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Há anos, o cómico Hermano José fez um programa sobre a Última Ceia. Tive muita pena porque muitos sacerdotes não aproveitaram a ocasião para ensinar a toda a gente o que ela realmente é. Um acontecimento profundíssimo.
Espero que não façam o mesmo com as afirmações de José Saramago: a Bíblia é um manual de maus costumes, Adão e Eva são um mito falso, Deus é terrível na Bíblia, e Deus não existe..
Claro que o pensamento não erudito toma os mitos como histórias falsas. Todavia a antropologia científica descobriu que eles são construções, geralmente em forma de “histórias” que exprimem factos profundíssimos e “eternos” da humanidade. Por exemplo, há hoje imensas pessoas que conhecem o significado profundo do mito de Édipo. Ele interpreta as relações complexas entre pai- mãe- filho. É impressionante.
E assim são todos os mitos.
Da mesma forma, Adão e Eva são um mito que existia antes de ser incluído na Bíblia por mão muito inteligente. Ele interpreta as relações homem-mulher em todos os tempos. Também hoje!
Só uma ideia. Adão andava sozinho…Ainda hoje muitíssimas mulheres se queixam de que os maridos as abandonam em casa e as não compreendem… Adão acordou e viu Eva ao seu lado e apreciou-a. Ainda hoje é necessário os homens acordarem e compreenderem que elas não são máquinas passageiras de sexo e de alguns serviços; mas são para serem realmente amadas com amor não egocêntrico.
Adão deixou-se enganar por Eva…Não é preciso grande esforço para dar conta de que isso ainda hoje acontece normalmente, e terá acontecido há 500.000 anos, possivelmente. O mito Adão-Eva é sempre actual…
Abel e Caim, outro mito que põe em evidência o frequente ciúme entre irmãos e que, às vezes, leva ao ódio. As famílias estão cheias disso…
E a ideia de que a Bíblia é um manual de maus costumes?
Para quem seguir teimosamente as vias de “oposição” até poderá parecer. Porém o Antigo Testamento contém caminhadas humanas, difíceis às vezes, em direcção ao divino e a Deus. Essas caminhadas deram-se no meio de muitos acontecimentos negativos, às vezes criminosos. São parte da “história” das dificuldades.
A ideia de Deus também teve momentos negativos. É que ela anda profundamente ligada à imagem que se tem do pai. Isso causou distorções na antiguidade. E causa ainda hoje, em especial em ateus, etc. É só questão de se “olhar” com olhos de ver e não na superficialidade…
Mas a mensagem lá está para quem tiver os olhos “limpos”. Basta só notar os “Mandamentos da Lei de Deus”, a “piedade de tantos heróis bíblicos do Antigo Testamento: Abraão, Moisés, os profetas a começar por Samuel e a terminar em João Batista. E tantas pessoas humildes daquele Povo. Os Livros Bíblicos estão cheios deles. Como exemplo basta ler o livro de Tobias. Claro, isto para não falar do Novo Testamento que é portento de amor a Deus e aos homens. E muito mais, do amor do próprio Deus , que se chama “Pai”…
E quanto à existência de Deus?
É tudo tão simples. O assunto está exposto muito serenamente no livrinho “Entender o Cristianismo” de Francisco Caetano Tomás (Edições Paulinas). Está esgotado e ainda não foi reeditado. Estão lá raciocínios eruditos e não eruditos. Basta-nos um destes, não eruditos, que é claro a todas as mentes, mesmo às mais “científicas”, uma vez que sejam abertas:
Tudo o que começa tem uma causa - é um facto básico em toda a Ciência” e em toda a mente e vida humana normal.
O actual mundo começou há cerca de 13 mil milhões de anos--
a Ciência também o atesta.
Teve que ter uma causa no seu começo! Chamem-lhe o que quiserem; nós chamamos-lhe Deus…
Os raciocínios eruditos são mais vistosos, mas a realidade é a mesma. Eles também se encontram no dito livrinho, pag. 146.