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O melhor e o pior que temos...

por Zulmiro Sarmento, em 26.05.08

     Era uma vez um rei que chamou um dos seus criados e disse-lhe:

     — Vai por todo o meu reino e traz a coisa melhor que encontrares.

     Pouco tempo depois, o criado regressava com uma língua numa bandeja. Disse ao rei:

     — Majestade, a língua foi a melhor coisa que encontrei. Com ela os crentes louvam a Deus, os namorados falam do amor, os educadores ensinam, os políticos fazem a paz, os que ofenderam pedem perdão.

     Ao ouvir isto, o rei deu-lhe uma outra ordem. Disse-lhe:

     — Percorre novamente o meu reino e traz-me a pior coisa que encontrares.

     Ele regressou também pouco tempo depois e trouxe de novo um língua na bandeja. O rei ficou surpreendido mas ele explicou:

     — Majestade, a língua é a pior coisa, pois destrói o amor, espalha mentiras, dá origem a ódios, incita o crime e à guerra.

     O rei, ao ver que tinha um criado tão sábio no seu reino, felicitou-o e concedeu-lhe uma condecoração.

 

 (Este é o esboço, possível, da minha língua, de quem não está habituado desde os bancos do ensino básico a desenvolver a educação visual, mas que reproduz o que se diz verbalmente acerca dela em ambientes eclesiásticos, familiares e efeminados.)

 

     A língua é, de facto, a melhor e a pior coisa. Não é preciso exemplificar o que constatamos no quotidiano... ou será!?

     As línguas dos padres que nas homilias são a coisa mais venenosa que já se viu (!!) Era arrancar-lhes a língua a sangue frio pelos imensos estragos que provocam  nas almas lavadas que os escutam ainda nas igrejas e salas de reuniões (!!).

     Vivemos num regime de cristandade que foi superando todas as agressões mundanas adversas à essência de evangelho mais puro (!!).

     Podia-se até dispensar os padres de fazerem homilias, pregações, reuniões,... porque tudo é uma benção celestial na sociedade, famílias, grupos eclesiais, paróquias, associações privadas e públicas de fiéis (!!). Estes são, sim, uns narcisistas que gostam tanto de se ouvir a si próprios!

     Ainda bem que são uma raça em extinção. Não queremos outros padres. Queremos padres outros. Diz quem sabe.

     Melhor aproveitam da vida os padres que se ausentam para desanuviar e tratar doenças imaginárias e vão para congressos de arquitectos; feiras de livros e "fnaques"; marcar o ponto - para evitar esquecimentos e longe da vista ,londe do coração -  a amigos bispos, monsenhores, doutores, pregadores e simples padres; fazer convites formais para novenários e festas a gente com arreios do 3º grau do sacramento da ordem (coisa que leva, às vezes, longas semanas numa autêntica peregrinação de norte a sul, porque a maioria está indisponível para tanto tempo fora do seu paço); ver novidades em lojas católicas; pavonear-se com algum título honorífico que vale bem a ponta dum corno; actualizar-se nos preços dos santeiros; imprimir e fazer revisão de pagelas e cartazes visto que nos Açores a qualidade deixa muito a desejar (!);...

     Estes clérigos é que estão bem. Passam meses esquecidos ( umas vezes cinco meses outras nem tanto) longe do rebanho, nestas viagens que tem ida marcada e regresso sempre incógnito ou incerto. E assim vão aliviando o stresse duma pastoral  paroquial desastrosa que ficará para os próximos desgraçados que tomarem posse, sem ponta por onde se pegue.Sem se preocuparem minimamente em ter as contas em dia para com o Economato Diocesano com atrasos de anos. (Ai se fosse comigo !).E são tão úteis à Diocese que esta não sabe onde os há-de colocar  para não massacrarem mais o povo santo de Deus, que tem dado provas de ser discreto, educado, desertor sem alaridos, ladrando mas sem morder, certos de que santos de casa não fazem milagres fechadinhos que estão na sua capela.

     A mim não me enganas tu!

    

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