava agressivamente as cruzadas ou a Inquisição, esquecendo propositadamente os 'gulags', as purgas, os genocidios, dos 'samizdat' culturais e religiosos dos seus corregilionários.
Ao analisarmos a novela "O Evangelho segundo Jesus Cristo" (1991), uma obra "irreverente", chegamos facilmente à conclusão de que esta é um "desafio à memória do Cristianismo" e percebemos que ele não percebe nada do que é "salvar".
No que diz respeito á religião, atada como esteve sempre a sua mente por uma desestabilizadora intenção de tornar banal o sagrado e por um materialismo libertário que quanto mais avança nos anos mais se radicalizava, Saramago nunca se deixou levar por uma incómoda simplicidade teológica.
Um populista extremista como ele, que, ao longo da sua vida, procurou dar resposta ao porquê do mal no mundo, deveria ter abordado em primeiro lugar o problema de todas as erróneas estructuras humanas, desde as histórico-políticas às sócio-económicas, em vez de saltar apressadamente para o plano metafísico.
Porque não o fez? Afinal era um defensor de ditaduras comunistas... inimigo das liberdades (expulsou os jornalistas do JN - trabalhadores) e amigo dos ditadores de esquerda e comunistas...
Era débil com os fortes e forte com os debeis.
Porque quis ganhar dinheiro, ofendendo e insultando?
Porque não ficou sepultado em Espanha, como desejava?
Será um herói que merece estar no panteão nacional?
Devemos estar loucos, quando ouvimos atribuir-lhe este qualificativos:
"exemplo de compromisso, defensor dos direitos humanos, lutador pela justicia, referente ético".
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