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Por estas semanas evite a companhia de professores. Falar com qualquer um deles pode deixá-lo em mau estado. Vivem nos dias que correm, em depressão colectiva, pressões arteriais altas, insónias... A sucessão de reformas, contra-reformas e contra-contra-reformas, a destruição do que se foi fazendo de bom - do ensino especial ao ensino artístico até passar pela importância da Filosofia no Secundário - , a incompetência desta equipa ministerial e o linchamento público de uma classe inteira tem os resultados à vista: as aulas recomeçam com professores tão motivados como um vegetariano perante um bife na pedra.
Sabem que os espera apenas uma novidade: a avaliação do seu desempenho. E é, ao que parece, tudo o que interessa a toda a gente: a avaliação dos professores, a avaliação dos alunos, a avaliação das escolas, a avaliação do sistema educativo português. É uma obsessão querer avaliar as instituições inteiras porque é uma panaceia para a cura de todos os males possíveis e imaginários.
Tenho uma coisa um pouco fora do comum para dizer sobre o assunto: a escola serve para ensinar e aprender. Se isto falha, os exames, as avaliações e os "rankings" são irrelevantes. Talvez não fosse má ideia, enquanto se avaliam os professores, dar-lhes tempo para eles fazerem aquilo para que lhes pagamos em vez de os soterrar em burocracia. Já ouvi uma professora suspirar em voz alta: «Deixem-me dar aulas!» Enquanto se exigem mais e mais exames, garantir que os miúdos aprendem com algum gosto qualquer coisa entre cada um deles.
Enquanto se fazem "rankings", conseguir que a escola seja um lugar de onde não se quer fugir. E enquanto se culpam os professores pelo atraso cultural do país, perder um segundo a ouvir o que eles têm para dizer. Agora que já os deixámos agarrados ao Xanax, acham que é possível gastar algumas energias e dar-lhes razões para gostarem do que fazem? Se não for por melhor razão, só para desanuviar o ambiente nos edifícios onde os nossos filhos passam uma boa parte do dia.
Primeiro resultado das falaciosas avaliações: aprender a beijar o cu aos avaliadores... além de todas as outras hipocrisias por inerência. O desenho ilustra bem o resultado.
O histerismo de felicidade no semblante mal disfarçado dos "manda-chuvas " das escolas é que põem um docente em franja!
Um burocrata do ensino, ou de outra coisa qualquer, nunca devia presidir fosse ao que fosse. Quem lhes deu a autoridade para se sentirem "donos" da coisada?!... E por que são tão acríticos ao legislativo que chega às suas mãos?!
Tive a dita de falar e interrogar o senhor Secretário Regional da Educação sobre este e outros pontos, em local próprio. Das suas palavras fiquei com a convicção que ditaduras há muitas nas escolas e Sua Ex.a tem conhecimento disso. Quantas contradições encontrei na sua exposição e na aplicação nas escolas das mesmas directivas. Neste ponto os professores têm carradas de culpa... Lá isso têm! De tempos a tempos têm a faca e o queijo na mão.
Baseei-me num escrito de Daniel Oliveira no Expresso para divagar sobre esta chaga da sociedade que são as escolas e as suas "autonomias" para o que interessa...
NINGUÉM NASCE ENSINADO.