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Aí está o “Natal” nas ruas. Todos os anos é assim e não depende muito de nós fazer com que seja diferente. Mal passa a “celebração das abóboras pavorentas” (halloween) introduzida inocentemente, ou talvez não, pelos professores de Inglês em Portugal inteiro, (como se da nossa cultura se tratasse e não dos irlandeses católicos idos para a América do Norte com costumes dos celtas pagãos, enfim, consequência da globalização saloia); os Santos e Fiéis Defuntos, bem como o S. Martinho, imediatamente o calendário comercial entra na grande estação. A iluminação das ruas ( e as dificuldades para se chegar ao Centro e ao Cais da Vila da Madalena em transporte!), o arranjo das montras, as melodias (que não deixam de ser poluição sonora!). Enfim, tudo se conjuga na mesma campanha, porque é preciso, é urgente, nesta recta final do ano comercial saldar positivo. Os cristãos vivem neste mundo, são também o produto desta “civilização”. Têm, porém a responsabilidade de a temperar com a cultura da fé e com o culto segundo a fé ( e não apenas segundo o sentimento humano e religioso).
Quando para o mundo é Natal, para nós cristãos é Advento, quando para nós já é Natal, para o mundo é reveillon ”, é “passagem”. Ora a nossa “passagem é a Páscoa!
A razão do desencontro está em que o nosso mundo desaprendeu de celebrar sabendo apenas “divertir-se”. E a diversão – objecto da “indústria” e comércio - é um “produto” indispensável para assegurar a continuidade dos ciclos da produção e do consumo. Toda a celebração implica ruptura com essa lógica de vida, porque se vive da abertura ao Mistério. Mas o “Mistério” é o indisponível, soberano e gratuito. Não é produto nem manufactura: apenas pode ser acolhido, tal como se manifestou na História, e a Igreja Católica o anuncia e celebra. Quem diz acolhimento, diz disponibilidade, diz espera, diz preparação. Poderá haver Natal sem Advento?
Agora é hora de celebrar o Natal “em Advento”, ou então reduziremos o Natal a mais uma comemoração aniversária (ou nem isso: para muitos é apenas a festa residual dos bons sentimentos…). Salvemos a festa e a celebração: pode ser este o nosso contributo de cristãos para um mundo mais humano em que o mistério do Homem e de Deus tenha o seu lar.
Sabemos todos nós, os cristãos e não só, que isto é remar contra a corrente do desvario em que nos encontramos.
Celebremos, sim, o Advento na Paróquia e/ou na Família: com o símbolo forte da Coroa do Advento acendendo-a cada Domingo (os quatro) com a vela correspondente; valorizando ou entronizando alguma imagem de Maria de Nazaré; fazendo momentos de oração à volta desses símbolos, imagens ou ícones valorizando os Mistérios Gozosos do terço, ou a leitura orante dalgum trecho bíblico; passando pelo sacramento da reconciliação para referirmos as nossas muitas faltas de vigilância (tema central do Advento), numa perpectiva diferente da quaresmal…, porque o exercício concreto da oração, da reconciliação e da caridade fraterna permanecerão sempre como a melhor forma de preparação para a segunda maior festa dos cristãos: o Natal.
E nas Escolas públicas – que são laicas como instituições, mas têm pessoas na comunidade educativa que são cristãs católicas e de outras confissões cristãs, bem como de outras religiões ou, simplesmente, sem religião - celebre-se o Natal numa perspectiva unicamente cultural (que dá um bocadinho de trabalho, lá isso dá, sobretudo no 1º Ciclo!), a partir da fé dos cristãos ( há muito e bom que se pode fazer nesse sentido: canções, teatralizações, poemas, árvores, presépios, campanhas de solidariedade, concursos, dinâmicas para fomentar os valores humanos,…), sem se imiscuirem em coisas litúrgicas próprias de Comunidades Cristãs e nos ambientes normais de celebração da fé que são as igrejas. E isto não quer dizer que os cidadãos cristãos tenham manifestações natalícias nas Escolas de forma envergonhada. Cada coisa, isso sim, no seu lugar. E é um professor de Educação Católica a referi-lo. Para que não restem dúvidas, mesmo não deixando de consultar a legislação em vigor.
Disse Deus: «Nunca faltarão pobres na Terra, por isso dou-te esta ordem: abre a tua mão ao necessitado que vive na tua terra» (Livro do Deuterenómio 15,11).
Oitocentos e cinquenta milhões de pessoas passam fome. Os famintos padecem de anemia, bócio, escorbuto e de carência de vitamina A e de sais minerais (zinco, ferro, iodo...). Ao mesmo tempo, mil milhões de obesos (gordos!) padecem de diabetes, hipertensão arterial, cancro... Há recursos suficientes para alimentar o dobro da população actual. Mas para uns terem um bife, o animal consumiu cereais que alimentariam, saudavelmente, 40 pessoas!!!
Neste Advento e Natal exercita os valores humanos da solidariedade, partilha, austeridade, simplicidade...
Aprende a "dar" e a "dar-te".
É assim a Campanha que na Escola Cardeal Costa Nunes se está a realizar para com os Idosos mais carenciados do Lar da Santa Casa da Misericórdia da Madalena do Pico e que se dirige a toda a comunidade educativa.Promovida pela Disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica.
Ajude os seus educandos a partilhar e facilite essa partilha.
Um monge e os seus discípulos iam de viagem.
Ao passar por uma ponte, viram um escorpião a ser arrastado pela água. O monge mergulhou e agarrou-o. Nisto, o escorpião picou o monge, que, devido à dor, o deixou cair no rio. Saiu da água, procurou um ramo, entrou outra vez no rio e resgatou o escorpião. Depois, juntou-se aos seus discípulos, que lhe disseram. «Mestre, deve estar doente! Porque resgatou esse escorpião mau e venenoso, que picou a mão e o salvou?»
— Ele agiu conforme a sua natureza, e eu de acordo com a minha. (Fábula da Ásia)
Um sofista da Antiga Grécia, querendo confundir o sábio Tales de Mileto, dirigiu-lhe algumas questões, a que o sábio respondeu com brevidade e precisão:
— Qual é a coisa mais antiga? — Deus, porque sempre existiu.
— Qual a coisa mais bela? — O mundo, por ser obra de Deus.
— Qual é a coisa maior? — O espaço, por conter toda a criação.
— Qual a coisa mais constante? — A esperança que permanece, mesmo quando tudo está perdido.
Título e tudo tal como um amigo me entregou em mãos... Aqui vai a história (quase fábula)que, claro, não se identifica com as famosas reformas administrativas que por aí chegam à pele de muitos, mas mesmo muitos cidadãos... Ou será que já vimos o filme nas nossas vidas profissionais?
Então leia e "saboreie" este amargo de boca que sentimos todos os dias e que só com ansiolíticos se ultrapassa (falo por mim).
« Todos os dias, a formiga chegava cedinho à oficina e desatava a trabalhar. Produzia e era feliz.
O gerente, o leão, estranhou que a formiga trabalhasse sem supervisão. Se ela produzia tanto sem supervisão, melhor seria supervisionada?
Contratou uma barata, que tinha muita experiência como supervisora e fazia belíssimos relatórios.
A primeira preocupação da barata foi a de estabelecer um horário para entrada e saída da formiga. De seguida, a barata precisou de uma secretária para a ajudar a preparar os relatórios e contratou uma aranha que, além do mais, organizava os arquivos e controlava as ligações telefónicas.
O leão ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com índices de produção e análise de tendências, que eram mostrados em reuniões específicas para o efeito. Foi então que a barata comprou um computador e uma impressora laser e admitiu uma mosca para gerir o departamento de informática.
A formiga, de produtiva e feliz, passou a lamentar-se com todo aquele universo de papéis, reuniões que lhe consumiam o tempo!
O leão concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga operária trabalhava. O cargo foi dado a uma cigarra, cuja primeira medida foi comprar uma carpete e uma cadeira ortopédica para o seu gabinete.
A nova gestora, a cigarra, precisou ainda de computador e de uma assistente ( que trouxe do seu anterior emprego) para ajudá-la na preparação de um plano estratégico de optimização do trabalho e no controlo do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se mostrava mais enfadada .
Foi nessa altura que a cigarra, convenceu o gerente, o leão, da necessidade de fazer um estudo climático do ambiente. Ao considerar as disponibilidades, o leão deu-se conta de que a Unidade em que a formiga trabalhava já não rendia como antes; e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico e sugerisse soluções.
A coruja permaneceu três meses nos escritórios e fez um extenso relatório, em vários volumes que concluía que havia muita gente naquela empresa...
Adivinhem quem o leão começou por despedir? A formiga, claro, porque "andava muito desmotivada e aborrecida".»
Tenho a certeza que estás pensando como eu: "Onde raio de lugar é que eu já vi este filme?!...
Vou ser franco: conheço alguns em empresas particulares mas também em repartições públicas e outros organismos que estão a afundar Portugal.
Mas como é moderno e chique uma administração pública e privada com estas monstruosidades vamos a caminho da decadência do social, político, económico, assistencial, organizativo, cultural e etc..
« As alterações climáticas que fazem sentir-se no nosso país devem-se ao efeito das dificuldades financeiras vividas pelos portugueses, criadas pelo buraco do défice.
— Tempo seco, originado por uma corrente de falta de ar nas carteiras dos portugueses, deu origem a céu límpido e temperaturas elevadas apenas na região centro da ministrada, barões bancários, empresários e afins; estando esta região em alerta laranja, devido ao excesso de calor, aconselha-se o uso diário de um protector com factor total, precavendo assim o carcinoma inexplicável da riqueza.
— Previsão meteorológica aponta para denso nevoeiro provocado pelos semblantes carregados dos cidadãos, principalmente na Região Norte, preocupados com o desemprego e baixos salários, dando origem a chuvas torrenciais de dívidas.
— Para o Interior, prevê-se elevados níveis de pobreza, motivados por uma forte corrente de esquecimento!
— Mar encrespado com vagas altas denuncia a louca subida do preço do barril do petróleo. O nível das águas do mar continuará a subir, acompanhando assim o aumento dos preços dos bens essenciais.
— Prevê-se ainda a aproximação do furacão PEPAG (portugueses enganados pelo actual governo), que assolará todas as regiões do país, motivado pela fúria das diferenças sociais.
— Prevê-se, no entanto, boas abertas lá para 2009, com a precipitação dos votos dos eleitores nas urnas.»
Este artigo, nitidamente humorístico, foi tirado da Página do Leitor do Jornal de Notícias de 7 de Novembro p.p., de Maria Soledade Almeida. Doa a quem doer, a verdade está aí...
O bispo Carlos, na entrevista que lhe fizeram, responde ao facto dos documentos pontifícios serem demasiados «pesados» para a pouca formação dos cristãos portugueses, dizendo que, «depois de publicados, estes são explicados nas paróquias (quando e onde ?!, espanto-me eu) e que é necessário elevar o nível, apesar de não termos cristãos preparados».
Quanto à Pastoral Vocacional e porque o número de candidatos está a diminuir a olhos vistos e podendo ser reflexo do hedonismo da sociedade o bispo responde que «deve-se à complexidade da hierarquia de valores e que esta concretiza-se nas escolhas das pessoas, assistindo-se a famílias menos numerosas e os pais não colocam a hipótese de o filho ser padre; a comunidade cristã também não aprecia o trabalho daqueles que se dedicam a esta missão, aparecendo o padre como "burro de carga" que assume imensas tarefas e isto não seduz o jovem; actualmente as pessoas preferem a qualidade de vida.» Continua afirmando que «os padres devem dedicar-se mais à sua missão específica, isto é, verem-se livres de tarefas adjacentes que se foram acumulando ao longo da história, por exemplo, o padre não tem que ser gestor de centros sociais, não tem que ser administrador dos bens de uma paróquia ou diocese, não tem que ser o burocrata de serviço da paróquia, porque a sua missão específica é evangelizar e formar cristãos (onde quer que eles se encontrem, acrescento eu).
Quanto aos bispos, estes deviam ter dioceses mais pequenas para haver a pastoral da proximidade e é preciso coragem para reorganizar dioceses. Tudo o que exige alguma determinação e coragem esbarra porque as pessoas não querem enfrentar problemas pastorais.»
Quanto à Concordata o bispo Carlos acha que «a sua assinatura não foi precipitada, mas a redacção de um ou outro artigo poderia ter sido mais cuidada; com a nova Concordata criou-se uma nova mentalidade; a Concordata corresponde a uma nova perspectiva do papel da Igreja na sociedade, parecendo que não estávamos preparados para tal e não percebemos a prespectiva do II Concílio do Vaticano sobre as relações Igreja/Estado; por outro lado, o momento actual coincide com um laicismo mais vivo que não compreende a dimensão religiosa na vida cultural e social do povo; a Concordata está em vigor mas terá de existir uma regulamentação; algum mal estar tem-se dado porque alguns membros do Governo começam a tomar medidas soltas» (sem legalidade, digo eu, mesmo nos Açores!).
O bispo Carlos Azevedo, para concluir, imagina que Bento XVI dirá aos bispos portugueses na sua visita a Roma que termina a 11 de Novembro p.f., aquilo que também julga ser pertinente(veremos): « a urgência da formação de adultos; os padres apostarem na sua missão específica; necessidade de experiências provocantes da fé; nova configuração da presença da Igreja na sociedade e a urgência da Igreja não fechar os olhos aos problemas dos mais carenciados da sociedade.» (Coisa que ando pessoalmente fazendo, na medida das minhas possibilidades e alguma capacidade em trabalhar em equipa, desde bastante tempo, como simples padre e pároco, mas com mais reforço agora, na Zona Pastoral da Madalena do Pico como professor de religião, capelão dum lar de idosos e colaborador de paróquias e serviços de pastoral de Ouvidoria, e que foi desejo que pedi, por escrito, ao nosso bispo António, por motivos de saúde, com muita insistência, dado que deixei de "acreditar" na utilidade das paróquias, como funcionam ainda hoje, que servem para entreter quem não tem que fazer; para acariciar pessoal com paninhos quentes fazendo-lhes todos os gostinhos retrógrados; para alimentar mais a barriga das pessoas com religião do que com o Evangelho; para fazer festinhas sociais esporádicas da catequese infantil para alimentar o ego burguês de papazinhos com os seus filhinhos vestidos a rigor(!!); para fazer casamentos em igrejas transformadas em estúdios fotográficos de talha dourada; para serem administradas ao estilo de juntas de freguesia; e isto depois de 40 anos de reformas cruciais dentro da Igreja Católica, que ainda estão na gaveta do comodismo e do «seja o outro que vem a seguir que faça e se queime», etc., etc.).
Gostava de acrescentar o seguinte: nunca, desde 1985, como padre, me arrependi de nenhuma acção pastoral que empreendesse, nunca me considerei um fracasso como pároco, etc.,etc,. Para que fique claro nas cabecinhas de quem me acha um coitadinho de se ter pena...
A foto desta vez é para me lembrar dum colega sacerdote picaroto que tentou e tentou..., sem sucesso, que eu fizesse um sermão (!!) no púlpito da sua igreja, em sexta-feira santa...
Disse.
Continua a afirmar o bispo Carlos Azevedo na entrevista que lhe fizeram antes da viagem dos bispos portugueses de visita ao Papa para prestar contas pastorais:
—« A prática de um certo catolicismo popular ainda é um sustentáculo de alguma ligação à Igreja. Apesar das pistas dadas para evangelizar essas práticas populares, essas ficam muitas vezes reduzidas à sua expressão natural. Não se lhes dá uma vertente cristianizada ou evangelizada (nota minha: não faltava, senhor bispo, mesmo mais nada! Pensa que estou disposto a ver uma faca e um alguidar à minha porta por parte dumas alminhas escandalizadas e doentiamente ciosas das suas coisinhas santas?!).»
— « É preciso uma experiência de Deus. Muitos ainda não se encontraram com Cristo, apesar de terem alguma prática religiosa. Muitas vezes ficamos admirados como é que as pessoas, de manhã, vão a uma celebração, à tarde, vão a uma seita, e, à noite, vão à bruxa. . Isto significa que há uma aspiração espiritual muito vaga. As pessoas sentem necessidade de algo mais, mas não é uma opção profunda por Cristo.» (O itálico é meu, claro está, pela perturbação razoável que isto me provoca).
À pergunta se o clero é mau professor, diz o bispo entrevistado que «a transmissão da fé não passa apenas pelos pastores. Passa por toda a comunidade cristã, sendo fundamental, na Igreja portuguesa, a urgência da formação de cristãos adultos. Refere que é uma das lacunas da Igreja em Portugal. O «chavão» da Nova Evangelização significa um modo novo (nova linguagem, novo método, novo ardor) de despertar atitudes para a vivencia da fé nos já baptizados. Nota-se falta de coerência nos valores e na dimensão vivencial dos cristãos. É fundamental recorrer à diversidade de formas pastorais na Igreja. Nem todos, por exemplo, têm uma apetência para seguir uma metodologia carismática ou neo-catecumenal , que é o exemplo de movimentos que estão numa fase crescente. Mas há paróquias que também têm sucesso, mas são menos faladas. Como a cristandade acabou é necessária uma nova forma de prática pastoral, tal como João Paulo II apelou. Temos uma pastoral muito erótica porque fica apenas nos desejos. Fazem-se análises objectivas e interessantes, mas não há quem dê corpo às soluções apontadas. Ir a missa ao domingo não deve ser uma «obrigação» mas o celebrar a fé, porque onde a indiferença reina, a Igreja deveria assumir um papel congregador . As celebrações implicam alegria, mas essa é , muitas vezes, escassa nas eucaristias. O celebrante, muitas vezes, tem de fazer um esforço para animar a comunidade. As pessoas estão sisudas e dão respostas sem vivacidade. Os cristãos quando entram na igreja colocam uma cara de sexta-feira santa. Temos um cristianismo pouco pascal e demasiado quaresmal. É reduzida a perspectiva de acolher o cristianismo como salvação e esperança.»
Mas o dito bispo ainda tem mais umas coisas ditas que hão-de chegar aqui a seu tempo.
Perante isto só me fica bem trazer para esta página, esta linda foto que espelha bem o que anda por aí a nível de religião e crendice...
O bispo Carlos Azevedo, secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, numa entrevista de cinco páginas à Agência ECCLESIA , analisa a realidade da Igreja que está em Portugal, sem papas na língua, como é seu timbre. E fá-lo numa altura importante: a proximidade da visita canónica de todos os bispos portugueses ao túmulo de Pedro com tudo o que significa, de facto, esta viagem pastoral. Os bispos levarão certamente um rosto ou imagem da Igreja no seu todo português ( que se encontra de forma um pouco «seca» no Anuário Católico e através de estatísticas) e de cada diocese em particular.
Vou, pois, respigar apenas alguns tópicos da entrevista e que chamam mais a atenção pela veracidade e frontalidade com que o bispo Carlos costuma enfrentar a realidade.
Tudo palavras dele:
— «Concluímos que, nos últimos anos, há um decréscimo de frequência da prática dominical. Notamos , a nível da realidade pastoral, uma dificuldade de relação com a juventude e com as questões da família. Há um crescimento de alguns movimentos, sobretudo os Neo-Catecumenais que em algumas dioceses têm uma implantação forte e têm formado muitos cristãos. A nível dos seminários e de ordenações para o ministério presbiteral há um decréscimo desde o ano 2000. Por parte das dioceses não tem havido uma preocupação de lançar uma pastoral vocacional. Uma preocupação que aflige apenas verbalmente...»
— «Quanto à reflexão sobre o porquê do decréscimo da prática dominical é como a época dos incêndios - toda a gente está preocupada na altura - mas, passada essa fase, espera-se pelo ano seguinte. no ano 2010 ou 2011, quando se fizer outro censo dominical, ficaremos preocupados. Até lá ficaremos descansados. Claro que houve reflexão, mas depois não existiu um conjunto de medidas eficazes e operacionais que atendessem e estes problemas . As celebrações continuam a ter pouca beleza. Muitas vezes as homilias são mal preparadas. A música litúrgica não aumenta de qualidade, a formação de cristãos com sentido de vida comunitária também é escassa. Quando se fazem actos relacionados com a religião individual - caso das procissões ou grandes festas - as pessoas aderem. Isto não significa nada do ponto de vista comunitário porque muitas vezes não passa de uma mera religião natural que tem pouco fundamento cristão e evangélico. Perante a leitura dos dados é fundamental "arregaçar as mangas" para formar cristãos. Para superar as dificuldades de diálogo com a juventude e a família é preciso apostar na construção de lares que sejam igrejas domésticas e ser mais profunda a transmissão da fé para as novas gerações. Os dez anos de catequese não estão a formar cristãos. Os milhares de crismados feitos todos os anos nas dioceses não são cristãos de corpo inteiro nas comunidades cristãs. Não rejuvenescem as comunidades cristãs. Estas situações obrigam-nos a parar para pensar. É fundamental a vitalidade cristã. Temos que reconsiderar a forma de fazer pastoral.»
Mas o homem não fica por aqui. Há coisas que ainda o referido bispo referencia na dita entrevista que é do chão se abrir... Mas fica para o próximo. Para se ir mastigando e ruminando como convém este pedacinho.
E já perceberam: eu não gasto mais energias com tolices ditas cristãs e católicas que não valem uma pevide para a salvação... E também não sirvo para jarrão de sala, como que para enfeitar coisinhas ditas santas!
Apetece tantas vezes pedir, como os discípulos de Cristo: Senhor, queres que mandemos fogo e enxofre sobre "aquela" paróquia...? O pior é que são várias as necessitadas duma limpeza profunda...!
Estamos numa situação semelhante à da foto: velhos das Lajes a olhar para anteontem...
Um velho rabino perguntou uma vez aos seus alunos como é que se pode reconhecer o momento em que a noite termina e começa o dia.
— É quando se pode distinguir claramente, de longe, um cão de uma ovelha.
— Não — diz o rabino.
— É quando se pode distinguir uma tamareira de uma figueira.
— Não — diz de novo o rabino.
— Mas então quando é? — perguntaram os alunos.
O rabino respondeu:
— É quando, olhando o rosto de quem quem que for, tu reconheces o teu irmão ou a tua irmã. Até lá, há ainda noite no teu coração.
Apeteceu-me escrever este conto porque estou a tratar do Judaísmo (os nossos irmãos mais velhos na fé) em relação com o Catolicismo, como religião monoteísta, com os alunos mais velhos no ensino religioso, e devemos todos ter uma postura para com as religiões do maior respeito possível, e para tal é preciso conhecê-las na perspectiva deles e na nossa e depois fazer a síntese. Como este mundo seria diferente se as religiões monoteístas e as restantes, fossem as primeiras promotoras do diálogo e da paz entre os povos! Quanta guerra fruto da mais pura ignorância!