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Segundo os jornais 'Público' e 'i', o professor de Música que se suicidou a 9 de Fevereiro deste ano, parou o carro na Ponte 25 de Abril, em Lisboa, e atirou-se ao rio Tejo. No seu computador pessoal, noticiam os dois diários, deixou um texto que afirmava: 'Se o meu destino é sofrer, dando aulas a alunos que não me respeitam e me põem fora de mim, não tendo outras fontes de rendimento, a única solução apaziguadora será o suicídio', disse o licenciado em Sociologia.
O 'i' coloca o 9B no centro deste caso, escrevendo que os problemas do malogrado professor tinham como foco insultos dentro da sala de aula, situações essas que motivaram sete participações à direcção da escola, que em nada resultaram.
E à boa maneira portuguesa, lá veio o director regional de Educação de Lisboa desejar que o inquérito instaurado na escola de Fitares esclareça este caso. Mas também à boa maneira deste país, adiantou que o docente tinha uma 'fragilidade psicológica há muito tempo'.
Só entendo estas afirmações num país que, constantemente, quer enveredar pelo caminho mais fácil, desculpando os culpados e deixar a defesa para aqueles que, infelizmente, já não se podem defender.
É assim tão lógico pensarmos que este senhor professor, por ter a tal fragilidade psicológica, não precisaria de algo mais do que um simples ignorar dos sete processos instaurados àquela turma e que em nada deram? Pois é. O 'prof' era maluco, não era? Por isso, está tudo explicado.
A Direcção Regional de Educação de Lisboa (DREL), à boa maneira portuguesa, colocou psicólogos na tal turma com medo que haja um sentimento de culpa. E não deveria haver? Não há aqui ninguém responsável pela morte deste professor? Pois é, era maluco, não era?
José Joaquim Leitão afirmou que os meninos e meninas desta turma devem ser objecto de preocupação para que não haja traumas no futuro. 'Temos de nos esforçar para que estas situações possam ser ultrapassadas. Trata-se de jovens que são na sua generalidade bons alunos e que não podem transportar na sua vida uma situação de culpa que os pode vir a condicionar pela negativa', afirmou.
Toca a tomar conta dos meninos e meninas porque não pode haver um sentimento de culpa. É verdade! O 'prof' era louco, não era?
Não estou a dizer que haja aqui uma clara relação causa-efeito. Mas alguma coisa deve haver. Existem documentos para analisar, pessoas a interrogar, algumas responsabilidades a apurar. Por isso, neste 'timing', a reacção da DREL é desequilibrada. Só quem não trabalha numa escola ou não lida com o ambiente escolar pode achar estranho (colocando de lado a questão do suicídio em si) que um professor não ande bem da cabeça pelos problemas vividos dentro da sala de aula em tantas escolas deste país.
Não se pode bater nos meninos, não é? Os castigos resultantes dos processos disciplinares instaurados aos infractores resultam sempre numa medida pedagógica, não é? Os papás têm sempre múltiplas oportunidades para defenderem os meninos que não se portaram tão bem, não é? É normal um aluno bater no professor, não é? É normal insultar um auxiliar, não é? É normal pegar fogo à sala de aula ou pontapear os cacifes, não é? É normal levar uma navalha para o recreio, não é? É também normal roubar dois ou três telemóveis no balneário, não é? E também é normal os professores andarem com a cabeça num 'oito' por não se sentirem protegidos por uma ideia pedagógica de que os alunos são o centro de tudo, têm quase sempre razão, que a vida familiar deles justifica tudo, inclusive atitudes violentas sobre os colegas a que agora os entendidos dão o nome de 'bullying'?
De que valem as obras nas escolas, os 'Magalhães', a educação sexual, a internet gratuita ou os apelos de regresso à escola, uma espécie de parábola do 'Filho Pródigo' do Evangelho de São Lucas (cap.15), se as questões disciplinares continuam a ser geridas de forma arcaica, com estilo progressista, passando impunes os infractores?
Só quem anda longe do meio escolar é que ficou surpreendido com o suicídio do pequeno Leandro ou com o voo picado para o Tejo do professor de Música. Nas escolas, antigamente, preveniam-se as causas. Hoje, lamentam-se, com lágrimas de crocodilo, os efeitos. O professor era louco, não era? Tinha uma clara fragilidade psicológica, não tinha? Pobre senhor. Se calhar teve o azar de ter que ganhar a vida a dar aulas e não conheceu a sorte daqueles que a ganham a ditar leis do alto da sua poltrona que, em nada, se adequam à realidade das escolas de hoje.
Um jovem muito arrogante, que estava a assistir a um jogo de futebol, tomou para si a responsabilidade de explicar a um senhor já maduro, próximo dele, porque era impossível a alguém da velha geração entender esta geração.
"Vocês cresceram num mundo diferente, um mundo quase primitivo!", o estudante disse alto e claro de modo a que todos em volta pudessem ouvi-lo.
"Nós, os jovens de hoje, crescemos com Internet, telemóvel, televisão, aviões a jacto, viagens espaciais, homens caminhando na Lua e as nossas naves espaciais a visitar Marte. Nós temos energia nuclear, carros eléctricos e a hidrogénio, computadores com grande capacidade de processamento e ...,"
- fez uma pausa para tomar outro gole de cerveja.
O senhor aproveitou-se do intervalo do gole para interromper a liturgia do estudante na sua ladaínha e disse:
- Você está certo, filho. Nós não tivemos essas coisas, quando éramos jovens, porque estávamos ocupados em inventá-las.
E você, arrogante dos dias de hoje, o que está a fazer para a próxima geração?
Foi aplaudido de pé!
Para quem esperava uma espécie de “manual contra os abusos sexuais”, a carta com que Bento XVI aborda a questão da pedofilia entre o clero da Irlanda pode parecer surpreendente. Não é propriamente um conjunto rígido de instruções e procedimentos, mas uma reflexão mais ampla, marcada pela exigência de mudança e a certeza de que é possível acreditar, ter esperança, mesmo depois de uma crise tão grave. Agiram muito mal os que trataram destes abusos como um “assunto de família”, no pior sentido, escondendo, relativizando, colocando acima dos valores da verdade e da humanidade para com as vítimas questões como a imagem da Igreja ou dos seus ministros. O choque provocado pela revelação de tais abusos ultrapassa, em muito, o âmbito da Igreja. Como reconhece o próprio Papa, o caminho para recuperar a confiança na Igreja e curar as feridas provocadas a tantas pessoas é longo e doloroso. Mas é possível. A Igreja é mais, muito mais do que padres pedófilos – que aliás, não têm nela lugar. Confrontado com um conjunto de situações que em nada dignificam a Igreja Católica e aqueles que a têm de servir, na linha da frente, a opção de Bento XVI foi escolher o futuro. Explico: slogans como “tolerância zero” ou “nunca mais” dizem pouco se não forem acompanhados de uma acção concreta, que procure não só resolver o que de mal se fez no passado – atendendo em primeiro lugar às vítimas, logicamente -, mas também mudar comportamentos, pessoais e institucionais. A dor provocada deve servir, neste momento, para potenciar uma revolução de largo alcance, que não se limite à visão “sexualista” dos acontecimentos. Em pleno Ano Sacerdotal, uma provação desta dimensão tem de ajudar a perceber que padres é que a Igreja quer para o século XXI. Outro ponto essencial é cultivar uma cultura de transparência, de verdade, em todas as dimensões eclesiais. Assumir o que está errado para que possa ser rapidamente reparado e haja espaço – aos olhos de todos – para observar também o que de bom e importante é realizado por toda a Igreja. Com coragem e determinação.
Octávio Carmo in ECCLESIA
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São factos repletos de realismo, os que se celebram na Semana Santa. Vividos num mistério de fé, são também dramatizados em diferentes expressões e para reviver os quadros da paixão e morte de Cristo na cruz. As outras Igrejas |
in ECCLESIA
No seu aparente fracasso, o caminho de Jesus manifesta-se na total obediência à vontade do Pai e num sentido novo dado ao sofrimento, que a primeira leitura já prefigura. Se até os discípulos, em vez de O compreenderem, O atraiçoaram, como podemos nós presumir que seremos fiéis, ofuscados como andamos por mil luzes que nos prometem uma felicidade passageira? Ousaremos fixar o olhar em Cristo, pelo menos nestes dias santos? Ousaremos caminhar até aos pés da cruz para que em nós renasça uma fé mais madura? Ou ficaremos mais uma vez pelas boas intenções?
Do meu ponto de vista, quando o Papa se desloca a um País onde haja cidadãos que professam a religião católica é para esses cidadãos que se orienta toda a componente pastoral da presença papal. Por isso desejo que haja muitas oportunidades de o Papa nos dizer, a nós, os católicos, como vê o futuro do catolicismo - e do cristianismo em geral - nesta Europa que parece ter esquecido as suas raízes que, durante séculos, beberam a seiva dos valores cristãos. Tempo, também, para o Papa nos dizer o que devemos fazer para que a morte do homem pelo homem desapareça da cultura europeia, designadamente em Portugal onde, todos os dias, pelo menos uma pessoa é morta por outra pessoa. Como combater o ódio que continua a germinar no coração de homens e mulheres, que se dizem crentes mas matam para satisfazer paixões doentias Bento XVI vai falar para nós e connosco das suas preocupações pastorais com a fidelidade aos diferentes ministérios, dos que se consagram à transmissão da Palavra e dos que têm como missão educar para a Fé os jovens que se preparam para a vida profissional A sua presença é, por isto, uma ocasião soberana para confrontar ideias e propostas, para nos recordarmos que o catolicismo tem de ser, para nós, reflexão e acção e para nos ajudar a reconhecer, com humildade intelectual, os nossos erros, a nossa enfatuada omnisciência e a nossa propensão para tratar as questões da convivência social no plano abstracto das teorias e dos conceitos. Na sua primeira Encíclica como na mais recente, Bento XVI enfatiza o significado da relação entre as pessoas concretas como via real para a descoberta de Deus. Se é certo que nunca ninguém viu a Deus em si próprio, Ele está a revelar-se no interior do amor que uma pessoa manifesta a outra pessoa. Este amor há-de manifestar-se de muitas maneiras, mas todas hão-de conduzir ao melhor bem do outro que é meu irmão. Bento XVI vai recordar-nos este seu ensinamento luminoso e, por isso, a sua visita é momento bem apropriado para que estes dois documentos sejam lidos e comentados; e, depois, reflectidos na nossa vida de todos os dias. Para além da erudição filosófica e teológica há neles uma linha directa que nos conduz à acção. Bento XVI estará entre nós para uma pastoral de dinamização da moderna cultura católica. A sua presença e a sua palavra terão um efeito poderoso nas acções dos católicos em todos os campos de intervenção como os cuidados de saúde, a educação para a felicidade e o optimismo, e o apoio a todos os vulneráveis, do embrião humano ao idoso dependente. Por isto, é nosso dever, como católicos, ouvir a sua palavra e transformá-la em acção. Se os portugueses que não se consideram católicos se dispuserem a ouvi-lo, reconhecerem, nas suas palavras e gestos simbólicos algo de bom e decidirem levar à prática as suas propostas - alguém poderá dizer que se trata de manipulação das consciências ou intromissão na política? Certamente que ninguém. Portanto será bom que o Papa dialogue com a cultura laica e apresente a sua leitura pessoal dos grandes temas sociais como contribuição qualificada para a sua compreensão. Sem nenhuma arrogância intelectual mas com o empenho de tornar claro um pensamento que tantas vezes tem aparecido deformado por quantos lhe prestam uma atenção distraída. Para além das celebrações litúrgicas dirigidas aos católicos que nelas rememoram os mistérios da Fé, Bento XVI estará entre nós como a pessoa simples que é. Como o intelectual e o estudioso da cultura cristã, que também é, e como o farol que ilumina muitos milhões de pessoas em todos os Continentes. Que seja bem-vindo, é o meu voto de católico e a minha disposição como cidadão. Daniel Serrão in ECCLESIA |
Na Carta Pastoral de Bento XVI aos católicos na Irlanda sobre o abuso sexual de menores, o Papa enumera alguns factores que contribuíram para esta situação: “procedimentos inadequados para determinar a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e à vida religiosa; insuficiente formação humana, moral, intelectual e espiritual nos seminários e nos noviciados; uma tendência na sociedade a favorecer o clero e outras figuras com autoridade e uma preocupação inoportuna pelo bom nome da Igreja e para evitar os escândalos, que levaram como resultado à malograda aplicação das penas canónicas em vigor e à falta da tutela da dignidade de cada pessoa”.
Na carta - divulgada hoje (20 de Março), Bento XVI afirma que “é com grande preocupação que vos escrevo” e “fiquei profundamente perturbado com as notícias dadas sobre o abuso de crianças e jovens vulneráveis da parte de membros da Igreja na Irlanda, sobretudo de sacerdotes e religiosos”. Agir com urgência Perante as notícias e actos “é preciso agir com urgência para enfrentar estes factores, que tiveram consequências tão trágicas para as vidas das vítimas e das suas famílias e obscureceram a luz do Evangelho a tal ponto, ao qual nem sequer séculos de perseguição não tinham chegado”. Na realidade, “como muitos no vosso país revelaram, o problema do abuso dos menores não é específico nem da Irlanda nem da Igreja”. Contudo, a tarefa que agora “tendes à vossa frente é enfrentar o problema dos abusos que se verificaram no âmbito da comunidade católica irlandesa e de o fazer com coragem e determinação. Ninguém pense que esta dolorosa situação se resolverá em pouco tempo. Foram dados passos em frente positivos, mas ainda resta muito para fazer” – lê-se na carta pastoral de Bento XVI. Com o intuito de propor um caminho de “cura, de renovação e de reparação”, Bento XVI considera estes casos graves, mas lamenta também “a resposta muitas vezes inadequada que lhes foi reservada da parte das autoridades eclesiásticas no vosso país”. Depois de escrever sobre a história heróica do povo irlandês nos séculos passados, Bento XVI aponta as transformações e desafios à que surgiram rapidamente. “Verificou-se uma mudança social muito rápida, que muitas vezes atingiu com efeitos hostis a tradicional adesão do povo ao ensinamento e aos valores católicos” – sublinha o documento. O programa de renovação proposto pelo Concílio Vaticano II foi, “por vezes, mal compreendido e na realidade, à luz das profundas mudanças sociais que se estavam a verificar, não era fácil avaliar o modo melhor de o realizar”. E acrescenta: “houve uma tendência, ditada por recta intenção mas errada, a evitar abordagens penais em relação a situações canónicas irregulares. É neste contexto geral que devemos procurar compreender o desconcertante problema do abuso sexual dos jovens, que contribuiu em grande medida para o enfraquecimento da fé e para a perda do respeito pela Igreja e pelos seus ensinamentos”. Com esta Carta, Bento XVI pretende ajudar na melhor forma de sarar “as feridas infligidas ao corpo de Cristo, sobre os remédios, por vezes dolorosos, necessários para as atar e curar, e sobre a necessidade de unidade, de caridade e de ajuda recíproca no longo processo de restabelecimento e de renovação eclesial”. «Lançastes vergonha e desonra» Os últimos pontos do documento do Papa dirigem-se às vítimas de abuso e às suas famílias; aos sacerdotes e aos religiosos que abusaram dos jovens; aos pais; aos meninos e aos jovens da Irlanda; aos sacerdotes e aos religiosos da Irlanda e aos bispos. Aos sacerdotes que abusaram de menores, Bento XVI realça que estes traíram a confiança “que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus omnipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos”. Aos sacerdotes e aos religiosos da Irlanda, o Papa compreende-lhes a desilusão, no entanto “é essencial que colaboreis de perto com quantos têm a autoridade e que vos comprometais para fazer com que as medidas adoptadas para responder à crise sejam verdadeiramente evangélicas, justas e eficazes”. Cooperação com as autoridades civis Na Carta, Bento XVI ao dirigir-se aos bispos irlandeses explica que compreende “como era difícil lançar mão da extensão e da complexidade do problema, obter informações fiáveis e tomar decisões justas à luz de conselhos divergentes de peritos. Contudo, deve-se admitir que foram cometidos graves erros de juízo e que se verificaram faltas de governo. Tudo isto minou seriamente a vossa credibilidade e eficiência”. E pede-lhes: “continuai a cooperar com as autoridades civis no âmbito da sua competência”. “É obrigatório que as normas da Igreja na Irlanda para a tutela dos jovens sejam constantemente revistas e actualizadas e que sejam aplicadas de modo total e imparcial em conformidade com o direito canónico” – lê-se na carta de Bento XVI No final do documento, o Papa propõe algumas iniciativas para enfrentar a situação: “convido todos vós a dedicar as vossas penitências da sexta-feira, durante todo o ano, de agora até à Páscoa de 2011, por esta finalidade. Peço-vos que ofereçais o vosso jejum, a vossa oração, a vossa leitura da Sagrada Escritura e as vossas obras de misericórdia para obter a graça da cura e da renovação para a Igreja na Irlanda”. “Peço que as paróquias, os seminários, as casas religiosas e os mosteiros organizem tempos para a adoração eucarística, de modo que todos tenham a possibilidade de participar deles”. Bento XVI visita a Irlanda E finaliza: “tenciono anunciar uma Visita Apostólica a algumas dioceses da Irlanda, assim como a seminários e congregações religiosas. A Visita propõe-se ajudar a Igreja local no seu caminho de renovação e será estabelecida em cooperação com as repartições competentes da Cúria Romana e com a Conferência Episcopal Irlandesa” in ECCLESIA
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De alguns anos para cá a Ilha do Pico vive na vanguarda da unidade eclesial. Antes o Pico estava dividido em três Ouvidorias que correspondiam aos três concelhos, agora está unida numa só Ouvidoria correspondendo ao mandato que o Evangelho nos exige e que muito bem o nosso bispo assumiu como lema na sua acção pastoral: «Que todos sejam um».