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Quantas vezes nos acontece em casa, na escola, no trabalho, nos transportes, em qualquer parte, julgamos ter razão naquilo que afirmamos ou negamos, naquilo que discutimos, naquilo que fazemos, e afinal a razão não está do nosso lado. Erramos por má informação (e esta vem de todo o lado já envenenada!), ou por má interpretação (quem conta um conto acrescenta um ponto quase sem dar por isso!), ou mesmo por ignorância ( Deus nos livre da ignorância atrevida fonte de tanta miséria cultural, do género: quanto menos estudos mais verborreia sobre tudo e todos!).
Quantas vezes reclamamos, até acaloradamente, num local de atendimento, ou no futebol, ou no fim de um exame ou de um concurso profissional, etc. e, refectindo serenamente, verificamos que realmente não tínhamos razão.
E reconhecer que não temos razão é difícil, porque exige uma relativa dose de humildade e é mesmo doloroso.
Custa aceitar o lapso ou o engano ou a ignorância, a vergonha... E surge então a tentação de buscar desculpas, de atirar as culpas para os outros, à semelhança de Adão... É a ferida da verdade que nos faz doer...
Mas é bom aprender ou reaprender a reconhecer e respeitar a verdade dos outros e as nossas falhas.
Reaprender a assumir as imprecisões que dizemos, os deslizes em que escorregamos, os erros que cometemos, a facilidade com que cremos em boatos, a culpa marcada pela nossas mãos.
Reconhecer a razão dos outros: — da esposa ou do marido, dos filhos ou dos pais, do chefe ou do subalterno, do professor ou do aluno, do pobre ou do rico, do simpático ou do antipático, do árbitro ou do adversário, do pároco ou da comunidade, enfim, reconhecer a razão onde ela está, quando descobrimos, mesmo com amarga pena, que a razão não está na nossa consciência. E a nossa consciência (bem formada) é o lugar por excelência do encontro de nós mesmos. Com aquilo que realmente somos. Sem subterfúgios.
Isto do «ter razão» e do «não ter razão» dá pano para mangas.