por Zulmiro Sarmento, em 23.03.10
De alguns anos para cá a Ilha do Pico vive na vanguarda da unidade eclesial. Antes o Pico estava dividido em três Ouvidorias que correspondiam aos três concelhos, agora está unida numa só Ouvidoria correspondendo ao mandato que o Evangelho nos exige e que muito bem o nosso bispo assumiu como lema na sua acção pastoral: «Que todos sejam um».
Já vai irritando a falta de compreensão de alguns cristãos desta ilha relativamente a este tema. Alguns ainda não perceberam que não há outra Ouvidoria por cá além da Ouvidoria do Pico, cujo Ouvidor é o P. Marco Martinho e a sua sede é, finalmente, o Santuário do Senhor Bom Jesus, Santuário Diocesano. O tempo dos Afonsinhos e a disputa do lugar de «ouvidor» já acabou e ainda bem, pois passámos da divisão à união e a um trabalho em conjunto onde todas as comunidades podem estar ligadas por um fio condutor. Sei que no Pico não andamos todos à mesma velocidade, encontramos vivências de fé diferentes, mas podemos afinar todos pelo mesmo nível.
Ainda há por aí alguns saudosistas, carreiristas e aristocratas decadentes que ignoram o Evangelho, que continuam a bater nesta tecla e exigem uma coisa que hoje não faz sentido.
A vivência eclesial não se faz por meio de cargos ou instituições presentes neste ou noutro concelho, mas na unidade da fé que nos une em Cristo ressuscitado.
Ao olhar o futuro não podemos ter outra posição que não seja defender esta ideia, uma ilha e quatro zonas pastorais, uma unidade de trabalho que se concretiza em lugares diferentes conforme a capacidade de resposta de cada comunidade.
O Pico no que respeita à vivência da fé anda a quatro velocidades: A Zona da Madalena fervorosa mas muito tradicionalista, São Roque um pouco apático, Lajes muito morta e a Ponta da Ilha isolada como se de um microclima se tratasse.
Nos últimos tempos esta situação tem vindo a alterar-se com o trabalho que se vai fazendo a nível Ilha e com a partilha que vai acontecendo. Muitos se vão sentindo interpelados a criar novas dinâmicas nas suas paróquias, a partilha que há entre os padres leva a que se aceitem as boas ideias e é possível ver actividades idênticas em muitas paróquias. Graças a esta unidade eclesial no Pico há uma unidade na celebração do Crisma, há uma regra para os funerais nas Santas Casas, o CPM é a nível Ilha como mandam as regras internacionais, há já uma caminhada catequética em conjunto, a Cáritas é uma realidade Ilha e não concelhia e os padres já são mais unidos e mais amigos sem anularem as suas diferenças (sei que isto causa muitas inquietação a muita má gente).
De uma vez por todas é altura de olharmos para o bem da Igreja e não para os joguetes de interesses, gostos ou birras pessoais. A Igreja é de Jesus Cristo e Ele é o único pastor e nós somos o único rebanho. O Pico é uma Ilha e infelizmente tem três concelhos que vivem do egoísmo e de bairrismos infantis que impedem o nosso desenvolvimento. Vejamos: onde está o Hospital do Pico, a estratégia para o turismo na Ilha, o porto comercial em condições, onde está o Terminal Marítimo de passageiros longe da “bosta” das vacas e contentores e onde está a rentabilização do Aeroporto do Pico.
Uma coisa sei e dela não abdico: o Pico é uma ilha, uma unidade, uma Igreja e não uma manta de retalhos como alguns pobres de espírito, teimam em defender.
P.e Paulo Silva
In Jornal «O Dever»
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