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Transcrevo, sujeito a este título, este interessante depoimento, assinado po P. B. do Jornal "JOÃO SEMANA" da paróquia de S. Cristóvão de Ovar, na sua edição de 15 de Agosto de 2006. Terá sido uma pura coincidência ou um sinal do céu? Somos livres. Mas fica bem saber, em mais um aniversário das Aparições da Serra de Aire, na Cova da Iria.
Assim poderá começar uma história verídica, passada com um jovem casal de Ovar que, para aliviar um pouco a pressão do dia a dia, foi de alongada até à praia dos Marretas, no Torrão do Lameiro, levando consigo o filho de cinco meses.
Na praia, por norma deserta, apenas um pescador.
Como passatempo, o marido levou um livro recente, que um amigo lhe emprestara. Chamava-se " Fátima Desmascarada", e do seu conteúdo nada conhecia, até então.
Logo no início da leitura, e perante acusações bem graves de que ia tomando conhecimento, entrou em suspeição contra os responsáveis do Santuário e da própria Igreja Católica, a que ele se prezava de pertencer.
— Poderá isto ser verdade?... Será que...
E ia comentando com a esposa as afirmações insultuosas do livro, a ponto de ela ficar também perturbada, sobretudo pelos efeitos nefastos que poderiam vir a produzir-se no marido.
Para descontrair, ela levantou-se e foi até junto da água, chapinhando na espuma rendada.
O tempo corria depressa, tal como a leitura das páginas do livro, cada vez mais truculentas e agressivas.
— Mas será que?... Não pode ser verdade!
Num misto de aborrecimento e desencanto - com Fátma ou com o autor do livro? - ele levantou-se, resoluto, disposto a refrescar as ideias com um molhar de pés, e desabafar com a esposa as dúvidas que lhe ocorriam em relação à história das aparições aos pastorinhos.
Mas eis que, ao chegar, descalço, junto à água, sentiu, num dos pés, uma picada aguda. Não muito agressiva, é certo, mas suficiente para lhe ligar alguma importância.
Instintivamente, baixou-se e remexeu na areia, à busca do objecto agressor, que logo encontrou e trouxe ao de cima. Pequeno, roliço, do tamanho de um dedo mindinho da mão.
Passado por água, limpo de areias, ali estava - nem era para acreditar! - uma pequena imagem religiosa.
— Estranho, muito estranho! — pensou. E tanto mais estranho quanto aquela imagem, muito desgastada - pelo uso das águas - era, nem mais nem menos, sem qualquer dúvida, uma imagem da Virgem de Fátima.
Mudo e perplexo, aquele homem, consciente que algo de inexplicável o tocou, viveu ali, com a esposa momentos de altíssima emoção.
Ali estava a resposta que ele esperava para as dúvidas suscitadas pela leitura de um livro blasfemo, cujas insinuações, feitas, como se veio a provar, com intuitos de chantagem, vieram a ser, elas próprias, pouco tempo depois, desmascaradas.
P. B.