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Os alunos do Secundário da ECCN da Madalena do Pico foram, em Comunicado, convidados a participar numa sessão de sensibilização e esclarecimento sobre a prevenção do cancro da mama, promovida pela USIP (Unidade de Saúde da Ilha do Pico) com dois enfermeiros licenciados do Centro de Saúde da Madalena do Pico. Foram eles o jovem Jorge (da Candelária) e a jovem Lisete (da Madalena).
Estes profissionais com um à vontade manifesto e excelente poder de comunicação e empatia conseguiram motivar uma assembleia de adolescentes, funcionários e docentes da Escola com o recurso a um bem elaborado power point . Calou bem fundo e agitou um pouco os espíritos acomodados à ideia de que estas coisas só acontecem aos outros. E as estatísticas esmagadoras não enganam... e em vez de assustarem devem fazer empreender em todos e todas uma responsabilização pelos sinais que o corpo humano "fala" para nos transmitir o que vai bem e o que é sintoma de uma atitude rápida e eficaz a bem da nossa qualidade de vida.
Falo por mim: fiquei com muitos pormenores esclarecidos. E agradecido pela feliz iniciativa nesse dia dedicado em todo o mundo a esta causa (ou chaga) tão actual: o cancro da mama. Que também atinge os homens, em menos percentagem mas de forma mais mortífera...
Não gostaria de deixar de referir que os simpáticos jovens enfermeiros fizeram-se acompanhar da corajosa senhora D. Maria Emília (natural da Madalena) e que num misto de serenidade e emoção fez o historial da sua relação e luta sem tréguas com o cancro da mama. O testemunho desta senhora arrancou de todos os presentes uma calorosa salva de palmas. Uma batalha que travou e que lhe deixou muitas marcas irremediáveis mas da qual saiu vitoriosa. Uma senhora com uma grande auto-estima, um enorme desejo de viver, uma família que a apoiou imenso, com profissionais de saúde à altura das suas responsabilidades.
Um pedaço de tarde que merece ser registado. E que o laçinho cor de rosa seja o símbolo desta luta sem tréguas... e do desejo de em São Miguel e Santa Maria as mulheres terem acesso aos meios de rastreio e outros, que estão tardando a chegar, pelo dizer da RTP-Açores .
E já agora: dá prazer e saúde ir ao Centro de Saúde da Madalena do Pico e ser recebido sempre com um sorriso por estes profissionais e outros (da secretaria, da recepção, das enfermarias, do banco,...).
A Comunidade Cristã Católica da Madalena do Pico, mostrou mais uma vez, tal como a da Candelária do Pico com o seu antigo pastor padre Manuel Garcia, como é grata para com aqueles que deram o melhor de si mesmos por ela.
O padre Raimundo foi um desses homens de Igreja e da Igreja. Com 29 anos a liderar a Madalena e o seu povo cristão. E agora a celebrar as sua bodas de ouro sacerdotais. Uma oportunidade para o povo revelar apreço e estima. E assim atravessou o canal e veio ao encontro do povo que serviu.
Tive a satisfação de ser convidado pelo actual pároco (dado os seus compromissos com outras comunidades que serve) a recebê-lo no cais e a passar algumas horas em deliciosa cavaqueira sobre os temas da actualidade eclesial, enquanto não chegava a hora do meio dia com a celebração eucarística.
O actual pároco da Madalena fez uma brilhante reportagem no seu jornal electrónico (blogue) magdala.blogs.sapo.pt , para o qual remeto os meus leitores, sobre este acontecimento que calou bem fundo nas almas dos madalenenses.
O padre Raimundo, quando vim para o Pico em 1989, tinha uma estima por mim que muito me sensibilizou. Convidava-me com muita frequência para trabalhos ecelesiais, litúrgicos e do serviço da Palavra, pela confiança que depositava em mim. E continuou a fazê-lo a partir do Faial. Coisa que não acontecia com a larga maioria dos outros colegas, para quem simplesmente eu não existia, com excepção do padre José Carlos de São Mateus que via muito para além da mesquinhez duns "rapazolas patetas, ranhosos e com dores de cotovelo" que ingloriamente passaram por este Pico, tão pouco sorteado com bons padres...
Sempre foi para mim uma referência este sacerdote agora jubilado. Muito aprendi com ele. Conversar com ele é receber uma lufada de ar fresco nesta Igreja tão bafienta.
Desejo-lhe o melhor. E logo agora que se encontra entusiasmadíssimo com o projecto soberbo da nova igreja dos Flamengos. Esta freguesia e paróquia bem merece uma igreja a condizer com a sua mentalidade progressiva, bairros novos e lugar encantador.
E, porque ainda acredito nos padres de fato e gravata que estão, para pena minha, em vias de extinção, aqui vai a sua foto de recepção.
(Na porta de uma igreja, algures no Chile, foi encontrada uma folha relativa ao pároco, do seguinte teor:)
Se prega dez minutos — nunca mais acaba!
Se fala de oração e contemplação — está a divagar.
Se aborda temas sociais — mete-se em política.
Se trabalha — não tem nada que fazer.
Se se preocupa com a paróquia — não se preocupa com o mundo.
Se aparece com o cabelo comprido — é revolucionário.
se aparece com o cabelo muito curto — é antiquado.
Se casa e baptiza toda a gente — malbarata os sacramentos.
Se é exigente — afasta os crentes.
Se está na igreja — abandona os paroquianos.
Se faz visitas — abandona a paróquia.
Se promove convívios — na paróquia não faz nada.
Se se mete em obras na igreja — malbarata o dinheiro.
Se não as faz — tem tudo abandonado.
Se cria um conselho paroquial — deixa-se manipular.
Se não tem conselho paroquial — é um individualista.
Se é jovem — não tem experiência.
Se é idoso — deveria reformar-se.
Se...
Mas quando se afasta ou morre — era realmente insubstituível.
Há um banco, que todos os dias, às zero horas, coloca na conta de cada cliente 86.400 moedas de ouro. E, 24 horas depois, retira as que eles não usam. Este banco chama-se tempo. Às zero horas ele dá 86400 segundos a cada pessoa. Mas, 24 horas depois, dá como perdidos todos os segundos não usados. O banco do tempo não acumula saldos nem faz transferências. Abre uma conta nova cada dia e quem não usa é que perde. Todavia, o investido hoje, rende no futuro. O seu lema é: «Ontem é história. Amanhã é mistério. Hoje é dom, por isso se chama presente».
A gente perde tanto tempo em ninharias! Nada para o estudo. Para leituras sadias. Cada vez somos mais uns brutinhos. Onde animais conseguem ser mais humanos que nós!... Tanta gente a viver no "ontem" e só nele, atrasados no tempo... Isto cria uma agonia dentro de nós. Na minha infância ouvia dizer:«brutos como umas calças velhas»!
Certo homem recto foi acusado injustamente de ter matado uma mulher. O verdadeiro criminoso era poderoso no reino. O homem foi a julgamento, sabendo que dificilmente escaparia à forca. Disse-lhe o juiz: «És crente em Deus e vou deixar nas mãos d'Ele o teu destino. Mandei escrever num papel "inocente" e, noutro, "culpado". Tirarás um e essa será a tua sorte.» O homem pressentiu que estava escrito "culpado" nos dois papéis, tirou um e engoliu-o. Os presentes no tribunal censuraram-no. Mas ele respondeu: «Só têm de ler o papel que resta e saberão o que dizia o que comi.»
Como esta história se aplica, em cheio, nos julgamentos que alguns fazem sem ouvir o contraditório em pseudo-comunidades cristãs (porque de cristãs não tem nada a não ser o Santíssimo Sacramento no sacrário) !...
Visitar a Itália é ir às fontes do Catolicismo. É mergulhar num manancial de elementos que tem milhares de anos e que estão na origem da nossa civilização.
Aterrar com a TAP em Veneza, sentar-me numa gôndola e percorrer os seus canais (ruas de água), entrar na Basílica de São Marcos onde pontificaram Ângelo Roncalli (futuro Papa João XXIII) e Albino Luciani (futuro Papa João Paulo I), por sinal os meus preferidos homens da Igreja, são memórias únicas.
Prosseguir viagem para Pádua (de António de Lisboa) e presenciar um culto universal ao "Santo" onde tantas relíquias falam dele e calam fundo no nosso coração.
Mais abaixo geograficamente encontramos Assis, uma encosta lindíssima que vale por si. Uma basílica que fala como se Francisco continuasse presente não só em espírito. Com um frade brasileiro com um interessante e invejável sentido de humor a percorrer com o nosso simpático grupo de peregrinos os passos do «pobrezinho» e de Clara, sua amiga íntima e não menos santa.
Mergulhar no Vaticano (Santa Sé) de manhã bem cedo pela porta do seu Museu, alvo de tantas censuras hipócritas por parte de uns tantos fariseus tão amigos dos pobrezinhos e da pobreza que crassa pelo mundo. Um património da Humanidade que os seus responsáveis tem mantido e gerido com mestria. Descer à cripta da basílica e venerar os restos mortais de tantos homens que um dia se sentaram na cátedra de Pedro: o próprio Apóstolo; Paulo VI ( que tanto sofreu por levar o II Concílio a bom termo e levá-lo à prática com a resistência mítica do ultra conservador cardeal Ottaviani e seus lacaios e que por isso não conseguiu fazer a sempre desejada revolução na moral matrimonial e nos negócios financeiros e escuros do demoníaco monsenhor Marcinkus); o túmulo do sorridente e desprendido e puro João Paulo I que foi uma das maiores esperanças da Igreja e por isso assassinado numa noite obscura e tenebrosa por forças internas e externas de forte pendor maçónico e mafioso que governavam então a Igreja; a campa rasa de João Paulo II sempre visitada e guardada, o homem de personalidade forte, antes quebrar que torcer, mas que deixou, não obstante os anos de serviço à Igreja, muitos assuntos pendentes e inadiáveis que certamente o "pastor alemão" de transição, fará ouvidos de mercador. Aguardo, por isso, impacientemente,alguém com "o espírito de Albino Luciani". Para não continuarmos a adiar o futuro...
Nestes entretantos mandei um postal choroso e rico de sentimentalismo religioso ao bem apresentado e meu "chefe" padre Marco Martinho mais uma chave recordação para lhe lembrar o poder das chaves de Pedro. Também consegui uma colecção completa de moedas euro do Vaticano para a minha chorosa amiga e prima e coleccionadora Paula.
Já em Portugal rumei pela segunda vez a Fátima para aprender um pouco do programa da disciplina de EMRC que entrará em vigor nos próximos anos lectivos, juntamente com 1300 professores. Depois disto passaram-se 50 dias e, portanto, apenas restava rumar ao Pico e retomar as tarefas a que me dedico sobretudo no ensino religioso e de capelão dum lar de idosos.
Tal Verão não teria sido possível sem a presença amiga da professora e mestre em educação de adultos Carmo que é duma dedicação imensa, juntamente com seus pais Octávio e Beatriz. A minha vida tinha sido outra muito diferente sem esta presença. Desde Março do ano 2000, em Fátima, numas jornadas pedagógicas, do Movimento de Educadores Católicos, até hoje, qual "anjo da guarda", a Carmo tem-me prestado serviços sem preço comparável, cuidando de consultas médicas e respectivos exames; viajando comigo e com os pais por tudo o que é sítio a mostrar-me o país e o norte galego; a fazer-me compreender o mundo do professorado com tantos encantos e desencantos e também mesquinhez e inveja à mistura; a manter-me actualizado com toda a bibliografia, e não só, que não disponho neste marasmo cultural ilhéu; com uma amizade (feminina) sadia que tanta falta faz a um padre que, como tantos outros foi vítima duma educação castrante, truncada, supervigiada e doentia; com uma vivência cristã simples, empenhada e com valores humanos que tanto defendo e invejo nela, tal como a independência de vida e os seus empreendimentos. É interessante que ninguém descobre nos meios em que circula as suas reais habilitações académicas. Vão vasculhar e descobrem estupefactos que ela afinal tem "pontinhos", mesmo ainda jovem, para ser «professora titular». Candidata-se e lá está ela nessa posição prestigiante.
Não terei tempo suficiente de vida para agradecer a Deus o facto de me brindar com amizades tão reconfortantes, isto é, aquelas pessoas certas de que mais precisava para com elas crescer, amadurecer, acreditar, saborear a vida com outros olhos. E a Carmo é uma delas! Por isso aparece na foto com a cúpula da Basílica de São Pedro ao fundo. Simplesmente porque a estimo muito. E nada paga o que tem feito por mim.
Todas as revistas «Juvenil» estão nas mãos de adolescentes que usaram a sua mesada para a adquirirem todos os meses, mais aqueles outros que falaram em casa com os pais e estes viram mais uma boa oportunidade de formarem os seus filhos nos verdadeiros valores humanos e cristãos. Eram 75 exemplares! Para o próximo ano podem ser mais...
Tenho razões para estar satisfeito.
Quero simplesmente acreditar no futuro humano do Pico. Há, de facto, álcool e droga a mais e que chega às mãos dos adolescentes com uma facilidade... Para quando um travão? Depende de quem? Que alternativas personalizantes para os mais novos?
Essa história de que «é preciso ir com os tempos»!... Sem discernimento amadurecido não chegamos a bom porto.
Pensei que seria muito útil adquirir às Edições Salesianas várias dezenas de exemplares desta Revista e distribuir pelas turmas dos 7º e 8º anos aos alunos no começo da adolescência. Esta Revista de formação pessoal e social tem por público alvo adolescentes na casa dos 12, 13, 14, 15 anos.
Ela custa um euro. É mensal. Aparece de Outubro até final do ano lectivo. Pode-se ser assinante directamente da Editorial Salesiana ou através da entrega pessoal na aula de Educação Moral e Religiosa Católica.
É única no género. E um complemento à Catequese e ao Ensino Religioso na Escola. É ainda desconhecida dos meios católicos juvenis. Uma pena!
Assino-a desde os anos oitenta. Como evoluiu e se adaptou ao longo dos anos! Quanto aprendi através dela sobre aquilo que é importante na educação integral dos adolescentes.
Que bom seria que os pais e/ou encarregados de educação reservassem em cada mês aquele euro necessário para a sua aquisição! Será difícil? Queremos ou não o melhor para os nossos filhos? Temos consciência do que é prioritário? Vejo adolescentes com revistas nas mãos que deixam muito a desejar nos conteúdos e muito mais caras.
Este ano pastoral a nível da Educação Cristã da Infância e da Adolescência temos como lema a importância da Comunicação Social. Uma óptima oportunidade para reforçarmos os meios de que dispomos nesta área.
O professor de Educação Moral e Religiosa Católica p.e Manuel Pereira Garcia foi o primeiro a usá-la nas aulas e de a distribuir pelos seus alunos nesta Ilha do Pico (Açores). Honra lhe seja feita.
Como responsável do "pelouro" da Evangelização na Ouvidoria do Pico no sector da Catequese só me compete apontar caminhos, pistas e propostas para ultrapassarmos o vazio que vai na Pastoral da Fé dos adolescentes. Há Comunidades em que os adolescentes se negam terminantemente a ter Catequese. Estão na sala mas impedem um ano inteiro os seus catequistas de desempenharem o seu ministério da Palavra. Simplesmente os impedem de dizer uma palavra da Palavra! Por isso muitos cristãos nas comunidades cristãs torcem o nariz quando se faz apelos à necessidade de catequistas para "trabalhar" com adolescentes do 7º, 8º, 9º e 10º...
E continuamos, como sempre fazemos, a fingir que tudo caminha sobre rodas...
Eu não tenho dúvidas: o futuro das comunidades cristãs do Pico está ameaçado. Teremos baptizados, gente religiosa, um punhado de ateus e agnósticos mas poucos cristãos. Haverá muita religião folclórica mas pouco Cristianismo! Há muita "religião" por aí que não precisa de Catequese, de Missas, do Credo, de (alguns) Sacramentos, para se sustentar...
Para que tirei um curso intensivo de sociologia religiosa?! Para andar agora ansioso com o futuro?! Nem pensar!
Estarei, certamente, ainda por aí, para avaliar estas minhas "profecias catastróficas."
Quando na igreja da Madalena estão numa Eucaristia Dominical apenas 72 almas, dá que pensar, visto estarmos numa Comunidade de quase 3000...
Dois amigos iam pelo deserto. Discutiram e um deu um bofetão ao outro, que, ofendido, escreveu na areia: "O meu melhor amigo deu-me uma bofetada."
Chegaram a um oásis e foram banhar-se. O esbofeteado estava a afogar-se e o amigo salvou-o. "O meu melhor amigo salvou-me a vida", gravou, então, numa pedra. «Porque escreveste na areia quando te bati e agora gravaste na pedra?». «Quando me ofendem, escrevo na areia, e o vento do perdão e do esquecimento apagá-lo-á. Quando me acontece algo de grandioso, gravo-o na pedra da memória do coração, onde nenhum vento apaga nada.»
Folhas amarelecidas e anémicas caem lentamente, aqui e além, sobre campos e caminhos...
A Natureza parece gemer tristemente, como que carpindo saudades de partida...
Uma sinfonia melancólica nos envolve, com a voz das cores acastanhadas e mornas, da folhagem seca empurrada pelo vento, do sorriso nostálgico do sol em alternância com o sussuro dos aguaceiros...
Diz a propósito um escritor francês:
«Tu, meu Deus, nos dás o outono para nos lembrares o fim do nosso verão...»
É a mensagem subtil do outono.
Normalmente há verão na vida de cada pessoa. Há um tempo de amadurecimento no pensar e no agir.
Há um tempo de produção nas letras, nas artes, em qualquer campo da cultura.
Há um tempo de realização pessoal em família, na profissão, na função social.
É um tempo de colheita saborosa de tanto sonho ardente, de tanto projecto concretizado, de tanta sementeira sacrificada de palavras e obras...
Mas o verão acaba...
É precisamente isso que nos anuncia o outono, com a sua mensagem suave e tristonha, que nos invade a alma...
Tu, meu Deus, nos dás o outono,
para nos lembrares o fim do nosso verão...
Mas não ando triste. Estou cônscio do muito que posso ainda dar. Guelra não me falta.