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Luís e José encontravam-se seriamente doentes. Ambos compartilhavam o mesmo quarto no hospital. O Luís, que ainda se sentava na sua cama, mas já não podia levantar-se, estava situado junto à janela. Enquanto o José, sempre estendido no seu leito e totalmente dependente do cuidado de terceiros, ficou colocado mais à distância daquela fonte de luz natural.
Nunca antes se haviam encontrado aquelas duas criaturas; mas as horas, dias, semanas que ali permaneceram juntos, foram um convite à comunicação mútua. Assim tiveram oportunidade de falar de suas esposas, filhos, netos e mais família, dos seus trabalhos e aventuras, da terra onde nasceram, dos usos e costumes... Não faltou a abundante troca de experiências alegres ou nem por isso, algumas coincidentes, que suas longas vidas lhes ofereceram.
À tarde, o Luís relatava ao José o que contemplava através da sua janela... Narrativa que José muito apreciava, pois também ele se sentia a participar daquele movimentado e alegre cenário que transmitia vida. Que maravilhoso panorama, José!... Comentava o Luís perto da janela: Uma linda avenida ajardinada ladeada de frondosos plátanos e tílias por onde casais passeiam de mãos dadas ou amavelmente abraçados, alguns sentados à sombra nos confortáveis bancos de jardim. Num espaço relvado, crianças divertem-se, jogando e brincando nos escorregas e baloiços... Esvoaçam passarinhos, enquanto que mansas pombas se aproximam à busca de migalhas perdidas... Mais à distância, num amplo lago arredondado, cisnes exibem sua arte de navegar por entre nenúfares floridos... José ouvia encantado e feliz, com toda a atenção, sentindo-se fascinado e atingido interiormente pela luz, cor e movimento daquela descrição com tantos pormenores.
Um belo dia, pela manhã, quando as enfermeiras e auxiliares se aproximam para a higiene habitual, notaram que tinha chegado a hora para o seu querido companheiro. O corpo de Luís era retirado com carinhoso respeito; e dispensado agora do seu «posto de vigia».
Depois de retemperado da emoção sentida, José solicitava delicadamente à enfermeira para ocupar o anterior espaço do seu amigo, junto à janela. - Não foi difícil satisfazer o seu pedido.
Tentou de imediato, levantar um pouco a cabeça, o que fazia com dificuldade, para contemplar, agora directamente, a paisagem já tão vivida no outro canto do quarto. E... José pasma! Depara com a parede branca dum edifício, a poucos metros da sua janela, sem que nada de belo pudesse vislumbrar...
Explicam as enfermeiras, perante a sua admiração: José, acalme-se. Era assim que o seu amigo olhava a vida. Ele era cego!... Apenas lhe transmitia o que ele próprio tentava imaginar, para o tornar feliz também a si...
Que faço eu, mesmo limitado, para tornar felizes os que vivem, perto de mim, com dificuldades?
Procuro ter iniciativas e criatividade para abrandar a sua dor?
Sou compreensivo e aceito, com humildade e gratidão, a colaboração que me vem do meu próximo?...
«Ter nome de pregador, ou ser pregador de nome, não importa nada; as acções, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o mundo.»
P.e António Vieira em 1655
Carpinteiros: Para serrar a madeira da incompreensão e arrancar os pregos do orgulho, do ódio e do egoísmo.
Canalizadores: Para canalizar a água viva da verdade na direcção daqueles que têm sede de conhecimentos.
Electricistas: Para ligar a corrente positiva da Fé, estendendo luz a todos aqueles que se acham nas trevas da ignorância.
Pedreiros: Para assentar os tijolos da prece na construção da caridade.
Serventes: Para preparar a massa da boa vontade, derramando sobre a areia do sofrimento o cimento da fé e a cal da compreensão.
Aprendizes: Vaga sempre aberta para os de boa vontade de qualquer idade, com vontade de aprender.
Mestre: Não há vagas, temos o maior de todos: Jesus!
Local da Obra: A humanidade.
A Obra: O amor ao próximo.