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«Desperta, ó homem; por ti, Deus fez-se homem»: O Natal de Cristo é de todos e para todos
1. O Natal, festa da fraternidade e da paz
O Natal é a festa mais alegre, mais familiar, mais calorosa do nosso calendário.
A ceia em família, a missa da meia noite, os cânticos tradicionais, a troca de presentes, os votos de Boas Festas, o presépio, a árvore de Natal, a partilha com os pobres... Tudo isto nos mostra que o Natal é uma festa diferente das outras. É símbolo da alegria do reencontro, da fraternidade e da paz dos corações; é a festa de crentes e não crentes, de todos os que esperam um mundo mais fraterno, mais acolhedor e mais justo!
Mas ao falar assim do Natal, não estaremos, porventura, a reduzi-lo à fantasia de um sonho que, uma vez por ano, nos reconcilia com realidades em que, de facto, não se acredita? Não será que corremos o risco de reduzir o Natal a uma recordação nostálgica do passado, a uma fantasia poética, a um mero jogo de sentimentos? Será que o Natal é apenas celebração poética duma página convencional do calendário?
2. O Natal de Cristo, novidade e coração da fé cristã
De facto, o Natal cristão, para além das expressões culturais a que deu origem, é sobretudo a celebração dum profundo mistério, que constitui a novidade e o coração da fé cristã: o mistério da Encarnação de Deus. Deus entrou no mundo dos homens num sentido inaudito! Não só por via psicológica, no ânimo de uma pessoa profundamente piedosa; não só em termos espirituais, nos pensamentos de uma grande personalidade. Mas, em Jesus Cristo, o Filho eterno do Pai, Deus entrou em pessoa na história dos homens: fez-se homem, filho duma mãe humana, sem deixar de ser o que Ele é eternamente.
É Deus connosco, Deus junto de nós, com rosto e coração humanos, para contagiar os nossos corações e os nossos dias com o Seu Amor Eterno e Santo, partilhá-lo connosco, criando uma família de irmãos, uma nova fraternidade.
“Desperta, ó homem; por ti, Deus fez-se homem”(Santo Agostinho)! É deste acontecimento que fala o Natal. Tudo o resto tira sentido a partir daqui. A nossa fé não é um pensamento, uma ideia, uma opinião. É o acolhimento humilde e maravilhado deste dom incalculável e incrível: Jesus Cristo, Deus connosco.
3. O Natal e os direitos humanos
De Deus feito homem, aprendemos a verdadeira humanidade. Por isso “quem coloca a afirmação da sua fé na Encarnação do Filho de Deus, pode ser protector dos homens, pode levar a felicidade às crianças, às famílias, aos aflitos. A fé na Encarnação ajuda a salvar os homens e a realizar os direitos humanos” (Th. Schniltzer). Eis o apelo forte do Natal deste ano de 2008 em que comemoramos os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos humanos!
Vivemos este Natal num contexto de profunda crise económico-social que se reflecte em várias formas de pobreza. Que o “Menino-Deus” desperte em todos uma onda de ternura e caridade, de partilha e solidariedade a favor de quantos fazem a experiência dura da fragilidade: os pobres, os doentes, os idosos, os sós, os sem trabalho e sem casa, os marginais, os recusados e os desesperados. O Natal de Cristo é de todos e para todos: é plural. Ou o fazemos juntos ou não é verdadeiro Natal!
A todos os diocesanos cheguem os meus melhores votos de Santo Natal e Feliz 2009!
Leiria, 10 de Dezembro de 2008
BOM EXEMPLO, MEIO SERMÃO.