Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O bispo Carlos, na entrevista que lhe fizeram, responde ao facto dos documentos pontifícios serem demasiados «pesados» para a pouca formação dos cristãos portugueses, dizendo que, «depois de publicados, estes são explicados nas paróquias (quando e onde ?!, espanto-me eu) e que é necessário elevar o nível, apesar de não termos cristãos preparados».
Quanto à Pastoral Vocacional e porque o número de candidatos está a diminuir a olhos vistos e podendo ser reflexo do hedonismo da sociedade o bispo responde que «deve-se à complexidade da hierarquia de valores e que esta concretiza-se nas escolhas das pessoas, assistindo-se a famílias menos numerosas e os pais não colocam a hipótese de o filho ser padre; a comunidade cristã também não aprecia o trabalho daqueles que se dedicam a esta missão, aparecendo o padre como "burro de carga" que assume imensas tarefas e isto não seduz o jovem; actualmente as pessoas preferem a qualidade de vida.» Continua afirmando que «os padres devem dedicar-se mais à sua missão específica, isto é, verem-se livres de tarefas adjacentes que se foram acumulando ao longo da história, por exemplo, o padre não tem que ser gestor de centros sociais, não tem que ser administrador dos bens de uma paróquia ou diocese, não tem que ser o burocrata de serviço da paróquia, porque a sua missão específica é evangelizar e formar cristãos (onde quer que eles se encontrem, acrescento eu).
Quanto aos bispos, estes deviam ter dioceses mais pequenas para haver a pastoral da proximidade e é preciso coragem para reorganizar dioceses. Tudo o que exige alguma determinação e coragem esbarra porque as pessoas não querem enfrentar problemas pastorais.»
Quanto à Concordata o bispo Carlos acha que «a sua assinatura não foi precipitada, mas a redacção de um ou outro artigo poderia ter sido mais cuidada; com a nova Concordata criou-se uma nova mentalidade; a Concordata corresponde a uma nova perspectiva do papel da Igreja na sociedade, parecendo que não estávamos preparados para tal e não percebemos a prespectiva do II Concílio do Vaticano sobre as relações Igreja/Estado; por outro lado, o momento actual coincide com um laicismo mais vivo que não compreende a dimensão religiosa na vida cultural e social do povo; a Concordata está em vigor mas terá de existir uma regulamentação; algum mal estar tem-se dado porque alguns membros do Governo começam a tomar medidas soltas» (sem legalidade, digo eu, mesmo nos Açores!).
O bispo Carlos Azevedo, para concluir, imagina que Bento XVI dirá aos bispos portugueses na sua visita a Roma que termina a 11 de Novembro p.f., aquilo que também julga ser pertinente(veremos): « a urgência da formação de adultos; os padres apostarem na sua missão específica; necessidade de experiências provocantes da fé; nova configuração da presença da Igreja na sociedade e a urgência da Igreja não fechar os olhos aos problemas dos mais carenciados da sociedade.» (Coisa que ando pessoalmente fazendo, na medida das minhas possibilidades e alguma capacidade em trabalhar em equipa, desde bastante tempo, como simples padre e pároco, mas com mais reforço agora, na Zona Pastoral da Madalena do Pico como professor de religião, capelão dum lar de idosos e colaborador de paróquias e serviços de pastoral de Ouvidoria, e que foi desejo que pedi, por escrito, ao nosso bispo António, por motivos de saúde, com muita insistência, dado que deixei de "acreditar" na utilidade das paróquias, como funcionam ainda hoje, que servem para entreter quem não tem que fazer; para acariciar pessoal com paninhos quentes fazendo-lhes todos os gostinhos retrógrados; para alimentar mais a barriga das pessoas com religião do que com o Evangelho; para fazer festinhas sociais esporádicas da catequese infantil para alimentar o ego burguês de papazinhos com os seus filhinhos vestidos a rigor(!!); para fazer casamentos em igrejas transformadas em estúdios fotográficos de talha dourada; para serem administradas ao estilo de juntas de freguesia; e isto depois de 40 anos de reformas cruciais dentro da Igreja Católica, que ainda estão na gaveta do comodismo e do «seja o outro que vem a seguir que faça e se queime», etc., etc.).
Gostava de acrescentar o seguinte: nunca, desde 1985, como padre, me arrependi de nenhuma acção pastoral que empreendesse, nunca me considerei um fracasso como pároco, etc.,etc,. Para que fique claro nas cabecinhas de quem me acha um coitadinho de se ter pena...
A foto desta vez é para me lembrar dum colega sacerdote picaroto que tentou e tentou..., sem sucesso, que eu fizesse um sermão (!!) no púlpito da sua igreja, em sexta-feira santa...
Disse.