por Zulmiro Sarmento, em 12.03.09
Há vozes retrógradas na igreja sobre sexualidade
JOANA FERREIRA DA COSTA e PEDRO SOUSA TAVARES
RUI COUTINHO -ARQUIVO DN

Igreja. Feytor Pinto diz que há muitos padres que não abordam educação sexual
Há "algumas" vozes retrógradas na Igreja sobre a educação sexual "que têm de mudar", admite o padre Vítor Feytor Pinto, que dá formação a crianças e pais sobre sexualidade na paróquia do Campo Grande em Lisboa.
Feytor Pinto - que fez estas afirmações na tertúlia Reacontece, no Casino da Figueira da Foz, na terça- -feira - recusou, porém, especificar ontem ao DN as vozes retrógradas a que se referia. "Há tantos padres que acham que não devem abordar estas questões, que têm medo de encarar o problema", afirmou. "É essa a minha luta há 27 anos", reafirmou. "Por isso me especializei, trabalhei na área, para dizer aos padres, aos bispos, o que se deve fazer nesta área extremamente importante para a educação das novas gerações."
Na sua paróquia, na Igreja do Campo Grande, em Lisboa, os 620 alunos da catequese têm educação sexual e os pais também. "Damos-lhe formação de forma pedagógica, abordando esta questão a vários níveis, nomeadamente social e psicológico."
Aliás, para o responsável da Pastoral da Saúde, os pais portugueses é que precisam "urgentemente" de formação para assumirem a educação sexual dos filhos. Feytor Pinto considera que a sexualidade é "dominada por tabus" nas famílias portuguesas e que estas não estão preparadas para falarem do tema com naturalidade. "Se nós não tivermos adultos a saberem com o que é que lidam, efectivamente nunca poderão ser educadores", disse, frisando que os pais "têm de recorrer à escola" numa perspectiva complementar.
As associações de pais assumem que há quem precise de ajuda e até dão formação nesta área. E admitem que há dificuldades. Contactado pelo DN, Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) diz que o organismo tem "escolas de pais" em que esse tema é transversal a todas as áreas: "Da Maia ao Algarve, temos mais de 1000 dirigentes associativos envolvidos nessas formações, que depois as transmitem aos outros pais."
Já Joaquim Ribeiro da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIP) admite alargar aos pais este tipo de formação. Mas lembra que "a educação sexual terá sempre de passar pela escola, porque há pais para quem o assunto é ainda tabu".
A psicóloga Margarida Gaspar de Matos - que fez parte do Grupo de Trabalho para a Educação Sexual (GTES) e também esteve na Figueira da Foz - diz que ainda há pais que se insurgem contra a educação sexual, que passou a ser abordada uma vez por mês nas aulas de educação para a saúde, na maioria dos estabelecimentos. "São os pais mais sofisticados e de maior escolaridade que mais problemas levantam", explicou ao DN. "Têm medo da qualidade da informação sobre sexualidade que os filhos vão receber na escola."
Diário de Notícias
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por Zulmiro Sarmento, em 12.03.09

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NO MELHOR PANO CAI A NÓDOA.
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